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Pilares do saber medieval

Uma introdução

Por Sabbatius

Para o homem simples deve parecer perfeitamente plausível que uma sociedade exista como se nunca tivesse tido um começo, nem caminhasse para um final. A vida é uma sucessão de dias que se diferenciam pelos eventos que marcam a vida social na comunidade.

A Igreja faz com que tudo pareça eterno – conforme determinações divinas, obscuras, e sem muito sentido, que apenas alguns poucos mortais possuem acesso. Então, até certo ponto, o homem comum não sofre. Mas, o homem extraordinário, que enxerga as engrenagens do poder em funcionamento... Este, sim, sofre. Porque ele sabe!

Saber é poder. Saber é pecado.

Se eu fosse um cavaleiro cruzado, compararia o saber a uma arma poderosa – às vezes espada, às vezes escudo. Na mão dos poderosos, é o gladio que corta e fere; para os dominados, é um escudo – principal defesa contra a opressão.

Em nossas mãos, no entanto, o saber tornou–se objeto de barganha e controle. Enquanto determinávamos o que deveria ser ensinado às massas – construindo o conhecimento sistematizado, a plebe fazia o seu próprio movimento. Para o povo, as oportunidades de aprendizado estavam nos ofícios, tradicionalmente repassados de pai para filho. Os ofícios compreendiam saberes práticos; e até certo ponto, não dependiam da Igreja para se propagar.

Os costumes populares e os labores tornaram–se mecanismos significativos de proteção coletiva e, consequentemente, de distinção entre seus praticantes. Algo que deve permanecer contido dentro de um patamar inofensivo – e útil – às castas dominantes.

Assim, o acesso ao conhecimento refletia as desigualdades entre as castas sociais. O fazer era obrigação dos dominados; o pensar era direito dos dominantes. O fazer referia–se a tarefas, rotinas, fornecimento, obediência. O pensar estava "destinado" aos bem nascidos e se referia a determinação, ordem, ócio, ostentação.

O abismo entre os grupos ficava ainda mais acentuado, em se tratando dos papeis atribuídos aos grupos sociais. A começar pelos ideais que sustentam os labores, cujos conhecimentos agregam valor a eles. Há labores superestimados e subestimados. Alguns socialmente importantes, mas supérfluos; outros socialmente menosprezados, mas essenciais.

O saber residia, acredito, na decisão mais fundamental: como interpretar o conhecimento, já que este advém de uma compilação de eventos reais ou não. Afinal, quem garante que não deriva do delírio de alguém?

Os mecanismos da vida em sociedade, como assuntos da Orquestra de Deus, fazem emergir conhecimentos e ações de uns, assim como apaga conhecimentos e ações de outros. Mas será que se trata de designações do Altíssimo? Os nomes que brilham nos registros históricos nem sempre são os mais importantes de sua época. (Ou os mais honestos.) Certamente, são os mais bem "patrocinados".

Nem tudo o que acontece no cotidiano das pessoas é devidamente documentado, especialmente o repertório de conhecimentos populares.

Desde o princípio dos tempos, com o desenvolvimento sistemático da escrita, o processo de registro dos fatos era dominado por grupos preocupados em gravar à posteridade uma versão dos acontecimentos – versão contada e recontada tendenciosamente pela elite dominante... Portanto, apenas os grandes feitos eram dignos de registro. Os grandes feitos da elite.

Os cordões que movem a sistematização do conhecimento humano são distendidos pelo Estado. Em nossa era, o óleo que faz girar a máquina é uma religião autoproclamada porta–voz de Deus... A cultura teocêntrica é responsável pelas direções tomadas, e também, pelas regras de convivência em sociedade.

Em seus propósitos políticos, a Igreja não poupou esforços para compilar, esconder ou destruir os conhecimentos sagrados de povos tidos como pagãos. O objetivo principal era converter grupos ideologicamente divergentes em sujeitos perfeitamente ajustados aos valores políticos e sociais consolidados pelo Estado.

Para tanto, os monges fizeram um belo trabalho antropológico ao recolherem informações, pesquisarem lendas, mitologias, fábulas e registros escritos. Na verdade, eles estavam atrás de inspirações... para incutir nos povos conquistados os ideais considerados verdadeiramente puros. O estudo das culturas pagãs propiciou à Igreja os elos que faltavam para tornar possível convencer os "povos selvagens" a assimilarem os dogmas cristãos. Essa ressignificação de valores morais foi, sem dúvida, a maior campanha política e, por que não, pedagógica, que já se teve notícia – executada com precisão militar.

Dentro da própria Igreja, porém, existia discordância entre o que destruir, o que preservar, e o que deturpar. Preservar era de interesse de um grupo secreto e dissidente. A Ordem dos Obreiros da Verdade em Cristo, grupo para o qual eu ingressei, dividiam–se em três grupos interligados: Guardiões, Vigilantes, e Soldados de Deus. Os primeiros protegiam os arquivos secretos; os segundos vigiavam os inimigos do mundo livre. Os terceiros empreendiam a luta armada, quando se fazia necessário – o exército da Ordem. Entretanto, nenhum desses grupos podia se tornar visível às demais ramificações da Igreja, ou à sociedade em geral.

Subverter a ordem por dentro era o nosso principal objetivo. Desejávamos salvaguardar a expressão humana em sua espontaneidade. No entanto, as manifestações espontâneas implicavam em iniciativa pessoal, oferecendo risco ao controle férreo da Igreja sobre os instintos. Tudo o que desse prazer aos sentidos ou revelasse outros caminhos para se chegar a Deus que não o estabelecido pela Santa Madre, era obra do Demônio. Assim, as ações da Ordem seriam vistas como artimanha do próprio capeta.

A OBREVEC trilhava a tênue linha entre o saber e o pecado. Se fôssemos apanhados, a morte seria nossa recompensa.

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Tendo dominado a esfera ideológica, como a grande corporação que era, a Igreja conquistou uma posição de extremo poder sobre o mundo ocidental. Chegamos ao ponto de determinar quais monarcas poderiam ascender ao trono e quais teriam o privilégio de aprender a ler e escrever. Estávamos na crista de todos os movimentos, manipulando as peças do tabuleiro. Administrávamos um bem–sucedido casamento entre Governo e Religião.

Dentro da hierarquia, nós, monges e padres, éramos as peças do tabuleiro. E as peças sempre podem ser descartadas e substituídas por novas, quando não se encaixam. O sistema filtra e enxuga a Hierarquia – só permitindo a permanência de pessoas com índole e disposição para manter o status quo.

Imagino o que o povo irá dizer sobre nós, no futuro. As pessoas serão gratas pela mão de ferro que as conduziu? O que dirão da repressão e de seus corpos castigados pela moral por tanto tempo? Terão consciência sobre os fatos? Não sei... Só sei que minha obrigação perante a opressão, era tirar das brumas do esquecimento os registros perdidos – em honra às pessoas que deram suas vidas por eles.

Apresento–lhes, então, o espírito de nosso tempo.

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