Capítulo Vinte e Um: A Monarquia Que Se Cuide!
Apolo e Ice deixaram a feira com pressa. Se o príncipe ia se casar, só podia ser com a mulher que o estava manipulando, e essa mulher era a rainha de um reino poderoso, a situação se complicava ainda mais.
--- Uma rainha! Ele vai se casar com uma rainha! --- Ice arfou, segurando com força a sacola onde levava o que tinha comparado na feira.
--- E não é qualquer rainha, ela é Yracedette Ravanclew, sabe as coisas que ela já fez? O quê já provocou? --- Apolo a acompanhou.
--- É claro que sei! --- Ice parou numa esquina, agitada --- Ela se casou muito jovem, e quando o rei adoeceu Yracedette assumiu como líder de Darot, ela liderou exércitos! Lutou em campos de guerra...e venceu.
Apolo parou de frente para a bruxa. O loiro suspirou e olhou em volta, para as pessoas alheias a ameaça que se aproximava lentamente.
--- Ela é ardilosa, inteligente... --- Apolo franziu as sobrancelhas --- E viúva. O rei morreu há algumas semanas, e ela já vai se casar... --- Sussurrou --- Ela pode tê-lo matado, Ice.
--- Acha...acha que ela e o príncipe planejaram a morte do rei de Darot? --- A bruxa se assustou, voltando a andar.
--- Não duvido. --- Apolo se apressou em acompanha-la --- Os exércitos de Wells e Darot juntos podem conquistar os reinos aos poucos, e então Jeter será um continente perdido.
--- A pouca magia que resta será varrida e então... --- Ice não conseguiu terminar a frase.
Mas Apolo sabia.
Yracedette era descendente de poderosos nobres que contribuíram para expulsar magos, feiticeiros e bruxas de Jeter há muitos séculos, no que ficou conhecido como as Caçadas, um período sombrio.
E agora ela iria terminar o trabalho.
Se Yracedette unificasse os reinos poderia varrer a magia completamente, e isso significava que tanto Octávia, quanto as gêmeas e Merlin, seriam mortos. Eles e tantos outros, que estavam espalhados pelo continente, nas sombras.
--- Ela não vai conseguir. --- Apolo segurou o ombro de Ice, fazendo-a parar de andar --- Não vamos deixar, a rainha Yracedette e o príncipe Ângelo estarão mortos antes do casamento.
--- Eles têm que estar. --- A gêmea de olhos brancos concordou.
Apolo suavizou a expressão séria que tinha no rosto, e Ice, por um breve momento, se perdeu no azul intenso daqueles olhos, sentindo as bochechas esquentarem, ela se afastou.
--- Vou contar as novidades a Alasca. --- Avisou seguindo a direita, para rua estreita que levava a estalagem.
--- Vou contar aos outros, então. --- Apolo se afastou --- Você e sua irmã deveriam ir jantar conosco hoje. Teremos muito que resolver.
--- Claro, onde estão hospedados?
Alasca se jogou na cama estreita balançando a cabeça. Ice acabara de lhe contar as novidades, e não eram boas.
--- As coisas ficam cada vez piores! --- A gêmea de olhos azuis exclamou, encarando o teto de madeira --- Como vamos matar uma rainha e um príncipe, sem que a gente seja morto?
--- Gostaria de saber também. --- Ice puxou uma cadeira para se sentar, cruzando as pernas --- E não temos tantos planos e opções quanto eu gostaria, e tempo definitivamente não temos também.
--- Bem... --- Alasca cruzou as pernas --- Podemos decidir o próximo passo no jantar de hoje, escolher um lugar para ir quando sairmos daqui.
--- É, parece ser tudo que podemos fazer. --- Ice ficou de pé, pegando o embrulho com o corte de tecido que havia comprado --- Vou fazer calças de montaria para nós duas, e você vai comparar cavalos depois do almoço.
--- Ainda bem que sou ótima em negociar!
Ice sorriu para a irmã, indo buscar agulha e linha em seguida e começando a costurar, não que fosse exatamente boa nisso, mas sabia se virar bem com o material adequado.
Depois do almoço Alasca saiu, e Ice se pois a terminar sua calça, começando a da irmã logo em seguida.
Alasca conseguiu comparar dois cavalos de bom porte por um preço aceitável, ela realmente era boa em negociar, e Ice ficou aliviada por terem como viajar, ambas haviam caminhado demais quando fugiram de Gless, da fogueira que as esperava.
--- Espero que eles tenham alguma ideia sobre o que fazer. --- Alasca comentou, afivilando as botas.
--- Também espero, essa ideia maluca veio diretamente deles, o mínimo que podem fazer é pensar em algo que nos mantenha vivos por mais um tempo. --- Ice disse, séria.
A gêmea de olhos azuis se virou para ver a irmã, Ice estava bonita num vestido cor de ameixa, não haviam muitos detalhes, e milagrosamente o vestido não tinha gola alta, um decote suave acentava entre os ombros e o busto da bruxa, um cinto fino de couro preto marcava a cintura, e as mangas brancas caiam soltas até os pulsos, mas o coque estava lá, firme e forte.
--- Podias soltar o cabelo de vez em quando. --- Alasca sugeriu, alisando o vestido azul com as mãos, o cabelo platinado caindo sobre as costas, uma trança fina de cada lado --- Ia parecer menos séria e velha!
--- Não quero parecer menos séria e velha. --- Ice abriu a porta do quarto --- Quero ficar viva até meu próximo aniversário. Vamos.
--- Achei que um ex cavaleiro fosse melhor em estratégias de batalha! --- Octávia exclamou, franzindo as sobrancelhas com irritação.
--- Ah, claro, você pode me julgar já que deu mil ideias de como resolver nossa situação, não é? --- Levi rebateu, espalmando as mãos na mesa.
--- Ao menos eu não fico me lamentando para um cavalo! --- A loira cruzou os braços. O ex cavaleiro levou a mão ao peito.
--- Trovão tem mais sentimentos que você. --- Ele se apoiou as costas no encosto da cadeira, e encarou a parede.
Octávia abriu a boca para retrucar, mas Apolo, que observara o diálogo em completo silêncio, interveio.
--- Me corrija se eu estiver errado, o que acho pouco provável, mas... --- O loiro levantou as sobrancelhas --- Discutir não traz ideias, traz? Ou vocês conseguiram bolar um plano mirabolante, onde ficamos vivos no final?
Levi e Octávia permaneceram em silêncio, emburrados. A neta da dona da hospedaria trouxe o jantar para o trio, a mesa deles estava o mais afastada das outras possível, uma brisa fria entrava pela porta e pelas janelas.
As gêmeas chegaram antes que a mesa estivesse completamente posta, sopa de repolho, dois frangos assados, pão e vinho foram postos para o grupo, que mais conversou, e brigou, do que comeu.
--- Se deixarmos a vila amanhã após o almoço... --- Levi começou, repetindo a sopa --- Chegaremos ao bosque perto da capital antes de escurecer. Ele é seguro, podemos planejar nossa partida para Wells lá.
--- Além do que poderemos treinar Octávia lá. --- Alasca concordou, pegando uma taça de vinho --- Acabaremos por ter que passar na Cidade-Capital de Alter de qualquer maneira.
--- Temeron fica muito perto da costa, tem o rio e a ponte para atravessar, além do que estaremos muito próximos do mar, e a rainha Yracedette deve chegar para o casamento de navio. --- Apolo observou --- Se conseguirmos interceptar a frota dela, o casamento não aconteceria, mas não conseguirmos chegar perto do príncipe depois disso.
--- Os dois só estarão juntos quando o casamento estiver às vésperas, e a vigilância no castelo irá triplicar quando acontecer. --- Ice apontou, deixando a sopa de lado.
--- Não tem como impedir o casamento se não estivermos em Wells, no castelo, mais precisamente. --- Octávia encheu sua sétima taça de vinho --- Sem alguém lá dentro não vamos entrar, muito menos parar o casamento.
--- Levi, você não pode pedir ajuda a algum amigo? --- Alasca perguntou --- Não sabe de ninguém que possa lhe ajudar?
--- Todos que eu conheço ou são cavaleiros, ou parentes de um. --- Ele suspirou, os olhos castanhos aflitos --- Nenhum deles trairia a coroa.
--- Bem, então terá que ser á força! --- Octávia pois a taça vazia sobre a mesa --- A monarquia que se cuide!
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