Doze - Madison.
A tarde foi estressante, comprida e psicologicamente sufocante.
Ruby conduziu exercícios de respiração até que se tornasse exaustivo e meus músculos estivessem contraídos ao invés de relaxados. Então, nos pusemos de pé e ele pediu para segurar minha espada, medindo o peso, o tamanho, desferindo golpes habilidosos no ar antes de me devolver.
— Consegue segurar com apenas uma das mãos? — Concordei com a cabeça, me posicionando na posição de guarda imaginária, com a mão esquerda nas costas. Ele balançou a cabeça levemente. — Não Madison, preste atenção. Coloque a perna direita à frente e a esquerda um pouco afastada, abra o ângulo com no máximo trinta graus, ou você perderá o equilíbrio. Joelhos flexionados, mas não muito e não se esqueça de deixar as costas retas. Essa base te manterá firme no campo de batalha e ajudará a segurar um golpe desferido com força, sem que caia. — Segui as instruções, enquanto o deus arrumava meu corpo, abrindo o ângulo das minhas pernas. — A mão nas costas não é necessária, mas deixa qualquer adversário maluco e pode te ajudar a manter as costas retas. Se quiser desferir um golpe com mais força, o que para você é produtivo, segure a espada com as duas mãos. Isso é uma posição de guarda. — Arqueei as sobrancelhas, surpresa. Não era tão complicado como pensei. Ruby fez um gesto rápido com a mão e o aço à minha frente dobrou, como papel, se transformando em um manequim de treino. — Em um campo de batalha ou qualquer situação ofensiva, o inimigo pode vir de qualquer lugar, então, temos a necessidade de desenvolver a visão periférica. Há uma linha tênue, em que você deve andar. Não se esqueça que deve finalizar o adversário à sua frente, mas preste atenção em movimentações à volta. Mantenha uma distância do seu adversário, plausível de ataque mas também de defesa, caso outro inimigo venha por trás e não fixe atenção completa em apenas uma coisa. O campo de batalha produz sons que te ajudarão nisso. Agora, as armaduras normalmente não são protegidas nas axilas, para não dificultar a movimentação e o jeito mais simples de golpear sem expor essa área à amputações é da direita para a esquerda, no seu caso, já que segura a espada com a mão direita. O único momento em que pode desferir um golpe de cima para baixo, expondo as axilas é quando o oponente está sem possibilidade de revidar. — Suspirei, concentrada, enquanto tentava absorver tudo o que ele dizia, as palavras cortando o ar rapidamente. — Isso é a base de tudo. Agora, golpeie seu oponente.
Inspirei o ar, verifiquei se a posição de guarda estava correta e rapidamente, movimentei minha espada da direta para a esquerda, mirando no flanco do manequim de treino. Uma, duas vezes.
— Tente no pescoço. Você estaria batendo na armadura, se cansando e danificando sua arma. O pescoço tem uma separação simples entre o capacete e a armadura, que pode ser usado para decapitar o inimigo. — Ruby interrompeu meus golpes, murmurando próximo a mim enquanto demonstrava qual a área que deveria mirar. — Tente golpear cinco vezes agora, rápido e com mais força. Duas da esquerda para direita, duas ao contrário e está vendo onde ficaria a glote do seu adversário? Tente fincar a ponta da espada ali.
E novamente golpeei, seguindo passo a passo as instruções.
E de novo e de novo e de novo. Até que o couro da espada estivesse gasto e minhas mãos em carne viva.
Cansados e com as mãos vermelhas, nós sete nos sentamos à mesa para jantar, silenciosos. Os deuses haviam desaparecido novamente, cada um em sua própria nuvem de vapor e a casa se tornou vazia, como no dia posterior à uma festa. Meu corpo doía pelo esforço da mesma posição por horas, os músculos gritando a cada movimento. Jesse havia pedido comida, ao ver que nenhum de nós tinha qualquer ímpeto de cozinhar. O ar estava quente e denso demais, um tanto abafado, o que tornava nossa respiração ainda mais pesada.
— Não sei se vou levantar amanhã... — Rosh encarou seu prato, aparentemente se referindo a ele e não a nós.
— Será que temos alguma pomada que ajude na dor? — A voz de Helena surgiu, baixa e cansada.— Teremos mais treinos amanhã... Provavelmente vai ser pior.
— Sinceramente, eu não sei. — Genezis a olhou, com a expressão sombria.
— A dor é pelo exercício físico que não fazemos regularmente... — Kille começou. — Acho que daqui a uma semana vai melhorar, depois que a gente se acostumar. Se não melhorar é capaz que eu jogue a toalha.
— Adoro seu otimismo... — Jesse ironizou. — Mas estou contigo.
— Ainda estamos de pé não é? Nunca conheci ninguém que morreu apenas de dor no corpo. — Resmunguei, tentando diminuir o clima dolorido da sala. O murmurio de concordância foi baixo, pela falta de animação. Devagar, enchi o copo de suco e engoli com dificuldade, observando.
O som de talheres embalou o resto da noite, juntando-se ao nosso silêncio. E quando me deitei, o som de bombas e gritos de guerra embalaram meus pesadelos.
As semanas se passaram e pouco a pouco, acabamos nos acostumando.
Os primeiros dias nos destruíram e todo fim de tarde, a casa parecia mergulhar em um silêncio reconfortante. Nossa rotina de treinos era pesada, com poucos momentos para descanso e os deuses faziam questão de nos levar ao limite, até que não tivéssemos mais força para dar um mísero golpe. Provavelmente pensavam que nossa vitalidade se assemelhava a deles, seres imortais. Hugo era um pouco menos rígido, observando com a imponência de quem sabia muito bem o que estava fazendo, porém não ficava muito atrás, nos permitindo dez minutos de descanso quando não conseguíamos mais respirar, as costelas doloridas e o corpo pinicando pelo suor. Não tivemos fins de semana livres, nem ao menos um dia.
Mas era necessário admitir que os treinos davam resultado. Da primeira luz do dia, até que tivesse apenas estrelas no céu, nós treinávamos e a cada dia tudo ficava mais fácil, os golpes se tornavam menos mecânicos, mais fortes e técnicos. Aprendi a controlar completamente a respiração e as emoções e depois de quase três semanas, não tinha mais problemas com cegueira de batalha. Ruby, enquanto me ensinava a polir e limpar a espada, me contou que a lâmina da arma que escolhi para usar nos treinamentos, suportava chamas e calor extremo. Acabei por batiza-la de Incandescente.
Conseguia pouco tempo para falar com minha família e sempre pelo horário da noite. O que realmente complicava, eram as duas horas de fuso-horário entre a Cidade de Touque e a minha. Não conversei com Ray durante todo esse tempo, mas tirava momentos para acalmar o coração com a última vez que o vi. Repeti mil e uma vezes que tudo ficaria bem. Minha mãe percebia o cansaço e a tensão no meu rosto em quase todas as vídeo-chamadas que fazíamos, assim como Eve e me perguntaram se realmente estava bem. Não era exatamente uma mentira quando dizia que sim. Na única vez que mandei mensagem para Wesley, perguntando se mamãe havia tido outra recaída, ele me garantiu durante os quinze minutos de conversa inteiros que não houve nenhuma ocorrência. Decidi que precisaria confiar nele e deixei que as lembranças de mamãe bêbada ficassem no passado.
Voltei a ler antes de dormir, na tentativa de acalmar a tensão e a compor algo no violão, embora ache que jamais encontrarei a melodia perfeita para a letra. Era um pouco mais complicado segurar o violão com os braços maiores, alguns quilos a mais de massa muscular preenchendo-os, mas como sempre, o zumbido das cordas me tirava do mundo, não importa se estivéssem um pouco desafinadas.
Havíamos descido para o treino logo após o café da manhã, mais um dia tipicamente quente irradiando luz pela baía da Cidade de Touque. O treino após o café, normalmente reunia todos os sete em conjunto, na sala de treinamento corpo a corpo. Hugo era o tutor nesses momentos e nos repetia a todo momento que precisávamos trabalhar como uma equipe, desenvolver confiança e cuidar da retaguarda quando o outro não conseguísse. Era o treino que mais me deixava coberta de hematomas, por conta de encontrões e tombos pela grande quantidade de gente em um espaço pequeno.
Mas quando as portas do elevador se abriram, nos deparamos assustados com todos os deuses de uma vez, esperando no saguão redondo do porão. Dei um passo para trás, um tanto surpresa e sem aviso, Ametista começou a falar, a voz carregada de urgência.
— Originalmente, ainda teríamos mais uma semana de treinos. — A deusa começou. — Mas soubemos que o Império Bárbaro descobriu que já estão sendo treinados, a noticia se espalhou entre os refugiados do Palácio dos Quatro Pilares tão rápido quando fogo na palha. Dentre eles havia um espião Bárbaro, para nosso azar... Vocês precisam estar prontos mais cedo, para que ainda tenhamos o elemento surpresa. — Sem nos permitir um segundo para respirar, Ametista despejou as palavras de uma vez só. — Hoje será o ultimo dia de treinos. Vocês partem de manhã.
Praticamente engasgamos com o ar quente.
— E se não estivermos prontos o suficiente? Meu corpo ainda dói tanto todas as noites, que penso que não vou conseguir levantar na manhã seguinte! — Eu disse, o tom de voz quase gritado e carregado de indignação.
— Temos certeza que as habilidades de vocês foram bem desenvolvidas, estarão bem! — Ametista rebateu.
— Vocês já tiveram certeza uma vez e erraram! — Respondi com o tom de voz cínico. Os deuses me encararam, com olhares estranhamente sombrios. Hugo trincou os dentes e encarou a deusa ao seu lado, esperando que ela respondesse. Mas a resposta não veio. O que sobrou foi silêncio
— O que quer dizer com isso? — Lucas foi o primeiro dos Escolhidos a questionar, as sobrancelhas franzidas. Não tive coragem para encara-lo, deixando a expressão séria e impassível.
— Não importa. É só um questionamento. — Senti o olhar de Ametista me fuzilar pelas costas e me permiti bufar como uma provocação.
Os deuses nos conduziram, o ambiente tenso e pesado, em direção à Sala de Aço. Ninguém tentou começar qualquer conversa, sentindo que a casa explodiria em chamas se qualquer palavra fosse dita. Lancei um olhar complacente a Lucas por baixo dos cílios, dizendo que conversaríamos mais tarde. A amizade que havia construído com ele durante as semanas — iniciada pelo carinho que sua furão Jeniffer tinha comigo, passando boa parte do dia por perto e se esgueirando para enrolar-se em meu pescoço — me fizera bem e como todas as outras pequenas coisas, ajudava a aliviar o peso.
A Sala de aço estava rearranjada quando entramos. O grande salão de pé direito alto havia sido transformado em um labirinto confuso e com paredes de pedra porosa, levando o cheiro de bolor e a sensação de umidade que não era comum ao aço. Sons de vozes vinham de dentro do labirinto, como se pedissem socorro e arrepiaram os pelos do meu corpo, trazendo um frio desconfortável que se alojou em meu estômago.
— A sala foi reconfigurada para uma situação comum de batalha, onde terão passagens e portas para escolher e caminhos certos à seguir. Vocês devem trabalhar como um só, para que consigam chegar ao centro e voltar com uma corrente de prata, o objetivo desse treino. — Ametista fez um gesto com as mãos, tornando nossas roupas os habituais macacões de treino. — Sem armas, apenas corpo a corpo.
Caminhamos juntos até a entrada, os rostos esboçando uma calma que não tínhamos verdadeiramente. Assim que atravessamos o arco de pedra, a parede se fechou atrás com um ruido de deslizar, deixando como unica iluminação uma tocha, pregada na parede. O cheiro de mofo me fez segurar a tosse, não tendo certeza se era seguro emitir qualquer som.
Esperamos por um momento que pareceu durar uma eternidade, até que tivéssemos certeza que nada se encontrava dentro da escuridão depois daquela tocha.
— E agora? — Sussurrei quase imperceptivelmente.
— Precisamos de um plano base antes de qualquer coisa.— Kille disse, também sussurrando. Ela pegou a tocha, passando a ponta dos dedos na parede com cuidado. Então deu um passo pra trás, as sobrancelhas franzidas. — É pedra aerada e tem muito limo. Cheira levemente a enxofre e sangue... — Kille encostou o ouvido na pedra e voltou, colocando a luz da tocha à frente, tentando ver algo. — O som se propaga muito melhor por essas paredes do que em metal, dá para ouvir ruídos de marchas e de vozes. Tenho certeza que está onde existem mais guardas, onde estará protegida. Vamos seguir o som das marchas, sudoeste.
— Ensinamento para levar para a vida, paredes dizem muito. — Helena sussurrou a piada.
— Um pouquinho de lógica ajuda também. — Kille rebateu, rindo.
Caminhamos por longos minutos pelo corredor sombrio, apenas a luz da tocha nos guiando. Tantas vozes soavam baixas, como sussurros fantasmagóricos, que nos confundiam, não tendo indicação de onde vinham. Minhas mãos estavam geladas e me ofereci para segurar a tocha na tentativa de aquece-las. Havia uma bifurcação no caminho assim que o corredor terminou, onde dois portais se abriam.
— Para que lado? — Bradei a tocha, iluminando os dois caminhos.
Kille ajoelhou-se junto a Jesse, testando o que pareciam ser as vibrações do corredor, ouvindo as vozes. Demorou poucos segundo para que entrassem no corredor da direita e cautelosamente os seguimos, confiando no que os irmãos afirmavam. Estar às cegas naquilo tudo me incomodava e a cada segundo, o cheiro metálico de sangue e magia impregnava o ar. O corredor que pegamos era imenso, escuro e perturbador e em certo momento, o silêncio se tornou tão opressor que pensei se ouviria o som da minha voz novamente
— Acham que os Bárbaros já possuem alguma das joias? — Quase tropecei no ar quando a voz sussurrada à esmo de Genezis surgiu, quebrando o silêncio. Agradeci mentalmente a ela por isso.
— Pela lógica do que nos disseram ainda não. — Rosh respondeu, suspirando. — Anne disse que um informante acabou de contar da nossa existência e eles correram para tirar o atraso. Parece que estavam estagnados, esperando um movimento do inimigo, ou tinham uma estratégia diferente...
— Vamos ser sinceros. Não sabemos se alguém realmente fala a verdade pra nós. — Lucas entrou na conversa, caminhando lado a lado com Genezis. Concordamos com a cabeça e fiz uma careta. — Parece que nos mostram apenas a ponta do iceberg e esquecem que quem vai mergulhar na água gelada somos nós.
— A metáfora faz sentido. — Jesse opinou, a voz tão baixa que se confundiu aos sussurros fantasmagóricos do corredor. — A gente precisa confiar uns nos outros, por quê parece que não confiam em nós de verdade.
— Eles confiaram demais antes e agora tentam nos dar apenas o suficiente para acalmar os ânimos. — Todos pararam de caminhar e seus olhares se voltaram para mim, esperando uma resposta concreta. Baixei ainda mais o tom de voz, pensando que deveriam saber daquela informação. Continuei caminhando e esperei que me seguissem antes de continuar a falar. — Não fomos a primeira equipe que aceitou essa missão. Ametista me contou quando pressionei ela, depois que fiz a prova dos três hologramas de massa, que já trouxeram outra equipe e a treinaram, mas essa equipe não sobreviveu à primeira missão. Eles já se enganaram uma vez, talvez tentem nos proteger mais por causa disso, apesar de ser frustrante!
— É... Assustador saber disso. — O corpo de Helena tremeu enquanto falava. — Mas não justifica eles nos deixarem completamente às cegas.
— Você pensou em contar isso pra gente algum dia Madi? — Lucas resmungou e consegui ouvir que tropeçou em um pedregulho solto no caminho, tentando não fazer barulho.
— Eu acabei de contar. Mas queria que não precisasse, que ninguém tivesse morrido por aceitar essa responsabilidade.
— Espero que nós não sejamos os próximos. — Kille sussurrou e deixou o silêncio voltar a reinar.
Continuamos caminhando.
O corredor era cheio de curvas que aparentavam dar em becos sem saída, até que encontramos uma bifurcação reta. À esquerda, se abria um breu total e à direita, uma luz tênue e frigida parecia passar por baixo do vão de um portal. Entregando a tocha para Helena, espiei o corredor da direita, vendo que alguns metros a frente se abria uma sala, iluminada pelo que pareciam candelabros com fogo azul.
Rosh e Kille nos induziram a fazer um círculo e nos agachamos um de frente para o outro.
— Fiquem em completo silêncio, não sabemos quantos são. Vamos usar uma formação de pirâmide em que alguém precisará chamar a atenção da maioria e entre primeiro, para que o resto entre e faça um ataque surpresa. Um no centro, quatro formando a pirâmide de ataque e os últimos dois buscam o objetivo final. Teremos no máximo trinta segundos para entrar e sair! — Kille anunciou, encarando um a um. Concordamos e ainda agachados, caminhamos um atrás do outro pelo corredor escuro. Deixamos a tocha no corredor anterior para uma fuga rápida.
Enquanto nos esgueirávamos o mais silenciosamente possível, ouvindo o marchar esporádico de soldados, espiei rapidamente a sala, ocupando a linha de frente da formação. Dez hologramas de massa marchavam em circulo à volta de um pedestal de mármore, onde uma almofada servia de repouso para um colar de cristais. Os guardas batiam continência a cada três passos e o barulho ecoava pelo corredor à fora.
Em silencio esperamos o compasso, inspirando o ar para manter a circulação nos músculos. Um, dois, três, bate! Um, dois, três, bate! No terceiro ciclo da marcha, pulei para dentro da sala com o gesto mais felino que consegui, enquanto os outros se posicionavam para entrar.
Estávamos em desvantagem quanto aos números, mas mesmo assim, nossa entrada não foi tão caótica quanto achei que seria. Lucas e Jesse entraram logo atrás de mim e nós três atacamos os guardas mais próximos. Duas rasteiras e socos para faze-los cair, simulando um desmaio rápido. Outros quatro guardas, nos atacaram em uma formação complicada de desfazer, quebrando nossa investida. Obriguei minhas pernas a se fixarem no chão e meu corpo a se manter de pé, segurando um soco forte que me fez tropeçar. Chutei a canela do guarda o fazendo tropeçar e puxei seu corpo para frente, empurrando o holograma, que caiu de bruços no chão. Helena e Kille haviam entrado na batalha junto à nós, distraindo e derrubando um a um até que se levantassem novamente.
Um dos guardas que já havia sido derrubado segurou minha canela, com força suficiente para esfarelar um pedaço de pão completamente e puxou com rapidez. Só tive tempo de colocar as mãos em frente ao corpo, para que não quebrasse o nariz com o impacto, mas caí com os cotovelos e rolei para o lado. Com certeza aquele golpe me renderia hematomas muito feios. O guarda subiu em cima de mim e recebi um soco no rosto, me fazendo ver estrelas e perder os sentidos por um segundo. Com o joelho, atingi com toda a força que consegui o espaço entre as coxas do guarda, que grunhiu em desespero ao pé do meu ouvido e o empurrei para o lado.
Nesse momento, Genezis gritou esganiçadamente, passando como um raio em direção ao corredor.
— Peguei a corrente! — Avisou.
— Ainda não acabamos com eles! — Lucas berrou para nós, socando brutalmente o rosto de um deles. O chão ao seu lado parecia sujo de sangue brilhante e prateado.
— VAMOS EMBORA, AGORA! — A loira berrou ainda mais alto, sua voz tão fina que poderia ter explodido os cristais do colar em suas mãos.
Contrariado, Lucas deixou o guarda e se levantou, as pernas compridas se esticando para correr. Derrapando, já avançávamos pelo corredor imenso, a tocha novamente em mãos, o som das botas que os guardas usavam marchando enquanto nos perseguiam. Os despistamos rapidamente, diminuindo o ritmo até que se tornasse uma caminhada cansada, bufando para encher os pulmões do ar fedorento. Lucas trincou os dentes e bufou forte, se virou para Genezis e anunciou, irritado.
— Devíamos ter acabado com eles, não levaria nem cinco minutos! — O garoto trincando os dentes de frustração.
— Não, não devíamos Lucas. Pegamos a corrente, não precisamos derramar mais sangue! — Genezis disse, a voz calma e revirou os olhos.
— Eles não são reais!— Lucas rebateu.
— Mas lutaremos com seres que são! — A loira rebateu olhando bem fundo nos olhos verdes cor de mar de Lucas. — Não precisamos deixar um rastro de sangue por onde passarmos, não quero minha consciência mais pesada do que precisa estar!
— Heróis derramam sangue para impedir que mais sangue seja derramado! Sacrificam uma vida para salvar milhões de outras! — Ele berrou.
Lucas e Genezis estavam cara a cara, nariz contra nariz. A loira era alta e o encarava de igual para o igual. Apontou o dedo indicador, encostando a unha bem feita no peito dele e berrou ainda mais estridente, fazendo o resto de nós Escolhidos nos encolhermos.
— Em uma batalha real, pessoas não tem escolha! Elas servem o que lhes foi dito para servir e protegem com a vida o que os foi mandado proteger! Não é justo tirar um pai, uma mãe, uma irmã, irmão ou filho de alguém, por quê ele nos atacou! Está fazendo a desgraça do seu trabalho. Matamos quem é preciso matar, quando não tivermos outra opção, ou não seremos melhores que os Bárbaros! — Genezis bateu a unha no peito de Lucas e o empurrou para trás —Se tiver que sacrificar a vida de alguém, que não seja por nada!
Lucas não teve coragem de rebater e constrangido, revirou os olhos, concordando com a cabeça.
Passamos vagarosamente pelos corredores pelos quais viemos. A entrada estava novamente aberta e suspirei de satisfação quando vi a luz artificial de lâmpadas. Subitamente, senti as paredes se fecharem ao meu redor e um arrepio subir pelo meu corpo. Precisava de ar fresco, cinco minutos observando o mar se fosse possível... Os deuses nos esperavam do outro lado, pacientemente sentados em cadeiras estofadas. Genezis jogou a corrente para Ametista, que a pegou no ar e nós nem ao menos os encaramos, nos enfileirando para esperar novas ordens.
Os sete com o olhar irritado preso no chão. A frustração de sentir que não sabíamos nada parecia ter voltado, revivida pela visão dos deuses. Tentei engoli-la e esquecer daquilo por hora.
— Bom trabalho Escolhidos. — Hugo nos parabenizou. — Podem subir, tem uma hora de descanso. Ainda temos muito o que fazer hoje.
Mas nossos heróis estão com os nervos a flor da pele não é mesmo? Discutindo entre si, está parecendo uma briga de twitter, onde as pessoas gritam uma com a outra pelos seus valores. Nossa loira tem valores muito do bem construídos akkakakaka O tempo deles acabou, não podem julgar que agora o medo vai dominar nossos Escolhidos nessa primeira missão! Deem um voto e um comentário, vou ficar muito feliz em saber da opinião de vocês! Como acham de vai se desenrolar?! Me contem, por quê é muito importante, de verdade! Beijinhos.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro