DIA 16
DIA 16
Eu não consegui dormir.
Praticamente passei a noite inteira em claro, não conseguia parar de pensar em todas as coisas que poderiam dar errado, como o fato de ele começar a agir de forma estranha de agora em diante, se na faculdade iria fingir que eu nem existia só para inflar o seu ego, ou a pior parte: nada disso de fato foi real e eu estou presa em um sonho muito louco.
Porém, eu sabia que não era uma sonho, seu toque ainda formigava em meu corpo mesmo depois de horas e eu ainda conseguia sentir seus lábios macios sendo pressionados contra os meus. Intenso. Engoli em seco só de relembrar. Queria evitar de fazer meus pensamentos voltarem a isso, mas o tempo todo eu falhava miseravelmente.
Como se deter aos encantos de Matthew Finley?
Pulei de susto quando meu celular começou a despertar. Não passava das cinco horas da manhã, tínhamos que voltar bem cedo para dar tempo de pegarmos as primeiras aulas. Levantei-me da cama sem nenhum remorso, não havia dormido e nem estava com sono, estava como a poucas horas atrás: bem desperta com os meus pensamentos.
Usei meu banheiro para tomar uma ducha rápida e escovar os dentes. Enrolei-me em meu roupão para trocar de roupa em meu quarto antes de pentear meus cabelos e amarra-los em um rabo de cavalo. Estava com meu tradicional jeans, Vans vermelho e uma blusa preta com vários Mickeys espalhados por ela.
Peguei minhas coisas e encarei a porta à minha frente antes de abri-la. Será que ele já está acordado?
Girei a maçaneta e passei na frente do quarto de hóspede onde ele estava dormindo. Não ouvi nenhum barulho. Cheguei tranquilamente na sala jogando minha mochila sobre o sofá quando escutei barulhos na cozinha. Segui o som encontrando Matthew vestindo somente sua calça jeans enquanto fritava um ovo.
Oh, deuses dos homens gostosos, por que me atiçastes dessa forma?
Matthew olhou para mim quando notou a minha presença.
— Oi, bom dia. Espero que não se incomode, peguei alguns ovos na geladeira.
Desviei meu olhar dos seus braços e costas bem definidas.
— Hmm... Claro, sem problemas — pigarreei, nervosa. — Eu falei para você se sentir em casa, fique à vontade. — sorri brevemente antes de ir até a geladeira.
Enquanto eu olhava para os ingredientes, podia sentir o seu olhar sobre mim algumas vezes. Ele terminou de fritar seu ovo enquanto eu decidia pegar leite para fazer um achocolatado, não estava afim de comer algo a essa hora.
— Vou fazer um achocolatado, aceita? — ofereci.
— Acho que vou tomar um suco, mas obrigado. — disse brevemente, ainda me observando.
Seus olhares sobre mim estavam me dando a impressão de que alguma coisa estava errada, e antes que ele pudesse dizer algo que me destruísse, larguei o leite sobre a bancada e o encarei.
— Sobre ontem à noite... — ele parou de fazer o que estava fazendo para me dar atenção. — Não se preocupe, eu sei que não foi nada demais, tudo continua a mesma coisa.
Matthew me olhou como se quisesse saber no que eu estava pensando, mas nem eu sabia no que eu realmente estava pensando, só queria evitar que as coisas se tornassem estranhas ou que ele espalhasse por aí que eu estava desesperada por sua atenção.
— Tudo bem. — disse simplesmente, dando de ombros.
Confesso que fiquei um pouco decepcionada. Não sabia exatamente o que eu esperava dele, mas com certeza não seria isso. Conforme eu o observava enquanto ele comia, pude notar que minha intenção de fazer as coisas não ficarem estranhas tinham sido falhas. Merda. Ele estava com a mesma feição de quando eu pedi para que ele me deixasse a alguns quarteirões do dormitório na primeira vez em que me ofereceu uma carona. Haviam coisas que eu queria dizer que eu não tinha coragem, assim como ele parecia inquieto a respeito de algo, mas também não era capaz de dizer.
Beberiquei meu achocolatado na esperança de que o doce aliviasse um pouco a tensão.
Em um trajeto de três horas, conseguimos chegar em meu dormitório em uma hora e meia. Madrugamos na estrada e o trânsito estava livre, o caminho de volta fora tranquilo e silencioso. Apesar de eu ter sentido que Matt havia ficado com raiva mais cedo, agora ele parecia mais tranquilo, dirigiu todo o caminho cantarolando algumas músicas que tocava em sua playlist.
— Está entregue. — disse quando parou o carro. — Obrigado pelo final de semana. — agradeceu por eu ter o incentivado a ir no aniversário de sua mãe. Ele estava me tratando normal, mas ainda assim não da mesma forma que antes.
— Não precisa agradecer, me diverti bastante e adorei conhecer sua família.
Ele sorriu, mas logo depois voltou a ficar sério virando seu rosto para a janela. Respirei fundo. Queria dizer que havia sido uma idiota, que eu sabia que nada seria como antes depois do beijo, mas eu não consegui dizer absolutamente nada.
— É melhor você ir, se não vai se atrasar. — murmurou friamente, ainda olhando pela janela.
Era como se ele não conseguisse me olhar nos olhos.
O que estava se passando pela cabeça dele?
Saí do carro sem falar nada. Assim que fechei a porta, Matt deu a partida sem nem ao menos esperar que eu entrasse ou desse no mínimo um "tchau". Suspirei frustrada e voltei para o dormitório. Ao passar pelos corredores, alguns olhares curiosos e cochichos pairaram sobre mim, mas evitei qualquer tipo de olhar maldoso continuando meu trajeto até o meu quarto.
Abri a porta vendo a figura de Natalie deitada sobre sua cama mexendo em seu celular.
Quando seu olhar encontrou o meu, eu sabia que lá viria uma bronca daquelas.
— Posso saber por que não respondeu as minhas mensagens? — questionou saltando de sua cama e vindo em minha direção.
Fechei a porta do quarto para que ninguém nos quartos vizinhos presenciasse um show. Joguei minha mochila sobre a cama enquanto Natie me observava com o olhar em fúria de braços cruzados.
— Desculpe, eu deveria ter retornado, mas minha cabeça estava cheia, muita coisa aconteceu. — desabafei me sentando na cama como se um saco de cimento tivesse sido jogado sobre meu ombro.
— Eu notei isso, principalmente pelas fotos nos tabloides. Por que não me contou nada? — Havia um leve tom de mágoa em sua pergunta. Mesmo eu não querendo falar ou inventando desculpas para me safar, não podia esconder o que realmente estava acontecendo. O pior é que eu não queria ter que dizer em voz alta tudo que estava se passando pela minha cabeça. Não queria ter que assumir o quando eu estava confusa e preocupada. — Kate? — Natalie chamou minha atenção para si. Afastei meus pensamentos e olhei para ela, quando percebi, estava soluçando. — Kate... O que houve? — ela se sentou ao meu lado e me envolveu em seus braços, fazendo minha cabeça pousar em seu ombro.
— Eu estou muito ferrada. — murmurei em lágrimas. — Muito, muito ferrada. — alguns soluços preencheram o silêncio do quarto enquanto eu chorava em seu ombro.
Natalie esperou que eu me acalmasse para que eu pudesse lhe contar tudo.
— Ainda não entendi, você deu vários amassos com o gostoso do Finley e está chorando?
Revirei os olhos.
— Não estou chorando por causa disso, estou chorando por causa de tudo que veio envolvendo isso.
— Você se sentiu balançada por ele, seria isso? — assenti com a cabeça. — Eu tenho observado vocês dois a tempos, Kate... — levantei minha cabeça para encará-la. — Tenho certeza que ele não se sente de forma diferente, você também mexeu com ele.
— Não teria tanta certeza — suspirei pesadamente, tentando libertar a angustia do meu peito. — Ele se despediu tão facilmente hoje, acho que ele já conseguiu o que queria.
— Deixa de ser idiota...
— Não estou sendo — a interrompi. — E você sabe muito bem disso — a encarei, séria. — Você mais do que ninguém sabe que isso já aconteceu e pode se repetir.
Ela respirou fundo, assentindo em silêncio. Sabia que eu estava certa.
— Eu sei, mas esqueça o passado, Kate, nem todo homem é um idiota. O comportamento do Matthew com você é real, não fica inventando coisas sem cabimento ou associando seu relacionamento com ele com algo do passado. — eu queria acreditar nela. Queria muito acreditar em suas palavras, mas ainda sim era difícil. — Vamos! — Natie se levantou erguendo sua mão para mim. — Você precisa de um banho, vai se sentir melhor depois de uma ducha quentinha e reconfortante. — sorri para ela antes de segurar sua mão.
Matthew não apareceu para as primeiras aulas, mas já era esperado. Deveria estar cansado já que dirigiu durante todo o trajeto. Depois de ter enfrentado Natalie, ainda tive que me explicar para Aidan sobre o que estava acontecendo, mas não os culpo. Se eu estivesse no lugar deles, com milhares de fofocas se espalhando sobre eles, eu também iria ficar preocupada.
Durante o intervalo, procurei com meus olhos entre as milhares de pessoas no refeitório para saber se Matt estava entre eles. Nada. Até o momento ele não estava na faculdade. Passei entre as mesas notando alguns olhares sobre mim, alguns eram de deboche, outros eram apenas de curiosidade. Estava me sentindo incomodada, mas não iria deixar que eles me afetassem.
— Só ignore. — Aidan sussurrou para mim. Sorri para ele, assentindo. — Podem ir se servir, eu espero.
— Não, hoje vocês dois podem ir, estou sem fome. — disse me sentando.
Natalie e Aidan se entreolharam.
— Tem certeza? — Natie quis saber.
— Sim, não estou com muita fome. Podem ir, eu espero.
— Tudo bem.
Observei enquanto eles se afastavam. Peguei meu celular destravando a tela, queria saber se tinha alguma mensagem ou ligação perdida, mas não havia nada. Abri minha caixa de mensagem com o Matthew e fiquei revendo algumas mensagens antigas. Não havia muitas trocas de mensagens, mas o suficiente para eu querer enviar uma nova mensagem e perguntar se estava tudo bem, afinal, passamos o final de semana todo juntos, era algo normal, não era?
Abri a caixa de escrever, umedeci meus lábios e engoli em seco conforme eu digitava as palavras. A porta do refeitório se abriu, desviando minha atenção do celular. Olhei para frente notando ser a silhueta de Matthew. Um sorriso largo se formou em meu rosto automaticamente, meu coração dava cambalhotas e meu estômago parecia estar em erupção. É ele. Ergui meu braço para que ele me encontrasse, acenando em sua direção. Seu olhar rapidamente me encontrou, mas diferente da minha recepção calorosa, ele estava mais frio que uma pedra. Notei então que ele não estava sozinho, a garota ruiva apareceu ao seu lado. Abaixei meus braços com meu sorriso murchando no mesmo instante.
Desviando seu olhar sobre os meus, Matthew envolveu seu braço sobre o ombro da garota e se afastou com ela para o outro lado do refeitório. Fiquei paralisada, completamente chocada com a cena que eu havia acabado de presenciar.
Ele faltou aula para ficar com ela?
Ele já tinha partido pra outra depois de ter conseguido o que queria?
O final de semana realmente não significou nada?
Eu sou uma idiota, uma completa idiota. Eu sabia, eu sempre soube que isso iria acontecer. Senti minha garganta se fechar, minha respiração falhar. Eu odiava o fato de estar tão envolvida e sempre me ferrando no final.
Peguei minhas coisas e saí dali antes mesmo que Natalie e Aidan voltassem.
NOTAS FINAIS:
Desculpa pelo atraso, estava nos meus últimos dias de férias e tive bloqueio de criatividade, então foi tenso para esse capítulo sair. Ele seria muito maior, mas como eu já estava atrasada com vcs, resolvi postar antes, mas agora para não ter esses tipos de atrasos, vou ver se finalizo logo o livro antes de voltar aqui para atualizar os capítulos para vocês, assim vai evitar ter que ficar muito tempo sem capítulos e poderei atualizar de 2 em 2 dias.
Prometo tentar não demorar muito, mas acho que será bem melhor eu finalizar o livro primeiro antes de voltar aqui e continuar atualizando. Vai ser melhor para mim e para vocês que terão capítulos frequentes.
Tentarei voltar com o livro finalizado em 1 mês, mesmo que eu não consiga, de vez em quando eu soltarei alguns capítulos pra vcs só para não ficarem tanto tempo sem. Sei que é difícil esperar, mas prometo que irá compensar <333
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro