DIA 14: CONTINUAÇÃO II

Depois de meia hora aguardando dentro do carro, agora estávamos a meia hora em frente a porta de entrada esperando que Matt tomasse alguma atitude. Eu sabia que estar aqui seria difícil para ele, mas não imaginava que seria quase uma missão impossível fazê-lo entrar.

— Olha... — murmurei quebrando o silêncio. Alguém precisava fazer alguma coisa e ele precisava de mais empurrões do que eu imaginava. — Vou apertar a campainha e deixamos tudo acontecer naturalmente, tudo bem?

Ele engoliu em seco, mas não disse nada, somente assentiu com a cabeça.

Dei o primeiro toque, pude sentir seu corpo enrijecer ao meu lado. Depois de mais duas tentativas, Matthew estava pronto para desistir e ir embora, mas a porta a nossa frente foi aberta revelando um senhor de cabelos grisalhos e olhos castanhos.

Primeiro ele olhou para mim, quando não me reconheceu, olhou para o rapaz alto ao meu lado, suas feições mudaram no mesmo instante.

— Oh, meu Deus, Matthew, meu filho. — ele rapidamente o abraçou apertando Matt contra o seu peito e dando leves batidinhas em suas costas. Ele estava emocionado, e pude notar que Matthew também estava.

— Vovô... — disse como um suspiro, talvez por estar aliviado por alguém ali querer a sua presença. Ele parecia não ver o avô a tanto tempo quanto sua mãe.

— Fico feliz que você tenha vindo, sua mãe estava preocupada com você. — disse segurando o rosto de Matt em suas mãos para que pudesse olhar em seus olhos, como se precisasse ter certeza de que o seu neto estava bem. De repente ele voltou seu olhar para mim, lembrando da minha presença. — Oh, trouxe uma namorada? Já estava mais do que na hora de sossegar, já falei mil vezes que vida em balada não dá futuro.

Minha bochechas coraram, mas não pude deixar de rir.

Matthew revirou os olhos, constrangido.

— Essa é Katherine Mackenzie, é só uma amiga da faculdade.

— Só uma amiga? Tudo bem, eu finjo que acredito. Sou Gary. É um prazer em conhecê-la. — seu avô se distanciou dele para me abraçar. Matthew olhou para mim e sibilou um "desculpa" pelo o que seu avô tinha dito. — Entrem, por favor, todos estão lá atrás.

Acompanhamos ele em direção a movimentação e o falatório que se encontrava no quintal. O espaço era amplo com muitas árvores e flores de diversas cores que se destacavam no meio de tanto verde. Matthew voltou a ficar tenso, era agora que ele iria rever toda a sua família depois de um ano. 

Confesso que até eu estava nervosa por ele.

— Pessoal, olha só quem resolveu aparecer. — seu avô indicou sua presença, fazendo com que todos parassem de fazer o que estavam fazendo para prestar atenção nele. Reparei em uma moça que aparentava estar distante e não muito entusiasmada por estar ali, mas quando seus olhos pousaram sobre Matt, seus olhos brilharam e um sorriso enorme se abriu em seu rosto.

Eu conhecia aquela sorriso...

— Meu filho! — sussurrou com a voz tremula. Seu corpo magro correu em direção ao corpo alto e esguio de Matthew, envolvendo-o em um forte abraço. Matthew era tão mais alto que ela, que assim que ele a abraçou, ela simplesmente desapareceu. Eles eram muito parecidos e apesar de ela ser muito mais baixa que ele, os cabelos escuros e os olhos azuis eram idênticos.

Depois Matthew cumprimentou seus outros familiares, todos estavam preocupados e contentes por ele estar em casa. Sua mãe não desgrudou dele, sempre com seu braço envolvendo sua cintura.

— Pessoal... — Matthew começou assim que terminou de cumprimentar a todos. — Gostaria de aproveitar que todos estão aqui para me desculpar pelas coisas que eu disse e fiz no ano passado — agora ele olhava só para sua mãe. — E também por não ter vindo no Natal passado, me desculpa.

Sua mãe segurou as lágrimas e abriu um sorriso.

— O importante é que agora você está aqui. — ela o abraçou novamente, emocionada.

Sorri para aquela cena.

Matthew ficou com tato medo de ser julgado por todos que perdeu a oportunidade de ter passado muitos momentos com a sua família. Deve ser horrível você viver achando que tudo o que as pessoas sempre fazem é te julgar.

Matthew só conhecia o julgamento, não o perdão.

— E quem é essa? — sua mãe perguntou sorrindo para mim. Mesmo não falando nada, só pela forma como ela me olhava, ela jurava que eu era sua namorada.

— É uma amiga da faculdade, Katherine Mackenzie, é graças a ela que eu estou aqui. — ele sorriu para mim.

Retribui o sorriso, envergonhada.

— Então seja muito bem-vinda. — ela me abraçou carinhosamente. — É um prazer conhecê-la, sou Addison. Sinta-se em casa, qualquer coisa é só falar comigo ou com Matthew.

— Muito obrigada e feliz aniversário.

— Obrigada! — ela abriu um grande sorriso, e era o mesmo sorriso de Matt. Além dos olhos iguais, eles tinham o mesmo sorriso cativante.

Matthew me deixou por um tempo para que pudesse conversar a sós com sua mãe, seu avô tentou ao máximo me deixar confortável me servindo de todas as comidas possíveis da festa.

Ele era uma graça.

— Sabe... — ele começou. — Matt sempre foi um bom rapaz, desde pequeno muito apegado a mãe e sempre muito carinhoso, fico feliz de ver outras pessoas enxergando essas qualidades. — sorriu para mim. — Como vocês dois se conheceram?

Me remexi em minha cadeira, um pouco desconfortável.

Ele estava mesmo achando que eu e Matthew estávamos juntos?

— Bom... — pigarreei. — Estudamos algumas aulas juntos, precisei fazer uma matéria com ele para a faculdade, somos amigos agora.

— Só amigos? — arqueou uma sobrancelha para mim. Quando abri a boca para responder, ele prosseguiu. — Tudo bem, vocês dois são adultos, mas não deveriam ignorar o que realmente está acontecendo. — levantou-se me deixando sozinha com meu prato cheio de comida e pensamentos turbulentos.

O que realmente está acontecendo? 

Somos amigos, quer dizer, estamos tentando essa coisa de amizade. Ele me parece ser um cara legal, eu o ajudei trazendo-o para rever sua família, ele também sempre me ajuda, sempre me leva para os lugares... Isso são favores, coisa de amigos, não é?

Merda. Odiava quando colocavam minhocas em minha cabeça.

Olhei para trás assim que ouvi sua voz. Matthew voltava com sua mãe depois de conversarem, ele parecia mais relaxado e... Feliz?

Matthew estava absurdamente feliz, com uma expressão agradável e descontraída que eu nunca vira desde o início das aulas.

Ele me procurou com os olhos, sei disso porque quando eles me encontraram, um sorriso se formou em seu rosto. Meu coração palpitou e meu estomago se revirou.

Droga. Mil vezes droga.

— Desculpe se esperou muito. — sentou-se ao meu lado. — Isso está com uma cara ótima. — pegou o garfo da minha mão e deu algumas garfadas em minha comida. Ele agiu de uma forma tão simples como se fosse normal ele comer algo do meu prato usando o meu garfo. Fiquei por um tempo embasbacada com a cena antes de balançar minha cabeça e voltar a agir como uma pessoa normal. — Isso realmente está muito bom, vou pegar para mim. — devolveu meu garfo e foi em direção a mesa farta de comida.

Olhei em sua direção enquanto tranquilamente ele colocava comida em seu prato, até que seu avô entrou em meu campo de visão, ele me olhava com um sorriso no rosto, como se estivesse me dizendo "eu te avisei".

Abaixei minha cabeça e voltei a comer — com o garfo que Matt acabara de usar —, não iria pensar nisso nem por mais um minuto.

— Como foi com sua mãe? — perguntei assim que Matthew voltou a se sentar ao meu lado.

— Esclarecemos algumas coisas pendentes, o importante é que tudo se resolveu. — sorriu para mim antes de voltar a comer. 

— Fico feliz por vocês, e sua família é muito hospitaleira, principalmente o seu avô.

Dei uma risada ao me lembrar das coisas que ele me disse.

Matthew largou seu garfo e olhou para mim, receoso.

— Não me diga que ele falou demais, aposto que ele falou demais.

— Não se preocupe, ele é engraçado, gostei dele.

— Não leve a sério nada do que ele falar, meu avô tem essa mania de falar demais.

— Não se preocupe com isso, ele é divertido. Agora vou deixar você aproveitar com a sua família. — murmurei me levantando, mas Matthew segurou em meu braço.

— Espera, do que você está falando? — franziu o cenho.

— Vou ficar em algum hotel aqui por perto e amanhã voltar para casa, você precisa ficar com a sua família.

— E você acha que eu iria deixá-la ficar em algum hotel? É óbvio que você ficará aqui, com todos nós.

— Eu não quero atrapalhar, Matthew...

Ele revirou os olhos.

— Bobagem, agora senta, temos quartos de hóspedes o suficiente nessa casa.

Dei risada, mas me sentei.

Passamos a tarde conversando sobre diversas coisas, principalmente sobre música e filmes, depois conversamos um pouco com os seus parentes, sua mãe era extremamente divertida. No final da tarde Matthew tocou violão e cantou algumas músicas preferidas de sua mãe. Foi lindo, sua voz era suave em algumas partes, grossa em outras, o equilíbrio perfeito para você se sentir como se estivesse se perdendo no abismo. Matt era lindo de sorriso cativante e ainda tinha uma voz hipnotizante, deveria ser considerado um crime alguém ter tantas qualidades tentadoras.

— Foi um prazer conhecê-la, querida. — Gary veio se despedir de mim antes de ir embora. — Tenha paciência com esse cabeça dura — murmurou olhando rapidamente para Matthew que se despedia dos seus parentes. — Ele é difícil de se lidar, mas tem um coração enorme.

Ele ainda realmente achava que eu e Matthew éramos namorados.

Ri do que ele disse e o abracei, me despedindo.

Quando todos se foram, sua mãe veio até mim.

— Venha comigo, irei lhe mostrar o quarto em que você vai ficar.

Acompanhei Addison pelas escadas da casa e pelo pequeno corredor. Paramos em frente a última porta ao lado esquerdo. A porta foi aberta revelando um quarto aconchegante e casual. Ele era todo em cores verde água com branco, uma cama king size e um banheiro.

O quarto era perfeito e nem era o quarto principal.

— Espero que seja o suficiente para ficar confortável.

— Está falando sério? Isso é perfeito. — olhei encantada para o edredom perfeitamente branco esparramado pela cama. — Obrigada por me deixar ficar.

Ela sorriu.

— Matthew me disse que foi você que o arrastou até aqui, essa é uma dívida que eu nunca vou poder lhe pagar, muito obrigada. — sem que eu esperasse, ela veio até mim e me abraçou carinhosamente.

Fiquei paralisada por um tempo, mas correspondi seu abraço. Acho que toda a família precisava disso, um empurrãozinho para fazer toda a diferença, e eu estava feliz por ter tomado a decisão certa por ele.

— Matthew precisava de uma mão amiga, fico feliz por ter ajudado. — murmurei enquanto ainda nos abraçávamos.

Depois que Addison me deixou sozinha, pude jogar minha bolsa com minhas roupas sobre a cama e finalmente decidir o que usar para dormir. O dia foi longo e eu estava precisando de uma ducha e uma cama confortável e essa enorme king size estava gritando por mim.

Quando terminei de tomar banho, coloquei meu pijama e puxei o enorme edredom para que eu pudesse me deitar, mas dois toques na porta me impediram de finalmente ter o meu descanso merecido.

Abri a porta encontrando o mais perfeito par de olhos azuis e um corpo escultural de 1,80 de altura me encarando.

— Olá, Finley. — murmurei assim que abri a porta, sorrindo.

— Olá, Mackenzie, bela vaquinha. — apontou para a vaca fazendo Muuu na estampa do meu pijama.

Fiquei roxa de vergonha. Esqueci completamente do meu pijama. 

Ele deve estar me achando uma criança de dez anos. 

— Em minha defesa, foi meu pai que comprou e eu não queria fazer desfeita. — levantei minhas mãos como se estivesse "me rendendo".

Ele riu.

— Muito gentil da sua parte, e apesar de eu estar muito encantado com esse pijama, eu só vim desejar boa noite.

Nós dois rimos.

— Boa noite! — sibilei calmamente, ainda sorrindo.

— Boa noite! — disse suavemente, com seu sorriso menor do que antes.

Suas expressões foram tomadas por alguma outra coisa que eu não sabia decifrar. Ele ficou parado em pé bem diante da minha porta, sem dizer nada por um tempo, somente me olhando de um jeito que fazia eu me sentir como se eu estivesse sem o meu pijama de vaquinha. Intenso.

Engoli em seco, sentindo como se o ambiente estivesse ficando menor. 

O clima estava completamente mais quente, ou era só eu?

— Bom... — comecei, pigarreando. — Até amanhã, então?

Ele piscou algumas vezes, engolindo em seco.

— Sim, claro... Até amanhã! — sorriu levemente antes de se virar e sumir pelo corredor.

Fechei a porta sentindo uma sensação estranha de ir atrás e pedir para que ele ficasse, dizer que eu gostava de sua companhia, mas seria esquisito demais fazer algo do tipo, então simplesmente fechei a porta e deixei que a sensação fosse embora.

Porém, estava enganada.

Ela não se foi. 

NOTAS FINAIS:

Preparem o colete a prova de balas pq o próximo capítulo será TIRO, PORRADA E BOMBA UEHUEHE. 

GRUPO NO WAPP: Estou pensando em criar um grupo no Wpp para deixá-los informados sobre as próximas postagens etc, o que vcs acham? Deixe nos comentários se vcs querem ou não, dependendo da demanda, no próximo capítulo eu crio o grupo e pedirei os números. 

DEIXE SEUS COMENTÁRIOS, vcs estão só lendo e não comentando sobre o que estão achando, é importante comentar e deixar seu VOTO. 

Obrigada e até a próxima <333

(PREPAREM O COLETE EIN, VEM TIROOO)