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30

― Meus caros, diferente dos anos anteriores, a tradicional Caçada será realizada apenas e tão somente nas dependências internas da Academia. ― Althariel anunciou.

O burburinho de lamentos preencheu o salão de banquetes durante o café da manhã. Althariel os ignorou.

― Não se esqueçam que o Expresso-voador partirá pontualmente as 10:30 e a segunda viagem ao 12:00. Aqueles que não entregaram a sua autorização de saída para a Sra. Twyla que o façam imediatamente.

O sino badalou e Althariel deu um largo sorriso. Helena reparou que ele nutria certa preocupação. Todos os professores nutriam.

― Feliz Dia dos Grãos e lembrem-se as pequenas fadas amam chocolate.

Todos os aprendizes, sem exceção, correram pelas dependências da Academia em busca dos presentes, antes que as pequenas fadas os encontrassem. Em uma das esquinas Helena trombou com Vince e gargalhou.

― Já está novinha em folha. ― Ele falou.

― Você tem alguma dica para mim? ― Helena suplicou.

― Na janela mais alta a leste. ― Ele sussurrou. ― Você tem alguma dica para mim? ― Ele perguntou esperançoso.

― Na janela mais alta a oeste. ― Ela gargalhou.

― TRAPAÇA. ― Gritou Cordélia no fim do corredor.

Se fossem vistos trapaceando, poderiam perder todos os chocolates para o delator. Vince e Helena subiram a escada correndo e seguiram em direções opostas. Helena encontrou pendurado na janela mais alta um ovo de chocolate com recheio de caramelo. Preso à embalagem vermelha havia um bilhete.

Já que não posso dependurar nenhum calouro.... Sinto muito por ontem – V.

Sem dizer nada, mas com um sorriso estampado no rosto, os dois voltaram para a Caçada.

Encontrar os presentes de Susan e Iadala foi fácil e, por pura sorte, encontrou os presentes de Jacob e a lembrancinha carinhosa de Jim e Wesley. Os dois haviam escondidos no mesmo lugar.

Na biblioteca achou o ovo de chocolate de Twyla e se arrependeu de ter escondido o presente dela no mesmo lugar. Tão previsível.

― Helena. ― Chamou Thomas, ela tinha acabado de encontrar a caixa de biscoitos caseiros embaixo da mesa deles no salão de banquete. ― Onde você escondeu o meu? ― Thomas perguntou com a boca cheia de chocolate.

― Como se você fosse esperar o fim da Caçada para comer, não é? ― Helena sorriu. ― Escondi na bagunça do seu dormitório, aproveita e arruma aquele lugar.

Thomas assentiu e antes que partisse, Helena agarrou o seu braço.

― O que Will te deu?

― Um licor de chocolate, ele deixou na minha mochila. Porque?

― Não é nada. ― Deu de ombros. Era o presente que faltava ― Corra antes que alguém encontre o que comprei para você.

― Ele não costuma participar dessas coisas. ― Charlotte disse atrás dela.
Ao contrário dos outros aprendizes que carregavam malas e mochilas pesadas para o átrio. Charlotte vestia uma calça de couro comum e uma regata cinza. Os cabelos ruivos trançados e presos num coque.

― Nem você pelo visto.

― Gostei dos bombons perto do estábulo. ― Ela riu. ― Eu não participo, mas comprei uma coisa para você. ― Ela estendeu o pacote dourado.

Helena rasgou a embalagem e viu balinhas de chocolate em formato de espada. Não pode deixar de sorrir.

―Nossa, estou surpresa. ― Helena riu. ― Porque está vestida desse jeito? Não vai para casa no feriado?

― Tenho uns assuntos a tratar por aqui. ― Ela disse de modo evasivo. Helena não insistiu. ― Pensei que tivesse alertado sobre Will.

Helena corou, sem saber exatamente o porquê, então sorriu.

― Todos vocês querem me alertar sobre algo. ― Ela deu de ombros. ― Talvez eu faça simplesmente o oposto do que vocês querem.

O sol estava a pino quando eles se reuniram próximo aos estábulos para a partida de Helena. O Expresso-voador serpenteava no céu levando a última leva dos aprendizes.

― Helena, não se aventure. ― Twyla disse com um sorriso e lhe deu dois beijos no rosto. Helena sorriu e foi dominada por um frio na barriga.

― Espero que eles gostem de mim. ― Ela suspirou. Não estava pronta para uma rejeição daquelas.

― Ei, eles vão amar você. ― Twyla assegurou com um sorriso, então a abraçou pela terceira vez.

Rufus ajudou Helena a subir na carruagem e ela não deixou de reparar em suas mãos macias.

― As suas mãos. ― Ela comentou. ― Estão curadas.

Rufus assentiu nervoso e pôs as mãos nos bolsos. O mesmo olhar submisso que Mora carregava. Não faltaram lágrimas e pedidos de desculpa por parte da desprovida quando Helena lhe deu uma caixa de bombons pela manhã.

Helena ajeitou o manto áspero e surrado que foi obrigada a vestir. Pelo cheiro não era lavado há meses. Do gramado, Charlotte escondeu um sorriso.

― Use o capuz. ― A ruiva a lembrou.

Argth. O capuz odioso cobria todo o penteado elaborado que Mora havia feito naquela manhã. Helena acenou. Não usaria aquilo de jeito nenhum.
Pouco antes da carruagem partir, viu Ivan gesticular de maneira incisiva com Althariel. Twyla também se envolveu na discussão, mas o diretor parecia irredutível, então se virou e caminhou de volta para a Academia com todos ao seu encalço.
Algo estava errado.

As suas preocupações foram postas de lado, quando olhou de relance o seu reflexo na janela e gritou. O rosto de um homem velho rechonchudo, imitou o seu gesto.

― O que é isso? ― Ela gritou.

― Capa-Disfarce para disfarces rápidos. ― Will fez propaganda.

Ela revirou os olhos esbugalhados sob aquele rosto horroroso e tirou o capuz.

― Não vou ser tratada como uma criança.

― Só coloca quando chegarmos a cidade. ― Will fechou os olhos e fingiu adormecer. ― É uma ordem.

Helena cruzou os braços e encostou a cabeça no vidro da janela e olhou a Academia ficar aos poucos para trás até desaparecer por completo numa curva.

A estrada era ladeada pela floresta densa e verde. Ela inspirou o ar gelado e deixou que o vento brincasse com os seus cabelos cacheados.

Abriu os olhos e duas coisas chamaram a sua atenção. A primeira fora o orbe azul e prateado que ziguezagueava pela floresta. A segunda foi o par de olhos escuros que a espionavam.

Helena projetou o corpo para fora para observar melhor, mas sentiu um par de mão a puxarem pelo congote. O orbe sumiu. De novo.

― Qual é o seu problema?

― Eu que deveria perguntar. Gostou do chocolate? ― Ela provocou.

― As pessoas sempre esquecem que eu não participo dessas festividades.

― Pensei que tivesse dado um licor para Thomas.

― Thomas e eu somos amigos há muito tempo. Eu faço esse sacrifício por ele.

Helena assentiu e voltou para a janela. Idiota! Não se conteve e se virou para Will.

― Porque está aqui afinal?

― Você precisa de alguém para te manter na linha.

A carruagem freou bruscamente. O corpo de Helena fora lançado para frente e ela trombou com Will, que segurou os seus braços para que ela não o atingisse por completo.

Os dois se olharam e Helena se lembrou da primeira vez que se viram e em como as coisas mudaram entre eles. Ela estava quente sob aquele toque frio. A magia dos dois crepitava. Fogo e gelo.

― Vince poderia ter vindo comigo. ― Ela foi sincera.

Will a soltou bruscamente e saiu da carruagem. Feriu o seu orgulho masculino, ela riu. Pobrezinho, pensou.

― Vou lá fora ver o que aconteceu. Vê se faz o que tem mandam pelo menos uma vez na vida e fica na carruagem. ― Ele bateu a porta com força.

― Olha quem fala. ― Ela murmurou.

Helena cruzou os braços e pensou: Desde quando Will se importa com as regras? Ela revirou os olhos.

― Você só pode estar brincando! ― Will gritou com Rufus. ― Tem ideia do quanto tempo isso vai custar?

Helena não ouviu a resposta de Rufus. Ela observou a floresta do outro lado da estrada, desinteressada. O orbe de luz vagou entre as arvores. Um jogo de pique-pega que ela negou há meses. Não dessa vez, pensou.

O vento brincou com os seus cachos, trazendo consigo o cheiro da floresta e a conduzindo na direção do orbe. Era a confirmação de que precisava.
Ela saiu da carruagem pela porta do lado oposto. Entrou na floresta e andou em linha reta para não se perder. Ainda podia ouvir os berros e xingamentos de Will, então não estava tão longe.

As criaturas da floresta sibilaram conforme ela andava. O orbe brincava entre as árvores, sumindo e desaparecendo em determinados momentos. Ela não conseguia alcança-lo por mais que tentasse.
O canto dos pássaros preenchia o ambiente. Uma melodia alegre e espirituosa. Nunca tinha ouvido algo como aquilo. Não deveriam ser pássaros normais.  Ela se perguntou o quanto daquele mundo ainda não conhecia. O quanto os seus pais haviam lhe privado.

A melodia dos pássaros se transformou em palavras, que no começo Helena demorou a identificar, mas conforme adentrou ainda mais na floresta pôde ouvir melhor.

O quanto eles mentiram para você?

Helena parou por um momento, aqueles pássaros escondidos dentre as copas das árvores falavam com ela?

Pobrezinha, sempre a última a saber de tudo.

Nem por um momento ela cogitou estar enlouquecendo, afinal estava em Brascard, na terra em que não existia o impossível.

Você está mais perdida do que imagina.

― Quem está aí? ― Ela gritou, olhando para cima. Mal dava para ver o sol.

Você quer descobrir a verdade?
Pode não gostar quando descobrir.

― Parem. Parem. Parem ― Helena tampou os ouvidos.

Os gritos eram ensurdecedores.

Ele não vai gostar quando descobrir.

Helena correu sem saber exatamente para onde, apenas correu. Os pássaros grasnavam ao seu redor e Helena sentia o seu peito queimar conforme continuava a correr.

A sua magia crepitava dentro de si. Não, ela disse para si mesma. Não podia deixar que irrompesse ali. Reduziria aquela floresta a cinzas e poderia queimar até a si mesma. 
Ela arriscou olhar para trás por um segundo e viu uma horda de pássaros de penugem preta com garras e bicos de ferros. Entre os guinchos ensurdecedores, eles diziam coisas que só ela era capaz de saber.

Demônio. Demônio. Os pássaros gritavam. A revoada investiu em sua direção. Os pássaros atacaram com as suas garras metálicas, arranhando os seus braços e roupas. A Protetora tentou correr, mas estava cercada. Só conseguia ver o véu negro de asas e metal em sua frente. Ela se abaixou, cobrindo a cabeça com as mãos. 

Eles mentiram para você. Eles mentiram para você.

― CHEGA! CHEGA! ― Ela gritou quando arranharam as suas costas.

Um urro bestial interrompeu o grasnar dos pássaros. Os pássaros pararam e levantaram voo, assustados. A protetora arriscou olhar.

O animal que se erguia do outro lado da floresta era colossal e assustador. Do tamanho de um urso e com uma bocarra repleta de dentes afiados, possuía feições lupinas e a sua pelugem uma mistura branca e cinza. A besta a encarou e Helena não moveu um musculo.

A criatura deu um passo à frente e Helena instintivamente recuou, ainda agachada. Ela queria correr, mas não conseguiu reunir forças para fazê-lo. O animal bufou a meio metro dela e lambeu o seu braço como se quisesse provar o seu gosto.

Um assobio baixo cortou o silêncio e o animal recuou, então partiu, a deixando sozinha na floresta. Talvez não estivesse com fome.

A fraqueza dominou o seu corpo. Os seus braços estavam dormentes e as feridas não eram nada bonitas. Várias linhas de sangue e hematomas escuros. A saliva do animal parecia conter o sangramento por mais estranho que isso pudesse parecer.

Ela tentou levantar, mas os seus pés fraquejaram. Esperou a queda e o frio que a terra molhada provocaria. Ouviu os pássaros piarem uns aos outros, logo os ataques voltariam e ela viraria alpiste. Mas nada daquilo aconteceu. Ela não caiu, porque Will, sempre Will, veio ao seu encalço na floresta.

― Qual é a porra do seu problema? ― Ele gritou quando a colocou no banco da carruagem e deu sinal para Rufus partir.

Helena sorriu e não disse nada. Havia perdido a capacidade da fala há muito tempo. Assim como o movimento dos braços.

― Você acha isso engraçado?

Ela fez que sim com a cabeça.

― Foram os grasnassáros? Eu disse para você ficar na carruagem, mas tem que ser sempre teimosa! ― Ele mexeu na bolsa desesperadamente. ― Eles são venenosos, sabia? Ah não, claro que não sabia, você não sabe de nada. Você faz coisas idiotas o tempo todo!

Will pegou o unguento e esfregou em suas feridas. Helena sentiu os pelos se arrepiarem. Era um bom sinal. Os movimentos dos braços estavam voltando. Ela flexionou os dedos, conforme Will esfregava o antidoto em seus braços. A sua expressão era séria e compenetrada. Feito um anjo de gelo, ela pensou.

― Você leva jeito. ― Ela falou. ― Olha, consigo falar!

Will a olhou com raiva.

― Aonde mais eles arranharam?

Helena ficou em silêncio.

― Você tem pouco tempo antes que a ferida necrose e não dê mais para recuperar o tecido. A paralisia é o de menos.

― Nas costas.

Helena virou para a janela e tirou a blusa. Ou melhor, o que havia restado dela. As suas costas estavam dilaceradas e quando Will aplicou o unguento ela arfou de dor.

O seu toque era delicado, porém prático. Não demorou muito até ele terminar. Ele tocou nas suas costas. Não o tipo de toque para aplicar o remédio, mas Helena sentiu que ele percorria as linhas das suas cicatrizes.

― Que marca são essas?

― Tenho desde de sempre. ― Ela vestiu a blusa e se virou.

― Um círculo completo e cheio, outro cheio até a metade e um círculo vazio. ― Ele disse para si mesmo, então a encarou. ― Porque você saiu?

― Só queria um pouco de ar. ― Mentiu.

― Eu não sou Charlotte, mas sei quando mentem para mim.

― Eu sou Helena, faço coisas idiotas o tempo todo. ― Ela se virou para janela e fingiu adormecer.


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