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Capítulo C - ZECA

– Não pode ser! – exclamei, tirando o porta-retratos da mão da Malu com urgência.

Enquanto eu observava a fotografia, o tempo parecia ter parado. Aquela mulher era a minha mãe? Então isso significava que eu não tinha sido abandonado como eu sempre pensei.

– Eu me lembro do rosto dela, Zeca – disse ela, aproximando-se de mim.

– Espera aí. Você era muito pequena. Não existe a menor possibilidade de você se lembrar do rosto dela – argumentou a Suzana.

– Lembra o que a gente falou sobre a Segunda Geração? Ela faz parte disso. A capacidade mental dela é incrível – explicou o Tavinho, arrumando os óculos.

– Eu ainda não me acostumei com esses... poderes – explicou.

– E o Bruno? Como ele foi parar no hospital? – perguntou a Helô.

– Não sei.

A Suzana voltou a escrever no caderninho em silêncio e eu não conseguia desviar os olhos daquela mulher da fotografia. Eu não sabia como me sentir em relação aquilo. Era tudo muito esquisito.

– Vamos lá. Vamos colocar em tópicos as informações mais importantes – começou a Suzana. – Sabemos que existem pessoas que estão dispostas a nos ajudar. Sabemos também que a diretoria do experimento mudou.

– E sabemos que eles são muito perigosos – complementou a Fernanda.

– Existem mais de vocês?

– Sim – respondeu a Helô. – Lá onde moramos tem mais seis.

– E eles estariam dispostos a ajudar? – indagou a Fernanda, eufórica.

– Eu posso conversar com eles – arrisquei. – O Tonho seria o mais complicado, mas acho que eu consigo convencê-lo.

– Ótimo. Amanhã quero todos eles aqui – disse a Suzana, determinada.

– Amanhã? Eu não sei se o Zeca vai conseguir convencê-lo em tão pouco tempo – explicou a Helô.

A Suzana respirou fundo e nos encarou com seriedade.

– Nós temos que agir o mais rápido possível. A nova diretoria ainda está se habituando à rotina. Esse é o momento de maior vulnerabilidade deles e a nossa maior oportunidade de obter êxito. Quanto mais demorarmos para colocar nosso plano em ação, menor a nossa chance.

– Você tem razão – rendi-me, por fim. – Eu vou falar com o Tonho.

Enquanto a Suzana procurava a chave do carro em algum lugar, o Tavinho aproximou-se da Fernanda.

– O poder de dedução da sua tia é incrível – elogiou o Tavinho.

– Tia Suze namorou por anos com um detetive. Ela aprendeu direitinho – explicou a Fernanda.

Assim como no outro dia, a Suzana nos levou para casa em seu carro. Após deixar o grupo na esquina da casa, ela parou o carro em frente à pensão.

– Eu posso conversar com você? – a Suzana perguntou para mim.

Sem hesitar, a Malu deixou o carro e pulou a janela do quarto.

– Você é a cara do traste do seu pai – começou, sentindo-se desconfortável.
– Eu não sei como eu não percebi isso antes.

– Você não tinha como saber – respondi.

Ela sorriu em resposta.

– Caramba, garoto! Você é filho da minha melhor amiga. Eu quase fui sua madrinha! – tornou, com lágrimas nos olhos. – Eu sei que a gente mal se conhece, mas se você precisar de qualquer coisa, saiba que você pode contar comigo.

Sorri em agradecimento, sentindo-me grato. Ela parecia sincera e aquelas palavras me fizeram acreditar que eu não estava sozinho.

– Tudo o que eu quero nesse momento é acabar com aquele hospital e ajudar a Malu a tirar o Bruno de lá – devolvi. – E sua ajuda já está sendo muito importante.

Sem mais delongas, ela deu nossa conversa por encerrada com um longo abraço e, após nos despedimos, voltei para o quarto.

– Você está bem? – perguntou a Malu, preocupada.

Concordei com um aceno de cabeça e sentei na cama. Ela já estava vestindo uma das minhas camisetas, como já era de costume. Não consegui evitar um sorriso.

– Desculpa por ter dito aquilo daquela maneira – começou ela, sentando-se entre as minhas pernas, enquanto eu a enlaçava em um abraço. – Eu devia ter escolhido uma maneira melhor de falar.

– Não existe uma maneira melhor de falar – respondi. – Você fez o que tinha que fazer.

– Eu lembro dela, Zeca – continuou. – Lembro dela, lembro de você, lembro de outras pessoas que visitavam o apartamento. Só não consigo me lembrar da minha mãe. Isso é muito estranho.

– Talvez sua mente queira bloquear alguma lembrança.

– Isso não faz o menor sentido - tornou.

– Nada na nossa vida faz algum sentido. Você já devia ter se acostumado.

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Chegamos ao capítulo 100 e as coisas estão se afunilando. Ainda estamos longe do fim, mas as coisas estão começando a tomar um rumo, o que é bom e ruim ao mesmo tempo.

Não esqueçam do voto e do comentário.

Beijão e até amanhã

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