Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

♪ quatro


♫ Parte 4: refrão


Pego um post-it amarelo, escrevo o horário da minha apresentação de amanhã em letras garrafais pretas e o colo na cabeceira da cama do quarto alugado. A última aula da oficina terminou hoje sem a presença de Maristela. O auditório foi liberado por ela para que pudéssemos ensaiar e nos acostumar com a acústica para o dia seguinte. Estaria mentindo se dissesse que não estou ansiosa, mas o alívio me envolve como uma brisa.

Thales de Mello, o músico-fantasma, não me desapontou em sua parte do acordo. Todas as noites, após as oficinas, repassávamos os apontamentos um do outro e moldávamos cada parte da canção. Não foi um processo de mil maravilhas, devo reforçar. A inflexibilidade em conjunto ao raciocínio de ancião de Thales era o pontapé inicial da maioria de nossas brigas. Como se não bastasse mexer em toda a estrutura da música, ele ainda queria recomeçar algumas partes. No final, acabei cedendo a algumas sugestões. Sua habilidade e entendimento sobre composição são brilhantes, então quem sou sou para contestar?

Giro o canetão preto entre os meus dedos e dedilho as cordas do violão com um sorriso satisfeito. O resultado final não ficou como eu esperava, mas toda vez que lembro da energia calorosa da minha mãe ao telefone ontem, quando contei sobre a canção, tudo começa a valer a pena. Meu peito se aquece ao imaginar o quão orgulhoso meu pai deve estar, de onde quer que esteja.

Largo meu corpo encostado na cabeceira e solto o ar à medida que sinto meu dedos se movendo em cima lençol. Agradeço em silêncio por conseguir voltar a tocar ontem. O medo, a preocupação em não dar conta e a insegurança são os ecos da conexão entre nós e aquilo que amamos fazer. Se deixarmos essas vozes se infiltrarem, ficaremos paralisados no caminho vazio assistindo nossos sonhos escorrerem para onde nunca poderíamos alcançar. E para ser honesta, acho que não conseguiria romper esse fluxo se estivesse completamente sozinha.

Meus olhos recaem para o corpo deitado ao meu lado e noto que os olhos cor de âmbar de Thales me encaram como janelas de uma alma que já viu muito do mundo.

Ajeito o violão na cadeira e deito no travesseiro com minhas mãos descansando sobre a barriga. O céu noturno preenche o lado de fora.

— Por que está preso àquela lira? — As palavras se formam sem que me dê conta e não me atrevo a virar o rosto em sua direção.

O silêncio que nos envolve é constrangedor. Quase desisto da resposta, quando sua voz grave e bem afinada me surpreende:

— Foi o primeiro instrumento que aprendi sozinho antes do piano — suspira. — Com doze anos, muitos me conheciam pela ótica do dom e do talento, assim como meus pais ao me colocarem na antiga Musas. Usar da arte para ganhar prestígio em meio aos nobres portugueses era o mais importante para eles. E uma criança sabe quando brinca por amor ou por obrigação.

Embora seu rosto esteja tranquilo, a dor e a raiva daquela época vazam por seus olhos distantes fixos ao teto e corpo tenso.

— Nunca amei nada como amo a música e tomei os estudos com piano como uma forma de me tornar melhor para que todos me reconhecessem — continua ao apoiar os braços atrás da cabeça. O pequeno sorriso reflete a melancolia de suas roupas escuras e simples. — Fiz do conhecimento minha arma e derrubei todos até ser o melhor aluno da antiga Musas. Os oito anos seguintes me renderam a sobrevivência aos meus pais oportunistas e o concerto que me tornaria um pianista digno, o melhor da minha idade.

Seu rosto rígido se virou para mim e meu peito se retraiu com o que viria.

— Qualquer um via a euforia irradiando por mim no grande dia — voltou a olhar para cima e apertou os lábios por um momento. — E uma hora antes de pisar no palco, meu coração parou para sempre.

O ar entra sutil pela minha boca semiaberta. Sua dor se encaixa no meu medo. Não consigo sequer imaginar...

— Estou no limbo entre a vida e a morte desde então. Meu espírito está preso à lira e tentei me libertar através de acordos malsucedidos, claro. Acredito que se alguma música que detenha o meu conhecimento for ouvida e reconhecida pelas pessoas, vou conseguir alcançar a paz para sair daqui.

Nosso olhar se encontra na mesma hora e levanto a sobrancelha em falsa indignação.

— É por isso que está me usando?

— Espero que da mesma forma que tem me usado — sua ironia puxa minha risada e o clima denso se dissipa.

Aproveito para apagar a luz e ele se levanta junto comigo. Assim que me acomodo na cama, Thales senta na escrivaninha ao lado. Seu olhar âmbar se destaca na luz que entra pela janela à medida que o sono sopra em minhas pálpebras.

— Não a escolhi por acaso. Assisti você nas oficinas e nas horas debruçadas em livros na biblioteca. Vejo seu amor e potencial para música e talvez, só talvez, eu fique feliz que você se mova por vontade própria.

Meu corpo relaxa e murmuro em meio à batalha perdida contra o sono:

— E talvez, só talvez, ficaria feliz em ser a lira que pode te libertar amanhã...

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro