Karoline, completamente desesperada, olha para as duas criaturas que avançam em sua direção e, completamente perplexa, ela vê Akkarin, a quem ela tanto desdenhou, se colocar na sua frente, de forma protetora.

Kalash, Aabheer e Eknath encaram os dois com sorrisos frios.

― Saia da frente. – ameaça Kalash – Esta noite, nosso objetivo nada tem a ver com você, apenas com esta criança que, ao que parece, você quer proteger!

― Se acham que irão encostar em um único fio de cabelo da Princesa Karoline, estão redondamente enganados! – fala Akkarin, seu tom de voz é uma clara ameaça.

Completamente amedrontada e, sem entender ao certo o que está acontecendo, Karoline encosta-se em Akkarin.

― Não se preocupe. – Akkarin fala para a jovem – Não deixarei que a levem! Irei protege-la com todas as minhas forças!

― Até parece que irá conseguir algo assim. – desdenha Eknath – Você não passa de um molequinho que tem algum talento para magia! Não chega aos pés dos grandes magos de Sethaborn!

Ao ouvir esta última frase, Akkarin sente a sua espinha gelar, pois, o invasor acaba de confirmar aquilo que já suspeitava.

Sethaborn...!

Este nome não é novidade para ninguém de seu mundo, mas, para aqueles que estudam magia, como ele, significa algo horrível, muito mais profundo do que qualquer pessoa pode imaginar!

O jovem aprendiz de Mago começa a pensar em uma forma de escapulir dali com a princesa, pois não é nenhum tolo, e, sabe que não será páreo para os três homens à sua frente. Não se importaria em morrer, mas, tem de proteger a Princesa e descobrir o que aconteceu com seu mestre Damon e, morrendo, não conseguirá seus objetivos.

Segura a mão da princesa com força, querendo lhe transmitir alguma força e, sente Karoline apertando a sua mão com força. Sabe que ela está com medo, e, tem que tranquilizar a jovem de alguma forma e, a melhor forma de fazer tudo isto é tirando a princesa do Palácio, levando-a para um lugar seguro!

Tomada a decisão, Akkarin começa a proferir o feitiço de tele transporte que, agora, está tão fixo em sua mente, de tal forma, que, é como se fosse algo que ele soubesse a vida inteira, e não apenas aprendeu a pouco tempo, e, se surpreende com a forma rápida com que sua mente grava as magias que, até então, ele desconhecia saber.

E, assim que o jovem aprendiz de Mago termina de proferir o feitiço de tele transporte, seu corpo, junto com o de Karoline, desaparece dali.

E, assim que os dois desaparecem, os três homens de Sethaborn se entreolham, a fim de decidir o que irão fazer.

― E agora? – questiona Aabheer – Nós vamos atrás deles? Afinal de contar, o moleque tem a princesa e, a garota tem o sangue dos Scorron.

― Não será necessário, meu caro. – responde Kalash – Pois, mesmo que a garota tenha o sangue dos Scorron, ela é apenas uma mulher, e, nada pode fazer contra nós. Temos em nosso poder quem realmente importa, e, no momento, isso basta para os planos de nosso mestre.

Temos em nosso poder quem realmente importa, e, no momento, isso basta para os planos de nosso mestre

― Onde estamos? – pergunta Karoline, sentindo-se completamente desnorteada.

― Em meu quarto. – responde Akkarin – Creio que aqueles homens jamais irão pensar em nos procurar aqui.

Ao ouvir as palavras de Akkarin, Karoline começa a prestar atenção no quarto e, a primeira coisa que nota é que ele é muito pequeno, chega a ser muito menor que seu quarto de vestir. E, olha curiosa para o tanto de livros espalhados pelo chão.

O jovem aprendiz de mago, ao notar a forma como ela avalia seu quarto não perde tempo e se apressa a dizer:

― Sei que não são acomodações dignas de uma princesa, mas, por enquanto, é tudo o que temos.

― Não me importo com as acomodações, Akkarin. – Karoline fala com sinceridade – Mas a verdade, é que estou com medo. O que está acontecendo? Onde estão meu pai e meu irmão?

― Olha, não sei onde estão seu pai e seu irmão, assim como também não sei onde está meu mestre Damon. A única coisa que eu sei, é que aqueles caras tem uma magia poderosa e estão atrás de você, não posso deixar que a capturem, Princesa!

― Pode ser apenas Karoline.

― Que?!

― Estou dizendo que não precisa me chamar de Princesa, que pode ser apenas Karoline. Esta é a segunda vez que você salva minha vida, Akkarin, e, eu posso até ser mimada, admito isto, mas não sou cega. Você é alguém que merece o meu respeito.

Akkarin se surpreende com as palavras da princesa, pois decididamente, não esperava por isso, e, sem que consiga controlar, acaba começando a sentir suas bochechas corarem, e, no mesmo instante, ele vira-se de costas para a princesa, a fim de que ela não veja o quanto ele está envergonhado ante o elogio que acaba de receber.

E, ignorando por completo o fato de Akkarin ter desviado o olhar, a Princesa volta a encará-lo, para em seguida voltar a dizer:

― E agora, Akkarin?

― O que?! – Akkarin, distraído em seus próprios pensamentos, não havia prestado atenção nas palavras da princesa.

― Perguntei o que nós iremos fazer agora, Akkarin. Não sei o que está acontecendo, nem quem são aquelas pessoas... Olha, eu estou com medo...!

Akkarin não tira as razões da princesa por estar com medo, até porque, ele mesmo está, só que, ao contrário da jovem, ele não pode dar sinais de medo, muito menos, demonstrações de fraqueza.

Tem que demonstrar não apenas ser uma fortaleza, mas também força, pois, a partir de agora ele se tornou, literalmente, o Protetor da Princesa Karoline Scorron e, sendo assim, não pode deixar que nenhum mal aconteça a ela!

Ela é sua responsabilidade agora.

― Akkarin, você ouviu o que eu disse?

― Ouvi sim, perdoe-me, é que eu estava pensando, justamente, no que nós vamos fazer agora.

― E você já decidiu alguma coisa sobre isso?

― Sim. Primeiro, pode deitar-se em minha cama e dormir, sei que é pequena para seus padrões, mas é tudo que tenho.

― Mas e você?

― Vou passar o resto da noite pesquisando sobre Sethaborn.