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Capítulo CXLII - ZECA

Caminhávamos a passos rápidos em silêncio, quando a Malu parou no meio corredor, com os olhos arregalados e a boca entreaberta.

– Aconteceu alguma coisa? – indaguei, preocupado.

Ela concordou com um aceno de cabeça, mas em silêncio. Seja lá o que fosse, estava me assustando pra valer.

– Fala de uma vez, Malu – insisti, alarmado.

– Aquela mulher. Ela também é telepata e entrou em contato comigo – explicou, falando tão baixo que eu quase não consegui entender.

– E o que ela quer?

Eu não a conhecia, mas podia apostar que não podíamos esperar coisa boa vindo dela.

– Ela quer falar comigo.

– Neste caso é só você não chegar perto dela, oras – respondi, puxando-a pela mão, para que continuássemos nosso caminho.

Ela continuou estática, como se não quisesse continuar. Lancei um olhar interrogativo na sua direção.

– Ela é a única pessoa que pode me contar sobre a minha mãe, Zeca – explicou, como se fosse óbvio.

Respirei fundo, tentando manter a calma.

– Você sabe que isso é uma armadilha, né?

– Eu sou da segunda geração, lembra? – tornou, parecendo animada. – Por mais poderosa que ela seja, não vai ser páreo para mim. E eu preciso entender porque eu não consigo me lembrar da minha mãe.

– Ai, Malu – reclamei, esfregando a mão na minha nuca. – Isso está cheirando a problemas. E isso é tudo o que a gente não quer.

Eu sabia que aquela era uma batalha perdida. A Malu era a pessoa mais teimosa que eu já conhecera e ela não cederia sob hipótese nenhuma. Mesmo que eu lhe provasse de todas as formas possíveis que aquilo ali poderia dar errado, ela não abriria mão.

– O que você sentiu quando a Suzana falou sobre a sua mãe? – perguntou, erguendo uma sobrancelha.

– É claro que eu fiquei feliz e empolgado por saber qualquer coisa sobre ela, mas...

– Eu também tenho esse direito! – argumentou. – E no momento ela é a única pessoa que pode me responder qualquer coisa sobre ela. Puxa! Elas eram irmã.

Eu sabia que a teimosia dela nos levaria a uma discussão interminável, então resolvi ceder. Pelo menos dessa vez ela estava abrindo o jogo sobre o seu plano, ao contrário daquela vez que viemos até aqui para salvar o Tavinho e ela nos colocou numa enrascada.

– Tudo bem – rendi-me, finalmente. – Nós vamos atrás dela, mas só depois que encontrarmos o Tonho e a Sara. Além disso, se qualquer coisa sair fora do nosso controle, a gente foge daqui, estamos entendidos?

Ela concordou com um aceno e logo ouvimos vozes se aproximando. Para nossa sorte era a Sara e o Tonho.

– Pensei que nunca fosse encontrar vocês! – exclamou o Tonho. Ele parecia irritado e aliviado. – Se nós fomos designados para dar cobertura a vocês dois e não encontrá-los, nossa cobertura é inútil, não acham?

– Deixa para implicar depois que tudo isso acabar – ralhou a Sara. – Alguma novidade?

– Ainda não – respondi, coçando a cabeça.

– Na verdade, tem uma novidade. – Então a Malu contou sobre a nossa discussão de alguns instantes atrás e a nossa conclusão sobre aquilo tudo.

– Isso é arriscado demais – disse o Tonho, entortando a boca.

– Foi o que eu disse – concordei.

– Mas talvez essa seja a única chance de obter qualquer informação sobre a minha mãe – argumentou, impaciente.

– Eu não quero me meter na briga de vocês, mas se eu tivesse qualquer chance de saber mais sobre a minha mãe, eu não pensaria duas vezes – disse a Sara. – Eu estou de acordo com a Malu.

Praguejei ao notar que a batalha estava perdida.

– Eu não concordo com isso, mas estamos juntos nessa – declarou o Tonho, para o espanto de todos. – E se acontecer qualquer coisa, a gente corre!

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Quem está sentindo cheiro de ideia ruim? o/

Não esqueçam do voto e dos comentários.

Beijão ;*

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