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Nove - Madison.

Duas semanas se passaram desde o dia da prova com Ametista. Passei essas semanas conversando com Eve e recebendo muito apoio, algo que percebi estar precisando mais do que imaginei. Tentei encontrar Ray em algum canto do universo, tanto nos chats online quanto em sua casa ou em lugares que costumava frequentar nesse meio tempo, mas ele parecia ter tomado um chá de sumiço e até mesmo seu pai me contou que passava pouco tempo em casa.

A tarde estava chuvosa e sem cor, com nuvens grossas derramando água pelas ruas com um barulho alto. O som se misturava ao zumbido baixo das cordas novas do meu violão, enquanto tentava criar alguma melodia e passar o tempo. Havia tirado momentos para pensar no que Ametista me contou, tardes e mais tardes cogitando ideias e possibilidades. Mas não me levaram muito longe, apenas mais perguntas para encher os dias ociosos e lembranças para serem revividas em pesadelos.

O notebook vibrou com o barulho da notificação e meu olhar se voltou para a tela em menos de um segundo. Pisquei de surpresa ao ver a caixa amarela de notificação com o nome de Ray, pulando e deixando o violão sobre a cama, o coração parando por um momento entre animação e medo.


chat on

Ray Bay entrou na sala.

Madi H.Roberts entrou na sala.


Ray Bay: Quando você pretendia me contar que vai fazer um intercambio? Ou vai continuar escondendo isso do seu melhor amigo!?

Madi H.Robert: Agora. Não encontrei você todos esses dias, não vem com essa conversa que estou escondendo as coisas! Você nunca ficava online, o que estava fazendo Ray?

Ray Bay: Estava tratando da matricula da faculdade, comprando materiais, conhecendo pessoas e fazendo contatos, coisa que você também deveria estar fazendo, não pensando em viajar do nada!

Madi H.Roberts: Não foi do nada! Quero e preciso ampliar meus horizontes e pensar sobre isso agora foi no momento perfeito, antes de começar algum plano!

Ray Bay: Madi, você tem uma VIDA aqui, tem AMIGOS e uma FAMÍLIA morando em Cartherfon! Não pode simplesmente abandonar tudo isso, para ir embora e "ampliar horizontes"! Você não precisa disso, quando pode continuar com a vida confortável que tem.

Madi H.Roberts: Ray, você não entende! EU PRECISO FAZER ISSO, a escolha é minha e já foi feita, eu não vou embora, é só um intercâmbio!

Ray Bay: Não posso aceitar isso! Alguém precisa colocar juízo na sua cabeça!

Madi H.Roberts: Ray! RAAAAAAYYYYY!


Ray bay saiu da sala.

Madi H.Roberts saiu da sala.

chat off


Passaram pela minha mente, centenas de coisas que Ray poderia ter feito assim que saiu do chat online, me deixando sentada em frente ao notebook com a expressão desnorteada. Não sei por quanto tempo estive com o olhar perdido e as sobrancelhas arqueadas para a tela brilhante, até que conseguisse me mover e processar os acontecimentos. Mas a decisão que meu melhor amigo tomou, por mais que tenha imaginado diversos finais, me pegou desprevenida.

Ray esmurrou a porta da minha casa meia hora depois, o corpo coberto por uma camada de água e os cabelos molhados escorrendo pela testa. Ele parecia esbaforido, como se tivesse corrido muito e percebi que seu Jason Markes não estava estacionado no meio fio. Ray veio até minha casa a pé em meio a chuva.

- Madison, precisamos conversar! - Ele disse, entre um suspiro entrecortado e outro. A severidade e autoridade que colocou em seu tom de voz me assustou, o olhar parecendo faiscar. Minha mãe, que espiou os acontecimentos de dentro do seu escritório tinha o queixo no chão e as duas sobrancelhas quase tocando a linha dos cabelos. Nem eu nem ela jamais tínhamos visto Ray tão assustadoramente alterado. Até aquele momento. Mesmo Wesley, que surpreendentemente estava jogado no sofá, vendo TV, o encarou confuso. - Agora! - Ray insistiu, ainda parado a porta de casa ameaçadoramente.

Fiz sinal para que ele me seguisse, o queixo erguido e caminhamos lado a lado em direção ao meu quarto, fechando a porta com um baque surdo. Virei para ele, que sentou na minha cama, o corpo aparentemente tremendo de ansiedade. Me perguntava se Ray se partiria ao meio bem ali na minha frente.

- O que você precisa tanto falar? Acho que não é muito difícil entender o que um intercâmbio significa... - Perguntei, direta. Não deixei que meu olhar saísse da expressão de Ray, nem que vacilasse um só centímetro. Reprimi um suspiro de convicção.

- Preciso te mostrar o quanto é loucura o que quer fazer! O quanto não faz sentido nenhum e te dizer que ainda há tempo para desistir dessa besteira. - Ele me olhou, ríspido.

O choque das duas vozes pareceu provocar faíscas no ar, prestes a explodir.

- Não é errado, é o que eu quero fazer e é o que eu vou fazer! E não posso desistir, o voo sai daqui a poucos dias, já está tudo pronto a muito mais tempo do que imagina. - Respondi, com o mesmo tom ríspido.

- Claro, obviamente eu sou o último a saber que você vai sumir do mapa por um ano, tempo que eu só tenho a informação por quê Eve me contou! Poucos dias Madi? É sério que você não pensou que deveria ter me contado antes? - Ray olhou no fundo dos meus olhos, por um instante profundo e longo. Senti algo pesar em meu estômago e subir até se instalar no meu peito, me roubando o folego. Aquilo tinha sido um erro, o primeiros de muitos erros... - Madison, me responda com toda a sinceridade que tiver. Você quer mesmo fazer esse intercambio, agora, nesse momento da sua vida, onde tudo está encaminhado, onde você pode construir sua carreira do zero e se tornar importante como queria a um mês atrás?

Engoli em seco, deixando que me perdesse no rosto de Ray. Se ele tivesse visto o que eu vi, ouvido o que eu ouvi, sentido o que eu senti... Compreenderia o por quê de precisar disso, nesse exato momento. Entenderia tudo o que estava em jogo, todas as peças que colocaram em minhas mãos mais rápido do que conseguia segurar. Todas as vidas que agora estavam indiretamente ligadas à minha. Mas explicar a ele meus motivos, não era uma opção.

Minha Marca formigou, se tornando levemente mais nítida, como uma cicatriz feita a ferro e fogo. Naquele momento, me pareceu um lembrete das minhas escolhas, da importância delas. Então, enchi o peito de ar e soltei as palavras com toda a certeza que possuía, a voz firme.

- Não há nada que eu queira mais nesse mundo, absolutamente nada. E não poderia ter um momento melhor para fazer isso do que agora, antes que minha vida comece de verdade. É agora que posso descobrir novos lugares, novas pessoas e entender de verdade qual é o meu caminho! É o que eu preciso fazer e nada vai me fazer mudar de ideia! Por que me prender a uma única cidade, se pode existir um mundo imenso por ai, pronto para ser descoberto? - Ray arregalou os olhos em uma expressão surpresa, atônita.

O zumbido do silêncio se instaurou enquanto ele analisava meu rosto.

- Você reconsideraria se soubesse... - Ele murmurou, mais para si mesmo, me fazendo franzir sobrancelhas. Ray se levantou da minha cama, caminhando devagar, pé ante pé.- Mudaria se entendesse o quanto preciso que fique...

- Me explique então. - Pedi, firme.

- Madi... É difícil explicar.- As bochechas do garoto à minha frente coraram. Ray tinha dez centímetros a mais do que eu, mas naquele momento parecia tão vulnerável... Tão apenas um garoto. - Já faz alguns anos. Muitos anos... Eu não poderia te pedir nenhum sentimento, nada, não naquela época. Não quando você desmoronava com cada frase mais ríspida. Se encolhia a cada toque. Mas quando você se reergueu, se reconstruiu mais forte, mais dura, eu não tive coragem suficiente para dar o próximo passo. Não queria que tivesse qualquer motivo para perder aquele momento. Aquela Madison... - Ele murmurou, encarando com o olhar perdido no carpete puído.

- Acho que entendi. - Afirmei. Ele concordou com a cabeça, em um gesto tão leve que quase não percebi e engoliu em seco.

- Você entende por quê não pode ir embora? - Ele gaguejou.

Meu sangue ferveu, pulsando pelo corpo e tornando cada lufada de ar um esforço.

- Porque isso deveria me impedir de viajar agora? - Perguntei, sarcasticamente. Cruzei os braços por cima do peito, contendo a força e os tremores que se espalhavam pela minha pele e Ray arregalou as íris escuras, buscando algo para responder. Tratei de continuar antes que ele encontrasse com o que rebater. - Você me pede para que desista desta oportunidade, desta viagem, por querer que eu fique por perto... Percebe o quanto esse pedido é egoísta?

- Egoísta? - Ray repetiu, murmurando como se saboreasse a palavra.

- Sim, egoísta. Você espera que eu mude uma decisão, pelo simples fato de que nutre algum sentimento por mim. - Descruzei os braços, dando um passo a frente, a fim de estar nariz contra nariz com Ray, o queixo erguido o suficiente para que encarasse o fundo dos seus olhos. Coloquei o dedo indicador sobre o peito dele e encontrei seu coração participando de uma maratona. - Está pensando no que você quer e não no que eu quero. Se trata da minha vida, das minhas decisões e do meu futuro. Consegue entender a quem a decisão pertence? - Ele nem ao menos tentou se afastar, quando as palavras afiadas cortaram o ar. Seus pés estavam colados no chão acarpetado e nem se quisesse poderia relaxar os músculos o suficiente para se mover. Minha voz ecoava alta por todo o quarto e provavelmente pelas casas vizinhas, apesar da calma. A certeza com que pronunciava todas as frases assustou Ray. E a mim também.

Ele parecia perdido, atônito. Me encarava, sem realmente me ver e consegui perceber a escuridão nebulosa em que tinha mergulhado. Nunca havia me visto falar daquele jeito. Nem eu mesma, em meus sonhos mais profundos havia dito algo com tanta calma e voracidade. Jamais tive tanta certeza de algo.

Uma mentira contada a mim mesma. Já havia experimentado aquela sensação de certeza mais de uma vez antes. No templo. Quando contei meus planos à mamãe. Quando Ametista me contou sobre a equipe anterior. Era exatamente a mesma sensação. Como se as peças se encaixassem em um grande quebra-cabeça, nos deixando confusos, mas traçando uma linha a seguir. Um caminho, certo e direto, mas escuro. A voz de Ray surgiu, rouca e com pouca vida.

- Não conseguiria imaginar essa cidade sem você por perto. - Murmurou.- Você me conduziu durante todo esse tempo a seguir meus sonhos, por quê perseguiu os seus com toda a força que tem. Era como uma estrela guia, a minha estrela... Uma que conseguiu voltar a brilhar, mesmo depois de se apagar.

- Você é sua própria estrela guia Ray. - Rebati. - Eu tenho duvidas do caminho que devo seguir... Fazer essa viagem, é importante e vai me ajudar a corrigir minhas rotas, rever minhas decisões, meu futuro. É a oportunidade que foi colocada em minhas mãos de conhecer algo maior. De descobrir se posso ter um papel em mudar o mundo, de ajudar um problema que é maior do que eu, você ou essa cidade inteira...

O silêncio que se instalou entre nós fez com que eu me perguntasse se não tinha dito demais. Se tinha revelado algo que não deveria. Senti meu corpo estremecer e engoli em seco com dificuldade. Um peso imensurável se juntou ao que já existia em meu peito e senti que meus olhos lacrimejaram. Não permiti que Ray percebesse que o brilho orgulhoso nos olhos tinha origem em lágrimas, sustentando o olhar antes que ele colocasse sua última carta na mesa.

- E eu não sou importante?

Todo o medo, o desespero e a dúvida que sentia evaporaram como se jamais tivessem existido. Em seu lugar, sobraram apenas raiva e indignação. As faíscas surgiram no ar e percebi que a situação estava prestes a explodir em chamas.

- Você só pode estar de brincadeira! Por acaso escutou alguma coisa do que eu disse? - A calma que antes povoava minhas frases havia sumido e meu tom de voz estava tremulo, enraivecido. - É minha oportunidade de entender o por quê estou viva, Raynald Bay, como pode me perguntar se é mais importante do que isso! - A expressão dele se entristeceu, finalmente mergulhando no limbo em que esteve perambulando até então. Minhas pernas tentaram vacilar quando percebi o que tinha feito, mas as obriguei a manterem-se firmes. Continuei, a voz agora como um murmúrio baixo e engasgado. - Isso não quer dizer que você não seja extremamente importante para mim. Entre todas as pessoas que eu me importo Ray, você está entre os cinco primeiros. - Engasguei antes de dizer a frase seguinte, sem mais me importar se tremia como um fio de linha ao vento. - Mas quem está em primeiro lugar, sou eu.

Estava feito. Admiti a mim mesma e a ele o que precisava ser dito.

Ray passou as mãos pelos cabelos ainda úmidos. Os dedos compridos não estavam firmes e duvidava se um dia voltariam a ser. Não conseguia encara-lo, não conseguia ver a nebulosa dentro daquele olhar. Se encarasse a fundo o que fiz com Ray, talvez ele conseguisse o que queria e estivesse quebrada o suficiente para que nunca mais me levantasse.

Não podia deixar que isso acontecesse. Nunca mais.

- Desculpe. Me desculpe Madison. Foi um erro ter vindo aqui. - Ele disse, tão baixo que o vento levou suas palavras embora antes que conseguisse absorve-las. Por um momento, seu olhar pousou no pingente de passarinho que levava junto ao meu peito. - Acho que vou precisar de um tempo, para digerir. Um tempo que eu ainda não tive. Me perdoe por isso tudo...

Então, Ray caminhou aos tropeços em direção à porta do meu quarto. Nossas expressões eram idênticas representações de medo e desespero. Assim que a abriu, Wesley e mamãe tentaram disfarçar que não estavam ouvindo tudo, tossindo de maneira exagerada no corredor

Mas aquilo não importava.

Ouvi Ray descer as escadas, os passos mal ecoando e desabei no chão quando meu melhor amigo foi embora, batendo a porta da minha casa ao sair. Tremendo, fiz sinal para que mamãe me deixasse em paz quando fez menção de dizer alguma coisa. Pelo menos por enquanto, precisava apenas de mim mesma.

Eu havia despedaçado o coração de Ray. Para que talvez, mantivesse o meu.



A manhã clareou fria e escura.

O dia da viagem e o dia em que eu precisaria me despedir de tudo e de todos. Provavelmente, assim que desaparecesse avião a dentro, iriam comigo todas as chances de ver Ray de novo. Não havia arrependimento algum no pensamento. Era apenas a constatação do que aconteceria e algo que se tornaria mais um motivo de pesadelos.

Saímos de casa duas horas antes do horário do voo. Todos, exageradamente tensos e vestidos com nossas melhores roupas. Mamãe dirigiu pela rodovia vazia até o aeroporto em um silêncio opressor e significativo. Eu estava apreensiva. A ficha caía aos poucos, mais e mais a cada metro percorrido.

O aeroporto parecia calmo, em um dia comum e sem novidades. Nós, éramos apenas mais um grupo cheio de lagrimas nos olhos, aguardando o momento da despedida. Minha mãe segurava meu braço constantemente, como se pudesse evitar o que aconteceria, ou prolongar os últimos momentos, guardando a sensação da minha pele na memória. As vezes, limpava as lagrimas que escorriam pelas bochechas, perdidas em meio a um mar de sentimentos. Mas ao mesmo tempo, um sorrisinho meio pateta não desgrudava de seu rosto.

- Minha menininha... - Ela me abraçou novamente e não pude evitar o sorriso dolorido que surgia sempre que mamãe murmurava algo para si mesma.

Eve surgiu entre a multidão meia hora antes do embarque, enquanto eu, mamãe e Wesley apenas esperávamos, sentados nas cadeiras de ferro duras espalhadas pelo aeroporto.

- Eve! - Sorri, abraçando-a e girando seu corpo no ar, uma sensação de alívio se espalhando pelos meus músculos. Murmurei baixinho: - Você veio...

- Por Baitu Madi, é claro que eu vim! Não poderia deixar de me despedir da minha melhor amiga! - Ela sorriu de volta e pude perceber que em seus olhos se encontrava um oceano.

- Eu implicaria com você... Mas agora, não me importo se Baitu, Kriskar ou outro deus qualquer vai ouvir, se foi ele que permitiu que estivesse aqui comigo. - Eve tossiu uma risada, me dando um peteleco no nariz.

- Eu ouvi mesmo isso? - Ela me olhou por baixo das sobrancelhas muito escuras, colocando as mãos na cintura. - Madison dando indícios de que acredita em alguma divindade? Eu deveria ter gravado esse momento, provavelmente jamais se repetirá.

- Perdeu a oportunidade.

Sorrimos uma para a outra, os braços dados e levei Evelyn até minha mãe, que nos esperava com o olhar um tanto perdido. Naquele momento, eu acreditava em deuses. Talvez não os que Eve oferecia seu tempo e sua fé. Mas provavelmente, meus motivos eram parecidos com os dela e conseguia entender melhor como tantas pessoas davam suas vidas em prol de divindades.

De alguma forma, era isso que eu estava fazendo.



" Atenção passageiros da agência de intercambio Íris viagens internacionais, segunda chamada para o voo com destino à Cidade de Touque."

A voz feminina e robótica dos alto falantes soaram por todo o aeroporto. Não tínhamos ouvido a primeira chamada. Talvez ela nem sequer tivesse sido anunciada, era impossível saber.

- Ainda não me conformo como vou passar tanto tempo longe de você. - Eve me abraçou forte e algumas lagrimas escorreram pela sua bochecha. - Promete que me mandará mensagens sempre que puder?

Me permiti um momento para gravar seu rosto. Algo murmurava ao pé de meus ouvidos para que não o esquecesse. Então, roubei um momento do futuro, apenas um, para encarar a pele bronzeada cor de cobre e a vermelhidão das maçãs do rosto, os cabelos lisos e negros escorrendo pelas costas, o corpo atlético, o sorriso com dentes a mais e lábios carnudos. O tom de voz estridente, mas que se tornou a mais bela das melodias conforme os anos se passavam. Naquele único momento, gravei na memória minha Evelyn Barterdon. Seu jeito, sua voz. Ela inteira.

- Prometo.

Em seguida, minha mãe deu um passo na nossa direção, já sorrindo de saudade. Eve se afastou, me permitindo ver a caixinha nas mãos de mamãe. Meus olhos lacrimejaram com tanta veemência que uma lágrima solitária escorreu e foi a única que permiti escapar. Ela me entregou a caixinha, as mãos trêmulas.

- É uma coisinha para você se lembrar de nós. - Ela disse.

Abri-a calmamente. Dentro, estava uma pulseira dourada e delicada, com o mesmo pingente de passarinho que Ray havia me dado e adornada com outros. Uma folha, uma chama, uma gota d'água, uma adaga, um floco de neve, um raio e uma pena, todos dourados como o pássaro. Minha garganta se fechou, enquanto mamãe colocava o adorno em meu pulso. Assim como o colar, aquilo seria um amuleto. Uma lembrança profunda.

Não tinha palavras. Não consegui formular uma frase.

Wesley quebrou o transe profundo em que me encontrava, ao soltar um xingamento alto e me abraçar, forte o suficiente para quebrar ossos. Faziam meses desde a última vez que meu irmão me abraçou... Talvez anos, desde a última vez que teve tanto sentimento. As lagrimas escorreram antes que pudesse fazer qualquer coisa para para-las e apertei o corpo juvenil e magro de Wesley contra o meu, sentindo os cabelos desarrumados e castanhos entre meus dedos. Solucei involuntariamente e murmurei, baixo o suficiente para que só ele ouvisse.

- Eu vou ficar bem... Cuida dela, você é tudo o que ela vai ter. - Umedeci os lábios. - Você vai conseguir. Eu sei que vai. Vou sentir sua falta, pirralho.

Tão rápido quanto veio, meu irmão se afastou, se escondendo à sombra de mamãe, como se quebrar seu próprio escudo de rebeldia tivesse sido tão doloroso quanto um soco. Minha mãe tinha um sorriso satisfeito e orgulhoso nos lábios... O mesmo que o meu.

" Atenção passageiros, ultima chamada para o voo com destino à Cidade de Touque, da agencia de intercambio Íris viagens internacionais! Repetindo, atenção passageiros, ultima chamada para o voo com destino à Cidade de Touque, da agencia de intercambio Íris viagens internacionais! "

- Muito obrigada... - Abracei mamãe uma ultima vez, só para que pudesse sentir o calor de seu corpo por um momento a mais. Secando as lágrimas com a ponta dos dedos, peguei minhas malas, andando com a cabeça erguida em direção a sala de embarque.

Parei em frente à porta de vidro, a um passo de entrar, me virando para olhar minha família. Eu poderia roubar só mais aquele segundo, um mísero segundo. Eles acenaram para mim, sorrindo. Wesley, mamãe, Evelyn. O coração apertou, em um misto de medo, expectativa, felicidade e... Esperança. Quando era mais nova, me perguntava o que um soldado que embarcava a caminho de uma guerra sentia. Qual sua motivação para que sobrevivesse e voltasse inteiro, com sanidade o suficiente para viver o resto de seu tempo.

Ali estava a resposta, depois de anos.

Direcionei meu olhar uma ultima vez para a entrada do aeroporto, a fim de ter um vislumbre da minha cidade, do lugar onde passei os dezoito anos anteriores. Mas ali, parado à porta, vestindo uma camiseta polo branca, com as mãos enfiadas dentro dos bolsos de sua velha e puída calça jeans, estava uma surpresa.

Ray sorriu. Mesmo àquela distância, eu sabia que seu sorriso era triste e sofrido. Ele levantou uma das mãos e acenou, sabendo que eu o encarava. Juntou as duas palmas no ar e por mais que parecesse um doido para todo o resto da multidão, fez um pássaro com as mãos.

Naquele momento, eu soube que estava tudo bem.

Aquele era o sinal de que eu precisava voar. E o sinal de que o ninho estaria intacto quando voltasse. Então aprumei minhas roupas, limpando a poeira inexistente do macacão preto, me virei e com o olhar fixo no infinito, entrei na sala de embarque.



Um sinal de que ela precisava voar... Pelas estrelas, como eu chorei reescrevendo esse capítulo ein! Coração tá tão apertado e espero que vocês estejam sentindo o mesmo. Agora, novas tramas se iniciarão e Madison, oficialmente está longe de sua família. As emoções foram fortes, kakkaka Votem bastante e não se esqueçam de comentar suas opiniões, isso ajuda As Sete Pedras a crescer!! Espero que estejam gostando dessa história tanto quanto eu! Beijinhos milhos pra pipoca!

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