Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

O berço

Lena, a Chanceler-mor da Casa Alma, vivia só no quarto da única torre do Magistério. Além do seu cargo, era conhecida pelo dom mais forte da sua Casa: conseguia arrasar exércitos com as suas emoções. Embora controlasse tal habilidade com mão de ferro, esta escapava do seu controlo quando baixava a guarda ou sonhava. Assim, decidira viver afastada do seu povo, para protegê-lo e por ser uma maneira saudável de estimular o mistério que costumava envolver entidades poderosas como ela. Ainda assim, Lena era modesta e os seus aposentos pouco mobilidades transpareciam o seu desapego pelos bens materiais.

Despertando à hora habitual, afastou o cobertor para o lado, sentou-se na cama e estalou as costas, surpresa com a meteorologia. Costumava acordar durante o crepúsculo, com os sons silvestres da floresta que rodeava o Magistério e com o primeiro raiar da manhã na janela. Todavia, hoje a floresta estava muda e o Sol, totalmente encoberto.

As nuvens negras que passavam pela janela eram um mau agouro e Lena, temendo saber o que as trazia, trocou a túnica de noite por um vestido tulipa verde-escuro e levitou até ao espelho do quarto de banho, onde prendeu o cabelo ruivo com um lápis prateado. Olhou-se um momento ao espelho — ela ainda não o sabia, mas seria a última vez que via a sua imagem. Descalça, atravessou a parede da torre do Magistério e esvoaçou até ao local da floresta donde emergiam as nuvens clandestinas.

No centro da tempestade em formação, duas Oblivium procuravam abrigo na sua floresta, uma mãe e a sua bebé. Lena reconheceu a mulher — era Elisa, o amor proibido de Richard, um dos melhores representantes da Casa Alma. Lena aproximou-se delas, desiludida. Pensava conhecer Richard tão bem quanto ele a conhecia, contudo, não fazia ideia de que ele havia sido pai. E para quê tanta pressa?, perguntava-se, voando e pousando no ramo mais robusto de um castanheiro próximo. Se Lena as quisesse fora do Magistério Alma, não teria problemas em expulsá-las, mesmo que Elisa avançasse como uma chita.

Lena voltou a fitar as nuvens negras que escondiam a floresta da manhã e percebeu o que afligia a bruxa clandestina. Antes de poder reagir, um relâmpago de luz vindo da vegetação embateu no arbusto próximo das Oblivium, arrancando-as do solo. A mãe amparou a sua bebé com os braços e caiu uns metros adiante, esfolando o ombro nas raízes expostas do castanheiro onde Lena repousava.

Surpresa pelo relâmpago, Lena procurou a sua origem e encontrou-a em três soldados Ilariht, que se aproximavam ameaçadoramente das suas visitantes clandestinas. Soltaram mais raios contra Elisa, que, sem força para se desviar, defendeu a bebé com o seu corpo. Contudo, nenhum dos ataques as alcançou, pois Lena libertara o seu Pulsar, a famosa energia protetora dos Alma, sobre elas.

Elisa seguiu o Pulsar até ao topo do castanheiro e agradeceu a Lena com um aceno. Pousou a sua bebé no sopé da árvore, lavou as lágrimas derrotadas que lhe escorriam do rosto com a manga da camisola e abriu os braços para a floresta. Podia estar demasiado exausta para continuar a fugir, mas jamais morreria sem dar luta. Inspirou fundo, conjurou as suas capacidades Oblivium e o ambiente começou a escureceu. Lena arqueou as sobrancelhas de espanto — Elisa estava a absorver a pouca luz que atravessava as suas nuvens, de tal modo que em poucos segundos deixou de conseguir vê-la. Do outro lado da floresta, os Ilariht libertaram um clarão que ameaçou superar a escuridão, no entanto, a Oblivium manteve-se firme, absorvendo também a luz que eles emitiam. Lena sabia que a guerrilha estava prestes a terminar. Além de Elisa estar esgotada, absorvia demasiada energia e teria de a libertar não tarda, engolindo a floresta e tudo o que esta envolvesse com ela.

Da copa do castanheiro, Lena saltou e planou até à bebé. A escuridão podia impedir os opositores de as avistarem, porém, Lena não tinha problemas em vê-los. Como Alma, sentia a presença da floresta condenada, das duas Oblivium e dos três Ilariht que as caçavam. Pegou cuidadosamente na bebé ao colo e sentiu a resignação de Elisa, que tremia com a luz que absorvia da floresta e dos opositores Ilariht.

Lena voou velozmente até os portões do Magistério Alma e recostou a criança num dos dois bancos de pedra que se dispunham na entrada. No momento seguinte, a luz voltou, as nuvens dissiparam-se e a mãe Oblivium explodiu num clarão abrasador, incendiando a floresta e ameaçando devorar o Magistério Alma. Com a visão irradiada pelo clarão, Lena gritou de dor e fechou os olhos. Antes que o calor a alcançasse, libertou o seu Pulsar pelo Magistério. Era uma barreira formidável e apenas a Chanceler-mor conseguia conjurar uma de tamanha dimensão. Com o passar das gerações, a Casa Alma havia enfraquecido e Lena era a última dos grandes Alma. Ainda assim, emanar o Pulsar requeria imensa energia, pelo que Lena apenas o manteve por breves momentos, o suficiente para enfrentar a explosão e evitar a desgraça do seu Magistério. Em contrapartida, o pouco que restava da floresta ardia e, quando voltou a abrir os olhos, reparou que estava cega. Agoniada, Lena engoliu em seco, voltou a segurar na bebé e permitiu que as suas habilidades a conduzissem até ao novo pai. Ela teria de ser rápida e discreta, o sol já havia ultrapassado a linha do horizonte e a explosão de luz libertara um estrondo audível a vários quilómetros de distância — certeza disso eram as janelas recém-iluminadas que surgiam no Magistério. Alunos, professores, estadistas, estudiosos e demais Almas haviam de querer saber o que se passara na floresta. A sua Chanceler-mor dir-lhes-ia como a floresta morrera, de que forma perdera a visão e o quão desesperada ficara a mulher Oblivium, mas ninguém saberia da bebé.

Com o plano delineado, Lena voou para o quarto do pai da criança, tentando não pensar na visão que acabara de perder. Entre os escombros da floresta, o único Ilariht que sobrevivera ao clarão afastava-se paulatinamente, satisfeito por não encontrar réstia da bebé e da sua mãe.


----------

Richard despertou em aflição e suores frios. O seu coração bombava violentamente, tomado por um desespero somente equiparado ao que havia sentido há uma década, com o falecimento do seu pai. Na altura, ele acordara a tempo de o abraçar uma última vez. Aterrorizava-lhe desconhecer quem tinha perdido desta vez. Podia ter sido um dos seus amigos mais íntimos, como Lena, mas não sentia ser o caso. A sensação era pior do que quando o seu pai morrera, o que apenas podia significar uma coisa: Elisa tinha perdido o bebé.

Richard, não me disseste que tinhas uma filha — repreendeu Lena, subitamente no seu quarto.

Surpreso, tentou sair da cama, mas constatou que tinha os músculos doloridos e a cabeça a latejar. Com esforço, sentou-se. Afinal, fora Elisa que morrera.

Sabes que facilito tudo quanto posso, mas a tua bebé coloca a nossa Casa em perigo.

Apesar do que tinha acabado de experienciar e de não conseguir ver, a Chanceler-mor mantinha a sua beleza flutuante, com um pequeno sorriso leniente dirigido para o montinho de trapos nos seus braços onde a bebé dormia. Lena levitava a dois palmos do chão, com o vestido tulipa verde-escuro a pulsar. Sentindo a ânsia do amigo, sentou-se ao seu lado na cama e levou a mão de Richard à nuca da bebé.

Ela é um de nós? — perguntou-lhe Richard, com a cabeça demasiado pesada para levantar o olhar do chão e encarar a Chanceler-mor.

Tu sabes ao que a tua criança se resume, Richard. Ela é Alma e Oblivium num só e eu não quero imaginar o que acontecerá se a Casa Ilariht descobrir que a temos.

Richard rodou tremulamente a cabeça até encarar Lena, preparado para a confrontar com a noção de a sua bebé ser um Alma tão digno quanto qualquer outro. Lena suspirou e prosseguiu o discurso:

Não recusarei abrigo a nenhum Alma, mesmo a um com uma segunda metade. Caso pretendas que a nossa Casa a receba, a sua identidade não sairá deste quarto. Ninguém poderá saber que a tua bebé é Oblivium, nem mesmo ela. É a única forma de a mantermos segura.

Richard permaneceu imóvel, apenas movimentando os órgãos da fala:

Ela viverá somente como Alma, Lena. Tens a minha palavra.

Ótimo! — exclamou a Chanceler-mor, pousando a bebé no colo do pai. — Vou falar com a Débora. Precisas de alguém para fazer de mãe.

A Débora não está prestes a dar à luz? — atentou Richard, demasiado zonzo para seguir o seu raciocínio arrojado.

Ela teve a criança esta madrugada — esclareceu ela, perdendo momentaneamente o sorriso. — Sinto que morreu.

Emotiva, Lena saiu do quarto às apalpadelas pela parede. Podia continuar a usar a suas habilidades Alma para se guiar pelos corredores, porém, temia libertar o seu dom se o fizesse. Oportunamente, estava a um lanço de escadas da enfermaria e conhecia o Magistério tão bem quanto a palma da sua mão.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro