Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

1

 

A Rua Pedacinho do Céu amanheceu envolvida numa atmosfera que representava o contrário do seu nome. Não porque o calor era extenuante, antes mesmo das nove da manhã. Na verdade, o tempo estava terrivelmente nublado, contrariando os meteorologistas locais.

Se aquela fosse uma manhã normal a Sra. Lawrence faria o melhor café da manhã para o seu marido, que estaria ocupado demais prestando a atenção no jornal matinal para notar o chupão no pescoço da mulher ou o fato de ela se empoleirar na janela sempre que o vizinho fitness dava a sua corrida matinal.

Se aquela fosse uma manhã normal o Sr. Montgomery passearia com os seus três cachorros e deixaria de proposito um belo par de fezes em frente ao portão da Sra. Costa, que estaria ocupada demais fofocando com a Sra. Ferry sobre o fato da Sra. Lawrence não tirar os olhos do novo vizinho para notar.

Mas aquela manhã na rua Pedacinho do Céu, que mais parecia o contrário, não era uma manhã normal.

― Você quer dizer um incêndio? ― Perguntou a Sra. Lawrence. Era uma mulher loira de meia-idade, conservada pelas aulas de pilates e duas horas e meia na academia do bairro.

― Incêndio. Incêndio. ― Concordou a Sra. Costa. Uma senhora gorducha com bobes no cabelos e olhos de rapina. Não gostava da Sra. Lawrence, mas quando se tratava de fofoca, todas eram amigas.

― As crianças... tem alguma vítima? ― Perguntou a Sra. Ferry, que era magricela e pálida, com um pescoço anormalmente grande e propício para o momento.

― Acharam todas... Eu acho. ― Respondeu a Sra. Costa.

― Vocês acham que podem ser um incêndio criminoso? ― A Sra. Lawrence perguntou em tom paranoico.

― Quem poderia querer matar uma dúzia de garotas? ― A Sra. Ferry respondeu.

― Se eu fosse apostar em uma apostaria naquela de cabelo cacheado. ― Disse a Sra. Costa. ― Não me olhem com essa cara! Vocês estavam tão preocupadas quanto eu quando ela chegou.

― Pobrezinha. ― Disse a Sra. Lawrence, estufando o peito quando o novo vizinho suado da corrida chegava à rua.

A Sra. Costa e a Sra. Ferry se entreolharam de maneira significativa. A simpatia momentânea causada pelo momento da fofoca se perdeu e logo a Sra. Montgomery, sem perceber, havia voltado a ser a mulher mais bonita e mais promiscua da rua. Ao menos alguns fatos daquela manhã esquisita não haviam mudado por completo.

As três senhoras fofoqueira da rua não disseram nada quando o carro preto e lustroso virou a esquina em direção ao orfanato, mas acompanharam com os olhos felinos e interessados.

― Só podem ser os federais! ― Disse a gorducha. ― Eu disse que elas estavam metidos em algo errado.

O orfanato ficava numa pequena colina no fim da rua. Os portões eram de ferro e enferrujados. Toda construção era antiga e caindo aos pedaços. Não passava de uma casa que no passado pertencera a uma família rica, mas que agora era pequena demais para abrigar as dezesseis garotas que ali viviam.

― William, quero que lide com os vizinhos. ― Pediu o passageiro do carro assim que estacionaram. ― Charlotte, quero a versão dos fatos das jovens.

Charlotte Lovegreen balançou a cabeleira ruiva e saiu do carro com o seu bloquinho de anotações. Encontrou na calçada um grupo de adolescentes chorosas e desoladas e engoliu em seco. Não estava acostumada a lidar com esse tipo de situação. Era a sua primeira missão e deveria ser impecável.

― Charlotte Lovegreen, policial. Vocês moravam na casa? ― Perguntou com uma autoridade insensível.

As mais jovens que choravam nos ombros das mais velhas concordaram de imediato. Mas uma das garotas, uma loira e magricela, estreitou os olhos em sua direção.

― Você não parece policial. ― Grunhiu uma garota gorducha.

― Não tem idade para ser policial. ― Disse a loira com olhos semicerrados. ― Está mais para assistente social, vai nos separar, não vai?

E não era ambas as coisas. As duas deveriam ter a mesma idade, mas ainda assim, Charlotte se manteve firme.

― Você tem noção sobre quantos chamados nós recebemos durante essa manhã? Não tenho tempo ou paciência para ver a minha autoridade ser questionada. Vocês moravam na casa ou não?

A garota concordou em silêncio, acuada.

― Garotas, sinto muito por sua perda, a minha colega aqui está um pouco estressada. ― Disse a voz masculina atrás de si.

A garota loira sofreu o efeito sedutor imediatamente e corou. Charlotte virou lentamente e andou em direção à William.

O rapaz tinha cabelos escuros tão indisciplinados quanto à sua personalidade. A pele era incrivelmente branca e marcada por cicatrizes estranhas, que ele fazia questão de esconder por sob uma jaqueta de couro estilosa. O garoto tirou os óculos escuros e encarou o grupo com um sorriso torto digno de um cafajeste.

― Essa é a minha tarefa, concentre-se na sua. ― Charlotte vociferou.

― Eu faria isso se você não fosse tão ruim. Veja só, está amedrontando as pobres garotas. ― Ele lançou uma piscadela. ― Fica com as vizinhas fofoqueiras. ― Então, andou até as órfãs e começou a interroga-las.

Charlotte ficou tão vermelha de raiva quanto o ruivo do seu cabelo, mas ao contrário de William, seria profissional, não faria uma cena na frente dos naturais. Então, andou até as senhoras que fofocavam na calçada.

― A responsável por vocês, Madalena, ela está...

― Morta. ― Respondeu a loira. ― Sim, está morta. Não conseguiu sair a tempo.

― Havia mais alguém responsável por vocês?

― A Sra. Dove. Margareth Dove, mas chamamos ela de Maggie. Irmã mais nova da Dona Madalena. ― Respondeu uma menor. ― Ela sentiu dores, então foi ao hospital.

Will assentiu.

― Então, ela estava ferida?

― Não, aparentemente. ― Confessou a gorducha.

― Vocês disseram que eram dezesseis, mas só estou vendo quinze aqui. ― Will apontou.

A garota loira ficou tensa e encarou as companheiras, que desviaram os olhos.

― É Helena. Ela...

― Ela ainda está lá dentro? 

― Ela se foi. ― A loira engoliu em seco. Will reconhecia uma mentira quando ouvia uma, era um mentiroso nato. ― Desapareceu pouco antes do incêndio começar. ― Contou. ― Eu não a culpo sabe, esse ano ela vai completar dezoito anos e... ― A loira suspirou. ― Coisas ruins acontecem quando você faz dezoito.

― Muito bem, vamos ver se a gente localiza a Sra. Maggie Dove e a órfã fujona. ― Will disse com um sorriso. ― Não se preocupem garotas, logo poderão voltar para a casa. ― E saiu, em direção ao seu superior.

Ivan Lee mancou até o portão de ferro e o abriu. O incêndio fora notificado às autoridades naturais pela manhã, mas quando os bombeiros chegaram ao local e não viram vestígios algum de chamas, partiram, advertindo as jovens sobre os trotes.

Não encontrariam nem sequer uma fagulha se procurassem com atenção, afinal tratava-se um incêndio causado por propriedades mágicas e somente quem tem sangue mágico ou um natural que presencia o evento consegue ver. Dá para imaginar o desespero das garotas ao verem o seu lar destruído, enquanto os bombeiros não viam nada.

Não fora só porque esse motivo que Ivan Lee estava na Rua Pedacinho do Céu. Era um daqueles momentos em que a vida nos surpreende com uma terrível coincidência, que faz você ficar acordado horas a fio, se perguntando se era realmente uma infeliz coincidência.

― O que vocês conseguiram? ― Perguntou aos dois aprendizes que se reuniam ao seu lado no quintal. Ivan era um homem de meia-idade, com cabelos grisalhos e olhos escuros. Era robusto e forte feito um cavalo, se não fosse pela perna que mancava cada dia mais. ― Charlotte, você primeiro.

― Aquela mulher Madalena era o cão em forma de gente. ― Disse. ― Proibia as crianças a irem à escola se elas não cumprissem a sua cota semanal vendendo as balas no sinal. A pobre da Maggie Dove não tinha forças para enfrenta-la. Uma das vizinhas disse que notou o incêndio por volta das seis horas e outra comentou algo sobre um grito e uma fuga de cavalos durante a noite.

― Isso explica muita coisa. ― Disse Will olhando em direção as garotas amedrontadas. ― Uma das garotas fugiu. Pouco antes do incêndio começar. Não notei nenhum sinal mágico nas outras.

― Deixa eu adivinhar, o nome da garota é Helena?

William concordou com a cabeça. Ivan assentiu para si mesmo. Ainda pensaria nas circunstâncias desse acontecimento por muitos anos a fio. Não poderia ser uma simples coincidência, poderia?

― É quem estamos procurando. ― Admitiu.

― Espera, você quer dizer que isso não é só uma patrulha rotineira? ― Charlotte perguntou, excitada. ― Quer dizer que...

― Ela é a protetora perdida, sim. ― Ivan disse. ― Will, quero que você reviste a casa. Charlotte preciso que use o dissipador. Não quero vestígios nessa rua.

A protetora perdida era um tipo de mito que Will nunca imaginou que pudesse ser real. Há mais ou menos dois anos os jornais de Brascard, a terra natal dos protetores, bombardearam o público com o conto de fadas sobre uma garota que havia sido levada de Brascard.

É claro que mundos e fundos foram prometidos ao protetor que a encontrasse, mas os meses passaram e nenhum sinal da protetora perdida, então a história foi esquecida. O que não foi esquecido fora o processo disciplinar, que culminou na aposentadoria compulsória de Gago Flitch, responsável por encontrar as flores na Árvore da Vida, que dão conta de todo nascimento protetor ao redor do mundo.

Era de se imaginar o misto de excitação e orgulho que Will sentia de si mesmo quando entrou no orfanato. Era raro que um aprendiz de protetor participasse de uma missão tão importante quanto aquela.

Todo ano os dois melhores alunos da Academia de Protetores de Brascard, responsável por treinar os protetores desde os doze, eram escolhidos, após longos e cansativos testes físicos e mentais, para auxiliarem um protetor da ativa em uma tarefa.

Naquele ano Will e Charlotte haviam sido escolhidos para o estágio durante as férias e depois de longos dias envolvidos na burocracia do ofício e rondas infrutíferas, o aviso do incêndio havia chegado para sua sorte naquela manhã nublada e tediosa.

Will agachou e revolveu as cinzas escuras. Era fogo mágico sem sombra de dúvidas. A construção de dois andares estava completamente destruída no andar debaixo. Se ao menos conseguisse encontrar o epicentro da explosão poderia divagar sobre o que havia de fato acontecido para fazer Madalena virar pó.

O protetor circundou a sala de estar e foi até a cozinha. O rastro de destruição impregnava as paredes e enchia o chão de cinzas e restos de moveis. O coração de Will parou no instante em que ouviu passos no andar de cima.

Ele correu a passos largos e pouco antes de chegar ao pé da escada já estava com uma lamina média e transparente em punho.

Os passos cessaram repentinamente e Will, diante do corredor estreito e mal iluminado do segundo andar, respirou fundo, deixando que seus instintos fluíssem dentro de si, afinal foi treinado para aquilo.

Toda essa atmosfera de terror e ansiedade o excitava. Naquele mísero instante teve uma absurda consciência de tudo ao seu redor. O estado deplorável do corredor, a fileira de quartos pequenos e simplórios, os rabiscos nas paredes e a completa ausência de decoração. Contudo o que mais lhe chamou a atenção foi a lareira no fim do corredor. Era um objeto peculiar para ser usado no Rio de Janeiro, uma cidade de verões escaldantes e que não fazia frio o bastante para tal.

Os movimentos silenciosos faziam parte de sua natureza e ignorando as três portas que haviam no corredor, Will partiu direto para a lareira que havia na outra extremidade.

Pisou numa quantidade considerável de cinzas, cuidadosamente revolvidas, como se tivessem sido colocadas ali propositalmente. O garoto enfiou a cabeça na lareira, tateando com uma das mãos, como se procurasse alguma coisa naquela parede fria.

Estava lá, como suspeitou, assim que tocou em um dos tijolos, que rangeu, revelando uma escadinha estreita e sinuosa. No instante em que Will pisou no primeiro degrau, a passagem atrás dele se fechou, trancando-o no recinto. Não restava escolha a não ser continuar.

Todo esse percurso não durou mais do que meros segundos e quando Charlotte o alcançou, já não havia mais ninguém no corredor.

Will empunhou a lamina média com segurança e subiu fazendo o mínimo de barulho possível. À medida que subia mais escuro ficava e quando já estava no topo da escada sentiu na garganta o objeto fino e frio empunhado em sua direção. Na penumbra, viu a silhueta de uma pessoa, mas muito pouco além disso.

― Antes de apontar uma arma para alguém se certifique de que não tem uma arma apontada para você também. ― Zombou.

― Eu não estou apontando uma arma para você. ― Corrigiu a voz feminina em meio a escuridão.

Will vacilou por um momento, mas foi tempo suficiente para a garota atingi-lo nos pés com uma espécie de corda elástica, que se enroscou sobre o seu corpo e o fez cair.

Will sentiu a cabeça latejar pela dor e sua visão ficou turva por um momento, no seu campo de visão, bem abaixo do telhado de madeira coberto com poeira e teia de aranhas, ela apareceu.

A garota, contrariando os seus instintos, se permitiu olhar, ao menos uma vez, antes de partir. Então, os dois se olharam pela primeira vez.

Naquele momento o ar não parou entre eles, os seus olhos negros e profundos não lhe inspiraram confiança e ela não ficou impressionada, ao ponto de baixar a guarda, com a sua beleza fria. Ao contrário, a garota se desapontou com o rapaz que parecia ter a mesma idade que ela.

― Então, é isso que mandam atrás de mim? ― Ela disse com desdém.

William, ao contrário, admirou a pele negra e os cabelos volumosos e cacheados da garota, que caiam como ondas revoltas até a cintura, mas o que mais lhe prendeu a atenção foi o par de olhos castanhos no rosto em formato de coração. Os olhos eram grandes, inquisitivos e com profunda determinação.

― Você é Helena, certo? ― Perguntou Will, se contorcendo para se livrar da corda elástica.

― Você veio aqui para me prender, porque acha que eu responderia alguma coisa?

A desconhecida caminhou até uma abertura na parede, onde supostamente deveria haver uma grande janela, mas não havia nada além de uma cortina feita de saco plástico para conter o vento. Will se contorceu desesperadamente para se livrar da corda. Não podia perdê-la de vista.

― Não quero prender você! ― Gritou Will. ― Estou aqui para ajudar!

― Ah, com certeza está. ― Ela ironizou. ― Não se preocupa playboy, eu sei me cuidar.

A menina se virou e sorriu antes de saltar de braços abertos, como se estivesse caindo em uma cama de plumas. O sorriso insano fez com que Will tivesse medo dela e fez com que quisesse persegui-la em igual intensidade.

Assim que ela se fora, a corda elástica também desapareceu e Will xingou mentalmente por ter sido burro ao ponto de pensar que aquela corda era uma corda qualquer.

O protetor caminhou até a abertura, mas não havia nada lá embaixo a não ser a varanda deserta do segundo andar. A protetora perdida estava perdida novamente e, dessa vez, ele a havia perdido.

No instante em que o sol, tímido, saiu momentaneamente por de trás das nuvens carregadas, um objeto metálico chamou a sua atenção.

Will imitou o salto da garota. O vento bagunçou seus cabelos e fez a sua jaqueta parecer uma capa, até ele aterrissar com graciosidade no chão.

O protetor tomou o colar nas mãos, que provavelmente caiu enquanto ela saltava. O objeto parecia uma joia confeccionada no século passado e, se Will estivesse certo, tinha muito valor para a sua dona.

Um sorriso determinado despontou de seus lábios. O protetor guardou o colar no bolso da calça e, estranhamente, soube que mais cedo ou mais tarde se encontrariam novamente. 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro