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Capítulo CL - HELÔ

Eu não estava com raiva.

Eu estava possessa.

E foi dominada por esse sentimento que eu corria pelos corredores do hospital feito uma louca. Depois de uma votação para decidir quem seria o responsável por alertar o Bruno de que a Flávia era uma traidora, cá estava eu. Não vou negar que eu já estava louca para dar uns tapas nessa garota e essa votação até que veio a calhar.

Não tardei a vê-los no final do corredor, acompanhados de algumas crianças. Eu sei que aquelas crianças não mereciam ver a cena que aconteceu a seguir, mas eu nunca soube controlar meus impulsos.

Assim que eu vi aquela desgraçada ostentando um cabelo verde – que eu não fazia a menor ideia de como foi parar lá – eu corri na sua direção e me atirei em cima dela. Caímos no chão, devido ao choque e saímos rolando pelo corredor, enquanto eu agarrava aquele pé de alface que ela tinha na cabeça.

Por alguns instantes, ninguém se moveu. Provavelmente estavam chocados demais com o que acabara de acontecer. Eu mesma estaria chocada, se não estivesse com tanta raiva.

– Sua miserável! Traidora de uma figa – gritei, enquanto puxava seus cabelos com toda a minha força.

Ela não respondia nada. Apenas gritava e esperneava, como se isso fosse capaz de me tirar de cima dela. Como se isso fosse capaz de reduzir a sua culpa por ter tentado colocar nosso plano em perigo.

Passado o susto, o Bruno logo nos afastou sem grandes problemas, prendendo-me de um lado do corredor enquanto aquela mau-caráter ficou do outro, encarando-me com espanto.

– O que está acontecendo, Helô? – perguntou ele, ajoelhando-se ao meu lado.

– Essa desgraçada está tentando sabotar o nosso plano! – Eu estava ofegante e trêmula. – Ela deve estar tramando alguma coisa com aquele médico.

– Eu não sei do que essa louca está falando! – exclamou ela.

– Do que você está falando? – insistiu o Bruno.

Expliquei resumidamente o que acabara de acontecer e que a Flávia era a única pessoa que poderia ter feito aquelas coisas.

– Não, Helô. Ela estava comigo o tempo todo – explicou, com calma. – Não foi ela quem fez isso.

– Mas ela é a única que consegue fazer essas ilusões. Foi ela sim! Ela já traiu a gente uma vez, lembra?

O Bruno lançou um olhar indecifrável na direção dela e ficou em silêncio por algum tempo.

– Você não está acreditando na história dessa doida varrida, né? – perguntou, tomada pelo pânico. – Nós estávamos juntos o tempo todo. Eu não fiz nada nisso!

Ele voltou a me encarar parecendo confuso. Ela era uma traidora. Quem faz isso uma vez, pode fazer mais vezes. Qual o problema dele?

– Ela estava comigo o tempo todo – repetiu pausadamente, como se eu fosse uma idiota.

– Eu já ouvi isso! – Devolvi, irritada. – A questão é que alguém está criando ilusões para confundir a gente e a única pessoa que faz isso é a Flávia.

– Mas eu já disse que não fui eu, droga! – respondeu, extremamente irritada. – Eu cometi erros, mas isso não significa que eu volte a cometê-los.

As crianças estavam estáticas vendo a nossa discussão acaloradas, parecendo bastante interessados.

– Será que você pode me soltar? – indaguei, impaciente.

– Só se você prometer que vai se acalmar.

Concordei com um aceno e ele finalmente me soltou. Levantei num salto e segui na direção dela, que ainda estava presa.

– Quem poderia estar sabotando nosso plano? – perguntou-se o Bruno.

– O médico, essa tal Vera, qualquer funcionário dessa droga de hospital, os políticos que ganham dinheiro com esse monte de atrocidades que acontecem aqui dentro... A lista é enorme, Bruno – respondi, exasperada.

– Jura? – tornou, sarcástico, cruzando os braços. – Eu sei quem está contra a gente. Eu só não sei quem pode estar contra a gente e também dominar essas ilusões.

Permanecemos em silêncio por um bom tempo, sem conseguir pensar em uma solução. A Flávia ainda estava sentada no mesmo lugar, mesmo que o Bruno já tivesse liberado seus movimentos.

– Eu sugiro que a gente procure nos registros quem são as cobaias que conseguem fazer esse tipo de coisa. Algo me diz que essa Vera está por trás disso. – Arriscou o Bruno.

Concordei com um aceno e seguimos de volta para a sala dos arquivos. Numa rápida encarada, pude notar que a Flávia estava furiosa.

– Você me paga – rosnou baixinho para mim.

Reunindo todo o meu sarcasmo, dei de ombros.

– Eu estou morrendo de medo.

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Mais uma treta, só pra não perder o costume.

Não esqueçam do voto e dos comentários.

Beijão

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