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O necromante

Tebas, Egito

1.162 a.C. (XX Dinastia)

Reino Novo

Escuro e silencioso, o palácio do necromante parecia elevar–se diretamente das águas do Nilo. Tal efeito, no entanto, devia–se à habilidade algo que ilusionista dos arquitetos egípcios, em tornar as edificações perfeitamente integradas à paisagem. Para os camponeses e viajantes estrangeiros, o palácio era fantástico e maravilhoso. Sequer imaginavam os eventos maléficos que tão bela moradia poderia ocultar.

Enquanto a maioria dos passantes apreciava a beleza de sua estrutura, lá dentro, envolta em luxo e requinte, a jovem Nufth tentava desesperadamente se livrar das cordas que a prendiam. Não sabia por quê fora feita prisioneira. A última coisa de que se lembrava era estar ajoelhada a beira do rio, cuidando das roupas que lhe pagavam para lavar.

Na ocasião, um belo homem aproximou–se em silêncio. A julgar pelas vestes e feições, era de origem nobre. Desconfiada, a moça se retraiu. Os nobres não se aproximavam de serviçais assim, sem mais nem menos, a não ser que fosse para lhes incumbir de alguma tarefa. No entanto, o homem sorriu, gentil, e lhe ofereceu uma flor de lótus. Seu olhar era cativante e manteve–a imobilizada por meio de uma força invisível, impiedosa e, definitivamente, sobrenatural.

Um saco grosso e áspero desceu sobre sua cabeça. Nufth não viu mais nada. Foi amarrada e jogada sobre os ombros de alguém, como um saco de tubérculos. Desmaiou pouco tempo depois, devido a sufocação provocada pelo tecido colado ao nariz e à boca.

Quando recobrou os sentidos, estava deitada sobre um divã e suas pobres roupas haviam sido trocadas por um belo e nobre vestuário. Percebeu, então, que os cabelos foram lavados e penteados de acordo com a moda, na corte. No entanto, mãos e pés permaneciam firmemente amarrados.

Isef, o velho sacerdote assírio, abriu a porta do quarto. Ele usava uma túnica cerimonial de acordo com os rituais realizados em sua terra natal. Lançou à moça um sorriso agradável, que morreu ao notar–lhe os pulsos ensanguentados.

–Que desperdício – suspirou. – É inútil resistir, minha bela criança.

Dois musculosos servos núbios entraram no recinto, logo atrás de Isef. Com um gesto casual, o sacerdote ordenou que levassem a garota.

Nufth voltou a se debater, tão logo eles a desamarraram... Diante da inutilidade de seus esforços, passou a chorar baixinho. Deu–se conta de que estava sendo carregada para outros aposentos. Um local mais suntuoso do que o anterior. Com tapeçarias trançadas em ouro e pedras preciosas adornando as paredes; uma cama imensa, sustentada por colunas grossas feitas de acácias polidas; e almofadas e pequenos divãs espalhados pelo cômodo.

No entanto, chamou–lhe a atenção que os aposentos não tinham janelas. O ar não circulava. Incensos acesos queimavam em suas bases, liberando um aroma que tornava o ar adocicado e viciado.

A jovem foi depositada com cuidado sobre almofadas coloridas e confortáveis. Olhou ao redor, atordoada, e notou que uma sombra deixava o átrio interno para se juntar a eles. Nufth olhou assustada para a imponente figura – era o mesmo homem que lhe dera a flor, perto do rio. Tinha trocado a roupa escura por uma túnica branca à moda assíria (presa aos quadris por um cinturão com franjas e pedras preciosas). Da cabeça raspada em quase sua totalidade, pendia um longo cacho negro caprichosamente trançado – o que denotava a sua condição de jovem príncipe.

Só então, Nufth percebeu que atrás dele, no átrio, havia um par de portas–janelas por entre as quais era possível enxergar a lua cheia alta no céu.

O luar tênue acentuava–lhe as feições fortes, projetando tons sombreados sobre a pele bronzeada; a medida que ele se movimentava, fazia brilhar os braceletes dourados sobre os músculos potentes de seus antebraços. A garota estremeceu de medo e desejo, a um só tempo. Era um homem muito bonito. Mas a beleza residia justamente no perigo que dele emanava. Quando ele estava bem perto, sua fisionomia foi capturada pela luz dos archotes, então, ela pode ver que seu olhar era letal.

Teve um sobressalto ao senti–lo acariciar sua face, com mãos fortes e macias, obrigando–a a encará–lo. Fascinada, ela se deu conta de que aqueles olhos eram únicos, poderosos... Impactantes. Nem o contorno do cajal conseguia esconder a energia "mesmerizante" que deles irradiava. Ao contrário, a maquiagem egípcia realçava ainda mais o elemento obscuro e perigoso que Nufth instintivamente soube existir naquele homem.

Nenhum som saiu dos lábios dele. Mentalmente, a garota ouviu a ordem e horrorizou–se por obedecê–la, sem nenhuma resistência.

Tu me agradas... Despe–te!

Quando deu por si, estava nua diante dele. Sem pressa, o príncipe começou a acariciar–lhe o corpo sem que Nufth conseguisse fazer qualquer gesto para impedi–lo. Naquela noite, foi impelida a suportar coisas que a envergonharam, profundamente (mas que, por outro lado, provocaram um prazer intenso e obsceno).

Ao final de tudo, ele a envolveu nos lençóis manchados pelo sangue virginal, ergueu–a nos braços e carregou–a pelos corredores até o subsolo, onde ficava localizado o altar assírio. A adoração aos deuses estrangeiros não era proibida, desde que respeitasse as leis vigentes nos nomos egípcios. O Egito não era adepto do sacrifício humano como em outros países.

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O local de adoração fora todo revestido de lajes de granito. Vários archotes iluminavam o ambiente, fixados às paredes por prendedores de ferro. No teto havia uma abertura que servia como condutor de ar. Ao centro, sobre a plataforma de pedra, jazia um ídolo colossal de bronze – o qual representava a divindade metade homem, metade bode sentado sobre os próprios calcanhares. No lugar dos olhos, a estátua tinha duas pedras vermelhas; e entre as pernas, abria–se uma portinhola de acesso à fornalha, frequentemente alimentada pelos escravos do palácio com madeira, resina e palha.

Mas madeira, resina e palha não eram os únicos alimentos do deus...

–Roth, atendeis minhas súplicas! – o príncipe murmurou com fervor. – Esta jovem tem a vivacidade de uma flor recém–colhida.

–Que assim seja, mestre Anoremheb! A juventude eterna te pertence! – pronunciou Isef em tom monocórdio, surgindo do corredor secreto. Ele carregava dois símbolos assírios nas mãos, dos quais se desprendiam vapores de fumaça branca. Com um gesto, ordenou aos servos prostrados que se levantassem e fossem para junto do príncipe.

Os núbios agarraram Nufth pelos braços e a ataram a uma mesa de pedra. Quando o sacerdote se aproximou, empunhando a adaga de sacrifício, ela gritou em antecipação. Mas, ao contrário do que imaginou, ele apenas cortou superficialmente a palma de sua mão, fazendo com que sangrasse sobre um recipiente previamente colocado ao lado da mesa. Quando este encheu até um terço da metade, Isef derramou o seu conteúdo numa taça; acrescentou misteriosas gotas de um líquido efervescente; e recitou frases ritualísticas.

Ele dispôs doze pedras ao redor do príncipe, sempre repetindo uma ladainha em língua estrangeira, então, entregou a taça com o sangue da jovem ao príncipe. Anoremheb levou a taça aos lábios com extrema lentidão. Sem tirar os olhos da moça, sorveu um longo gole. Depois, moveu a cabeça em direção à fornalha – dando sinal para que o ritual prosseguisse. Os lábios estavam rubros de sangue.

Isef acenou para os servos, que desamarraram a garota e ergueram–na acima de suas cabeças. Os longos cabelos de Nufth penderam como uma cortina sedosa, enquanto eles caminhavam em direção ao ídolo de bronze.

Dois escravos estavam posicionados, um de cada lado da fornalha. Eles puxaram as correntes suspensas e o "estômago" da estátua abriu–se vagarosamente, deixando entrever as labaredas da fornalha. Só então, Nufth obteve a real dimensão do que estava prestes lhe acontecer. Contorcendo–se em desespero, ela gritou a plenos pulmões.

Anoremheb permaneceu indiferente.

–Sangue é a vida, sangue é a graça, sangue é o poder. Roth me concederá a vida, a graça, e o poder... – recitou a sombria ladainha, como se estivesse em transe. No entanto, Isef sabia que seu amo galgava dimensões inacessíveis a meros mortais.

Sim! – pensou Anoremheb, sentindo o poder envolvê–lo como um manto. O deus sobrepesa a substância da alma... Os homens perecem, morrem e regressam entre os fluídos deletérios. Mas ele, Anoremheb, viveria no mesmo corpo – imutável e indestrutível até o fim dos tempos. O deus lhe concederia vida eterna. Não haveria de permitir que seu duplo KA perdesse o casulo mortal!

Os escravos lançaram a garota sobre "o colo do ídolo" – a grelha da fornalha, fazendo com que fosse engolida pelas chamas. A incandescência das barras rapidamente marcou–lhe a carne alva. O grito da jovem foi terrível e cortou o ambiente lúgubre. Mas, com exceção dos escravos, não afetou as figuras que acompanhavam, imperturbáveis, a odiosa cerimônia. Não era o primeiro sacrifício que assistiam.

As forças abandonaram o corpo de Nufth, e a compreensão da morte iminente dominou seu espírito torturado pela dor excruciante.

Espetáculo horrendo se configurou a seguir... O sangue crepitando, com odor de carne humana queimada pairando no ar. O corpo de Nufth cobriu–se de bolhas; a pele fendeu–se; e os membros enegrecidos chamejaram como carvão aceso. Montes de cabelo incendiaram–se e em torno deles se formou um torvelinho de centelhas flutuantes.

Os escravos cobriram os rostos com as mãos, abalados demais para olhar. A conivência por vezes encerra pesado ônus; desassossega a mente, e tortura a consciência.

Anoremheb assistia a cena impassível, até que os olhos da vítima encontraram os seus – fixos, flamejantes, injetados... Nufth mirava–o com a mesma força com que as labaredas a devoravam. Dir–se–ia que aquele olhar atravessou a alma negra do príncipe. De repente, dos lábios dela saiu algo semelhante a um chiado. Apesar de ininteligível, Isef pressentiu que ela conjurava uma terrível maldição. Quando a jovem emudeceu, apenas os espasmos convulsos e os olhos enegrecidos indicavam que aquele corpo ainda tinha vida.

Ele desviou o rosto, sacudido por estranho calafrio. Quando tornou a encará–la, os olhos da garota já tinham se carbonizado – estava morta.

Uma algazarra nos portões do palácio quebrou a tensão lúgubre daquele momento, substituindo–a por outro tipo de tensão. Em questão de minutos, a guarda do faraó invadia o templo clandestino.

Infelizmente, para a pobre Nufth, eles chegaram tarde demais...

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