DIA 16 (Continuação)
DIA 16: CONTINUAÇÃO
O calor de Boston naquela tarde estava derretendo até a minha alma. Podia sentir gotículas de suor descendo pelo meu pescoço enquanto eu caminhava pelo longo campus até chegar ao prédio de comunicação social. Iria passar o resto da minha tarde atualizando as atividades da universidade e finalmente finalizar a entrevista com Finley. Amanhã ele estaria na capa do nosso jornal que é lançado toda semana com as novidades e atividades da instituição. Não era como se eu estivesse muito afim de fazer isso agora, era mais pelo fato de que eu estava louca para me livrar disso e ficar o mais longe possível de qualquer assunto relacionado a ele.
Apesar do que eu acabara de presenciar, eu sabia que não tinha motivos para estar com raiva. Fui eu que decidi dessa forma, tudo sendo como era antes, então por que eu estava com tanta raiva a ponto de querer explodir ele e aquela ruiva bonitona?
Suspirei fundo tentando me concentrar e não pensar muito no assunto, acho que no fundo eu só não esperava que ele fosse me ignorar dessa forma.
Meu celular vibrou em meu bolso me avisando de uma mensagem.
Mensagem enviada por Natie, às 12:35PM.
Onde você está?
Já tinha me esquecido que eu havia deixado Natie e Aidan no refeitório.
Mensagem enviada por Kate, às 12:36PM.
"Desculpe, precisei vir no editorial finalizar algumas coisas"
"Mais tarde nos falamos, beijos"
Guardei meu celular no bolso evitando dar mais explicações.
Cheguei jogando minha mochila sobre a mesa e ligando o computador. Peguei meu celular na mochila para silenciá-lo após ouvir outro aviso de uma mensagem nova. Ignorei a mensagem porque não estava nem um pouco afim de dar novas explicações. Aproveitei enquanto o computador estava sendo iniciado e fui fuxicar os sites de fofoca para saber se algo mais havia sido publicado. E é claro que sim. Bem grande e com um título bem tendencioso, estava escrito: "Conheça Katherine Mackenzie, a nova garota de Matthew Finley". As pessoas já sabiam o meu nome, idade e todas as mesmas aulas que eu tinha com o Matt.
Revirei os olhos. A mídia era mesmo incontrolável. Porém, por incrível que pareça, por ora isso não estava mais me incomodando, e eu sabia o porquê. Outra coisa em específico estava me incomodando muito mais do que uma manchete em um site de fofoca. Seu comportamento no refeitório realmente havia mexido comigo, e não da forma como eu esperava.
Deixei meu celular de lado após bloquear a tela e comecei a revisar tudo sobre a entrevista com o Matt. Após tudo estar perfeitamente revisado e aprovado, preparei tudo para que fosse impresso no dia seguinte e entregue para todos no campus. Com certeza no próximo semestre teríamos uma demanda maior de inscrições após tantos elogios à universidade feitos por um astro. Ou pelo menos era o que o diretor esperava.
Um barulho vindo de uma sala no corredor esquerdo me fez parar tudo o que eu estava fazendo. Olhei por alguns segundos na direção em que eu havia escutado o som estranho, mas não consegui ouvir mais nada. Devo estar ficando louca, pensei comigo mesma. Voltei minha atenção para a tela do computador, quando novamente escutei barulho de algo se arrastando. Parei tudo o que eu estava fazendo e me levantei rápido. Meu coração batia mais forte do que uma boate de música eletrônica.
O barulho parecia estar vindo da sala do Peter, nosso coordenador.
Será que ele estava aí?
Quando pensei em averiguar, a porta da sua sala foi aberta onde eu tive um vislumbre dos cabelos castanhos e ondulados sendo afagados por... Peter?
Arregalei os meus olhos me abaixando rapidamente, entrando embaixo da minha mesa. Entre risadas e beijos sendo trocados, Peter e Amanda estavam no maior amasso em seu escritório. Peter é o nosso coordenador. Amanda é uma aluna da universidade e estagiária do editorial, assim como eu.
— Você precisa ir, terá aula em alguns minutos. — escutei Peter sussurrar entre os milhares de beijos barulhentos.
— Eu sei, eu sei... — suspirou trocando mais alguns beijos antes de finalmente pararem. — Nos vemos hoje à noite?
— É claro, passe lá assim que sair da sua última aula.
— Mas acabarei cedo, então terei que vir para cá ajudar.
Estava me sentindo desconfortável em estar escutando, mas não era como se eu quisesse escutar. Se eu pudesse, eu definitivamente não estaria escutando nada disso, começando pelos beijos barulhentos e nojentos que iriam me assombrar pelo resto do ano.
— Eu libero você, vantagens em ser o coordenador. — risadinhas e mais algumas trocas de beijos foram dadas antes de finalmente escutar seus passos se afastando.
Quando a porta da frente se fechou, pude soltar o ar que eu nem sabia que estava prendendo, respirando fundo algumas vezes antes de sair debaixo da mesa. Fiquei aliviada por eles não terem chegado tão perto a ponto de notarem minha mochila e o computador ligado.
Voltei a me sentar na cadeira tentando absorver toda essa informação. Então era por isso que Amanda nunca pegava as tarefas mais "difíceis" para se fazer, Peter estava sempre a liberando e dando desculpas esfarrapadas. Não era possível que ele era tão burro a ponto de se envolver com uma aluna e arruinar todo o seu esforço e trabalho duro de anos. Os homens de fato não podiam ver um rabo de saia que logo já começavam a pensar com a cabeça de baixo.
Não era muito próxima da Amanda, mas o pouco que eu sei dela, me parece ser uma garota legal, espero que ela esteja tomando a decisão certa e que não se prejudique no final, mas isso de Peter estar sempre livrando a barra dela era algo que me incomodava, era injusto com os outros e com sua própria ética de trabalho. O pior disso tudo é que eu não fazia ideia do que fazer para mudar isso sem que eles desconfiassem de que eu sabia de algo.
Resolvi deixar toda essa merda de lado e voltar para o meu trabalho.
+++
Minha mesa estava uma completa bagunça. Havia um pequeno pote plástico vazio no qual a três horas atrás continha dois sanduiches, quatro copos de café vazios e milhares de anotações amassadas e jogadas sobre a mesa. Assim que finalizei todo o meu trabalho do dia — e da semana inteira —, peguei minha cesta de lixo para dar uma arrumada em toda aquela bagunça. Depois de tanta cafeína, tudo que eu não conseguia fazer no momento era ficar parada.
— Oi, Kate, já terminou seu trabalho? — Asher, um dos meus colegas de trabalho, disse sorrindo segurando em suas mãos uma pilha de papéis impressos.
— Oi, Ash. Sim, e você? — murmurei sem olhar para ele, continuei focada na limpeza como se eu fosse alguma espécie de robô cafeinado.
— Que milagre ver você terminando tão cedo, normalmente é a última, nunca dá tempo para... — ele parou de falar deixando as palavras no ar. Pude notar algum desconforto. Olhei para ele pela primeira vez desde que se aproximou. Estava bonito, a blusa branca que usava realçava o tom bronzeado de sua pele.
— Tempo para...? — murmurei de volta esperando pela resposta. Voltei minha atenção para a organização que eu estava fazendo, ficando de costas para ele.
— Não sei, bom... de sair mais com as pessoas do editorial, você sabe, comer alguma coisa, ou beber algo... — deixou suas intenções no ar.
— Oh, é claro, pode ser. — disse entretida com as novas anotações que eu estava fazendo para a próxima semana.
— Pode ser? Ótimo, podemos ir na pizzaria aqui perto, todo mundo sempre vai nela acredito que já tenha ido também, é a mais perto do campus. Vou pegar minhas coisas, já volto. — ele se afastou rapidamente e só dois minutos depois que eu fui entender o que estava acontecendo.
Parei de escrever minhas anotações e olhei ao redor. O que tinha acabado de acontecer? Asher já tinha desaparecido, meu colegas de trabalho estavam entretidos em seus afazeres, e eu ainda estava sem entender sobre o que tinha acabado de acontecer. Asher estava todo esse tempo esperando por uma oportunidade de eu terminar o meu trabalho cedo para me chamar pra sair e eu acabei aceitando sem nem saber o que estava acontecendo.
Maldita cafeína. Se eu não estivesse tão agitada e com meus extintos aguçados, nada disso teria acontecido.
Larguei as anotações de lado e parei de ser idiota, não era o fim do mundo, e ele ainda era um gatinho, então não há problema algum. E somos colegas de trabalho, seria uma saída saudável depois do trabalho, nada demais. Quando Asher retornou, guardei as anotações, desliguei o computador e peguei minha bolsa.
— Ainda bem que me convidou para essa pizza, meu almoço hoje foi só um sanduiche, preciso de pizza. — brinquei acompanhando ele para fora do editorial.
— Então parece que é seu dia de sorte. — sorriu.
Sorri para ele e o acompanhei até o seu carro, era um Toyota preto. Uma vez li um artigo sobre carros que dizia que essa marca foi eleita a mais valiosa do mundo, mas deixarei meu espírito jornalístico de lado no momento.
+++
Depois de um percurso de quinze minutos com a minha tagarelice cafeinada, chegamos na pizzaria. Só de olhar para a entrada eu senti meu estômago implorar por comida. Estava mesmo faminta. Sentamos e olhamos o cardápio, decidimos pedir a tradicional calabresa com borda recheada.
— Então, me fale mais sobre você. O que gosta de fazer? — perguntou assim que terminamos de fazer o nosso pedido deixando o cardápio de lado.
— Falar sobre mim? — indaguei balançando minhas pernas sob a mesa. — Não vai levar tanto tempo assim, acho que sou uma pessoa tediosa. — dei risada, alta até demais, porém, ele estava sorrindo com seus braços apoiados sobre a mesa, então deve estar se divertindo.
— Uma garota bonita como você, tediosa? Duvido!
Dei outra risada.
— Tudo bem, vamos lá... Minha mãe morreu quando eu nasci. Cresci com meu pai. Ele é militar e sempre está longe. Nunca fui de ter amigos, tenho só dois grandes amigos e eles são os amigos da faculdade. Achei que eu seria veterinária até mudar de ideia aos quinze anos quando a minha cadelinha teve filhotes e morreu no parto. Nunca chorei tanto na minha vida, não queria passar por aquilo de novo com animais morrendo na minha frente... olha só, tem pãezinhos, não tinha notado. — murmurei pegando um pão crocante que estava em uma cesta sobre a mesa. Era um tira-gosto antes do prato principal chegar. Olhei para ele que me observava com um sorrisinho no rosto. — Droga, estou parecendo uma louca, não é? É que eu bebi muito café.
Ele riu.
— Já percebi, você está uma pilha.
— Desculpa. — suspirei jogando o pãozinho de volta na cesta. — É que eu não estou tendo um bom dia.
Pronto! Agora eu ia desabafar com um cara que eu não tinha um pingo de intimidade a não ser profissional. Se eu cheguei a esse ponto, então a situação realmente não estava das melhores. E agora eu estava com raiva de Matthew Finley. Cantorzinho de quinta safado. Por que ele me ignorou? Tudo bem que eu falei para continuarmos na amizade, mas isso não significa me ignorar como se eu não existisse, e ainda por cima já estava pendurado naquela... Naquela ruiva de quinta.
— Terra chamando Kate. — Asher estalava seus dedos perto do meu rosto. Balancei minha cabeça, sorrindo sem graça.
— Desculpe! — passei minha mão pelo meu cabelo. — Chega de falar de mim, fale de você agora.
Asher sorriu e começou a falar sobre a paixão que sua família tinha pelo beisebol e que todos achavam que ele trilharia pelo caminho atlético, quando a porta da frente foi aberta com Matthew entrando com a ruiva de quinta. Meu sorriso murchou na hora. Mas que merda. Apoiei meu cotovelo na mesa segurando meu rosto com as mãos na tentativa frustrada de tentar me esconder e ao mesmo tempo manter minha atenção somente em Asher como se eu estivesse muito interessada em saber sobre todo aquele papo de beisebol.
Mesmo não olhando diretamente, notei de soslaio Matthew sentando a algumas fileiras a minha esquerda, ficando bem de frente para mim. Isso só pode ser brincadeira. Suspirei fundo e forcei um sorriso para as coisas que Asher dizia que eu já não fazia mais ideia do que era, a essa altura eu só conseguia ouvir um monte de blá blá blá sem fim. Continuei tentando prestar atenção, de vez em quando guiando meu olhar para a mesa de Matthew. Odiava estar sentindo esse desconforto, só reforçava minha intuição de que as coisas não estavam boas entre a gente e que eu estava com muita raiva dele.
Pensei em ignorar e aproveitar essa noite, afinal de contas, ele não tinha nada a ver com a minha vida. Porém, outra parte de mim também pensava em sair correndo pelos fundos antes que ele me visse aqui com outro cara, como se eu estar saindo com alguém fosse um crime ou algo do tipo. Eu me sentia uma completa idiota por estar me sentindo mal em estar saindo com alguém como se eu devesse alguma satisfação a ele ou como se fossemos algo, o que claramente não somos nada, provavelmente nem amigos mais.
Quando olhei novamente para sua mesa, seu olhar agora estava sobre mim. Desviei meu olhar rapidamente, quase tendo um ataque cardíaco. Intenso. Senti meu corpo desmoronar só com um olhar. Engoli em seco. Senti minha garganta fechar. Sentir o ar faltar. Quando percebi, estava de pé com Asher parando de falar.
— Você está bem? — Asher perguntou, preocupado com a minha reação repentina.
— Sim, estou ótima... — murmurei rápido demais. Nervosa demais. — Só preciso ir ao banheiro, já volto. — me afastei o mais rápido possível, indo na direção do banheiro.
O banheiro era de tamanho médio, havia três cabines e duas pias. Ele nunca precisou ser muito maior que isso — apesar do local ser muito bem frequentado —, mas ele era mais frequentado pelos alunos na universidade por ser muito próximo do campus, então a vizinhança costumava ficar longe de toda a bagunça dos universitários. Abri a torneira, enchi minhas mãos de água e joguei sobre meu rosto. O frescor da água aliviou um pouco o calor que percorria por todo o meu corpo. Agora eu estava ainda com mais raiva dele — se é que isso era possível. Odiava o fato dele me ignorar. Odiava o fato de ele estar saindo com a ruiva de quinta. Odiava o fato de eu estar tão caidinha por ele que eu não conseguia nem mais raciocinar como um ser humano normal. Odiava o fato de ele ter esse tipo de poder sobre mim.
Como eu o odiava.
Abaixei minha cabeça para conseguir molhar um pouco a minha nuca, quando escutei a porta ser aberta. Continuei abaixada tentando refrescar minha nuca, quando escutei uma voz grave — e nada feminina — atrás de mim.
— Está tentando se afogar na pia? Recomendo uma praia ou uma piscina. — parei imediatamente o que eu estava fazendo, fechando a torneira. Levantei minha cabeça e encarei seus olhos através do espelho a minha frente. Que homem lindo, meu Deus. Matt estava impecavelmente lindo. Como todos os dias, todas as horas, segundos e minutos. Ele estava usando uma blusa preta de alguma banda que eu desconhecia, uma jaqueta preta, jeans escuros — quase preto — e uma bota de cadarço bem estilo motoqueiro.
— Uau... você é o badboy perfeito. — murmurei ironicamente.
Ele olhou para sua roupa, sorriu, depois olhou para mim.
Continuei olhando para ele pelo espelho, seria perigoso demais encará-lo de perto.
— Juro que foi um acidente.
E então o silêncio se instalou como se fosse normal ele estar ali.
— Você está no banheiro feminino. — avisei, mesmo sabendo que ele sabia disso e que era óbvio.
— É, eu sei. — deu de ombros. — Por que está aqui sem Natalie e Aidan? Um encontro? — pude notar um tom diferente em sua voz.
— Só posso sair com Natalie e Aidan agora? Não estava sabendo.
Ele cruzou os braços me encarando firmemente pelo espelho, com sua típica expressão séria, só que dessa vez mais séria.
— É melhor você voltar pra ruiva, ela está esperando. E pode chegar alguém a qualquer momento, então ou você fala o que veio fazer aqui, ou é melhor ir. — dei um intimado.
— Você está em um encontro? — voltou para mesma pergunta.
Bufei.
— Você está? — contra ataquei, arqueando uma sobrancelha. Ele sorriu, mas não parecia estar achando graça. — Minha vez. Por que me ignorou mais cedo?
— Então é por isso? — ele riu.
— É por isso o que? — franzi o cenho.
— Que está saindo com ele, quer fazer ciúmes?
Ri ironicamente.
— Fazer ciúmes em você? Se enxerga, Matthew. Ele quis sair comigo e me convidou para sair, e eu aceitei, não tem só pessoas interessadas em sair com você.
A cada palavra que eu dizia, seu sorrisinho se diminuía. Touché.
— Eu não te ignorei, você disse para as coisas serem como antes, e como você surtou com as nossas fotos em um site de fofoca, evitei dar atenção para você justo no primeiro dia em que voltamos do final de semana. Iria aumentar os burburinhos. Eu só evitei o que você me pediu, não estava te ignorando.
— Oh... — murmurei, me sentindo uma idiota. Fazia todo o sentido.
Havíamos acabado de voltar de um fim de semana onde nossas fotos foram publicadas com várias manchetes tendenciosas. As fofocas iriam ganhar mais força se continuássemos grudados em plena segunda-feira. Mas agora depois de todo esse aborrecimento, tudo que eu não queria era ser evitada por ele. Eu era mesmo uma grande bagunça.
O corpo de Matthew se moveu parando bem atrás de mim. Respirei fundo, nervosa, tentando controlar minha respiração. Seu corpo foi se aproximando. Respirei fundo novamente, com minha respiração ficando mais ofegante. Agora eu podia sentir o calor do seu corpo, como se fosse um ímã ansiando pelo meu. Seu corpo estava tão perto que eu conseguia sentir sua respiração em minha nuca. Não adiantou em nada as jorradas de água, meu corpo já estava em chamas de novo.
Mas quando ouvimos vozes femininas se aproximando do banheiro, nos entreolhamos assustados através do espelho. Matthew segurou o meu braço e me puxou para uma das cabines com ele, como se eu precisasse me esconder. Após fechar a porta no trinco, ele se virou para mim. Ficamos cara a cara um com o outro, nossos narizes quase se tocando. Respiração com respiração. Olho no olho. E que olhos. O tom de azul mais impecável que poderia existir, nem o azul do céu poderia competir com aquele.
Seu olhar desceu para minha boca. O meu olhar também desceu para os seus lábios. Então em um impulso, envolvi meus braços ao redor do seu pescoço com seus braços fortes e esguios me envolvendo pela cintura. Seus lábios macios e calorosos se envolveram nos meus, com urgência. Suspirei entre o beijo tentando controlar o gemido que queria sair pela minha garganta. Matthew prensou meu corpo contra a parede da cabine com seus beijos mais exigentes. Intenso. Guiei minhas mãos por toda suas costas, enfiando-as por baixo da sua blusa e alisando seu abdômen perfeito, descendo um pouco mais com as mãos. Ele se afastou de mim, apoiando sua testa na minha, ofegante.
— Está jogando sujo. — sussurrou entre as risadas e conversa fiada que rolava no banheiro. Sorri. Gostava de saber que eu tinha o mesmo efeito sobre ele da mesma forma que ele tinha sobre mim.
— Você começou. — ele sorriu antes de me envolver em mais um beijo. Quando as garotas finalmente saíram do banheiro, Matthew se afastou dos meus lábios dando leves selinhos. — O que vamos fazer agora? — perguntei admirando suas íris azuis que parecia uma galáxia olhando de tão perto. Matthew tinha compreendido a minha pergunta, sabia que eu estava me referindo aos nossos encontros fracassados que já deveriam estar no tédio de tanto esperar.
— Vou dizer para Brianna que me senti mal e que deixarei ela em casa. Você inventa algo do tipo para ele, e eu te ligo assim que chegar em meu apartamento. — a ruiva de quinta agora tinha nome.
— Não sei se é uma boa ideia, não sei o que está rolando entre você e essa garota, não quero me meter.
— Não está rolando nada entre mim e essa garota. — deu ênfase na forma como eu falei, achando graça. — Ela se transferiu da outra universidade só para ficar perto de mim, é uma louca. Ela acha que estou interessado, mas só estou sendo legal.
— Muita gentileza da sua parte, Sr.Finley. — ironizei puxando-o pela jaqueta e beijando os seus lábios. Ele correspondeu rapidamente envolvendo sua língua na minha. — É melhor sairmos, já estamos tempo demais aqui. — disse entre o beijo. — Vou dar uma olhada para ver se está livre, então você sai primeiro. — terminei de falar dando alguns selinhos em seus lábios rosados, antes de me afastar. O banheiro estava vazio. Abri a porta e olhei o corredor, não havia ninguém no momento. Fiz sinal com a mão para que Matthew saísse. Ele saiu da cabine e veio em minha direção, mordendo meu pescoço. — Não senhor, sai logo. — dei um tapinha em seu ombro, o afastando. Ele riu e saiu correndo do banheiro. Suspirei aliviada.
Joguei uma água no rosto, soltei meu cabelo para prendê-lo novamente — já que estava uma bagunça —, e arrumei minha roupa no corpo antes de voltar. Quando cheguei, a mesa de Matthew já estava vazia. Asher me aguardava com a nossa pizza já na mesa. Me senti mal por isso, ele era um cara legal.
— Oi, finalmente. Você está bem? — perguntou se levantando e vindo até mim. — Estava quase indo atrás de você.
— Desculpe por isso, é que eu... Não estou me sentindo muito bem. — usei a desculpa esfarrapada do Matthew. Só queria evitar ao máximo magoá-lo com toda essa situação, Asher era legal. — Não fique bravo comigo, é que muita coisa está acontecendo ultimamente, então eu realmente não posso... — parei de falar notando o rumo que minhas palavras estavam levando. Não precisei dizer mais nada, ele já havia entendido.
— Acho que agora você já está se referindo a nós dois, não é? — não respondi, sorri sem graça, sem saber o que dizer. — Tudo bem, Kate, você não me deve nada. Se está com problemas agora, eu compreendo. Ainda assim podemos ser amigos.
Sorri para ele.
— É claro que sim. Obrigada! — abracei ele brevemente.
Pedimos para que embrulhassem as fatias de pizza que levaríamos. Asher me deixou no campus vinte minutos depois, indo embora logo depois de se despedir. Algumas pessoas estavam ali chegando da faculdade, mas não estava tão movimentado como eu achei que estaria. Fui para o meu quarto, precisava de um banho. Coloquei meu celular para carregar já que Finley havia prometido ligar. Contei tudo para Natalie sobre o meu dia, e era óbvio que isso deixaria ela eufórica.
— Meu Deus, isso ficou parecendo aquelas cenas de comédia romântica em filmes. — disse se referindo ao ocorrido na cabine do banheiro. — Eu disse que ele estava tão caidinho por você quanto você por ele, tem que acreditar mais na sua amiga aqui.
Revirei os olhos para ela, mas sorri. Estava me sentindo tão bem que nenhuma provocação estragaria isso. Troquei de roupa depois de uma ducha revigorante, e após notar que já havia passado mais de meia hora, comecei a me preocupar.
— Ele não vai ligar. — desdenhei. — Aposto que deve ter caído na lábia da ruiva de quinta e deve estar transando com ela nesse momento.
— Para de ser tão pessimista, ele só está... — ela parou para olhar a hora. — Uma hora atrasado. — sorriu sem graça, sabendo que eu poderia estar certa. — Ele vai te ligar, fica tranquila.
— Que seja. — balancei meus braços, fingindo não me importar. Mas era óbvio que eu me importava, e como.
Sentei sobre a minha cama pegando meu celular. Pensei em enviar alguma mensagem pra saber se pelo menos ele tinha chegado bem, quando três batidas na porta fez eu quase derrubar meu celular. Merda, eu já estava ficando neurótica. Natalie se levantou para atender, então olhou para mim com aquele seu típico olhar de: Ai, meu Deus.
Natalie abriu mais a porta e lá estava ele, com o seu perfeito 1,90 de altura, olhos irresistíveis e um sorriso charmoso.
— O que você está fazendo aqui? Você disse que iria ligar. — exclamei puxando-o para dentro do quarto. Olhei o corredor para me certificar de que ninguém havia o visto, então fechei a porta.
— Só ligar não seria o suficiente, queria ver você.
— Vou deixá-los a sós. — Natalie pegou sua bolsa e um casaco.
— Não, Natie, se quiser ficar a gente sai...
— Não, podem ficar, volto depois. Juízo! — beijou minha bochecha antes de dar sua olhada dura para Matthew que dizia "guarde seu pinto dentro das calças", e então saiu nos deixando a sós.
— Como foi lá? — perguntou assim que Natalie saiu, se referindo ao Asher.
— Ele compreendeu — dei de ombros. — Na verdade ele foi muito legal, ficou tudo bem no final. E com a ruiv... Brianna?
Ele riu.
— Ela acha que só passei mal e que iremos remarcar, mas eu lido com ela depois.
Ficamos nos olhando em silêncio, até que eu suspirei e olhei ao redor.
— E agora? — perguntei.
— Não sei, me diz você. Foi você que veio com aquele papo ridículo na sua casa mais cedo, e agora me beijou. Você realmente quer o que me disse mais cedo?
Respirei fundo, engolindo em seco.
Ele sabia a resposta, mas é claro que ele iria me fazer falar.
— Você já sabe a resposta. E o problema nem é isso, é tanta coisa envolvida nisso tudo...
— Olha, eu sei que não sou a melhor pessoa no momento. — disse me interrompendo. — Sei o que as pessoas falam sobre mim, o que é divulgado nos tabloides, toda a minha fama de badboy, e eu sei que você não quer ser arrastada pra toda essa merda, mas eu realmente estou tentando melhorar, e com você eu me senti mais próximo de mim mesmo como eu não me sentia a muito tempo. — parou por um tempo para ver minha reação. Olhei para ele fixamente ouvindo atentamente as suas palavras. — Nos conhecemos a poucas semanas, mas eu me sinto bem com você e queria continuar fazendo isso, se pra você estiver tudo bem.
Lentamente um sorriso enorme foi se abrindo em meu rosto. Matthew retribuiu o sorriso. Quando notei, já estava jogada em seus braços beijando os seus lábios. Matthew me envolveu calorosamente, e dessa vez os nossos beijos estavam calmos, sem nenhuma intenção de acabar rápido.
Eu não sabia muito bem o que estava fazendo, ou aonde isso tudo iria dar, no momento seus beijos me fizeram parar de pensar.
NOTAS FINAIS: Finalmente voltamos, e voltamos com tudo ein!!! Agora veremos mais Katthew como um "casal" apesar de não serem exatamente um casal ainda (pelo menos não assumidos). Espero que tenham gostado, até próximo sábado <333
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro