A Festa Surpresa
Eu estava sozinha em casa quando o pessoal começou a chegar, Simara e Leandro, Kamile e Felipe, a Fran e o João Paulo. Juntei todos na área e fiquei em pé como uma professora dando aula.
— Então gente, como vocês sabem amanhã é o aniversário do Caio. O que vamos fazer? — perguntei.
— Vamos dar um perdido nele. — Falou o Felipe e todos deram risada.
— Isso... ignoramos ele, e amanhã fazemos uma surpresa. — concordou a Fran.
— A ideia é boa. — Falei — Eu estive pensando em fazer alguma coisa aqui em casa. Uma janta... um churrasco. Faremos entre a gente mesmo e convidamos os pais dele para participar.
— Legal. — Concordou a Kamile.
— Mas eu preciso da ajuda de vocês. Precisamos fazer uma vaquinha pra comprar as bebidas e o bolo. A carne e a comida tem aqui em casa.
Todos concordaram.
— Eu me proponho a ir comprar as coisas, mas algum dos meninos terão que me levar, pois amanhã meus pais não estarão em casa.
— Eu levo. — João Paulo falou de imediato.
— Ótimo! Vamos sair amanhã cedo então. — falei e ele concordou com a cabeça.
— Os meninos ficarão responsáveis pelo churrasco e nós meninas com a comida. — Falou a Fran.
Era muito bom poder contar com meus amigos para festas. Eles eram sempre muito dispostos.
— Hoje na escola, hajam naturalmente. E amanhã, todos aqui em casa heim. — falei.
— Mas quem vai distrair o Caio? E se ele resolve aparecer por aqui! — Kamile perguntou.
— Eu fico com ele amanhã durante o dia. Vamos ensaiar algumas músicas para tocar a noite — Leandro se manifestou.
— Isso Leandro. Ótima ideia. E de noite você trás o seu Karaokê também. Ninguém vai pra escola amanhã. Combinado?
Todos concordaram novamente.
— João Paulo, você bem discretamente conta sobre nossos planos para os seus pais e peça que eles não contem nada para o Caio. — falei.
— Pode deixar comigo!
Ficamos ali conversando mais um pouco e depois cada um foi para sua casa. João Paulo foi arrecadando o dinheiro para nossas compras do dia seguinte.
A noite na escola todos agiram "normalmente", a diferença é que estávamos ignorando o coitado do Caio. Ele falava e todos fingiam não ouvir, ele se aproximava e cada um saia para um lado. Eu já estava morrendo de dó.
— O que vocês têm hoje heim? — Ele me perguntou sem entender nada do que estava acontecendo.
— Não sei do que você está falando. — Me fiz de desentendida.
— Vamos conversar sobre o que aconteceu na sua casa hoje? — ele perguntou se abaixando para ficar frente a frente comigo já que eu não olhava diretamente para ele.
— Hoje não Caio! — menti. Tudo que eu queria era que aquela história de namoro fosse resolvida.
— Lia... Você sabe que precisamos conversar.
— Caio, você me meteu nessa história, agora resolve o problema sozinho — Falei e sai andando, mas eu estava com o coração na mão. Eu estava sofrendo por agir daquela maneira com ele, mas eu prometi a mim mesma que eu o recompensaria, talvez meu presente de aniversário fosse o sim que ele tanto queria.
Caio não veio atrás de mim e passou o restante da aula quieto em seu canto. Quando o sinal bateu anunciando o fim da aula, ele foi embora sem se despedir. Obviamente ele estava magoado com todos nós e tudo o que eu queria era poder conforta-lo e revelar nossa brincadeira logo.
***
João Paulo chegou em casa oito e meia da manhã e logo em seguida já saímos, tínhamos muitas coisas para fazer e não podíamos perder tempo. João Paulo era sempre uma ótima companhia, apesar das brincadeira de querer ficar comigo eu nunca o levei a sério. Ele era divertido e só não fazia parte do nosso bando porque era mais velho e vivia para o trabalho. Já tinha passado da época da escola e optou por não fazer faculdade, acho que eu e ele temos algo em comum. Ele era um solteirão e tinha o dedo podre para mulheres, nunca se envolveu com ninguém de verdade, e sempre que tentava, quebrava a cara.
Eu estava tão distraída pensando no homem ao meu lado que nem percebi quando saímos da estrada de chão e entramos no asfalto. A primeira parada era no mercado onde compramos as cervejas e as bebidas especiais. Em seguida arrastei ele até o centro, pois eu queria comprar um presente. Mas o que eu iria comprar? Entramos no shopping e comecei a andar sem rumo olhando vitrines e mais vitrines enquanto João Paulo apenas me seguia. Até que encontrei o presente ideal, o símbolo de nossa amizade e do nosso amor eterno: uma linda corrente de ouro com o símbolo do infinito e pedrarias brilhantes que me custariam os olhos da cara.
— João Paulo vem aqui. — chamei ele enquanto eu babava na vitrine. — Olha isso aqui...
Eu estava deslumbrada, meus olhos brilhavam e eu precisava comprar aquela corrente. Nem que eu trabalhasse o resto da minha vida para pagar. As palavras " que seja eterno" poderia significar tanto a nossa amizade, quanto o nosso amor ou até mesmo nosso namoro, caberia a gente decidir o que seria.
Fiz minha carinha de cachorro sem dono e olhei para meu cunhado falso:
— Você compra pra mim? Eu jamais poderia achar presente melhor do que esse!
Ele olhou para o preço, olhou para mim e ainda não estava acreditando no que eu havia acabado de pedir.
— Por favorzinho? Eu vou te pagar. Eu juro! É que eu não tenho dinheiro suficiente. Mas você, meu cunhado, tem cartão de crédito!
Ele deu uma gargalhada, não sei se porque chamei ele de cunhado, ou se por causa do cartão de crédito, ou pela minha cara de pau mesmo.
— Vou ajudar você, mas só porque eu sei que o Caio vai gostar muito desse amor infinito. — ele falou com um sorriso malicioso — Vem, vamos lá comprar esse presente.
Eu saí pulando igual uma criancinha e acompanhei ele para dentro da loja. Ele mandou embrulhar e pagou com o cartão de crédito dele e eu imediatamente abracei aquela sacola como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.
— Pra onde vamos agora? — ele perguntou despreocupado. O bom de andar com ele é que João Paulo não ficava apressando a gente.
— Padaria. E depois podemos ir embora, não podemos demorar muito aqui.
Entramos no carro e ele dirigiu até a padaria. Escolhi um bolo pequeno e bem decorado com chocolate e morangos, era algo bem simples, pois Caio nem era muito chegado em bolo, então era mais para agradar a nós mesmos.
Meio dia e já estávamos a caminho de casa. Nenhuma mensagem em meu celular, nem de Caio e nem das meninas. Provavelmente elas já estavam lá em casa com a mão na massa.
Chegamos em casa já era quase uma hora da tarde e todos já estavam lá, com excessão do Leandro. Fomos colocando as bebidas no freezer e João Paulo foi temperando a carne que eu havia descongelado antes de sair. Pedi que Felipe fosse tirar mandioca enquanto a Kamile limpava a churrasqueira. Eu já coloquei o feijão cozinhar e fui arrumando a casa acompanha por Simara.
A tarde passou tão rápido que quando vimos já eram cinco horas da tarde e as coisas já estavam quase todas prontas. A churrasqueira estava acesa e já tinha carne assando, a mandioca estava pronta, a salada, o arroz temperado e a farofa. Até a decoração da área conseguimos fazer, era só tomar banho e esperar o aniversariante.
Assim que todos foram para casa, eu também fui tomar banho. Meus pais chegaram logo em seguida e admiraram nosso trabalho.
Saí do banho com uma toalha enrolada no corpo e outra no cabelo e resolvi ligar para o Leandro.
— Oi. — ele atendeu.
— Como estão as coisas aí? — perguntei sentindo uma adrenalina percorrer meu corpo.
— Caio foi pra casa, falei pra ele que não íamos para a escola hoje porque iríamos encher a cara na casa do Serginho. Ele acreditou e agora foi se arrumar.
— Tá. Assim que todos estiverem aqui eu te mando uma mensagem. Como você vai trazer ele pra cá? — Perguntei.
— Digo que preciso pegar algo que deixei aí e ele vai receber a surpresa.
— Ótimo! Você é um gênio. Vou terminar de me arrumar e te mando uma mensagem.
Desliguei o celular e comecei procurar minha roupa. Hoje era um dia especial então eu precisava ficar linda. Coloquei meu vestido preto rodado, todo trabalho em tule e pedrarias,uns dos meus favoritos para festas especiais.
Fiz uma maquiagem para realçar meus olhos cor de mel e uma batom nude na boca. Sequei rapidamente meus cabelos e deixei eles soltos. Coloquei um salto alto, mas já deixei de reserva a sandália rasteira. Quando saí pra fora já estava escuro e meu pai tinha assumido a churrasqueira. Como combinado todos estavam em casa às sete horas, foram chegando um atrás do outro inclusive os pais de Caio. Mandei uma mensagem para o Leandro e meu coração começou a disparar.
Eu:
Pode trazer a noiva.
Brinquei.
Apagamos todas as luzes da casa e as da área e ficamos escondidos na sala. Os carros e motos estavam estacionados atrás de casa, então ele jamais sonharia que teria alguém em casa. Ouço um barulho de moto chegando, eu sei que são eles e sorrio nervosa na escuridão. A moto se aproxima e eu começo a tremer, assim que ela para, escuro conversas do lado de fora:
— Não tem ninguém aí Leandro. Podemos ir? — Caio pergunta.
Agora era a hora!
Abrimos a porta e acendemos as luzes ao mesmo tempo que cantamos os parabéns. Eu segurava o bolo na mão, mas eu estava tremendo tanto que tinha medo de cair e derrubar tudo. Caio realmente ficou muito surpreso e no meio de toda aquela gente, ele só olhava para mim com um sorriso no rosto e meu coração se derretia.
Ele só saiu daquela hipnose quando começaram a gritar:
— Discurso, discurso, discurso....
— Gente vocês são foda! Eu não esperava por isso... — ele começou a falar e Leandro arrastou ele pra dentro da área. — Eu estou muito feliz e agradecido por ter vocês do meu lado... Vocês me enganaram direitinho né bando de traíras...
Obviamente que ele estava nervoso e parava para pensar nas palavras.
— Bom gente... Nossa...vocês me pegaram! Eu só tenho a agradecer pela melhor família e pelos melhores amigos do mundo.
— Aeeee! — todos gritaram e começaram bater palmas.
Caminhei até ele com o bolo na mão e fiz ele apagar as velinhas. Sim! Tinha velinhas.
— Faça um pedido... — Falei antes que ele apagasse as velas.
Ele olhou para mim com um olhar sério e depois abriu um sorriso. Fez seu pedido mentalmente e assoprou as velas e todos bateram palmas indicando o começo de nossa festa.
***
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