26_ Quer sair comigo?
ㅡ Eu sei que você basicamente não me conhece, então não precisa me contar o que ta rolando. ㅡ Patrick quebrou o silêncio. Nós dois havíamos caminhado pela reta e bela rua da minha casa. Sim, eu chamo de bela e não é só pelo nome dela ( Bela Vista ), mas porque eu realmente sempre gostei daquele bairro.
Eram duas ruas, cada uma os carros iam para um lado, naturalmente. O que dividia as ruas eram um gramadinho fino que tinham palmeiras do início ao fim. Era uma rua muito bonita e eu sempre gostei de morar ali. Seguindo por ela na direção do centro da cidade havia uma pracinha de maneira bem grande. Era cercada por madeiras escuras e as árvores tampavam a mesma permitindo com que houvesse sombra por toda ela em dias de sol.
Patrick e eu sentamos em um dos bancos dela. Era noite, pessoas caminhavam, corriam, passeavam com cachorros, lanchonetes estavam cheias e tinham algumas crianças ali com seus pais. Também tinham uns casais. A pracinha também era conhecida por ser um ponto de adolescentes ficarem escondidos de seus pais, já que era perto de uma escola, a escola que estudei.
ㅡ Mas fiquei realmente surpreso de ver você. ㅡ Patrick me sorriu. ㅡ Você mora por aqui?
ㅡ Moro na casa branca ao lado da lanchonete que você estava. ㅡ Ele arregalou os olhos.
ㅡ Você mora naquele casarão?? Também não me disse que era rica. ㅡ Patrick riu e eu acabei rindo também.
ㅡ Não sou rica, minha mãe é. ㅡ Dei com os ombros. De fato, 70% da grana que tínhamos na família era da parte da minha mãe. Ela tinha uma empresa que inicialmente era apenas de perfumes, mas agora vai de hidratante corporal à maquiagens para todo tipo e tom de pele. Ela é, com certeza, a minha inspiração, já que quando começou, todos os seus irmãos machistas diziam que ter empresa era um peso demais para mulheres que são tão fracas e emotivas.
Os outros 30% vem do meu pai que até hoje eu não entendi direito no que raios ele trabalha.
ㅡ E você mora aqui a muito tempo?
ㅡ Minha vida toda. ㅡ Sorri. ㅡ Eu cresci brincando aqui nessa pracinha, fui àquela escola... ㅡ Apontei para o colégio. ㅡ Minha vida se passa aqui.
ㅡ Pelo seu olhar você tem muitas memórias boas. ㅡ Patrick sorriu e eu assenti.
ㅡ E você? O que faz aqui? Pensei que morasse em Saquarema. ㅡ Perguntei me referindo à cidade em que nos conhecemos, na praia.
ㅡ E moro. ㅡ Concordou. ㅡ Eu faço faculdade lá e moro com a minha avó desde os doze anos.
ㅡ Aí veio passar as férias aqui?
ㅡ Sim. Meus pais moram aqui. Decidi vir passar uns dias aqui com eles. Mas não sabia que você morava aqui. Um belo de um destino, como eu disse. ㅡ Ele sorriu. Seria possível?
Encarei Patrick que agora observava as crianças brincarem e me perguntei se seria ele o rapaz que o destino me reservou. A pessoa que finalmente me permitiria descobrir como o amor realmente funciona. Esse sentimento tão louco.
Patrick era muito bonito e parecia muito legal... mas eu ainda não conhecia.
ㅡ Por que não mora com seus pais? ㅡ Continuei o observando.
ㅡ Eu era novo demais para ficar ouvindo eles brigarem todos os dias. Meu pai decidiu que seria melhor eu morar com a minha mãe.
ㅡ Eles ainda brigam?
ㅡ Não tanto quanto antes. ㅡ Patrick me olhou. ㅡ Por que? ㅡ Suspirei.
ㅡ Eu já sou de maior mas ainda me acho nova demais para ficar ouvindo meus pais brigarem. ㅡ Encarei meus pés.
ㅡ Eu sinto muito. É uma situação bem chata mesmo. ㅡ Patrick coçou a cabeça. ㅡ Mas não é briga séria não, né? Seu pai não...
ㅡ Não. ㅡ Balancei a cabeça. ㅡ Ele não bate na minha mãe. E se um dia bater, meus irmãos acabam com ele. Ele já não tem sido um pai muito são ultimamente mesmo. ㅡ Revirei os olhos.
ㅡ Eu espero que nada aconteça, mas, sei que é uma situação bem ruim e, na época, tudo que eu queria era me distrair para não pensar naquilo. Talvez isso te ajude. ㅡ Olhei para ele. ㅡ Eu vou ficar umas semanas aqui na cidade, se quiser, podemos sair. Acho que vai ser legal. ㅡ Sorriu.
Continuei o observando sem dizer nada e cheguei a conclusão de que eu não perderia nada com aquilo. Eu nunca fui uma garota de dizer não para uma saída, sempre gostei muito de sair, conhecer pessoas e por isso me achava tão sociável. E todos os meus encontros já haviam dado errado, o que poderia acontecer dessa vez? O máximo que poderia rolar era eu gostar dele e ele me dar um bolo para ficar com a Jurema, o que, dessa vez, eu sentia que não iria acontecer.
Talvez eu apenas estivesse afobada demais, mas tinha um bom pressentimento quando olhava para o sorriso de Patrick.
ㅡ Eu... ㅡ Estava pronta para dizer que sim, mas me lembrei do meu namoro falso com Saulo. Como eu poderia sair com o Patrick se todos os meus amigos pensam que namoro o Saulo? Saulo ia levar fama de corno na primeira semana de nosso namoro. ㅡ Eu vou ter que ver uma coisa... mas te respondo. Dessa vez posso pegar o seu número?
ㅡ Claro. ㅡ Patrick riu. ㅡ O destino já fez o que tinha que fazer. ㅡ Patrick sacou o celular, desbloqueou e o me deu para que eu colocasse o meu número. A primeira coisa que notei foi a foto de seu wallpaper. Era o mesmo na completamente sujo de tinta. Em sua testa estava escrito as iniciais da Universidade de sua cidade em tinta azul e em seu braço " Direito " em tinta verde. O sorriso dele era o mais feliz possível naquela foto, e eu entendo, quando passei para Direito a minha alegria foi gigantesca.
Salvei o meu número em seu celular e lhe devolvi.
ㅡ Direito é uma coisa que temos em comum. ㅡ Comentei e ele olhou para mim surpreso.
ㅡ Você cursa direito também? Eu não lembro de você ter dito isso antes. Mas que legal! Eu sempre me identifiquei muito com um curso. ㅡ Seu celular começou a tocar e ele atendeu. ㅡ Oi... Não, eu não fui pra casa ainda... iii cara, relaxa, só vim dar uma volta... ta, ta... eu já vou. ㅡ Ele bufou e logo desligou a chamada. ㅡ O Jonathan pode ser muito chato as vezes, desculpa, Perola, vou ter que voltar pra lanchonete. O jogo vai começar e meus amigos estavam me procurando.
ㅡ Relaxa, eu fico bem. ㅡ Sorri para o mesmo que se levantava do banco. ㅡ Obrigada por me distrair.
ㅡ Pode me ligar quando quiser. Sério. ㅡ Falou olhando atentamente para mim.
ㅡ Obrigada. ㅡ Sorri para ele que logo saiu da pracinha chamando a atenção das meninas que estavam perto da entrada. Não exagerei quando disse que ele era bonito.
Respirei fundo e puxei o meu celular.
Perola- Saulo? Ta ocupado?
Mandei a mensagem para ele e aguardei um pouco até que ele respondesse.
Saulo- Na verdade, não. Acabei de ajudar meu pai agora, só ia tomar um banho.
Perola- Pode me encontrar na pracinha da Bela aqui?
Saulo- Agora?
Perola- É, Saulo, quero falar com você. Não vou tomar muito do seu tempo não, relaxa.
Saulo- Não to preocupado com isso. Vou tomar um banho e chego aí já já.
Guardei o celular e continuei apenas olhando as crianças brincarem. Saulo morava perto do parque da caixa d'água que fomos em seu aniversário, ele levaria uns dez minutos de lá até onde eu estava.
Fiquei ali o esperando e até Paulo me ligou para saber onde eu estava. Depois de um tempinho Saulo apareceu na entrada na pracinha. Cabelos molhados, roupa de moletom, seu estilo único... Deixei um sorriso aparecer no canto de meus lábios quando ele sorriu ao me ver.
O mesmo veio na minha direção chamando a atenção das mesmas meninas que estavam na entrada. Saulo também era bonito e estiloso e atraente e beijava incrivelmente bem...
ㅡ Eita! ㅡ Falei comigo mesmo desviando o olhar. ㅡ Parece até que to apaixonada. ㅡ Ri sozinha.
ㅡ E ai... ㅡ Saulo se sentou ao meu lado me permitindo sentir o frescor de seu perfume que pareceu combinar perfeitamente com o clima daquela noite.
ㅡ Oi. ㅡ Olhei para ele.
ㅡ Aconteceu alguma coisa? Por que me chamou aqui do nada? ㅡ Ele olhou na direção das crianças que gargalhavam alto.
ㅡ Eu... queria falar com você sobre um cara. ㅡ Saulo olhou para mim na mesma hora.
ㅡ Cara? Que cara?
ㅡ O Patrick, lembra dele? De Saquarema. ㅡ Saulo ficou sério de repente.
ㅡ Sei, o que tem ele? ㅡ Voltou a olhar para a frente.
ㅡ Nos encontramos hoje por acaso e ele me chamou pra sair. ㅡ Expliquei de maneira breve e novamente Saulo olhou para mim sem expressão alguma em seu rosto.
•••
Continua...
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