Capítulo Vinte: Trinta Dias.
Apolo, Levi e Octávia deixaram as gêmeas quando o céu já estava escuro, a lua cheia se levantou imponente, espalhando seu brilho prateado pelos tetos de palha das casas do pequeno vilarejo.
--- Teremos que deixar á vila. --- Octávia considerou, terminando de prender a espada no cinto --- Kalias pode aparecer a qualquer momento, e se as mocinhas lá irão me treinar, que não seja aqui.
--- Tem ideia de algum lugar para ir? --- Apolo perguntou, passando a aljava de Octávia pelo ombro.
--- Não. Penso que devemos agir antes do príncipe ser coroado, mas não podemos chegar muito perto de Wells. --- A loira contou.
--- Levi certamente é um rosto conhecido por lá. --- O loiro concordou com deboche.
Octávia então se lembrou do que Levi lhe contara antes que partissem para procurar Apolo.
Ria havia se casado. Era pouco provável que o loiro já soubesse disso, mas uma hora ou outra ele saberia, e se fosse assim, que soubesse por ela.
--- Ah, Apolo. --- Ela chamou, ele a encarou --- Achei que você deveria saber que Ria, a princesa Síria... --- Corrigiu --- Se casou hoje pela manhã.
Ouvi um breve momento de silêncio, onde a intensidade nos olhos azuis de Apolo revelou o que ele sentia, mas sua voz estava fria, e se rosto neutro, quando respondeu:
--- Espero que sejam felizes.
Octávia e Levi não insistiram no assunto.
--- Quanto tempo acha que temos até que o príncipe seja coroado? --- Apolo quebrou o silêncio.
--- A morte do Rei é recente, o príncipe precisa ser apresentado como herdeiro legítimo da coroa para todo Jeter. --- Levi contou, viraram numa curva, onde começaram os estabelecimentos --- Ele não assumirá o trono em menos de um mês.
--- Trinta dias para salvar Jeter. --- Octávia disse, em voz baixa --- Uma aventura e tanto.
--- Um desafio e tanto. --- Apolo corrigiu --- Se não tivermos um plano logo, um que funcione, nada disso valerá a pena, e seremos mortos. Alguma ideia?
--- Matar o príncipe é considerado um plano? --- Octávia perguntou, tombando a cabeça de lado.
--- Eu nem vou lhe responder. --- O loiro balançou a cabeça --- A única que podemos matar é a mulher que dá essas ideias a ele, e isso talvez piore a situação, ele pode enlouquecer e mandar queimar tudo.
--- Matar o príncipe parece mais... adequado. --- Levi suspirou, passando a mão pela nuca coberta pelos cabelos castanhos --- Se ele morrer uma das princesas terá que assumir, então a mulher não poderá manipular mais ninguém.
--- Matar alguém da monarquia... --- Apolo sussurrou, refletindo em silêncio.
--- E se martarmos os dois? --- Octávia sugeriu, tomando a frente e parando os amigos com as mãos --- Sem príncipe e sem Ela, Jeter estará a salvo, não?
Levi e Apolo trocaram olhares pensativos. A ideia da loira parecia a única opção para resolver o problema que tinham nas mãos.
Uma nuvem sutilmente se pois a frente da lua, escurecendo a parte do caminho de terra onde o trio estava.
--- Parece que teremos de planejar um assassinato duplo, então. --- Apolo disse por fim, as sombras da noite sobre o rosto bonito --- Estamos cavando nossa sepultura. --- Ele voltou a andar.
--- A minha está sendo cavada há tempos. --- Octávia o acompanhou.
--- Acredito que a minha já esteja cavada. --- Levi se pois ao lado deles.
Lauver, vila de Alter...
No dia seguinte após Octávia, Apolo e Levi deixaram as gêmeas, Ice decidiu ter uma conversa com a irmã.
As duas haviam saído da cabana afastada para uma simplis estalagem onde estavam, pouco depois do trio sair.
--- Acha que estamos tomando a decisão correta? Ajudando assassinos. --- Ela começou.
Alasca penteava os cabelos platinados devagar, sentada a frente de uma penteadeira velha, com um espelho onde mal podia se ver.
A gêmea de olhos azuis se virou para a irmã.
--- Ice, nossa vida inteira foi guiada por decisões certas tomadas por outras pessoas, agora ao menos podemos escolher, mesmo que seja a errada. E não temos tanto assim a perder.
--- Nossa vida não é algo importante a se perder? --- A bruxa cruzou os braços.
--- Já estaríamos mortas se não tivéssemos fugido, sabe disso, não foi fácil chegar onde estamos, e se não podemos voltar, ao menos que façamos algo bom enquanto estivermos aqui.
--- De certo que teríamos sido queimadas, mas não pretendo morrer nas mãos de um príncipe tirano! A morte parece nos perseguir, maninha.
--- Ela persegue a todos. --- Alasca prendeu parte do cabelo atrás da cabeça com uma fita e então ficou de pé --- Não acha que seria melhor morrer fazendo algo bom, que viver fugindo?
--- Talvez. --- Ice considerou.
Enquanto Alasca mantinha os cabelos sempre soltos, Ice era fiel ao coque alto e firme no topo da cabeça. A gêmea de olhos azuis sentou ao lado da irmã na cama.
--- Nossa mãe ficaria orgulhosa de saber que iremos ajudar aos outros, nos arriscar por algo maior! --- Ela suspirou --- Ice, finalmente poderemos por em prática tudo quanto aprendemos ao longo dos anos.
--- A loira, Octávia, tem potencial, mas seus poderes estão crus, parece que nunca os treinou.
--- Ela deve tê-los mantido em absoluto segredo, até para si mesma. --- Alasca opinou --- Será um desafio interesse ensina-la.
--- Bem, parece que nos juntaremos ao grupo dos assassinos, então. --- Ice ficou de pé --- Que Deus tenha piedade de Jeter.
--- E de nós! --- Acrescentou uma sorridente Alasca --- Eles são um grupo bastante interessante, não convivemos com muitas pessoas, vai ser bom.
--- Espero que seja mesmo. --- Ice apanhou um saquinho com algumas moedas e enfiou no bolso interno do vestido longo, com gola alta --- Vou passar na feira, comparar algumas coisas para quando partimos.
--- Está bem.
Ice deixou a hospedaria o mais discretamente que conseguiu, não levou a capa, achava que chamaria menos atenção se fosse o mais normal que conseguisse, e ela passou despercebida, como mais uma simplis plebeia.
A pequena feira da vila era um lugar animado, certamente o mais movimentado do lugar.
Eram várias as barracas espalhados por um espaço aberto, com uma pequena fileira de árvores. Ice planejava comprar um cavalo, ou dois, para que ela e Alasca podessem viajar.
A jovem bruxa havia acabado de comprar um corte de tecido para fazer calças de montaria para ela e a irmã, quando alguém se aproximou da barraca onde ela esperava a senhorinha embrulhar o tecido, Ice se virou depressa quando sentiu uma mão segurar seu ombro.
--- Ah, é só você. --- Ela suspirou, reconhecendo o par de olhos azuis de Apolo --- Não deveria assustar as pessoas assim. --- Reclamou.
O loiro levantou uma sobrancelha para a bruxa, tinha uma bolsa atravessada pelo pescoço, e uma maçã na mão direita.
--- Só vim lhe dar bom dia. --- Ele mordeu a maçã --- Bom dia, Ice. --- Disse com sarcasmo.
A bruxa revirou os olhos brancos.
--- Bom dia, Apolo. --- Saudou por fim --- Alguma novidade? Ou só está passeando pela vila?
--- Estou fazendo compras. --- Ele apontou para a bolsa, dando outra mordida da maçã vermelha e suculenta, ambos estavam protegidos dos raios de sol pelo toldo colorido da barraca --- Assim como você, ao que parece.
Apolo olhou em volta, terminando a maçã, e acrescentando com pouco entusiasmo:
--- Deduziu que iríamos partir logo?
--- Não poderíamos fazer muita coisa aqui, poderíamos? --- Ice devolveu, a senhora de olhos enrugados voltou com o tecido embrulhado --- Nos avise quando decidir o dia de partir.
Apolo assentiu enquanto a bruxa pagava pelo tecido.
--- Obrigada e volte sempre, querida. --- A idosa sorriu do outro lado --- Você e seu namorado serão bem vindos aqui!
--- Ele não é meu namorado.
--- Acha que eu namoro isso? --- Apolo franziu as sobrancelhas, apontando para Ice, que levantou a sobrancelha para o loiro.
--- Ah desculpem-me, achei que fossem um casal... --- A senhora juntou as mãos --- Admiro muito o amor jovial, não me casei, e de família só tenho uma sobrinha, mas ela mora em Wells. Quase não a vejo.
Ela passou as mãos pelo avental gasto, indo se apoiar na bancada, enquanto Ice guardava o embrulho em sua sacola.
--- Mas vou visita-la em breve, recebi um recado dela me chamando para ir a Wells na próxima quinzena, ela trabalha no castelo, quer que eu cuide das crianças, ela vai estar muito ocupada. --- Contou.
Apolo se interessou pela história. Talvez conseguisse algumas informações, o loiro se aproximou da bancada.
--- Vai estar ocupada com a coroação? --- Tentou, levantando as sobrancelhas. Ice olhou do loiro para a senhora, e se pois a prestar atenção.
--- Oh, sim! E ainda tem o casamento, será uma loucura! --- Os olhos castanhos da idosa brilharam de entusiasmo.
--- Casamento? --- Ice e Apolo perguntaram juntos.
--- Sim, sim, não sabem que o príncipe de Wells vai se casar? --- Ela se admirou.
A bruxa e o loiro trocaram olhares silenciosos e surpresos, então Ice resolveu falar, apertando a alça da sacola.
--- Bem, não sabíamos, mas quem será a sortuda noiva? Alguém de Wells, suponho. --- Ela mordeu os lábios discretamente.
--- Oh, não poderia estar mais enganada! --- A senhora exclamou, deixando-os surpresos --- Ele irá se casar com a rainha Yracedette Ravanclew, de Darot.
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