♪ sete
♫ Parte 7: a última nota
Encerro a chamada com minha mãe logo que entro na estação de trem.
Contei a ela que não consegui a vaga pela oficina e que Maristela deseja manter contato, mas que, independente do que viesse daqui para frente, continuaria a fazer o que amo e me traz felicidade. Ao contrário do que imaginei, Dona Glória vibrou pela minha trajetória na Musas de Minas e está contanto as horas para me abraçar e encher minha barriga de doces e pão de queijo — isso depois de puxar minha orelha por demorar quase um dia para retornar suas mensagens, é claro.
Termino de ajeitar minhas coisas no espaço de bagagens acima do meu banco e me ajeito no assento, pronta para voltar para casa. Decidi ir de trem para economizar e aproveitar as paisagens. Um mimo especial para fechar com chave de ouro.
O maquinista avisa que partiremos em breve e me aconchego na janela, observando o fluxo de pessoas na plataforma. Na bilheteria, um rapaz de casaco simples agradece pela passagem e se senta no banco próximo dali, na mesma seção de embarque da minha, provavelmente para pegar o trem seguinte rumo à capital. Meu coração dispara quando seus olhos âmbares me encontram na janela e recebo um sorriso do rosto familiar.
Retribuo o sorriso com um aceno de cabeça discreto e uma tranquilidade me invade minutos antes do maquinário iniciar a partida de Santana do Adágio.
O nome me remete ao significado das palavras e sorrio ao perceber que nada é por acaso. Adágios são lentos por natureza e as partes que ressoam nossa própria música também se revelam devagar, cômodas ao seu próprio tempo.
E a vantagem de não acelerar o ritmo e se dobrar para caber na melodia mais fácil, é saber que sempre se pode recomeçar depois que a última nota terminar de soar.
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