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25

Helena não viu Will na semana seguinte e não se surpreendeu ao encontrar Vince na clareira naquele dia, apesar da pontada de decepção que mal conseguia disfarçar. Ela já conseguia fazer uma bola de fogo ou algo que se parecia com uma, o que era um progresso, por mais que não conseguisse manter o controle por mais de dois segundos.

— Você melhora a cada dia. ― Vince elogiava.

Charlotte reassumiu o seu posto de parceira de luta depois de receber alta da enfermaria. Desde que Helena descobriu o seu segredo, ou pelo menos parte dele, as coisas estavam diferentes entre elas.

Helena foi direto para o quarto naquela noite. Não era noite de história, pois amanhã naquele horário seria um grande dia. Os criados corriam de um lado para o outro, dando os últimos retoques nas tapeçarias e polindo a última prataria. Amanhã naquele horário a Academia deixaria de ser o seu refúgio ou prisão particular, como ela considerava a depender do seu humor, para ser lar de centenas de aprendizes.

Não era algo que ela estava ansiosa.
Os receios do Conselho Protetor ganharam as páginas do Pergaminho de Brascard e as preocupações quanto à cataclista descontroladas estava lá para quem quisesse ler. Era só questão de tempo até descobrirem sobre Madalena.

Helena pousou o livro de lado e foi até a janela do quarto. A brisa fresca fez os seus cachos balançarem sob as suas costas.

― Um recomeço. ― Ela murmurou para si mesma.

― Pode apostar que sim. ― A voz feminina preencheu o lugar.

Charlote vestia uma túnica azul-marinho da cor da noite e botas longas e escuras. Adagas cuidadosamente afiadas estavam dispostas pelo seu cinto. Ela trançou os cabelos e os prendeu num coque firme.

Linda e mortal. Helena sentiu pena do cara que se metesse com ela.

― O que você está fazendo aqui?

― Você não queria saber o meu segredo?

Helena cavalgou sob o dorso do qilin prateado. Charlotte estava à curta distância. A brisa gelava entrava em seus pulmões e refrescava o seu espirito. Um misto de excitação e ansiedade lhe consumia. Uma fagulha crepitava dentro de si, era o seu poder lhe dizendo que estava ali se precisasse. Ela desejou não precisar.

A estrada de terra batida que cortava a floresta escura se alargou e pouco a pouco as arvores foram se distanciando umas das outras, até serem substituídas por planícies. O vento gelado açoitava o seu corpo e Helena desejou ter usado uma capa e não só a jaqueta de couro.

Você podia se aquecer se quisesse.

― Não é algo que eu possa controlar. ― Ela disse contra o vento. ― A não ser que você queira virar churrasquinho.

Ele relinchou em negativa, mas não se ofendeu. Qilins têm senso de humor, afinal.

Charlotte parou sob a encosta de uma colina e desceu do cavalo. Helena imitou o seu gesto. O qilin dourado foi até um lago cristalino e bebericou da água.

― Fiquem aqui, entenderam? ― Foi tudo o que disse.

― Não acha que alguém podem tentar rouba-los? ― Helena a alcançou na caminhada.

― Não se pode fazer mal aos qilins. São criaturas justas e boas. Digamos que coisas ruins acontecem com quem tenta.

O qilin prateado fitou Helena. Ela viu uma tristeza momentânea naqueles olhos cinzentos. Até mais meu amigo, ela pensou.

A caminhada não durou mais do que quinze minutos. Após uma colina Helena viu as luzes da cidade de Brascard.

― Como isso é possível? Estávamos à quilômetros de distância...

― Qilins. ― Foi a resposta.

Brascard se erguia de uma maneia diferente naquela hora da madrugada. A música abafada e preguiçosa ecoava de tabernas e bordéis. Ao longe homens e mulheres riam e conversavam de maneira despreocupada. Apesar disso as ruas estavam desertas e mal iluminadas.

A garota seguiu todos os passos de Charlotte, enquanto serpenteavam pelas vielas imundas de Brascard. Por duas vezes ela teve de se esquivar de um bêbado ou outro. A protetora seguia a frente calada e sem paciência, até que parou em frente a uma taberna simples, então entrou.

― Toca dos Desalmados. ― Helena leu. ― Que ambiente familiar.

O lugar quente e mal iluminado não estava tão cheio quanto as outras tabernas da cidade, mas ainda assim o cheiro de álcool e fumo era intenso. Uma mulher magricela e ossuda as cumprimentou por de traz do balcão.

Charlotte procurou uma mesa distante e estratégica, então sentou, observando ocasionalmente os beberrões que olhavam de soslaio para as duas.

A garçonete desinteressada deixou dois canecões do que parecia ser cerveja na mesa. Sem precisar de identidade ou algo do tipo. Tão fácil.
Charlotte sorveu a sua bebida e limpou o queixo. Helena experimentou e franziu o rosto para o gosto amargo.

― Melhora essa cara. ― Charlotte vociferou.

― O que a gente está fazendo aqui?

― Esperando uma pessoa. ― Ela deu mais um gole.

Os clientes do bar reparavam nas duas. Eram jovens demais para aquele lugar e Helena não pode deixar de se perguntar se estava na cara que ela era uma protetora menor de idade. Mas não qualquer protetora. A protetora perdida. Ela deu mais um gole na bebida amarga. Que se dane!

Charlotte soltou os cabelos e riu para Helena. Era um truque. Ela chamou delicadamente a garçonete, que trouxe mais uma caneca de cerveja.

― Você é tão óbvia. ― Ela disse em tom arrastado.

― Qual é a razão disso aqui?

Charlotte gargalhou alto e as duas voltaram a ser assunto na taberna.

― Hora do show. ― Charlotte sussurrou.

Um rapaz alto e loiro, cujo rosto era coberto de espinha e vestia um par de calças de couro preta e uma jaqueta surrada, se aproximou.

― Posso pagar uma bebida para as senhoritas?

― Já estou bebendo. ― Charlotte riu de um jeito sedutor.

― A sua amiga não. ― Ele olhou para Helena e seu copo vazio.

O que ele não tinha de beleza tinha de confiança e isso ela precisava reconhecer. Charlotte concordou com um aceno de cabeça e o rapaz se afastou.

― Chega! Que merda é essa? ― Helena sussurrou.

― Só entra no jogo e não faça eu me arrepender de te trazer. ― Ela disse.

O rapaz voltou com uma bandeja e Helena se calou.

― Não sabia do que você gostava, então trouxe de tudo um pouco.

Típico, Helena pensou. Uma pessoa como Charlotte era bonita demais para ele e ele se garantia mais se ela estivesse com os sentidos levemente comprometidos. Ele estendeu um copo pequeno para Helena, que aceitou, apesar de não ter bebido.

― As duas mocinhas não são muitos jovens para estar na rua essa hora da noite? ― Eles brindaram.

― A madrugada de Brascard é mais interessante. ― Ela ronronou.

― Sua amiga não parece acreditar nisso.

― Ela acabou de levar um fora de um cara. ― Ela deu mais um gole. ― Essa noite deveria ser uma comemoração. Ele era um babaca! ― Ela elevou a voz.

Charlotte piscou e por mais que fosse só encenação, Helena soube que o babaca que lhe servia de inspiração era Will. 

― Só um babaca mesmo para deixar uma garota como você escapar. ― Helena e o rapaz brindaram. ― Ao babaca!

― Ao babaca! ― Charlotte e Helena repetiram.

― Acho que esse lugar está muito decaído para uma garota como eu. ― Charlotte começou.

― Se bem que eu conheço um lugar. ― O rapaz começou.

― Eu conheço um lugar... ― Charlotte tomou as rédeas.

As protetoras se levantaram. O rapaz foi até o bar com um sorriso bobo no rosto, Charlotte aproveitou para dizer aos sussurros: 

― Só preciso que fique de vigia.

Helena concordou por mais embaraçoso que fosse.

― Minhas senhoras. ― Ele ofereceu o braço para cada uma delas, depois de deixar um punhado de Obres no balcão.

Todos os bêbados do bar soltaram uivos e gritos obscenos. O rapaz presunçoso do jeito que era não saiu sem antes cumprimentar os amigos pela recente conquista. Helena sentiu pena dele, por mais que não soubesse exatamente o jogo de Charlotte, armada da forma que estava, boa coisa não ia acontecer.

O trio andou feito bêbados para fora da taberna, apesar de Helena e Charlotte estarem despertas o bastante.

A ruiva os conduziu até um beco sujo e estreito. Latas de lixo e gato raquíticos lhe faziam companhia. Ela se desvencilhou do rapaz e deu uma olhada significativa para Helena, que assentiu, enquanto ela e o rapaz desapareceram pelo beco.

Helena esfregou as mãos, que tremiam de maneira infantil. Algumas pessoas suspeitas passavam por ali, mas mal lhe davam atenção. Cada um com os próprios negócios noturnos. Por um momento ela se perguntou se parecia uma traficante ou uma prostituta, mas deixou de pensar no assunto quando começou a ouvir os gritos.

Ela levou a mão a adaga, mas parou. Não eram gritos de Charlotte, eram gritos masculinos.  


Charlotte apertou a garganta do rapaz com o cotovelo e ele engasgou em busca de ar. A ruiva serpentou a adaga pela sua barriga lisa até a parte de baixo. Foi esperta em fazê-lo tirar a jaqueta e todas as arma antes de começarem.

― Eu vi você entregando uma bolsa cheira de douras para um membro dos Profetas do Caos, eu só quero saber de onde o dinheiro veio. ― Ela brincou com a adaga.

― Eu não sei de nada, por favor. ― Ele disse entre engasgos e lágrimas. ― Por favor.

― Tão jovem para ser tonar um eunuco. ― Ela riu. ― Claro que eu não vou deixar você viver muito depois disso.

― Sou só um mensageiro. ― Ele tornou a chorar.

― Ah. Continua.

― Eu só encontrei a bolsa com uma mensagem de fogo e nada mais. Por favor. Por favor.

Charlotte pressionou a adaga contra a sua pele e um filete de sangue escorreu. O mensageiro gritou ainda mais alto e se debateu. O desgraçado queria lutar.

― Onde você encontrou?

― Nos fundos da taberna da Greta. ― Ele chorou. ― Eu sempre vou lá depois do expediente. Eu só levei o dinheiro, eu juro.

A taberna da Greta era conhecida por ser frequentada por oficiais e funcionários do Ministério do Protetorado. Até mesmo Guardiões. Qualquer um poderia ser capaz de ter deixado o saco de moedas lá.

― Até onde você levou? ― Ela afundou a adaga ainda mais.

― Aos Jardins Imperiais. ― Ele fungou. ― Quem eu ia encontrar já estava lá. Eu não vi o rosto, mas reconheci o manto e aquele símbolo. ― O símbolo da cabeça cortada pela aureola dourada. ― Então, ele me deu quinze douras.

― O seu maior erro foi ter se gabado por isso. Porque eu não mato você agora?

― Não, por favor! Por favor! ― Ele implorou.

― Você não vai contar sobre a nossa conversinha para ninguém, vai? ― Ela riscou a adaga até a sua virilha.

― Eu não conto, eu juro.

― A sua palavra não tem valor algum para mim.

― Tem mais uma coisa. ― Ele disse e Charlotte sorriu. Sempre tinha mais alguma coisa. ― Eu ouvi ele conversando com outro. Hoje à noite. Algo grande. Uma reunião ou algo do tipo.

Os Profetas do Caos estavam armando alguma. Desde que Memphis fora solto há dois dias, ela soube. Fazia tempo que monitorava as suas reuniões e via o seu grupo crescer.  

Aquele comício na semana passada em frente ao Ministério do Protetorado fora apenas distração para algo que acontecia por baixo dos panos fazia meses. Ela só não sabia o que era

Helena não aguentou a espera e se esgueirou até o beco úmido e escuro. O rapaz estava inconsciente e Charlotte limpava a sua adaga meticulosamente.

― Você o matou?

― Claro que não. Usei o dissipador, amanhã ele vai acordar com uma ressaca das brabas. ― Ela guardou a adaga e voltou para rua.

― Que merda foi essa? ― Helena a puxou pelo braço.

― John é um mensageiro muito linguarudo. ― Charlotte riu. ― Eu tenho investigado os Profetas do Caos há um tempo e o nosso amiguinho John tem levado consideráveis quantias para eles. Você tem ideia porque alguém investiria nesse grupo?

Helena negou.

― Eu também não, mas é o que vamos descobrir em breve. 

Charlotte usou o parapeito de uma janela para subir até o telhado de uma casa de dois andares. Helena imitou os seus movimentos e se surpreendeu com a própria habilidade.

― Está no seu sangue, eu disse. ― Charlotte elogiou.

Apesar do barulho das tabernas aos longe, Brascard adormecia de modo pacífico. Helena não soube dizer se Charlotte também sentiu, mas toda aquela vista lhe provocou uma sensação peculiar. Eram as teias ocultas de uma armadilha sendo traçada. Algo acontecia na escuridão.

Charlotte prendeu novamente os cabelos ruivos e olhou para Helena com uma determinação feroz.

― Tente me acompanhar. ― Ela sorriu e saltou com maestria para o telhado da casa seguinte.

As protetoras pularam de telhado em telhado como dois gatos nas sombras. Charlotte se movia numa velocidade incrível e Helena a acompanhava maravilhada. A investigação se transformou em brincadeira quando se viram competindo uma com a outra pelos melhores saltos.

― Porque você está investigando os Profetas? ― Helena perguntou em dado momento.

― As suas forças aumentam a cada dia. ― Ela saltou para o telhado mais baixo.

Helena repetiu o salto. Àquela altura os edifícios se tornaram mais esparsos e as ruas mais estreitas e sujas. Helena não achou que pudesse existir bairro mais feio, mas existia. Charlotte se esgueirou por uma chaminé e Helena se ajoelhou ao seu lado.

― Consegue ver aquela fábrica à três ruas daqui?

Helena viu a construção retangular e monocromática. As janelas de vidros eram cobertas por tapumes e as chaminés estavam deterioradas. Mas ainda assim três guardas patrulhavam o telhado com poderosos arcos-e-flechas.

― Três guardas armados.

― Consegue ver as armas? ― Charlotte entregou a luneta de prata para ela.

― Sim, arco e flecha. ― Ela já tinha percebido.

― O que você de especial neles? ― Charlotte insistiu.

― São de prata e parecem potentes. ― Ela tornou a observar.

― Exatamente! ― Charlotte pegou a luneta. ― São armas caras demais para simples missionários.

Helena entendeu aonde ela queria chegar. Se alguém estava financiando os Profetas do Caos não era com propósitos religiosos.

― Vamos nos aproximar, mas todo cuidado é pouco. ― Ela andou feito uma onça até o beiral do telhado e saltou.

Elas se esconderam no prédio mais próximo à fábrica. Os guardas patrulhavam os telhados mecanicamente, mas nenhum deles notou as duas sombras se esgueirando até o muro. Helena quis ter algo mais potente consigo ao invés daquela adaga estupida.

Passos ecoaram na rua debaixo e Helena arriscou uma olhadela. Dezenas de mantos vermelhos caminhavam em procissão.

― São muito mais do que eu pensei que fossem. ― Charlotte sussurrou. ― Não conheço todos os rostos.

Um grupo passou sussurrando um dialeto desconhecido e Charlotte franziu o rosto.

― A língua nativa de Navisko. ― Ela sussurrou. 

― Como vamos saber o que está acontecendo na reunião?

Charlotte sorriu e pegou um lenço branco que levava no bolso. Ela o desdobrou e um besouro preto e luminoso voou ao redor delas.

― Bisbilhotis. ― Ela explicou. ― Amiguinho, como treinamos.

O animalzinho mergulhou num voo rasante e entrou por uma das frestas da janela. Era pouco mais do que um pontinho minúsculo e brilhante, facilmente confundido com um grão de poeira, quando desapareceu.

― Agora é só esperar.

O silêncio recaiu sobre a rua depois do último manto vermelho entrar na fábrica. As duas se esconderam atrás da chaminé e esperaram.

― Desculpa por aquele dia na floresta. ― Helena disse. ― Não deve ser fácil ser uma veritax.

― E não é. ― Charlotte suspirou. ― Toda vez que alguém mente para mim, machuca. E todas as vezes que eu minto, machuca também.

― Foi por isso que me trouxe?

― Contar a verdade para alguém alivia. ― Ela concordou. ― Mas precisava de você na taberna. Se eu estivesse sozinha provavelmente John não se aproximaria.

― Até parece.
― Eu posso ser.… intimidante. ― Charlotte falou num tom sério. ― Nem sei como consegui ser tão atirada. 

Uma comoção atraiu a atenção das duas. A fábrica já não estava tão silenciosa como antes. Charlotte arriscou uma olhadela quando uma flecha de prata passou rente a sua orelha. Ela arquejou.

― Fomos descobertas. ― Ela disse, voltando para a posição original. ― Não temos chance de fuga, enquanto os arqueiros estiverem ali.

Charlotte desamarrou dois leques de metal dos cintos laterais e tirou a besta das costas e entregou para Helena.

― Você sabe o que fazer.

Helena puxou o elástico para trás e a flecha de prata se posicionou. Outros guardas se juntaram ao grupo. Eram cinco ao todo.

―  O que você está esperando? ― Ela xingou.

Helena esperou a lufada de flechas que vinham em sua direção. Os guardas tinham em média alguns segundos até pegar a próxima flecha. Foi nesse momento que ergueu o corpo e disparou.

A flecha de prata zuniu e atingiu o joelho de um guarda. Ela atirou novamente, então ele caiu. Charlotte arremessou o seu leque de metal na direção do telhado, ele atingiu a garganta do outro guarda, depois retornou para sua mão coberto de sangue.

As flechas voavam na direção delas. Mais guardas se juntaram ao telhado. Helena esperou a sua oportunidade e atirou, levando três guardas ao chão dessa vez. Charlotte eliminou mais dois.

Alguns guardas saíram da fábrica armados até os dentes e entraram no prédio em que as duas se escondiam. Charlotte xingou e correu, gritando para que Helena o fizesse também.
Ela atirou na direção dos guardas do telhado mais umas vezes, então a seguiu. Elas saltaram telhado por telhado. Já não estavam mais ao alcance dos arqueiros naquele momento, mas haviam guardas em sua perseguição.

Charlotte saltou agilmente de um prédio alto para o outro. Helena estava pronta para fazer o mesmo quando uma adaga passou de raspão no seu braço. Ela se desconcentrou e caiu numa varanda.

Não havia escolha senão invadir aquela casa e atravessar por ela. Ela o fez e ouviu gritos de terror e surpresa. Não havia tempo para desculpas. Atravessou até a sacada do extremo oposto e se pendurou no beiral para subir até o telhado.
O guarda de uniforme vermelho fez o mesmo, mas ela o surpreendeu com um chute no rosto. Era jovem e de aparência miserável. Ele caiu desmaiado na sacada. Helena pegou a adaga que ele empunhava e guardou no cinto.

Ela atravessou por uma tabua de madeira e saltou para o telhado seguinte. Ela estava atrás do guardas que perseguiam Charlotte no telhado a duas casas a frente. Empunhou a besta e disparou duas flechas precisas. Um dos guardas foi atingido na perna e o outro nas costas.

― Não vamos conseguir despistá-los desse jeito. ― Ela disse quando alcançou Charlotte.

― Eu tenho um plano! ― Charlotte arfou.

Elas saltaram por mais alguns telhados, até que desceram em uma das sacadas de ferro. Charlotte pegou a besta de Helena, guardou numa bolsinha pequena de feltro e entrou na casa sem cerimônia. Em meio aquela loucura, ela se perguntou como cabia.

O cheiro de incenso e fumo preenchia o lugar. Uma música calma e inebriante tocava ao fundo. Era repleto de almofadas coloridas e tendas transparentes. Mulheres e homens seminus serviam bebidas e dançavam para quem quer que fosse.

― Como você conhece um lugar desse? ― Helena sussurrou.

― Pergunta para o Will. ― Ela revirou os olhos. ― Só me segue.

Charlotte soltou o cabelo, tirou a túnica e pegou uma bebida. Helena a imitou. As duas entraram numa tenda, na qual mulheres e homens seminus dançavam, bebiam e riam de maneira escandalosa. Ela imaginou o que Will fazia num lugar como aquele, depois se sentiu ingênua demais, era obvio.

Helena tomou a bebida e se misturou ao grupo tal como Charlotte. Tudo se esvaiu. Todas as preocupações e anseios haviam desaparecidos. Não era como se estivesse sendo caçada por dezenas de guardas irritados. Uma vontade súbita de dançar e sorrir feito uma hiena tomou conta do seu corpo.

― Você precisa relaxar. ― Diz uma das mulheres.

Helena dançou ao som da música inebriante como se aquele lugar fosse a sua segunda casa. Ela mal ouviu o estrondo nas portas do cabaré, quando dois guardas de uniforme vermelho entraram.

― Vocês não têm autorização para entrar no meu estabelecimento, senhores. ― Disse um homem magro e elegante.

― Isso nos dá autorização o bastante. ― Ele mostrou a espada.

― Isso também faz com que eu possa cortar a sua garganta. ― Ele sinalizou e todos os homens no recinto, os seus seguranças, que sacaram as suas espadas. ― Seria um desperdício.

― Cuidado, impuro. ― Disse um dos guardas cuspindo no chão.

Os homens de vermelho saíram do local com a raiva estampada nos olhos. Helena soltou a respiração. O homem sorriu e captou o seu olhar. Ele tirou as duas da tenda pelo colarinho com um sorrisinho debochado.

― Eu não me envolvo em merdas de protetores. ― Só então Helena percebeu as orelhas pontiagudas e olhos violetas de gato.

― Não vai se repetir, Lestradum. ― Charlotte o cumprimentou e foi em direção à janela.

― Ah. Ah. Ah. ― Ele pigarreou. ― Por aí não. Vou levar vocês até uma saída segura. Não conheço a sua amiga. ― Ele passou a língua nos dentes. ― Maximiliam Lestradum ao seu dispor.

Lestradum beijou a palma da mão de Helena com muito interesse, então sinalizou para que dois de seus seguranças o acompanhassem.
O grupo desceu até o porão e um dos guardas acompanhou as duas por um túnel que ficava abaixo de um alçapão oculto. Antes de desaparecer, Lestradum com um sorriso de gato, disse:

― Mande lembranças minhas à William.

****

Um capítulo um pouco maior do que no normal, mas não fazia sentido dividir. Espero que vocês tenham gostado!

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