O banquete
Pedro acorda com um cheiro bem forte de estrume e urina de porcos. Está com muito frio, tenta se levantar mas está algemado pelas mãos e pés, está vestindo apenas cuecas.
Sua cabeça está coberta por uma touca ninja vestida com os furos para a parte de trás de sua cabeça, de modo que ele não pode ver o que está se passando, apenas consegue perceber onde tem mais ou menos luminosidade. Ele ouve o grunhido e o bater das poderosas mandíbulas dos porcos selvagens e sente a sujeira úmida e fria, seu corpo treme compulsivamente de frio e pavor.
Um dos homens fala:
- É ratão, você vai virar comida de porco! - e solta uma gargalhada.
Um outro homem emenda com um sotaque bem arrastado:
- E depois os porco vão virá churrasco! Então ucê vai virá churrasco de porco tamém! - o homem ri freneticamente como se fosse um asno a zurrar.
Pedro tenta manter a calma, sabe que Cássia sentirá sua falta além do mais se eles o quisessem morto, provavelmente ele já estaria. Pode ler nos sinais deles que apesar da situação extrema, os homens do prefeito estão relativamente calmos, seguros de sua posição de inquisidores. Eles querem informação e isso lhe dará algum tempo.
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Um deles pega o celular e liga.
- Alô dr. Delson, ele acordou! Pode descer.
Doutor Delson desce as escadas até o chiqueiro do sítio do prefeito.
O homem de fala arrastada pergunta:
Posso joga o sangue de galinha nele?
O segurança do prefeito diz:
- Joga!
O capataz pega uma bacia de alumínio toda amassada e ensebada dá uma balançada como quem está garimpando na água e joga o conteúdo sanguinolento na vítima.
Pedro sente o sangue das galinhas cobrir seu corpo e se misturar com o cheiro da sujeira do chão. Os porcos gritam e batem suas poderosas mandíbulas excitados...
https://youtu.be/7CSoPjuomRQ
- Então ratão o negócio é o seguinte, você vai responder cada uma das perguntas que a gente fizer de um modo bem educadinho, e aí nós prometemos não soltar a porcada em cima de você... - diz o segurança do prefeito.
Pedro concorda. Nesse momento ele tenta se comunicar com Cássia mas não sente sua presença. Então tenta se acalmar.
O segurança pergunta:
- Qual o teu nome e quem mandou você envenenar o prefeito?
- Meu nome é André e quem me mandou aqui foi o Alexandre! - responde Pedro.
- Que Alexandre, da onde? - pergunta Dr. Delson.
- O filho do deputado Fontoura.
Os três homens do prefeito se entre olham e cochicham por alguns segundos. Pedro começa a tentar sentir alguns sinais para tentar se livrar da situação, nem sombra de Cássia.
O segurança manda o peão retirar as algemas dos pés de Pedro e pô-lo de pé.
- Tá vendo ratão! Nós vamos te ajudar a sair dessa você já pode ficar de pé... nós só temos mais algumas perguntas aí a gente tira você daí te joga uma água, bem geladinha, e te leva pro delegado. Agora se você mentir a gente solta a porcada aí, então você vai ter que ser bom de corrida.
- Tira a touca dele - ordena o Dr. Delson.
Pedro consegue sentir a fome dos porcos pelo sangue que lhe derramaram. Mentaliza buscando os mais fortes tentando sentir quais são os maiores e mais famintos, pode sentir uns sete animais bem grandes por detrás das sombras da cerca de madeira.
Dr. Delson pergunta:
- É por causa da indicação pra próxima eleição?
- Por que mais seria? - responde Pedro com outra pergunta.
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Nesse momento Pedro mentaliza para que os porcos batam no portão com toda a força!
Ele solta um grito com raiva e desespero, então os animais respondem com grande violência e, aos grunhidos, respondem ao comando e avançam todos de uma só vez de encontro ao portão, os animais conseguem derrubá-lo e Pedro continua os controlando dessa vez para que eles ataquem o peão, os animais obedecem e começam a atacar o homem que vai ao chão e grita pela sua vida, as poderosas mandíbulas rasgam as carnes do caipira.
Dr. Delson e o segurança assistem a cena estupefatos ficam paralisados pelo terror. Pedro aproveita a confusão e cai junto aos porcos em busca das chaves das algemas, consegue encontra-las nas mãos do capataz que está sendo devorado vivo pelos animais, o barulho é ensurdecedor, gritos dos porcos e do homem, ossos quebrando e o arrastar dos cascos no piso de concreto!
Pedro tenta se concentrar para conseguir arrancar com os dentes as chaves das mãos do peão que se contorce freneticamente. Ele teme não poder controlar os animais por muito tempo, se concentra para não perder o controle da situação.
Finalmente consegue arrancar as chaves, ele as cospe no chão e se vira para tentar alcançá-las com as mãos, leva vários pisões em seus dedos mas não pode desistir. Então, após intermináveis instantes ele consegue apanhá-las, agora tenta abrir as algemas e acaba sendo pisoteado muitas vezes pelos animais, leva um grande corte no antebraço que começa a sangrar, mas mesmo assim procura não se afastar muito da confusão para que os dois que restaram não percebam sua ação.
- Puta merda cara! Que que é isso! Atira nesses bichos! - Grita o médico.
O segurança pega sua pistola e dispara uma vez pra cima, os animais continuam com o banquete. Pedro finalmente consegue se soltar, sente a sanha dos animais começar a se interessar pelo sangue de seu antebraço, sai se arrastando até o portão que foi arrombado pelos porcos.
-Atira neles porra! Não vai sobrar nada!
O segurança obedece aos apelos do médico e começa a abater os animais. Um grande, um pequeno, mais dois grandes... são muitos e apesar do barulho dos tiros os porcos selvagens não param... o segurança continua atirando.
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Pedro consegue chegar até a casa do sítio. Ele avista os carros estacionados, nesse momento começa a sentir a presença de Cássia...
- Porra só agora que vocês chegam meu!
Avista ao longe um clarão denunciando a posição do carro que traz Cássia e Raimundo.
Depois de abaterem a maioria dos animais e perceberem que Pedro já não estava mais ali, os homens do prefeito correm em volta do chiqueiro e não encontram nada. Eles conseguem ver as marcas do sangue que escorreu do antebraço ferido de Pedro e seguem o rastro. Pedro sente o perigo e busca abrigo na mata em frente ao sítio.
Cássia e Raimundo chegam num carro, junto vem uma equipe médica acompanhando o prefeito Mendonça. Eles param os carros em frente ao sítio, o prefeito é o primeiro a descer. Cássia cochicha algumas palavras nos ouvidos do político.
- Pessoal pode parar, agora nós vamos resolver tudo aqui, vocês passaram um pouco do limite.
- Mas ele está fugindo prefeito! Responde o segurança.
- Agora já não importa mais, guarde a arma e venham aqui os dois! Eu preciso dizer uma coisa muito importante a vocês dois.
O médico e o segurança se entre olham incrédulos, mas caminham em direção ao prefeito, o segurança põe a arma na cintura.
- Entrem no carro eu sei pra onde ele foi! - ordena o prefeito.
Nesse momento os dois são detidos por Cássia e Raimundo que os desarmam. São algemados. O prefeito continua...
- Vou explicar tudo a vocês... tudo agora ficará claro...
Pedro sai do refúgio e caminha em direção aos seus amigos.
- Cara, você tá um lixo! - exclama Raimundo.
Doutor Delson grita:
- Pô Mendonça que porra é essa?! Por que tá prendendo a gente? Olha o cara que tentou te ferrar aí! Vamos pegá-lo!
- Vocês querem saber a verdade? - indaga o prefeito.
- O que é que tá acontecendo? - perguntam os dois amigos de Mendonça.
- A verdade é a seguinte... - depois de alguns segundos o prefeito continua - A verdade é que... Esqueçam a verdade, agora não importa mais. - Seus olhos ficam vidrados para o horizonte...
Pedro vendo o olhar de desespero dos dois diz:
- Pelo jeito o prefeito agora é nosso cãozinho! Igual ao deputado Fontoura! E vocês nem a merda de um cão serão!
- Pedro! Chega! Não precisa disso! Essa já terminou, JÁ CAÇAMOS O COELHO GORDO! Fim da missão! - grita Cássia.
Pedro concorda relutante com a cabeça. Raimundo bate em seu ombro esquerdo fraternalmente.
- Amigo vamos tratar desse braço, está horrível...
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