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♪ dois


♫ Parte 2: verso


A biblioteca da Musas é como nos filmes, abarrotada de estantes altas e livros que exalam anos de história pela cor e cheiro das páginas. A arquitetura barroca, típica de Minas, desenha todo o interior do espaço entre ornamentos e detalhes que nos levam aos séculos passados.

Alguns poucos alunos ocupam as mesas de centro na companhia do silêncio interno e de uma cantoria bem distante que entra pelas janelas. Próximo delas, um piano de cauda e uma lira descansam em um degrau mais alto do piso.

A primeira coisa que ouvi na breve tour para apresentar o espaço da Escola aos alunos temporários foi sobre a lenda da biblioteca. Um fantasma vivia dentro dos instrumentos, segundo alguns relatos. Quem o provocasse teria seu amor pela música levado do coração para sempre.

Encaro os instrumentos que parecem me desafiar de volta e estalo a língua. Até parece. Aposto que é piada de veterano para se divertir com calouro e não tenho tempo para isso. Estudar mais é minha melhor opção, já que não consigo tocar. Talvez traga uma luz sobre o que Maristela queria dizer e me relaxe o suficiente para desbloquear meus dedos.

Arrasto uma cadeira com cuidado e escoro a bolsa do meu violão. Pego uma caneta e um bloquinho de notas da mochila antes de me esgueirar pelos corredores de livros. Sigo para fundo, na direção da parte onde ficam os livros sobre composição, como a bibliotecária indicou na entrada. No teto abobadado, os olhos das figuras santificadas acompanham meus passos e conserto minha postura, evitando olhar para cima. As pessoas deveriam ter medo de pinturas barrocas, não de lendas aleatórias.

Percebo as horas e horas gastas quando minha cabeça pulsa mais forte e meus olhos se perdem em meio as letras minúsculas e partituras. Coço os olhos e me levanto do chão. Cada livro da pilha que guardo de volta na estante parece zombar da minha cara derrotada e do meu progresso mixuruca. Meu consolo é que a biblioteca só fecha às dez, quando se encerram as aulas noturnas.

Confirmo que são nove horas assim que volto às mesas, dessa vez sem ninguém por perto, inclusive a própria bibliotecária. Encontro um bilhete em sua mesa avisando do intervalo. Ótimo...

Deito a cabeça sobre a mesa fria e massageio a lateral da cabeça. Enquanto meus pensamentos queimam sobre o erro na canção, a frustração se espalha como fumaça e me drena aos poucos. Ergo o olhar para os instrumentos perto da janela e o cansaço implora por uma distração. Não adianta forçar resultados, né?

Sento no banco em frente ao piano e corro meus dedos pelas teclas, apertando algumas. O som ora agudo, ora grave das notas soltas se dispersam no ar e levam minha atenção até o instrumento de cordas amparado por um suporte ao lado. Meus dedos curiosos logo escorregam para o formato clássico em um "U" curvo da lira amarelada e seguem descendo pelas cordas macias da parte central. Meu indicador toca uma de cada vez e o som melódico cresce aos poucos no ar.

Um pequeno sorriso me escapa por partilhar o mesmo nome que o instrumento. Dona Glória se apaixonou por uma lira ao ver uma estudante de música erudita tocando em uma praça famosa no centro de Belo Horizonte.

Achava o máximo ter um nome diferente quando criança. Hoje, o peso dele se desajusta no meio grande harmonia caótica aqui dentro. A dúvida castiga meu coração quando penso que não sei tocar uma lira assim como não sei muito bem sobre a Lira que sou hoje.

Me apoio no piano e minha mão estremece. É duro amar algo que te exige força e coragem para continuar a sonhar; que grita no seu peito e não te dá paz enquanto não vaza, seja no som, no papel, na tinta, no corpo. É duro amar a arte e ter medo de se mostrar nela.

Aos poucos, afasto meu toque da lira para ir embora, mas um aperto no pulso me impede. Subo o olhar petrificado pela mão translúcida que me segura e encontro um rapaz de roupas simples e cabelos ondulados acinzentados. Os olhos âmbar, única cor presente nele, me sondam no silêncio.

Recolho a mão à força mais que depressa. Minha boca seca, a pulsação aumenta e sinto o suor se formar em todo lugar.

— Não vai correr? — Sustenta meu olhar, sem piscar ou se mover.

— Me pergunto se adiantaria como nos filmes — as palavras saem rápidas, apesar da tensão.

A sombra de um mísero sorriso surge nos lábios pálidos.

— Então sabe por que estou aqui.

Dou um passo para trás quando ele passa por mim e rodeia a mesa onde estão as minhas coisas. O ar quase me falta ao vê-lo se inclinar sobre o tampo e balançar a folha com minha canção. Apenas os olhos amarelados me encaram como uma cobra prestes a dar o bote.

— Não posso te dar isso — Engulo em seco, lembrando da lenda que ronda os corredores. — E nem meu amor pela música.

— Não quero nenhum deles. Sou um deus muito estimado e você pode se beneficiar das minhas habilidades.

Um deus? Torço os lábios, desconfiada.

— Prove.

— Estou preso ao meu instrumento — o dedo acinzentado aponta à lira. — Você o tocou e não pode mais se livrar de mim, a não ser que faça um tratado.

Observo a lira de canto de olho e faço um sinal com a cabeça para que continue.

— Você tem uma boa música e estou disposto a ajudar na conclusão com tudo o que sei enquanto um espírito da música.

Meus pelos do braço se eriçam e me abraço.

— E se eu não conseguir?

— Deve me entregar todo seu conhecimento e habilidade sobre música.

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