Capítulo Três: A Famosa Taverna de Madame Boss!
Octávia perambulava entre os corpos, pegando suas flechas, enquanto cantarolava:
--- Seu escudo não pode parar minha espada!
Um movimento meu e sua cabeça é cortada!
Vinda das montanhas de calcário, seu destino por mim será selado.
A espada que corta os ventos e deita o fogo, não hesita em te acertar no pescoço!
--- Quem são vocês? --- O andarilho perguntou, se aproximando de Trovão, seu cavalo.
--- As sombras da morte chegaram na cidade, o que espera o rei é fatalidade...
--- Não somos ninguém, e temos que ir, ah e de nada. --- Apolo, o loiro, respondeu seco, observando Octávia saltar por cima dos corpos no meio do refrão.
--- A espada que corta os ventos e deita o fogo, é a mesma que mata seu povo!
Oh, Majestade, salve sua gente e entregue a cidade!
--- Eu certamente teria conseguido, mas obrigada. --- O andarilho finalmente guardou a espada --- Ninguém...tem nome, ao menos? --- Ele olhou de um para o outro.
--- Por que estavam atrás de você? --- Octávia se aproximou, rodando uma flecha ensanguentada entre os dedos --- O quê você fez de tão ruim?
Octávia tentou fazer carinho em Trovão, mas o cavalo quase lhe arrancou a mão fora e a loira o fuzilou com os olhos, até que o andarilho lhe chamasse a atenção.
--- Eles se enganaram, eu não era a pessoa que procuravam. --- Ele respondeu, puxando o cavalo pelas rédias --- Sou Levi de Berg.
--- Berg... --- Octávia repetiu lentamente --- A Cidade-Capital de Wells. Soube que esse reino está perdendo muitos cavaleiros, era um também?
--- Ei, isso nem é da nossa conta. --- Apolo a segurou pelo cotovelo --- O rapaz aqui deve ter mais o que fazer, então, até mais! --- Ele puxou a loira para fora do beco.
--- Eu sou Octávia. --- A loira se libertou com um puxão --- E esse rapaz zangado aqui é o Apolo, muito prazer, Levi de Berg. --- Apresentou.
Os três ouviram o tropel de vários cavalos juntos, e então um comitiva de soldados começou a atravessar a rua. Alguns a pé, com lanças nas mãos, e outros iam montados e levavam uma bandeira preta, com a pintura de uma coruja branca no centro.
--- É o brasão da casa Ravanclew... --- Apolo constatou, seguindo os soldados com os olhos.
--- Vieram de Darot. --- Octávia andou para fora do beco --- O quê estão fazendo em Quirina? --- A loira franziu as sobrancelhas.
--- Me informaram que a rainha ainda estava de luto. --- Levi de Berg comentou, puxando Trovão ao lado de Apolo --- Mas parece que ele já acabou.
--- Aquele caminho leva ao castelo, deve ser um assunto diplomático entre Darot e Tíbia. --- Apolo constatou, finalmente na rua de terra batida --- Mas com a rainha Yracedette não se brinca, melhor ir embora. --- Ele encarou Octávia.
A loira olhava atentamente para os soldados cada vez mais longe, os olhos verdes analisando os pequenos detalhes, até que os militares sumiram entre becos, tendas e ruas.
--- Ainda estou muito sóbria para ir embora. --- Octávia balançou a cabeça --- Vamos à Taverna de Madame Boss! Fica perto do castelo, e algo me diz que vou querer estar por perto.
Ela começou o caminho pela mesma rua que os soldados.
--- Está brincando? Nem deveríamos estar em Quirina! --- Apolo protestou --- Um dia essa maluca ainda vai se matar, e eu vou pular de alegria sobre seu túmulo, quando acontecer. --- Disse para Levi, que o olhou de canto.
--- Para alguém que vai comemorar, você parece muito preocupado. --- Rebateu, puxando Trovão para descer a rua, atrás de Octávia.
--- Ela não pode morrer agora, ainda não fez o que queria, e enquanto não o fizer... --- Apolo o alcançou --- Não vou deixá-la morrer.
Uma mulher corpulenta, de cabelos cacheados e negros como carvão, observava o movimento da taverna atrás do balcão polido.
Os olhos azuis alegres e astutos, um corpete preto marcando a cintura por cima da blusa branca, e uma adaga presa numa bainha de couro, por cima da calça.
Uma loira de olhos verdes entrou sorridente pela porta, a capa azul jogada pelos ombros, e um arco na mão esquerda.
--- Madame Boss! --- Exclamou sorrindo e se debruçando no balcão.
--- Octávia, quanto tempo! --- A outra sorriu, dando uma leve batida no ombro da loira --- Achei que não daria as caras em Tíbia tão cedo.
--- Minha conexão com seu vinho é mais forte que o medo da forca! --- Ela piscou.
Os olhos muito azuis de Madame Boss se voltaram para a porta quando dois rapazes entraram na taverna.
O primeiro ela conhecia bem, era Apolo, loiro como um anjo e tão bonito quanto, mas perigoso como um demônio. Já o segundo era cara nova, os cabelos castanhos escuro, rosto queimado de sol e olhos chamativos.
--- Um dia ainda vou lhe pagar para por veneno no vinho dela. --- Foi a saudação de Apolo, se sentando ao lado da loira --- Falo sério.
--- Pagando bem, que mal tem? --- Devolveu a dona da taverna --- E esse aí? Quem é? --- Estreitou os olhos para o rapaz que acabava de se sentar.
--- Esse é Levi de Berg, acabamos de nos conhecer. --- Octávia respondeu, deixando o arco no chão --- Levi de Berg, essa é Madame Boss, a dona dessa taverna.
--- Prazer em conhecê-la, madame. --- Levi acenou com a cabeça, Madame Boss sorriu.
--- Bem o que vão querer? --- Ela perguntou, chamando um garotinho que atendia uma das mesas, uma garota mais velha fazia o mesmo do outro lado da taverna --- Meu vinho está sempre a disposição!
--- Traga o de sempre então, três canecas cheias do seu melhor vinho, e se Apolo não beber, eu bebo por ele! --- Octávia declarou, o loiro revirou os olhos --- Quem é esse rapazinho? --- Apontou para o garoto que trazia os pedidos.
--- Ora, meu sobrinho. Maria e João estão morando comigo desde que o pai morreu, eu não os deixaria com aquela mocreia de madrasta, minha irmã me assombraria pelo resto da vida! --- Madame Boss se curvou sobre o balcão --- Devia tomar cuidado com seus fantasmas também, Octávia.
A loira encarou a outra pela borda da caneca, nem mesmo saboreou o primeiro gole do vinho, embora tenha fingido muito bem.
Apolo não disse nada, bebeu em silêncio um gole ou dois, e Levi só se permitiu fazê-lo após pagar o garotinho para levar comida e água a Trovão, amarrado do lado de fora da taverna.
Com um sorriso que não chegou aos olhos, Octávia respondeu:
--- Lobos não se assustam com corujas, Madame Boss.
--- Mas se assustam com águias. --- Rebateu a morena, se afastando do balcão, silêncio --- Nosso amiguinho aqui, já tem onde ficar? Minha taverna serve de hospedagem também.
--- Vocês aceitam cavalos? --- Levi de Berg perguntou, visto que havia uma grande probabilidade de Trovão destruir o local se fosse deixado na rua.
--- Tenho um pátio nos fundos. --- Madame Boss sinalizou para Maria, a garota tinha cabelos tão negros quanto os da tia e do irmão, e grandes olhos escuros --- Leve o cavalo que está aí na frente para o pátio dos fundos.
Tão logo a menina saiu, João entrou correndo pela porta, os rebeldes cabelos negros e brilhantes olhos castanhos, era quase uma cópia da tia, então, correndo para detrás do balcão, o garoto cochichou no ouvido de Madame Boss.
--- Nem mesmo um pombo correio da recados tão rápido quanto esse garoto. --- Apolo comentou, deixando a bebida de lado, para observar a rua.
Octávia se apossou do copo do loiro, visto que já havia acabado a sua bebida, e se pois a tomar a dele. Madame Boss encarou o trio.
--- Parece que os fantasmas de vocês chegaram para assombra-los.
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