Ninguém dizia nada e isso estava me apavorando ainda mais. O Tavinho não parava de ajeitar os óculos, a Iolanda andava de um lado para o outro e a Mag batia os pés incessantemente.

Eu também devia estar fazendo alguma coisa parecida, mas parei imediatamente quando ouvi os mesmos sons de passos se aproximando. Um arrepio percorreu minha espinha e senti minhas mãos começarem a tremer, mesmo que tentasse não demonstrar medo.

– Vocês estão ouvindo? – perguntou a Mag.

– Sim. Deve ser mais uma ilusão. – Constatou a Iolanda, cruzando os braços.

– Nós já nos arriscamos uma vez. Acho que é melhor ficarmos todos juntos – disse o Tavinho, ajeitando os óculos pela bilionésima vez.

Todos concordamos e permanecemos em silêncio. Eu rezava internamente para que realmente fosse mais uma ilusão, porque, se não fosse, eu não saberia o que fazer.

Quando ouvimos a maçaneta sendo forçada, meu coração deu um rodopio dentro do meu peito. Ele batia com tanta força e tão rápido que eu pensei que todos ali estivessem ouvindo ele. Eu não queria ir para a segurança máxima. Eu simplesmente não queria.

A Iolanda e a Mag ficaram segurando a porta, enquanto ouvíamos batidas espaçadas e fortes. Era bem provável que alguém estivesse tentando arrombá-la.

– Nós não vamos aguentar por muito tempo. Temos que colocar o plano em ação. – O Tavinho parecia amedrontado, mas ainda assim estava tentando manter o controle da situação.

– A gente não pode simplesmente abrir a porta, Tavinho. Temos que pensar em outra saída.

Antes que eles pudessem pensar em algo, transmutei-me em uma barata e segui na direção da porta.

– Onde você pensa que vai? – Inquiriu o Tavinho, irritado.

– Eu vou tentar buscar ajuda – expliquei, já saindo pela fresta debaixo da porta.

Senti a porta se abrindo logo acima de mim, o que significa que o Tavinho abriu a porta. Não consegui evitar um xingamento mental para ele. Ele achava que eu não era capaz? Virei-me na sua direção, pronta para lhe dizer algum desaforo, quando senti alguma coisa pesada e dura em cima de mim. Primeiro eu senti muito medo, depois senti muita dor e então eu não senti mais nada.

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