Calcinha com estampa de ursinho
Era quarta-feira, seis horas da manhã, e eu já estava na escola, morrendo de frio e esperando o professor Irritadinho chegar. Eu tinha feito exatamente como ele tinha me dito, cheguei antes dele e estava com um copo de café puro em mãos.
Seis e dez, e nada dele chegar, eu já estava começando a ficar impaciente e o café estava começando a esfriar por conta do frio, então, pensei em dar um gole nele para tentar me esquentar, nem que fosse apenas por dentro. Certo que era café puro e devia ter gosto de morte — deve ser por isso mesmo que ele gosta, já que ele é um demônio e se alimenta de almas! — , mas naquela hora, o café com gosto de morte me parecia tão convidativo.
Eu abri a tampa e estava prestes a dar um gole no café que continha mil almas de crianças inocentes...
— Eu espero que esse café que você esteja prestes a tomar, não seja o meu.
Droga! Eu levei um susto tão grande, que acabei derramando um pouco do café no chão, perto dos meus pés.
— Você é inacreditável mesmo — professor Collins murmurou, enquanto revirava os olhos e me encarava. — Venha logo, eu vou abrir a sala dos professores para você começar a fazer o seu trabalho — disse enquanto ia em direção à sala dos professores.
— Bom dia para o senhor também! E eu não estava bebendo o seu café, só estava ajeitando a tampa que saiu um pouco do lugar — eu disse em uma óbvia mentira, enquanto tentava fechar o café novamente, só que estava difícil tentar fechar e acompanhar ele ao mesmo tempo.
Olha o tamanho das pernas desse homem! Ele tem o quê? Dois metros de altura? Eu mal consigo alcançar a prateleira de cima do meu guarda-roupas!
— Claro, só ajeitando... — ele respondeu enquanto abria a sala, sua voz banhada em ironia. — Ali, aquela é a minha mesa com todos os papéis que você vai precisar organizar — instruiu, apontando para uma mesa que ficava mais ao canto da sala dos professores.
Segui o dedo erguido e não acreditei no que os meus olhos estavam vendo.
A mesa que ele apontou estava simplesmente amontoada com papéis, todos jogados em cima da mesa em uma verdadeira bagunça.
E aquilo tudo era para eu organizar sozinha? Eu?
— Você é uma pessoa que com certeza não conhece o sentido da palavra arrumação... olha só, isso aqui está terrível — eu disse, me aproximando devagar daquele show de horrores.
— Me sinto mais aliviado por ter arranjado uma ajudante, então — respondeu, enquanto dava um tapinha no meu ombro, como se me incentivasse.
Eu queria era me virar e enfiar esse tapinha no meio da cara dele!
— E então, onde está o meu café? — ele perguntou, estendendo a mão na minha direção.
— Aqui, café puro, como o senhor pediu.
Entreguei o café na mão dele e fiquei observando-o abrir a tampa do mesmo e tomar um gole.
— Está gelado! — acusou, fazendo uma careta de nojo.
— É claro que está! Eu estou aqui desde às seis horas esperando o senhor com esse café nas mãos!
— Bom, agora você sabe o horário que eu sempre chego, da próxima, me traga ele quente.
Morte! Eu pensei em matá-lo ali mesmo. Só tínhamos nós dois, depois era só esconder o corpo e ninguém nunca iria desconfiar...
— E então, você vai ficar aí parada e me olhando?
— Não, eu prefiro começar a fazer o que eu vim fazer — resmunguei enquanto me virava e ia em direção à mesa de trabalho dele.
Me sentei e comecei a arrumar aquela mesa, tentando deixar de lado todos os meus pensamentos homicidas. Era incrível como ele despertava toda essa raiva dentro de mim, ao ponto de me fazer imaginar uma cena de assassinato onde ele era a vitima e a assassina era ninguém mais, ninguém menos do que eu mesma.
— Não. Você está fazendo tudo errado — ele falou exasperado de repente, como se eu tivesse feito uma coisa horrível. — Separe as coloridas e as brancas coloque por ordem alfabética — mandou/ordenou, apontando para as minhas mãos que estavam organizando os papéis.
A primeira vez... era a primeira vez que eu sentia vontade de matar alguém de verdade!
Maldito mandão, desgraçado, folgado e imbecil!
Eu poderia continuar citando a lista que eu fiz só de insultos para o professor Collins, mas os professores começaram a chegar na sala e eu resolvi começar a organizar do jeito que ele mandou logo, para que eu pudesse sair o quanto antes dali.
Alguns minutos mais tarde, eu estava começando a ficar com a minha mão dormente de tanto organizar papéis, e entediada também, então, resolvi parar um pouco e comecei a olhar em volta.
Em um canto, em uma mesa redonda, alguns professores tomavam café e conversavam entre si, no outro lado, o professor de física parecia estar bem concentrado corrigindo o que pareciam ser provas e, na minha frente, em uma cadeira, distraído, estava o professor Irritadinho lendo um livro.
Eu não consegui ler o título do livro que estava em suas mãos, mas parecia que ele estava se divertindo muito com ele.
Ele passava o dedo indicador no queixo, enquanto ria em silêncio de alguma coisa engraçada que devia estar acontecendo no livro. Naquele momento, não parecia aquela pessoa horrível pela qual eu nutria o meu mais total desgosto, muito pelo contrário, ele estava belíssimo distraído daquele jeito, e os olhos dele embaixo daqueles óculos quadrados eram muito bonitos também, eles tinham uma cor diferente, acho que era a cor mais bonita que eu já havia visto. E então, ele sorriu e inevitavelmente eu sorri junto. Ele, quieto assim, com toda certeza era uma pessoa bem melhor do que quando abria a boca para falar algo.
Ele devia aderir à moda da boca fechada.
— O que você está fazendo aí, parada me encarando?
Quando eu dei por mim, ele estava olhando na minha direção também e eu fiquei com muita vergonha, sem saber explicar o porquê de eu estar olhando para ele, fui tentar fingir que nada aconteceu, mas quando me virei para o outro lado — para tentar esconder meu rosto vermelho —, eu acabei derrubando a pilha de papéis que eu havia acabado de organizar.
— Merda, merda! — exclamei enquanto me abaixava para pegar os papéis.
— Se você não se distraísse tanto, isso não teria acontecido.
Definitivamente eu retiro tudo o que pensei sobre esse idiota! Ele é só isso mesmo, um completo e total idiota.
Eu comecei a reorganizar tudo e quando dei por mim, já eram sete e quarenta e três, já tinha passado da hora de eu estar na sala de aula.
Comecei a pegar minhas coisas para poder subir para a minha sala de aula.
— Professor Collins, eu já vou indo para sala de aula — falei enquanto já ia na direção da porta.
— Volte aqui, conversei com o seu professor de química e disse que você ia estar aqui me ajudando.
Ele o que? Eu iria perder aulas para arrumar papéis?
Tudo bem que eu não gostava nem um pouco das aulas de química, mas eu preferia estar lá, com Rafaela tentando me ajudar a entender a matéria, do que aqui arrumando papéis em ordem alfabética e por cores para o professor Irritadinho!
Eu me virei e me sentei novamente na mesa, notoriamente inconformada com a situação. Olhei para ele que se divertia com o meu descontentamento.
Se olhares pudessem matar, com certeza o senhor Collins já estaria morto e enterrado há muito tempo.
Dez minutos se passaram e eu não aguentava mais aquilo tudo!
— Eu não aguento mais! Preciso me levantar, a minha bunda já está começando a doer — murmurei, me debruçando cansada na mesa.
— Santo Deus, como você é exagerada.
Dito isso, eu ouvi ele começar a arrastar algo na minha direção. Levantei a cabeça na mesma hora para que, seja lá o que fosse que ele estivesse planejando, não conseguisse me pegar desprevenida.
E quando eu vi, ele estava apenas arrastando uma cadeira para o meu lado e se sentando nela.
— Por que você está vindo para o meu lado? — perguntei enquanto arrastava a minha cadeira para longe da dele.
— Eu vou te ajudar a acabar logo. Você está aí a quase duas aulas — ele respondeu enquanto revirava os olhos.
Não disse mais nada, se ele queria me ajudar, eu não iria reclamar, afinal de contas, queria sair logo dali.
E no final, por incrível que pareça, ele me ajudou mesmo e antes de tocar o sinal para dar início a segunda aula, nós já tínhamos acabado de arrumar todo aquele amontoado de papéis.
— Livre! Eu estou finalmente livre — comemorei, já me levantando e me alongando.
— É, você está livre e atrasada para a sua aula — ele respondeu, estalando a língua. Insuportável... — Suba logo de uma vez.
Eu olhei para ele com cara de desgosto, mas era um estraga prazeres mesmo! Parece que ele não podia ver nenhum sinal de felicidade perto dele que já se arrumava para aniquilá-la.
— Na penúltima aula me encontre aqui para me ajudar a levar alguns desses papéis para os alunos do segundo ano.
— O que? Ainda tem mais trabalho? — perguntei para ele, não crendo.
Vai que esse era o jeito dele de tentar ser engraçado... porque sério, aquilo só podia ser uma piada.
— Sim, ainda tem mais trabalho para a princesa — ele falou, obviamente caçoando de mim.
Eu simplesmente me virei e decidi que iria subir logo para sala, antes que eu acabasse perdendo a paciência de vez com ele.
Quando cheguei na porta da minha sala, eu vi que já estava tendo aula e era a professora de filosofia quem estava lá dentro, na mesma hora o meu coração se encheu de alegria, eu adorava as aulas de filosofia da professora Nina, elas eram simplesmente maravilhosas.
— Com licença, professora — eu pedi. — Me desculpe pelo atraso.
— Mas é claro minha querida, pode entrar — ela respondeu enquanto me mandava aquele sorriso reconfortante dela.
Me encaminhei para a minha mesa logo atrás de Rafaela, com o pensamento de que todos os professores deveriam ser como a professora Nina; alegres, bem humorados, que não nutrissem desgosto por seus alunos e principalmente que não colocassem eles para arrumarem pilhas de papéis enormes!
— Onde você estava? Eu pensei que você não tivesse vindo para a escola hoje — Rafaela "sussurrou", na minha direção quando me sentei.
— Eu estava lá embaixo, na sala dos professores ajudando o professor Collins — expliquei enquanto retirava o meu caderno da mochila.
— Ajudando o professor Collins? Por que você estava ajudando o professor Collins? — ela perguntou confusa.
— Ele me pediu para ser a ajudante dele esse ano.
"Pedir" não era bem a palavra, na verdade, ele não tinha me dado muita escolha...
— Sério? Eu pensei que ele não gostasse muito de você depois daquela cena que ele fez aqui na sala de aula.
E ele não gosta, amiga, vai por mim, ele não gosta mesmo.
— É, talvez seja só o jeito dele mesmo — a quem eu estou querendo enganar?
— Estranho, mas pelo menos em matemática talvez você se salve.
— É, talvez eu me salve — a quem eu estou querendo enganar de novo?
As aulas passaram normalmente e o intervalo também, o horário de ajudar o senhor Collins a levar os papéis para os alunos do segundo ano se aproximava, não que eu estivesse ansiosa ou algo do tipo, era só que eu era uma pessoa muito esquecida, então para não esquecer do meu compromisso com o professor Irritadinho e fazer ele desgostar de mim mais ainda, eu tinha posto um lembrete no meu celular para me avisar quando estivesse perto da hora.
E é isso que o lembrete estava fazendo naquele exato momento, me lembrando que daqui a exatos vinte minutos, eu deveria descer para buscar os papéis.
— Livi, eu tenho uma pergunta para te fazer — Rafaela falou de repente, enquanto mexia nos cabelos, fingindo estar distraída.
Eu já comecei a desconfiar daquilo, quando Rafaela começava a mexer nos cabelos desse jeito, era porque ela iria me pedir alguma coisa.
— Qual a pergunta, Rafa? — perguntei, olhando desconfiada para ela.
— É que eu estava conversando com o Jason, e ele me disse que... ah! Quer saber? Deixa pra lá — ela espantou a ideia com as mãos e começou a arrumar suas coisas na mochila.
— Ah não! Agora você vai falar!
Quem ela pensava que era para me deixar curiosa?
— Vai ter uma festa na...-
— Não quero mais saber, mudei de ideia.
— Por favor, eu quero muito ir com você, Olivia! — ela disse, juntando as duas mãos e me implorando.
— Você sabe que eu não gosto desses lugares, Rafaela.
E eu não gostava mesmo, era só um amontoado de adolescentes bêbados e drogados, dançando para lá e pra cá.
— Eu sei, mas vai ser legal, o Jason vai estar lá então nada vai acontecer.
Na verdade, era bem capaz de algo acontecer por Jason estar lá.
— Onde vai ser isso?
— Em uma casa de uma menina aí.
— Você nem sequer sabe onde é? E você não conhece quem vai dar a festa? — maluca, era isso que ela era.
— Qual é, Livi?! — ela falou revirando os olhos. — A gente nunca sai para se divertir, vai ser muito legal! Vamos, por favorzinho! — tentou mais uma vez, enquanto agarrava minhas mãos e fazia bico.
— Eu vou ver e te falo, Rafaela.
— Isso é melhor que um não, não é?
— Com certeza.
E então, meu celular começou a vibrar indicando que a hora do julgamento final havia chegado, e eu deveria ir me encontrar com o senhor Demônio.
— Eu tenho que descer, Rafa, vou ter que ajudar o professor Collins com algumas coisas — disse já me levantando apressada e pegando as minhas coisas.
— Certo, vai lá, eu vou te esperar para nós irmos embora juntas.
— Certo — mandei um beijinho para ela e sai da sala.
Eu entrei na sala dos professores e encontrei ele sentado na mesa dele, já começando a juntar alguns dos papéis.
— E então, quais são os papéis que eu devo levar? — perguntei, me aproximando da mesa.
Ele levantou a cabeça, e quando viu que era eu quem estava ali, ele apontou para os papéis que eu deveria levar.
— Você está atrasada, eu pensei que não fosse vir! — ele acusou, saindo da sala com a sua parte dos papéis já em mãos.
O QUE? ATRASADA?
— Não estou atrasada, eu tenho certeza que cheguei bem na hora!
— Bom, você precisa rever o seu senso de horário então.
Eu iria responder alguma grosseria de volta, mas ele entrou na sala do segundo ano e eu só abaixei a cabeça e entrei junto com ele.
Eu odiava chamar a atenção, e estar me encaminhando à mesa do professor, que fica na frente da sala inteira, não me ajudava nem um pouco nisso.
— Pode colocar os papéis bem aqui — apontou para o local onde eu deveria deixar os papéis.
Coloquei os papéis em cima da mesa e ajeitei a minha mochila nas costas.
— Pegue uma cadeira e sente aqui ao meu lado — ele ordenava as coisas e eu só concordava com a cabeça, mas então, eu olhei assustada para ele, finalmente entendendo o que ele tinha dito.
— O que? Eu vou ter que ficar aqui também? — insatisfação era o que eu sentia naquele momento.
— Eu vou precisar da sua ajuda para ir devolvendo os trabalhos. Dois trabalhando, acabam mais rápido — ele falou, começando a tirar as coisas que iria precisar de sua bolsa.
"Dois trabalhando, acabam mais rápido", murmurei mentalmente.
Preguiçoso, esse é o seu trabalho, não o meu!
Terminando de arrumar as coisas na mesa, ele começou a chamar alguns nomes e a entregar os trabalhos e realmente, dois juntos com certeza acabam mais rápido.
Mas nem morta, amarrada ou a base de chicotadas eu admitiria isso em voz alta para ele.
— Pronto, nós já podemos ir embora — ele disse, enquanto guardava as coisas dele.
Todos já tinham ido embora da sala e só restavam nós dois ali. Será que Rafaela se lembrou de mim e ainda está me esperando?
— Então, eu já vou indo — e eu me levantei da cadeira onde fiquei sentada por um bom período de tempo.
E talvez essa tenha sido a minha maior burrada em todos os meus dezessete anos de vida, porque assim que eu me levantei, consegui escutar o barulho de algo rasgando.
— Certo, até amanh...-
Ele não terminou de falar, porque começou a ter um ataque de risos.
A minha saia! Uma linha dela ficou presa na cadeira e quando eu me levantei, ela rasgou bem na minha bunda!
Eu me abaixei na mesma hora, meu Deus! Eu estava muito envergonhada, ele deve ter visto a minha bunda! Acho que o sangue inteiro do meu corpo foi parar no meu rosto!
Que vergonha, por que essas coisas acontecem comigo?!
— Pare de rir da desgraça dos outros e me ajuda pelo amor de Deus! — eu gritei por cima de suas risadas, querendo na verdade levantar e matar ele pela segunda vez no dia.
Ele estava vermelho também, mas diferente de mim, que era de constrangimento, ele estava vermelho de tanto rir.
Ele foi parando aos poucos de dar risada e então retirou o paletó dele e me entregou.
— Toma. Isso vai impedir de todos verem a sua calcinha com estampa de ursinhos — e dito isso, ele começou a rir de novo.
— Olha aqui! — falei enquanto apontava na direção do rosto dele, acusadoramente. — Eu não vou te agradecer se você continuar aí, rindo às minhas custas! Seja um cavalheiro e finja que isso nunca aconteceu — eu estava irritada, enquanto amarrava o paletó na minha cintura.
Irritada e envergonhada.
— Impossível, você já deve ter o que? Dezessete anos? E continua usando calcinha com estampa de ursinhos? — perguntou, dando indícios de que iria começar a rir de novo.
— Esquece da minha calcinha! — gritei, jogando a minha mochila na direção do rosto dele.
Era agora que eu teria que pôr os meus planos de homicídio em prática, ele não podia continuar vivo depois de ter visto a minha calcinha!
Mas infelizmente, ele foi mais rápido e conseguiu segurar a mochila muito antes dela sonhar em bater no rosto dele, atravessar o crânio e então bater contra a parede.
— Certo, vamos logo embora, menina. Eu vou te deixar na rua de casa — ele disse isso enquanto limpava o canto dos olhos, molhados pelas lágrimas das risadas que ele havia dado às minhas custas.
Sim, ele chorou de dar risada por conta da minha calcinha.
E eu queria me enterrar viva por conta disso.
Espera... olhei confusa na direção dele.
Na rua da minha casa? Ele estava dizendo que ia me acompanhar até a rua da minha casa?
— Por que você vai me levar até a rua de casa? Se você não gosta de mim, deveria querer se manter afastado, não é?
Eu fiquei muito irritada por ele ter rido tanto da minha calcinha... qual é? Eu gosto da estampa dela, é fofa.
— Eu moro na mesma rua que você, então não ia fazer muita diferença — ele falou enquanto passava pela porta e eu me adiantava para não ficar para trás. — E eu acho, que depois de hoje, eu desgosto menos de você.
O sorriso havia voltado para o meu rosto.
Aquela simples frase me fez esquecer meu ódio por ele ter rido da minha calcinha e, enquanto eu torcia uma das mangas do seu paletó que estava amarrado em minha cintura, eu pensava no quanto eu queria que Rafaela tivesse ido embora na frente.
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