34_ Apagão.
ㅡ Eu não tenho o que contar. ㅡ Falei simplesmente na esperança de que elas dessem com os ombros e mudassem de assunto.
ㅡ Espera, o que? ㅡ Dafine fez uma careta.
ㅡ Como assim não tem o que contar? ㅡ Priscila perguntou deixando de encarar a tela do celular e olhou para mim com o rosto coberto por argila verde.
ㅡ É, tipo, a gente shippa você e o Saulo desde o primeiro ano no colégio e agora vocês estão namorando. ㅡ Dafine disse como algo óbvio. ㅡ Você TEM que ter o que contar.
ㅡ Ah, é que... foi tudo tão rápido e não planejado. ㅡ Cocei a cabeça pensando na melhor forma de sair daquele assunto. ㅡ Nada demais.
ㅡ Pelo que o Saulo disse nada live foi tudo bem planejado sim. ㅡ Priscila começou a rir e virou a tela do celular para nós duas onde a live, que eu nem havia notado que havia ficado salva no meu perfil e que já tinha umas cinco mil visualizações, passava.
ㅡ Nossa, Perola, não sabia que você era tão romântica. ㅡ Dafine sorriu para mim. ㅡ Pétalas de rosas? Que isso em!
ㅡ Para de palhaçada. ㅡ Ri puxando o meu celular do bolso e abrindo meu instagram. O tanto de comentário que tinha naquela live me fez querer enfiar a cara num buraco. ㅡ Eu não pedi ele em namoro.
ㅡ Ok, isso é bem óbvio. ㅡ Dafine riu.
ㅡ É, todos sabemos que o Saulo quer te pedir em namoro desde que te conheceu. ㅡ Priscila murmurou um " puff ".
ㅡ Então o que querem que eu diga? ㅡ Perguntei já meio sem paciência e elas pareceram notar isso.
ㅡ Perola? Relaxa. ㅡ Dafine disse com as sobrancelhas cerradas. ㅡ A gente só quer que conte como foi, como descobriu que gostava dele depois de tanto tempo, como foram esses sentimentos..
ㅡ Como a Jurema reagiu... ㅡ Priscila acrescentou.
ㅡ Como o Saulo não teve um ataque do coração e morreu na hora...
ㅡ Como o Paulo quis matá-lo...
ㅡ Ta, ta... ㅡ Ri me deitando na cama e encarando o teto. ㅡ Eu... eu não sei dizer ao certo, talvez tenha começado naquele dia na praia. ㅡ Comecei a explicar. ㅡ Vocês podem não saber disso, mas Saulo e eu descobrimos uma área vazia da praia do outro lado da pedra e ficamos lá um pouco.
ㅡ E aí se pagaram? ㅡ Dafine perguntou.
ㅡ Não. ㅡ Ri balançando a cabeça. ㅡ A gente conversou normal, ele fez umas palhaçadas, nós caímos na areia e...
ㅡ Se pegaram? ㅡ Priscila perguntou.
ㅡ Não, gente! ㅡ Me virei para elas deitando de lado. ㅡ A gente só se encarou. Sabe aquela troca de olhares que... que faz seu coração acelerar e você não consegue parar de olhar nos olhos da pessoa? Que faz borboletas dançarem no seu estômago e você pensa: " me lasquei " ?
ㅡ Não. ㅡ Ambas responderam juntas.
ㅡ Ah, qualé? ㅡ Ri fazendo outra careta. ㅡ Estou mó me abrindo aqui.
ㅡ Ué, mas não mentimos. Somos encalhadas, esqueceu? ㅡ Priscila deu com os ombros.
ㅡ Nunca sentimos nenhuma dessas palhaçadas. ㅡ Dafine sorriu. ㅡ Mas continua falando.
ㅡ Bem... eu também não tinha sentido, mas naquele dia eu senti. Saulo perguntou se eu gostava dele e... ㅡ Comecei a mentir. ㅡ Eu disse que talvez. No início ele pensou que eu estava sendo irônica e por isso saiu de cima de mim e começou a rir. Eu olhei para a cara dele e disse que eu estava falando sério. Que aquilo ainda parecia meio confuso pra mim, mas que era possível que eu estivesse desenvolvendo sentimentos por ele. ㅡ A fanfic... ㅡ E aí a gente começou a conversar mais e quando vi... Nos beijamos.
ㅡ E como foi?? ㅡ Priscila perguntou demonstrando empolgação.
ㅡ Foi... ㅡ Olhei para a beirada da minha cama me lembrando perfeitamente daquele beijo. Saulo havia me pego de surpresa. Era para ser apenas atuação, mas eu me entreguei tanto àquele beijo... Eu praticamente me derreti. Arregalei meus olhos ao perceber meus pensamentos e olhei para elas. ㅡ Foi bom.
ㅡ Bom?
ㅡ É. Ele... Ele beija muito bem. ㅡ Deixei um sorriso escapar.
ㅡ Hmmm... Continua. ㅡ Dafine sorriu maroto.
ㅡ Depois disso ele... Ele me pediu em namoro e eu aceitei, porque, naquele beijo eu consegui distinguir o que eu realmente sentia, eu pude ter certeza de que realmente gostava dele. ㅡ Menti de novo. ㅡ Aí teve um almoço aqui em casa que vieram as minhas tias, que eu nem sei onde estão, graças a Deus, e a Thalia, namorada do Paulo. Aproveitei o embarque e chamei o Saulo aqui também para apresentá-lo a família como meu namorado.
Eu estava me sentindo meio mal com aquela situação. Eu nunca gostei de mentir para as meninas, me sentia tão falsa... Ta, eu estava sendo falsa. Isso era tão ruim.
ㅡ E a Jurema?
ㅡ Ela ficou olhando pra gente com a pior cara possível. Ela até enfrentou a gente falando pro Saulo que ele poderia ter tido ela, mas escolheu a mim.
ㅡ E o que o Saulo disse?
ㅡ Disse que escolheu bem. ㅡ Ambas sorriram feito o coringa.
ㅡ Vocês dois são tão fofos, eu não via a hora de ficarem juntos logo. ㅡ Priscila sorriu. ㅡ Mas e o Paulo?
ㅡ Paulo não pareceu gostar nenhum pouco. Ele ficou todo desconfiado com o Saulo. ㅡ Ouvimos o som da porta se abrir.
ㅡ Com licença. ㅡ Pedro entrou no meu quarto e fechou a porta atrás de si. Fiz uma careta.
ㅡ É o que que tu quer? ㅡ Perguntei..
ㅡ Fugir da Jurema. ㅡ Ele se sentou na minha cama.
ㅡ Vai pra rua, pra um canil ou sei lá, por que veio pro meu quarto? ㅡ Resmunguei.
ㅡ Porque eu estava com saudades da minha querida irmã. ㅡ Ele me abraçou de lado com um sorriso.
ㅡ hurgh! ㅡ Fingi vomitar.
ㅡ Fala o que quer, Cabelin na régua, estamos num assunto importante aqui. ㅡ Dafine bebeu um pouco da sua água no seu copo de tampa e canudo com a estampa de uma lhama.
ㅡ Que isso, meninas? Eu não sou interesseiro assim não. ㅡ Pedro fez uma carinha inocente. O encaramos com a sobrancelha arqueada, bem, eu e Dafine, porque Priscila tinha um sorriso apaixonado nos lábios. ㅡ Ta bom, o Paulo fez aquele bolo de coco com chocolate que eu gosto pra caramba.
ㅡ E?
ㅡ E que ele fez um pequeno e disse que era um pedaço só pra cada um.
ㅡ E?
ㅡ E eu já comi o meu. ㅡ Ele fez um bico.
ㅡ E já que não gostamos de coco, você quer que peguemos cada uma um pedaço e damos para você, né? ㅡ Dafine assentiu.
ㅡ Bem... Já que insiste. ㅡ Pedro sorriu.
ㅡ Eu não posso, Paulo sabe que não gosto de coco. ㅡ Balancei a cabeça.
ㅡ Diz que você vai experimentar. ㅡ Ele começou a balançar meus ombros. ㅡ Vai, Pérola, por favooooor!
ㅡ Ta! ㅡ Gritei, o que o fez comemorar.
ㅡ Vamos lá, vai. ㅡ Dafine levantou da cama e nós fomos em seguida. ㅡ Eu tenho que tomar banho ainda gente, já vai dar oito da noite e eu ainda estou com a mesma roupa do dia todo.
ㅡ Primeiro o bolo, depois você toma banho por três horas se quiser. ㅡ Pedro saiu do quarto na minha frente.
ㅡ E levo a água do planeta comigo.
Nós descemos para o andar de baixo e já pude ver Paulo sentado a mesa da sala de jantar com uns livros. Ao meio da mesa estava o tal bolo.
ㅡ Paulo? ㅡ Me acheguei para mais perto dele. Pedro foi pra sala fingir ver televisão. Fingir mesmo, porque o idiota ligou no canal do boi e murmurou: hm, que interessante.
ㅡ Oi, Perola? Tudo bem? ㅡ Sorriu.
ㅡ Aham, as meninas queriam um pedaço de bolo. ㅡ Me sentei numa das cadeiras.
ㅡ Ah, claro. ㅡ Paulo se levantou e cortou um pedaço para cada uma delas. Elas agradeceram e foram até sala onde Pedro estava.
ㅡ Me dá um também. ㅡ Juro que eu estava tentando fingir naturalidade, mas Paulo me conhecia, e acima disso, ele conhecia o esfomeado do Pedro.
ㅡ Fala pro Pedro não deixar cair no sofá. ㅡ Ele me entregou o pedaço de bolo e eu comecei a rir. No instante que dei um passo na direção da sala, tudo se apagou.
ㅡ Iiii, qual foi?? Eu tava mó vendo os bois! ㅡ Ouvi Pedro reclamar. A luz havia caído e, pela janela, pude ver que tinha sido na rua toda.
ㅡ Ó, eu tenho medo dessas palhaçadas, se alguém tentar me assustar eu vou dar um voadora! ㅡ Dafine exclamou.
ㅡ Era só o que faltava. ㅡ Fui para o sofá quando meus olhos se acostumaram com o escuro e eu consegui ver um pouco da sala. ㅡ É ruim de eu tomar banho no escuro em! Nem a pau! Vai que aparece uma Jurema lá.
ㅡ Como é? ㅡ Jurema apareceu na porta da sala.
ㅡ AAAAAHHHHHH!!! ㅡ Todos gritamos juntos, inclusive Pedro. Na verdade, ele foi o que mais gritou.
ㅡ Parem de palhaçada. ㅡ Ela ligou o flash do celular e iluminou o próprio rosto. ㅡ Sou só eu.
ㅡ AAAAAAHHHHHHH!!!
•••
Continua...
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