Capítulo Dezessete: A Queda de Um, Ascensão de Outro.
Apolo finalmente estava livre das ataduras, o ferimento estava bem cicatrizado, e o veneno não havia deixado nenhuma sequela.
--- Acha que já consegue lutar? --- Levi perguntou ao loiro, ambos na sala da hospedaria onde estavam --- Empunhar uma espada pode ser complicado depois do que aconteceu.
Apolo sorriu com deboche, ajeitando o colete preto no corpo.
--- Talvez para um cavaleiro sim, mas não para mim. Ainda consigo lhe dar uma surra, esse ferimento não foi nada.
--- Você é insuportável. --- Levi virou a caneca com cerveja, bebendo metade do líquido num só gole, e fazendo uma careta --- Cavaleiros são mais resistentes do que pensa.
--- Aham, já enfrentei muitos cavaleiros, e apenas uma conseguiu me deixar com uma cicatriz permanente, ela era boa, mas Octávia a matou. --- O loiro cheirou a cerveja em seu copo, e o empurrou de volta a mesa --- Acho que era do reino Helion.
--- Eles tem bons cavaleiros. --- Levi bebeu outra vez.
--- Todos os reinos têm. --- Apolo se virou para a porta, espiando a rua pouco movimentada lá fora --- Octávia está demorando.
O trio havia deixado a floresta com as gêmeas assim que o dia amanheceu, Apolo ainda estava debilitado, e depois de Octávia insistir muito as moças de Gless aceitaram seguir com eles até o vilarejo mais próximo.
Levaram quase dois dias para achar a vila, Lauver, nos limites de Alter.
Trovão levou Levi, e as gêmeas sem reclamar, Octávia e Apolo foram em Líria, num ritmo lento e com muitas paradas, até que chegaram a pequena Vila, onde se separaram.
Apolo se recuperou rápido, não estava mais pálido, os olhos azuis estavam ainda mais intensos, os cabelos loiros um pouco compridos continuavam sedosos, novas roupas, sem furo de flecha agora.
Ele também havia comprado uma nova capa para Levi.
--- Ela sabe se cuidar. --- O ex cavaleiro garantiu, mexendo nos cabelos castanhos curtos --- Acha que as gêmeas ainda estão por aqui?
--- Talvez, ou podem já ter partido, essa vila é mais um ponto de passagem para viajantes, que qualquer outra coisa.
Levi concordou, terminando a cerveja, e pedindo outra a dona da hospedaria, enquanto o loiro nem tocou na dele. Odiava bebidas.
Octávia apareceu na porta, o sol quente do meio dia deixava as ruas abafadas e a loira amou entrar em lugar coberto e arejado.
Os cabelos loiros e longos estavam puxados para trás, os cachos loiros soltos caindo pelas costas e ombros, o vestido cinza com mangas até os cotovelos e um corpete preto marcando a cintura fina.
Ela procurou pelos companheiros com os olhos verdes vivos, e foi quase correndo até a mesa onde eles estavam.
--- As coisas acabam de piorar! --- Octávia se debruçou sobre a mesa, recebendo olhares confusos de Levi e Apolo.
--- O quê quer dizer? --- O loiro franziu as sobrancelhas, Octávia bebeu a cerveja de Levi num gole.
--- O rei de Wells está morto, o príncipe vai assumir o trono! --- Ela exclamou, puxando uma cadeira para se sentar.
--- Morto? Como assim? --- Levi arregalou os olhos, surpreso --- Quando isso aconteceu?
--- Não sei todos os detalhes, porém, ele foi morto noite passada, as pessoas não estão fazendo especulações sobre isso, e o único comunicado feito pelo palácio avisou que os cavaleiros estavam atrás do culpado.
--- Octávia, isso quer dizer que ele começou a pôr seus planos em ação. --- Apolo considerou, pensativo --- Avisaram sobre o enterro, ou sobre a coroação?
--- Ao menos por aqui ninguém sabe de nada. --- A loira cruzou os braços --- Os cavaleiros estão procurando no lugar errado, tenho um bom palpite de quem matou o rei.
--- Kalias? --- Levi levantou as sobrancelhas.
--- Exatamente, e não duvido que tenha sido a mando do príncipe. --- Ela fixou os olhos nos castanhos do ex cavaleiro --- Se ele virar rei... não sei como fazer para impedi-lo de tomar Jeter.
O silêncio reinou sobre o trio, então Apolo começou:
--- Acredito que precisamos analisar nossa situação antes de decidir o que fazer. --- Octávia e o Levi o encararam --- Nosso plano inicial era chegar a Wells e contar ao Rei Antônio o que seu filhinho planejava. Mas agora ele está morto, e seu filhinho vai virar rei.
--- Como rei, Wells e todo seu exército estará sob ordens de Ângelo, então se fizerem uma aliança com algum outro reino... sua força militar vai aumentar, e Jeter terá seus os dias contados. --- Octávia disse, num sussurro pois alguns hóspedes passavam pela sala.
--- O único meio de parar o príncipe seria matando-o, mas seríamos mortos em seguida... --- Apolo estreitou os olhos --- Se Ângelo morre, quem assume o trono? --- Ele encarou o andarilho.
--- A princesa Isabel, ela é a segunda na linha de sucessão real. --- Levi respondeu --- As princesas Elisabeth e Marta são novas demais, e estão num convento, todas estão.
--- A princesa não está no reino, mas acha que ela corre perigo? Que ele a mataria? --- Apolo encarou o ex cavaleiro.
--- Matar a própria irmã? Ele não faria isso! Eu... eu acredito que não faria. --- Ele balançou a cabeça --- O príncipe sabe que ela não é uma ameaça, mas nós somos.
--- Kalias vai voltar, se foi mesmo ele quem matou o rei já deve estar longe de Wells agora, e mais perto do que deveria de nós. --- Apolo respirou fundo, fazendo uma pausa --- O quê faremos?
--- Seguir para Wells sem alguém para nos ajudar lá é impossível, matar o príncipe pode não resolver, a amante dele, a mulher que está por trás disso, ela não vai parar, não sabemos quem ela é, nem o que pode fazer, com ou sem a ajuda do príncipe.
--- Octávia tem razão. --- Levi se manifestou --- A primeira coisa que devemos fazer, sem dúvidas, é permanecer vivos, e, descobrir quem é a mulher sobre quem eu ouvi o príncipe falar, a que está colocando essas ideias na cabeça dele.
--- Então ficaremos aqui por mais alguns dias, até Kalias nos achar, ao menos. --- Apolo debochou, ficando de pé --- Vou ver que informações consigo com meus contatos.
O loiro saiu, subindo o lance de escadas até o andar superior. A sala ficou silenciosa.
Era simples, mesas, cadeiras, tapetes, e almofadas por toda parte, janelas de beirais altos e cortinas azuis, a lareira estava apagada.
--- Ele vai usar aquele falcão? --- Levi perguntou.
--- Vai. Ele sempre está rondando os lugares onde Apolo está, isso quando não está em outro reino, é um animal esperto.
--- Achei que Merlin mandaria um falcão, mas até agora ele não mandou nada. Acha que está tudo bem com ele?
--- Merlin é esperto, ele está bem, tenho certeza disso, só deve de estar esperando o momento certo para mandar notícias. --- A loira tranquilizou --- Estou preocupada mesmo é com a nossa situação.
Ice puxou a capa sobre os ombros, um lenço amarrado sobre os cabelos quase brancos, os olhos atentos. A jovem bruxa se conteve numa esquina, uma comitiva de soldados marchava pela rua.
Estão de passagem, ela pensou, Seguindo para a capital de Alter, certamente.
A jovem observou as fardas pretas, e a coruja branca bordada no lado direito do peito, reconheceu como o brasão dos governantes de Darot, da casa Ravanclew.
--- Fanalmente lhe achei!
Ice se afastou quando alguém a segurou pelo ombro, mas era apenas Alasca, com os olhos azuis penetrantes, e o cabelo agora na cor natural, loiro platinado.
--- Que susto! --- Ice reclamou, com a mão no peito --- Não era para você estar aqui, Alasca, já disse que não podemos sair juntas, se alguém a mando de papai estiver aqui, estamos condenadas.
--- Não há necessidade de tanto drama! --- Alasca pois as mãos na cintura, os cabelos estavam mais curtos --- Duvido que papai esteja a nossa procura.
--- Pois eu não duvido nada. --- Ice se recompôs --- Ele queria nos queimar vivas, se lembra?
--- Claro que me lembro, eu estava lá com você, Ice. --- Ela cruzou os braços --- Ouvi cada palavra dita naquela reunião.
--- Então sabe que não estamos seguras, nem mesmo nesse vilarejo esquecido pela humanidade. --- Ice bufou --- Diga, por que veio até aqui?
--- Descobri duas coisas importantes hoje. --- Alasca começou, olhando discretamente para os dois lados --- O rei de Wells foi morto, e a moça que ajudamos na floresta é a Assassina do Manto.
--- Espere, a Assassina do Manto? A mesma que matou nossa mãe?
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