Dez - Madison.
Os alto falantes do aeroporto anunciaram que o embarque fora encerrado assim que atravessei as portas de vidro em direção à pista de aviões, fechando-as atrás de mim. Um súbito cansaço me atingiu como um soco no estômago, os músculos comprimindo. Tropecei quando minhas pernas fraquejaram, piscando pela dor de cabeça que me fez chacoalhar os cabelos.
O aeroporto de Carterfon agitou-se e o janelão de vidro se transformou junto à paisagem. Ao invés das serras verdejantes e das rodovias compridas, estava uma cidade em todos os tons possíveis, onde uma longa baía se estendia pelo horizonte e além dela, via-se apenas o oceano. Agora, a sala de embarque era constituída de painéis de vidro, que davam visão tanto para dentro do aeroporto quanto para a pista de aviões, mas também funcionavam como uma estufa, utilizando da luz forte que irradiava da estrela para abafar o ambiente. Imediatamente comecei a suar, sentindo o calor de estar em um ponto diferente do planeta.
Minha cidade era fresca durante quase todo o ano, em um equilibro entre úmido e seco que quase sempre pendia para o lado mais frio. Em alguns anos, chegava a produzir geada, deixando as ruas com uma fina camada de gelo. Meu coração se apertou de ansiedade e decidi que esqueceria momentaneamente minha família, de onde vim. Transferi minha atenção para as seis pessoas que conheci naquele templo e agora, caminhavam lado a lado comigo. Todos observávamos a mudança na paisagem, cada um com sua própria transformação passando pelos olhos.
- Uow! Isso sim é viagem rápida! - O garoto negro de cabelos ralos disse, ofegante e tirou o sobretudo verde musgo que usava, revelando os braços bem definidos. Olhou em volta com um sorriso bobo no rosto e percebi que tentava gravar a paisagem na memória.
- Nem me fale... - A garota de cabelos ruivos e rosto cheio de sardas concordou. Ela retirou o casaco pesado e a touca que cobria seu corpo baixo e jovem, descalçando as luvas como se sua vida dependesse daquilo. Helena bufou e esticou as costas, igualmente surpresa, enquanto apoiava suas roupas no antebraço. O rosto estava vermelho, esbaforido.
- Sejam bem vindos à Cidade de Touque, Escolhidos! - Ouvimos uma voz feminina surgir de uma escada rolante, alta, clara e animada. Ametista, caminhou até nós com os saltos anabella fazendo barulho contra o chão de vidro. - Como foi a viagem? - Ela questionou, usando um tom de voz divertido.
- Cansativa, por algum motivo. - Respondi, arqueando as sobrancelhas.
- Vamos andando, não deve demorar para que mais alguém apareça. - A deusa fez sinal para que a acompanhássemos. - Então repararam no cansaço assim que atravessaram o portal, certo? - Houve um murmúrio de concordância. - Foi complicado abrir portais para todos em momentos tão específicos, sem que houvesse um estardalhaço que levasse os aeroportos abaixo. Peço perdão pelo inconveniente, mas o cansaço é um efeito colateral. Quanto mais silencioso e específico for um portal, maior será a indisposição de atravessa-lo. Escolhemos trazer vocês para o aeroporto e leva-los para sua nova casa, para que pudessem conhecer um pouco da cidade, sabemos que não terão muito tempo... - Ametista nos conduziu por um corredor adjacente e vazio, enquanto explicava tudo em voz alta. Observei as pessoas que esperavam seus voos pelo vidro, curiosa. Toda a cidade parecia ter cheiro de flores e temperos, o ar lúdico e místico me deixando encantada. - Lucas, por favor, Jeniffer está desesperada por um pouco de ar puro, solte-a. Não implicamos com animais de estimação, fique tranquilo.
O rosto do garoto se tornou vermelho como uma pimenta e Lucas abriu a mochila que levava rapidamente. Sua furão escalou as costas do dono, enrolando-se em seu pescoço. Parecia satisfeita e tive que segurar o ímpeto de fazer um cafuné no pelo branco do animal.
Chegamos ao fim do corredor, onde uma porta de madeira branca se encontrava entreaberta. Ametista tratou de abrir passagem para nós e um por um, saímos para a calçada, ainda dentro do complexo imenso que era aquele aeroporto. Tive que semicerrar os olhos. A Cidade de Touque parecia brilhar, refletindo a luz da estrela no concreto branco e nos espelhos das construções. Agora, uma brisa leve carregada com cheiro de maresia e sal balançava meus cabelos, tornando o calor infinitamente mais suportável. Inspirei o ar. Úmido, completamente tropical. O aroma de temperos exóticos era enebriante... Infestava o ar como um grande perfume caro. Parecia leve, puro, apesar de ser uma Cidade Capital, uma das maiores e mais desenvolvidas de toda Amethystus.
Ametista nos conduziu até o estacionamento em silêncio, permitindo alguns momentos a mais para absorver aquele lugar. Em uma das vagas da pista privada, estava uma longa limousine preta, brilhante como todos os outros carros. A deusa destrancou o veículo com um meio sorriso no rosto e disse:
- Chegarão em grande estilo, é claro! Entrem, há espaço suficiente para todos e suas malas também.
Nos entreolhamos. Aquele gesto fez com que um arrepio subisse pela minha espinha, deixando os pelos dos meus braços eriçados. Pareceu tão... Natural. Como se fosse um instinto, algo que fazemos à muito tempo. Senti que talvez conhecesse aqueles olhares a mais tempo do que algumas semanas. Talvez a vida toda...
Foram necessários apenas alguns minutos para que nós sete nos acomodássemos nos bancos de couro sintético, cada um encontrando seu espaço pessoal, alguns mergulhando dentro dele. Ametista ligou o motor da limousine e deu a partida. Reparei em um frigobar embutido no banco em que estava sentada e perguntei:
- Isso é para nós? - As íris violeta da deusa buscaram meu rosto no retrovisor e entendendo para onde apontava, ela pigarreou e disse:
- Sim, podem pegar. Tem doces e bebidas para que reponham as energias. - Helena, sentada a dois passos de distância de mim se adiantou, o olhar voraz e um sorriso carregado de sagacidade nos lábios. Não pude evitar sorrir para mim mesma ao ver o brilho de mil estrelas dentro daquele olhar, quando me ofereceu uma tortilha. Ametista continuou a falar, sem esperar que todos fossemos servidos. - A casa de vocês foi construída no espaço entre duas grandes rochas e tem um pequeno trecho de areia atrás, uma espécie de praia particular. A vista de lá dá uma dimensão da baía e do porto da Cidade de Touque, algo que particularmente adorei. - Ela riu, o que fez com que Jesse e Lucas abrissem um meio sorriso, ao mesmo tempo. - Não é muito perto da região central, mas está bem localizada em um bairro residencial, onde poderão passar despercebidos mais facilmente. É enorme, contém muitos cômodos e todas as áreas de convivência são espaçosas. - O som da voz de Ametista foi quebrado apenas pelo estalar de uma latinha sendo aberta e pelo mastigar de algo crocante. - Não é para menos, foi preciso encaixar sete quartos no projeto. Eles são equipados com o suficiente, mas não posso dizer que são grandes. Alguns de vocês sentirão uma grande diferença, por mais que a decoração tenha sido inspirada na que estão acostumados. Sei que cada um tinha um estilo de vida em seu país, alguns completamente oposto ao de outros.
- Anne, me responda uma coisa. - Genezis começou, encarando a deusa pelo espelho retrovisor. - Como entendemos uns aos outros? Sei de onde ele veio... - Apontou para Lucas, sem encara-lo. - E com toda a certeza não falamos a mesma língua.
- Aquele templo em que estiveram tem sido minha morada nos últimos séculos. Ele foi enfeitiçado, para que qualquer ser que o visite, falante de toda e qualquer língua presente na Realidade, agora entenda as palavras na Língua Mãe, o dialeto mais antigo. Os quatro pilares são seus primeiros falantes. Vocês se comunicam entre si com ela. - Em nossos rostos, refletiam-se expressões de surpresa e um murmurio de duvida. - Mas se uma pessoa qualquer entreouvir uma conversa entre os sete, ela entenderá em sua língua materna, sem sotaque. Seus familiares são um bom exemplo. - Ametista completou, antes que tivéssemos a chance de verbalizar a pergunta. - Com livros acontece algo parecido. Qualquer livro que lerem, será entendido na Língua Mãe. As exceções estão apenas em nomes e em poucos termos inexistentes no dialeto mais antigo da Realidade. Esses termos são raros, há muito pouco que os Pilares não conseguem verbalizar.
- Hum... - Genezis soltou um murmúrio baixo de surpresa.
A deusa silenciou-se, voltando a prestar total atenção na via a frente.
Encostei meu corpo contra o banco, soltando um suspiro e me permiti observar a paisagem. As ruas eram largas e em praticamente todas as vias, havia um banco de árvores que separava as duas mãos. As folhas tinham um tom de verde forte e brilhante, refratavam a luz e tornavam as sombras algo mágico. Todas as construções eram pintadas de diferentes tons do arco-íris, mais claras ou mais brilhantes, combinando entre si cores parecidas, como se cada bairro tivesse a mesma combinação. Ametista dirigiu calmamente, beirando a praia. Desci o vidro da limousine e um sorriso irrompeu dos meus lábios, ao sentir a brisa forte e gelada contra meu rosto. A sensação era revigorante, trazia paz. Talvez, a concentração mágica daquela cidade estivesse tendo um efeito sobre meus sentidos, tornando cada sensação algo novo, inesperado.
Ainda aproveitando o vento fresco, os cheiros da Cidade de Touque que se misturavam em uma única e peculiar fragrância, aceitei outra tortilha que Lucas me oferecia. Parei por um momento antes de morde-la, subitamente me tornando muito ciente de que dividia um carro com outras seis pessoas estranhas. Consciente que conviveríamos juntos, em uma mesma casa.
- Okay, o que vocês acham da gente fazer uma dinâmica? - Helena apoiou o corpo para trás, cruzando as pernas. Seus pés estavam cobertos por botas de cano comprido e balançavam ansiosamente, enquanto a garota apoiava seu braço no encosto do banco. - É como uma apresentação. Meu nome é Helena, quinze anos, eu estou fritando dentro dessa blusa feita para frio extremo e... - Levantou o pulso para o alto, onde sua Marca se desenhava como uma tatuagem em um tom forte de preto e continuou: - Sou a Perseverança.
Por um momento, ninguém disse nada. Cheguei a pensar que a sugestão da ruiva seria ignorada completamente, mas houve um pigarro alto e Jesse segurou a cabeça com os dois punhos, continuando.
- Meu nome é Jesse, dezessete anos, faria qualquer coisa por um hambúrguer de Cynlac agora e sou a Agilidade. - O garoto de cabelos raspados fez o mesmo gesto que Helena, a Marca desenhada no tom de preto idêntico. Jesse olhou para a garota sentada ao seu lado, um tanto escondida sobre a sombra do corpo enorme e musculoso, virando uma cotovelada sem muita força perto do estomago. Ela balançou os cabelos crespos, as pontas descoloridas refletindo a luz e revirou os olhos, murmurando de uma maneira pouco inteligível.
- Kille, dezesseis anos, tudo o que eu quero agora é um ar condicionado, um travesseiro e que o meu irmão deixe seu cotovelo longe de mim. - Encarou por um segundo o pulso, depois de lançar um olhar fulminante à Jesse, como se lesse a inscrição e continuou, a voz um pouco mais esganiçada. - A Estratégia.
Como se em resposta, Ametista ligou o ar condicionado do veículo. A contragosto, fechei a janela e o ar da limousine começou a se tornar mais fresco.
- Rosh, dezesseis anos, esqueci minhas lentes de contato e não estou vendo muita coisa, mas por incrível que pareça sou a Inteligência. - Levantou o braço, mais para acenar do que para mostrar sua Marca, como os outros fizeram.
- Meu nome é Lucas, dezoito anos, adoraria estar surfando nessas praias agora e sou a Coragem. - O garoto sentado ao meu lado afastou os cabelos castanhos claros do rosto, sorrindo, atitude que a furão enrolada em seus ombros não aprovou. Ele colocou dois dedos na testa e abaixou, fazendo um cumprimento e tive um vislumbre do desenho em seu pulso.
- Prazer, Genezis, dezessete anos, uma paixão estranha e avassaladora por tapetes felpudos e a Criatividade. - A loira, portadora de olhos azuis elétricos também sorriu, mas timidamente.
- Madison, tenho dezoito anos... - Minha voz morreu, enquanto maquinava qual curiosidade estranha sobre o momento poderia contar. - Meu café da manhã favorito é tiras de carne de Kilno e eu sou a Força.
- Agora, a gente já pode juntar as mãos no centro e gritar "ESCOLHIDOS", como em um filme de super heróis! - Helena chacoalhou as mãos e seu corpo inteiro se mexeu junto, os cachos balançando em cascata com a animação da menina. Tossi uma risada, que foi acompanhada de gargalhadas mais altas e sorrisos abertos. A piada quebrou o momento um tanto constrangedor e surpreendentemente, combinava com a ruiva.
Coloquei o resto das tortilhas na boca, mastigando calmamente. Murmúrios e conversas se iniciaram, como se agora tivéssemos cartão verde para interagir. Dei um meio sorriso para mim mesma, virando novamente para a janela. Sem uma viagem propriamente dita entre as cidades, quanto tempo teria se passado? Mamãe e Wesley já teriam chegado em casa? A saudade começou a me roubar os pensamentos, quando senti um nariz gelado encostar em minha nuca.
Levei um susto, arqueando as sobrancelhas e tendo um espasmo leve, o que fez meus cabelos se agitarem. Me virei, topando com um rosto de pelos brancos e olhos negros expressivos. A furão me encarava com curiosidade, o focinho alongado cheirando o ar. Encostou os bigodes no meu ombro, as patinhas curtas fazendo força para chegar mais perto. Não pude evitar levar a mão até o corpo comprido e acariciar seu pelo. O animal deu mordidinhas no meu pulso, segurando-o com as patas da frente.
- Jeniffer né? - Perguntei, sem me dirigir a ninguém em específico.
- Sim. Ela gostou de você. - Lucas sorriu, passando a mão por todo o corpo da furão, que pareceu sorrir de satisfação. Ela desenrolou o corpinho articulado do pescoço de seu dono e tratou de escalar meu cabelo, rápida como uma flecha. Deitou no topo da minha cabeça, ainda farejando o ar. - Okay, acho que ela gostou muito de você! - Ele segurou Jeniffer com cuidado e a colocou em seu colo. Passei os dedos pelos cabelos, para assenta-los novamente.
- Sem problemas, ela é linda! - Sorri amigavelmente e acariciei a cabeça do animal.
Lucas não respondeu com palavras, mas me encarou com um meio sorriso, os olhos verde-mar brilhando de satisfação. Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha e me recostei contra o banco, ainda acariciando o pelo da furão, aproveitando a vista, o ar condicionado e as conversas entre os seis. Jeniffer não se afastou até que Ametista parasse a limousine.
A deusa dirigiu por mais alguns minutos, contornando a baía da Cidade de Touque a beira mar e parou em frente a uma grande e belíssima casa. Sem que Ametista precisasse dizer nada, Kille abriu a porta da limousine e um por um, saímos para o meio fio. Virei meu rosto para a casa, uma mão sobre os olhos para me proteger da luz quente e encontrei as paredes pintadas de amarelo claro, o tom do bairro inteiro. Tijolinhos contornavam a base do primeiro andar. O dia estava invariavelmente bonito, parecia que o tempo havia sido programado para a nossa chegada.
Ametista abriu o portão da garagem, deixando a passagem livre para que viéssemos atrás, as malas no encalço. Apenas com a visão ampla da entrada - onde um pequeno gramado se estendia sobre a cerca viva do portão e ostentava pequenos arbustos, adornados com flores coloridas - meus olhos brilharam de encantamento.
- Acima do solo, essa casa tem dois andares, muito bem distribuídos, diga-se de passagem. - A deusa apontou enquanto falava e pude jurar que um dos raios de luz que iluminava o gramado desviou alguns passos com o gesto. Nós sete levantamos as cabeças, apreciando a vida. - Abaixo do solo, ela tem três, se não me engano. - Ela abriu a porta de madeira acobreada, girando a chave ruidosamente. Entramos no hall de entrada e deixei minhas malas de lado, junto às outras, enquanto Ametista transpassava o portal de madeira em direção a sala de estar. - Essa é a sala de vocês, foi decorada com muito cuidado... - Observei o espaço enorme. Tinha o pé direito alto e em metade do cômodo, estava uma saleta com muitas poltronas e pufes em tons de branco e cinza, um janelão de vidro temperado, que poderia ser escondido por um cortina branca e pesada e inúmeras plantas em vasos de barro. A outra metade ostentava um grande sofá reclinável de veludo branco, formando um L ao contornar a parede. Uma estante de livros sem muitos exemplares, que também funcionava como apoio para a televisão, era decorada com penduricalhos e mais plantas. A sala tinha o piso de madeira e pela parede subia uma escadaria composta de plataformas de mármore. O corrimão e a sustentação era de metal prateado e lustroso. A beleza pomposa me encheu os olhos.
- É... Vocês fizeram um bom trabalho... - Genezis apreciou a sala, um meio sorriso nos lábios e a expressão visivelmente satisfeita.
Ametista concordou com a garota apressadamente e então nos conduziu para o corredor à esquerda. Seguia para um banheiro, a sala de jantar e a cozinha mais ao fundo. A deusa abriu uma porta pelo corredor, dando um passo para o lado para que pudéssemos ver. O banheiro era bonito e revestido de ladrilhos brancos, apesar de extremamente básico. Continuamos seguindo-a pelo corredor, que desembocou em uma sala de jantar com iluminação escurecida.
- Aproveitamos a rocha para a decoração, então a iluminação é menor pela falta de uma janela decente. - Concordei com a cabeça devagar. O cômodo era de longe o mais aconchegante até o momento, chegando até a parecer um pouco pesado. A mesa comprida tinha tampo de vidro e suas pernas de madeira, além de oito cadeiras com estofado branco. A grande atração era o aquário que ocupava uma parede inteira, onde animais aquáticos de diferentes espécies nadavam tranquilamente. - Após esse arco fica a cozinha.
A cozinha, como aparentemente toda a casa, era em sua maior parte branca. Haviam inúmeros eletrodomésticos, alguns, eu não fazia ideia da utilidade e era contornada com bancadas de mármore e armarinhos de madeira. Havia também uma ilha, onde se abrigavam as pias.
- Por aquela porta fica a dispensa, ela tem um aviso para quando é necessário reabastece-la.- A deusa disse, demonstrando a porta com a mão e caminhou até o outro lado da cozinha, por onde se abria outro arco. A seguimos por um corredor mais curto, até que Ametista parasse bem em frente a um porta de metal, completamente deslocada em meio a decoração. - Esse elevador leva para o porão, a parte que diferencia essa casa das outras do bairro, mas podemos dar um olhada na área externa antes.
No fim do corredor, uma porta de alumínio e vidro se abria em uma varanda comprida e bonita, feita com madeira e telhas. O piso contrastava com a faixa de praia e alguns sofás aparentemente confortáveis estavam dispostos pela varanda. A areia se estendia por dez metros até a arrebentação e mais vinte até que desaparecesse na rocha.
- Meu lugar favorito da casa, com toda certeza... - Resmunguei baixinho, olhando o mar que se estendia além da baía e do porto.
Ametista voltou para dentro junto conosco, se direcionando ao elevador. A maior proeza do dia até então, foi vê-lo descer vigorosamente até o primeiro andar do subsolo, carregando muito mais peso do que aguentaria.
- Bom, o subsolo um possui a área para lutas corpo a corpo, equipada com sala de armas e uma classe para os que ainda não terminaram a escola. - A deusa disse, assim que o elevador se abriu em uma espécie de sala circular cheia de portas. A classe mencionada era exatamente como qualquer outra e a sala para lutas corpo a corpo tinha o chão completamente acolchoado. Fixadas à parede, armas e mais armas eram expostas. Mesmo estando palmos e mais palmos abaixo da terra, o cheiro de maresia era constante. - No subsolo dois, fica a entrada da biblioteca e a Sala de Aço. Ela é o segundo maior cômodo dessa casa e é uma sala transformável com magia, construída com aço enfeitiçado, onde terão a maior parte dos treinos. A Sala de Aço pode se tornar qualquer cenário, desde uma imensa floresta, até um prédio com inúmeros andares. A biblioteca leva o primeiro lugar, possui dois andares e é carregada de copias dos livros do arquivo existente no Palácio dos Quatro Pilares. Alguns estão em saletas especiais, se escrevem sozinhos e jamais pararão... A biblioteca se atualiza com novos títulos todos os dias, então jamais será a mesma. É literalmente um labirinto, que deixarei para que vocês explorem sozinhos. Não sairíamos daqui pelos próximos milênios se lhes contasse a história de todos os livros que tem por lá.
- Acho que vocês nunca mais vão me ver... - Kille abriu um sorriso sem forças, completamente extasiada. Jesse olhou de canto para a irmã por um momento quase imperceptível e voltou a prestar atenção em Ametista.
Com o pensamento a mil e a curiosidade em níveis ainda maiores, voltamos para o térreo da casa. Se a biblioteca me surpreendera apenas com uma descrição rápida e sutil, me perguntava o que aconteceria assim que colocasse os pés lá dentro... Assim que tivesse uma ou duas horas para explorar o que conseguisse do lugar, buscando os títulos, o que eles escondiam... Kille teria companhia se realmente cumprisse a promessa de jamais ser vista novamente.
- O andar superior é autoexplicativo. Outra área dessa casa que deixarei a critério de vocês explorar. Seus quartos dizem respeito a cada um, individualmente, mas há banheiros também e esses dizem respeito a todos. Identificamos cada porta, vocês se acharão rapidamente, tenho certeza. - Ametista voltou a nos conduzir para a varanda. Assim que a deusa se virou e sorriu para nós, meus músculos se retesaram. Não tinha certeza do que fazer sem alguém para conduzir os próximos passos. - Não vai demorar para que contactemos vocês novamente, fiquem atentos!
A deusa acenou brevemente e fizemos o mesmo, murmurando despedidas sem muito cuidado. A incerteza das frases me deu mais certeza, de que nenhum dos sete tinha ideia do que fazer assim que ela fosse embora. Fazendo um gesto simples com as mãos, Ametista desapareceu em uma nuvem de vapor e arco-íris que se dissipou pelas telhas tão rápido como surgiu, deixando-nos sozinhos. Sozinhos era um eufemismo.
A palavra era perdidos. Completamente perdidos.
Oii meus milhos pra pipoca, como vão? O que acharam da casa dos nossos Escolhidos, do primeiro momento que tiveram para se conhecer... Com quem vocês mais se identificam? Eu particularmente sou a Helena com uma mistura da Madi, da Kille e da Genezis kakakak Passariam horas nessa biblioteca, tenho certeza! Achei o capítulo incrível depois de reescreve-lo e minha nossa, como demorou kakakak Agora que estao na Cidade de Touque, como acham que as coisas vão se desenrolar? Coloquem suas opiniões nos comentários e não se esqueçam de votar, o gesto é simples e me ajuda muito!!!
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