DIA 13
DIA 13
Aidan não estava falando comigo.
No dia anterior eu enchi sua caixa postal de mensagens, mas não obtive nenhum retorno. Hoje ele não veio para as aulas, então continuei na estaca zero. Eu precisava saber o que estava acontecendo ou teria que fazer isso do jeito mais jornalístico possível que é apurar os fatos até conseguir as respostas.
Após as aulas, fui para a fraternidade do Aidan, um grupo de nerds bonitos e inteligentes. Se ele não estava permitindo vir até mim, então eu teria que ir até ele.
Assim que cheguei na fraternidade, reconheci Zac conversando com outra pessoa na varanda de entrada. Ele costumava estudar bastante com Aidan e sempre chegavam juntos na faculdade.
Talvez ele pudesse me ajudar.
— Oi... Kate? — olhou para mim como se eu fosse um experimento secreto da NASA. — O que faz aqui?
— Oi, Zac. Preciso falar com Aidan, ele está?
Zac olhou para dentro da casa na qual a porta estava entreaberta, pensando provavelmente se falaria a verdade ou mentiria.
— Ele saiu agora pouco, é alguma coisa com urgência? — ele escolheu mentira.
Olhei para ele por um tempo, depois olhei para a porta entre aberta.
— Desculpe, Zac, mas eu preciso fazer isso. — passei por ele apressadamente e atravessei a porta, adentrando.
— Espera, Kate... Droga. Depois falo com você. — escutei Zac entrando e fechando a porta. — O que pensa que está fazendo? Você não pode ficar aqui...
— Eu já sei disso, mas preciso mesmo falar com o Aidan. Onde é o quarto dele?
— Que falatório é esse? — escutei uma voz conhecida no andar de cima. Quando olhei para cima, encontrei um par de olhos castanhos familiar. — Kate? O que faz aqui? — perguntou descendo as escadas. — Pode deixar, Zac. —Aidan direcionou um olhar para ele de "deixe comigo" e se aproximou de mim.
Quando Zac nos deixou a sós, cruzei meus braços e o encarei, carrancuda.
— Posso saber o que está acontecendo ou vai continuar fingindo que eu não existo?
Ele suspirou.
— Venha comigo.
Segui Aidan pelo corredor a sua direita que nos levou até uma porta dupla. Quando a porta se abriu, revelou um grande espaço com mesas e livros, como se fosse uma mini biblioteca.
— Podemos conversar aqui. — fechou a porta atrás de si.
Olhei tudo ao redor, as prateleiras com os livros enfileirados, as mesas com anotações espalhadas e a única grande janela que proporcionava um pouco de luz para o recinto. Quando terminei de analisar tudo, me virei para ele, ainda de braços cruzados e emburrada.
— Não vai parar de fazer esse biquinho emburrado?
— Não até você me dizer o que está acontecendo.
Ele coçou sua cabeça, suspirando.
— Não estou bravo com você ou Natalie. Quer dizer, não mais.
— E por que não me atendeu?
— Porque eu não sabia o que dizer depois do meu showzinho patético. — se jogou em um poltrona próxima. — Aconteceu uma coisa na festa do Tyler, e se vocês não tivessem ido embora, talvez... — deixou as palavras do ar.
— Talvez...? — me sentei em uma poltrona de frente para ele, esperando que prosseguisse.
— Talvez pudessem ter evitado o patético do Tyler me embebedar e depois me fazer passar a maior vergonha do século.
— O que ele fez? — perguntei incrédula.
— Não me lembro de tudo, a única coisa de que eu me lembro era de ter acordado no meio do campus sem roupa. Completamente sem roupa.
— Eu não acredito que ele fez isso. — me levantei com raiva. Muita raiva. — E como eu não te vi no campus?
— Isso foi bem cedo quando os professores e os primeiros alunos começaram a chegar. Me levaram para a coordenação onde me emprestaram um uniforme do time para que eu pudesse ir embora. E é claro, uma advertência.
Eu não conseguia acreditar que Tyler cometeu tamanha atrocidade. Quer dizer, vindo de alguém como ele, isso não deveria ser uma surpresa, mas mesmo assim eu sempre esperava que ele pudesse demonstrar o seu melhor lado.
O lado que eu conheci.
Na verdade, agora eu tenho certeza que esse lado nunca existiu de fato.
— Aidan, eu sinto muito. — me aproximei dele me agachando à sua frente, segurando sua mão sobre o braço da poltrona. — Se eu tivesse imaginado algo assim, nunca teria deixado acontecer.
Ele sorriu envolvendo sua mão na minha.
— Eu sei, não foi culpa sua, eu extrapolei ontem.
— Também teria ficado chateada.
— Não estou mais chateado com isso, só estava com vergonha de encarar você de novo depois de ontem. Me desculpa.
— Não se preocupe com isso.
Sorri para ele antes da porta ser aberta.
Um garoto loiro de porte médio adentrou, mas parou no meio do caminho ao notar a nossa presença.
— Estou atrapalhando? Só vim pegar um livro. — apontou para uma prateleira próxima.
Puxei minha mão de volta e me levantei.
— Não. Já terminamos, fique à vontade. — murmurou Aidan antes de sairmos do cômodo. — É aqui que fazemos grupos de estudos. Quando alguém entra pra estudar, temos que sair. — disse me guiando em direção a porta de saída. — E você já ficou aqui por tempo demais, é melhor ir antes que mais alguém a veja.
— Tudo bem, eu já vou indo. — o abracei antes de sair.
Estava feliz por tudo ter dado certo e aliviada por Aidan não estar chateado.
Mas eu estava.
Tyler podia mexer comigo o quanto quisesse, mas fazer isso com alguém que eu amo? Isso eu nunca admitiria. Não deixaria essa passar batido, não me sentiria intimidada, eu iria colocá-lo no seu devido lugar.
Olhei para a enorme casa luxuosa que estava em minha frente.
Não fazia ideia que viria para cá, somente deixei que minha raiva me guiasse, e aqui estava eu em frente a mesma casa na qual eu tive a infeliz decisão de entrar alguns dias atrás.
Um pequeno vislumbre de desistência quis surgir, mas rapidamente o empurrei para debaixo do tapete como poeira e segui firme até a porta.
Após apertar a campainha duas vezes, a porta foi aberta.
Arregalei os olhos, surpresa.
— O que faz aqui? — perguntamos em uníssono.
Matthew estava impecável com uma blusa polo azul marinho que realçava os músculos de seus braços e o azul dos seus olhos, além da bermuda branca que deixava suas pernas bem definidas a mostra.
Engoli em seco.
Deus, esse homem era uma tentação.
— Eu sei que sou muito gostoso, mas você já está me deixando constrangido. — brincou.
Pisquei meus olhos rapidamente, voltando minha atenção para ele, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas.
— Deveria acrescentar irritantemente convencido? — retruquei. Ele sorriu.— Quero falar com o Tyler, ele está?
Seu sorriso desapareceu.
— Está nos fundos. Estamos jogando golfe, mas eu não sei se... — não esperei que terminasse de falar, passei por ele e comecei a ir em direção ao jardim. — Se é uma boa ideia, mas fique à vontade. — escutei Matt atrás de mim, mas o ignorei.
Quando cheguei ao jardim, Tyler se gabava ridiculamente da sua "jogada perfeita" e seus súditos idiotas o vangloriavam. Quando notou os olhares em mim, ele se virou notando a minha presença. No início sua feição foi de surpresa e receio, mas depois sua máscara de patético se assumiu abrindo um sorriso largo para mim.
— Olha só quem está aqui, se não é nossa redatora Katherine Mackenzie. Veio para uma partida de golfe? — apontou com seu taco para o mini campo montado.
Senti o calor emanado de Matt se aproximar de mim, mas permaneci de costas para ele, não podia perder minha concentração e ele claramente faria isso acontecer com toda sua sexualidade massiva.
— Soube do que você fez, não foi legal.
— Desculpe, gatinha, poderia especificar o que eu fiz? Fiz tantas coisas, festas incríveis, ótimas pontuações em campo, me tornei o mais popular e nem vou citar os orgasmos que eu proporcionei a tantas mulheres pra não ficar muito apelativo. — deu de ombros, se gabando.
Riram ao redor, subindo mais minha raiva.
Cruzei meus braços.
— Você sabe muito bem o que você fez e sabe o porquê de eu estar aqui. Estou aqui por quem eu amo e zelo, não por você ou pelas suas conquistas. — as pessoas ao redor fizeram uma onda de "UOU". Tyler fechou a cara. — Você pode mexer comigo o quanto quiser, mas deixe meus amigos de fora. — murmurei cada palavra me aproximando, até estar cara a cara com ele.
Percebi Matt se mexer inquieto atrás de mim.
Tyler sorriu.
— É claro, isso tudo se trata do Aidan. Realmente me comove você querer defender seu amigo, é de fato uma atitude muito nobre. Ele realmente é ingênuo, aceitou tão facilmente meu discurso de que poderíamos ser amigos e aceitou meu drink. Mas vamos falar um pouco de você, ele já sabe que não é seu namorado?
Franzi o cenho.
— Eu e Aidan somos amigos, Tyler.
— E ele já sabe disso? Nada do que eu já fiz com ele chega aos pés do que você faz com ele todos os dias, e é assim que você diz amá-lo e protegê-lo?
— De que merda você está falando?
— Ora... chega ser idiota o quanto você alimenta suas esperanças enquanto o corrói por dentro.
É sério que ele estava me falando isso? Não dava pra acreditar que Tyler estava mesmo insinuando que Aidan teria algum tipo de amor platônico por mim. Mas eu já tinha sacado o que ele estava tentando fazer, como sempre manipulando e mudando o foco de si mesmo.
— Aidan e eu somos apenas amigos, e você não vai mudar o foco dessa conversa para mim, estamos falando de você. Deixe meus amigos em paz, ou...
— Ou o que? — me interrompeu cruzando os seus braços e me encarando.
Quase fui intimidada pela sua postura. Quase.
— Sabe de uma coisa, Tyler? Eu realmente tenho pena de você. Você se acha o todo poderoso rodeado por essas pessoas e galanteador, mas eu tenho pena de você. Esses que você chama de amigos — apontei para ao rapazes ao redor — Serão os primeiros a te apunhalar, isso se já não fizeram isso e você como burro ainda não percebeu. — ele trincou seu maxilar. — E não importa quantas mulheres você faz gozar, elas vão continuar vendo você como um objeto de diversão e você continuará sozinho no final do dia. — me virei e saí batendo o pé.
Escutei algumas risadas abafadas.
Olhei rapidamente para Matt quando passei por ele, seu rosto continha um pequeno sorriso.
— Só me veem como um objeto? — a voz de Tyler cortou o ar, me fazendo parar. — Eu e você sabemos muito bem que...
— Não! — gritei olhando para ele. Todos pararam de rir e me olharam surpresos pela minha tamanha agressividade. Senti meu sangue ferver. Podia sentir o olhar dele sobre mim. — Não diga mais uma palavra ou eu soco a sua cara. — me virei novamente e saí.
Precisava sair dali o mais rápido possível, estava me sentindo sufocada.
Ele fazia eu me sentir sufocada.
Deixei todos — inclusive Tyler — embasbacados com a minha reação. Esse era um assunto que eu odiava e tentava ao máximo esquecer que essa história um dia existiu, e Tyler sabia disso.
Quando saí daquela casa, respirei fundo três vezes afrouxando minhas mãos ao notar que estavam fechadas em punho com marcas de unhas marcadas em minhas mãos.
— Kate? — sua voz irreconhecível chamou minha atenção. Olhei para ele. — Você está bem?
Matthew se aproximou com seu cheiro maravilhoso me deixando desorientada.
Não era cheiro de perfume ou de qualquer coisa do tipo, era algo próprio emanado do seu corpo, cheiro de masculinidade: cheiro de Matthew.
Me deixava louca só com sua proximidade.
— Estou... eu... — respirei fundo novamente, ainda irritada com o incidente de um minuto atrás e a visão do seu rosto perfeito não estava ajudando.
— Deixe-me levar você pra casa, você não parece bem.
— Não, obrigada. Preciso andar um pouco e ficar sozinha.
Caminhei para longe dele antes que conseguisse me fazer mudar de ideia.
NOTAS FINAIS:
Ontem foi meu aniversário, queria que esse capítulo saísse ontem por conta disso, aquele famoso "o aniversário é meu, mas quem ganha presente são vocês", mas não rolou pq minha sexta foi corrida. MAS AQUI ESTOU EU com um capítulo novinho e 1 ano mais velha #TRISTE. Espero que tenham gostado, e não se preocupem: a proximidade de Kate e Matt está mais perto do que imaginam hehehe.
Com amor, K♥
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