Capítulo XII
1025palavras
●New York, Upper West Side, 02 de maio de 2000
- 17:00 p.m.
Não demoraram para chegar ao seu apartamento, já que saíram em um horário mais tranquilo e menos movimentado. Mesmo assim, gastaram entorno de trinta minutos, o que era bem rápido se comparado a uma hora, uma hora e meia costumeira.
Nada falaram durante o trajeto. Ainda estava muito aborrecida, preferindo ficar quieta a olhar a paisagem por enquanto que John dirigia muito feliz ao seu lado, a irritando ainda mais.
Ao parar na frente de seu prédio, finalmente o olhou.
-Obrigada pela carona.
Abriu a porta disposta a sair o quanto antes, mas logo foi interrompida:
-Eu te acompanho.
-O que? Não precisa ter tanto trabalho. Tenho certeza que consigo chegar sã e salva até o meu apartamento.
-Eu sei, mas faço questão - comentou deixando claro suas intenções.
Bufou consternada, revirando os olhos em tédio, mas nada mais disse.
John saiu do carro a acompanhando pela calçada até a entrada do prédio.
-Esse edifício é incrível. Você sabe qual é o estilo arquitetônico? - questionou olhando com admiração a faixada.
-Não - comentou perdida, não entendendo o porquê da pergunta. - Você se interessa por essas coisas? - inqueriu surpresa com a descoberta.
-Sim. Minha segunda opção era arquitetura, sabe.
-Essa é nova para mim.
-É, eu sei. Não tem nada a ver uma coisa com a outra, mas gosto de ficar observando.
-Hum, entendi - comentou empurrando a porta do hall de entrada.
-Boa tarde senhorita White - o porteiro a cumprimentou.
Era um senhor simpático de mais de setenta anos que trabalha lá há mais de trinta. Apesar de não se falarem muito, sempre se sentia mais animada ao vê-lo.
-Boa tarde, Marcus. Como o senhor está? - perguntou sorridente.
-Ah, estou bem. Apenas com as velhas dores nas costas, mas sabe como é...
-Sei - murmurou acenando, no qual John a acompanhou no gesto.
-Que senhor simpático - o moreno comentou a acompanhando.
-Sim, ele é. Mas, adora uma fofoca. Tenho certeza que amanhã a maioria dos inquilinos vão estar sabendo que trouxe uma visita para casa.
-Isso é ruim? Você não traz ninguém para casa?
-Só não gosto que fiquem falando de mim - cortou constrangida com a constatação do amigo.
-Qual é o seu andar? - voltou a falar mudando de assunto.
-Décimo quarto.
-Caramba, é alto. Quantos andarem são?
-Vinte - comentou entrando no elevador e apertando o botão do seu andar, que logo começou a subir.
-A vista deve ser incrível.
-É sim. Principalmente de manhã cedinho - deixou escapar um pequeno sorriso. - Gosto de levantar cedo para olhar pela janela o nascer do sol.
-E como é o seu apartamento?
-Está bem curioso, não acha? - rebateu debochada.
-Estou apenas tentando manter um diálogo saudável.
-É claro - murmurou ficando quieta por alguns segundos. - É bem confortável, se é isso que quer saber.
-Qual é o tamanho?
-Vai comprar um apartamento por aqui?
-Quem sabe? É um bairro muito bom.
-Tem três quartos, sala, cozinha, dois banheiros, uma sacada. Ele é grande, principalmente quando se mora sozinha.
-Caramba, três quartos!? Você deve fazer rodizio, dormindo cada dia em um quarto diferente.
-Na verdade, dois. Faço um de escritório. Mas nunca tive essa ideia - comentou saindo para o corredor vazio. - Essa é nova para mim.
-Bem, eu teria feito isso. Novos ares - falava descontraído com as mãos dentro dos bolsos, olhando com genuíno interesse a sua volta.
Sorriu com o comentário, finalmente parando a entrada de seu apartamento.
-Bem, chegamos. Bem-vindo ao número 1405 - Comentou pegando as chaves da bolsa. - Só vou te avisando que não tenho nada para oferecer de comida. Minha geladeira está completam vazia. Você vai ter que se contentar...
Parou de falar no mesmo instante, olhando atentamente para a fechadura.
-O que foi? - perguntou ao notar sua visível mudança de humor.
-Estranho. A porta está aberta - disse a empurrando.
-O que? - inqueriu preocupado, segurando sua mão para a impedir de abrir.
-Não deve ser nada. Devo ter esquecido de trancar - disse o mais óbvio.
-Você faz isso direto?
-Não. Sempre confiro se está trancada. Mas pode acontecer.
-Sim, mas não devemos arriscar.
Suspirou cansada, colocando a bolsa no chão e pegando o revólver do coldre, a destravando. John a seguiu no gesto.
-Isso é exagerado, mas tem razão - comentou cansada, pronta para atirar se fosse preciso.
-Liz, espere!
O ouviu atrás de si, mas não o deu ouvidos, entrando no recinto, olhando cada cômodo com atenção redobrada, apesar de não demorar a concluir que estava vazio.
Não tinha ninguém.
-Está limpo - comentou voltando para a sala.
-Que bom, mas é bem suspeito.
-Que nada. Devo ter esquecido de trancar. Isso acontece.
-Sim, mas não podemos arriscar.
-O que quer dizer? Porque está segurando o celular?
-Liguei para o departamento.
-Você o que? - disparou exaltada.
-É o certo a se fazer. Você foi ameaçada. Isso pode ser um grande problema.
-Não deveria ter se precipitado dessa maneira - retrucou zangada, o fuzilando.
-Já o fiz, e eles estão a caminho - concluiu dando de ombros.
--Não acredito nisso - resmungou revoltada, rindo de nervoso, olhando a sua volta perdida. - Não deveria ter agido assim! Se está tão preocupado, ok, vou mudar a tranca. Mas, não devia ter envolvido o departamento. Agora não vou ter um segundo de descanso.
-Não é assim.
-Você sabe que é sim!
-Tudo bem, vou falar com eles. Não se preocupe. Mas, até que mude as trancas, vai ter que ficar em outro lugar.
O olhou indignada, mas para findar a discussão, apenas aceitou.
-Ok. Mas, detesto ficar em hotéis. E Ann viajou para um congresso na Califórnia. Só vai voltar daqui três dias - reclamava se sentindo injustiçada.
-Pode ficar na minha casa. Não é tão espaçosa quanto o seu apartamento, mas acredito que dá para o gasto - falava tranquilamente a observando em expectativa.
-Não sei. Não quero dar trabalho - disse hesitante.
-Não será incômodo algum. E, vai ser por pouco tempo.
-Tudo bem. Mas apenas um dia!
-Sem problemas.
-Ótimo. Então, liga de volta para resolver a bagunça que fez, por enquanto que pego algumas coisas.
-Certo.
Anuiu, indo para o seu quarto, ainda se sentindo frustrada por ter que sair de casa.
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