60_ Eu te amo... com toda a sinceridade do mundo
( Narrado por Marina )
As coisas no uber chegaram assim que terminamos de almoçar. Gabriel pagou o motorista e trouxe a mochila para dentro.
ㅡ Ela mandou biquíni, pijama... ㅡ Fingi que não vi uma lingerie que não era minha. ㅡ O vestido que você me deu...
ㅡ Ela mandou o vestido? ㅡ Gabriel, que estava focado na televisão, mudou o foco para mim.
ㅡ Aham. ㅡ Continuei olhando na mochila. Também tinha coisas básicas como escova de dente, shampoo e roupas íntimas. ㅡ Podemos ir pra praia agora? To derretendo.
ㅡ Partiu. ㅡ Gabriel se levantou e apenas tirou a camisa, ficando com a bermuda.
Ignorei o pensamento de - como é mais fácil para os homens - porque estava ocupada olhando pro abdômen dele. Não consegui ignorar o pensando de - o que tá rolando comigo? - e corri para o quarto para me trocar.
A casa ficava de frente para o mar, quase na areia. Não haviam outras casas ou pessoas por perto, então tomei a liberdade de sair só com o biquíni.
ㅡ Eu explico tudo quando chegar. Eu to bem. ㅡ Saí do quarto fechando a porta atrás de mim. Gabriel, que estava sentado no sofá, olhou na minha direção com o celular na orelha. Senti minhas bochechas corarem quando seus olhos percorreram meu corpo inteiro. ㅡ Eu to ótimo, na verdade. ㅡ Falou ao telefone. ㅡ Pode deixar, pai. Até amanhã.
Ele desligou a chamada e veio até mim, deixando o celular sobre o sofá.
ㅡ Era o seu pai? ㅡ Pergunta idiota.
ㅡ Era. ㅡ Gabriel parou na minha frente. ㅡ Vamos?
Concordei com a cabeça. Ele pegou na minha mão e nós fomos até a praia. Só então percebi o quão estava sol. Na verdade, na direção da cidade, haviam nuvens cobrindo a maior parte do céu, impedindo o sol de brilhar por lá. Mas, ali onde estávamos, as nuvens eram pequenas o suficiente para deixar que o sol brilhasse e refletisse na água azul. Era como um paraíso.
Estava admirada olhando para tudo aquilo quando Gabriel me pegou no colo e começou a correr comigo na direção da água.
ㅡ Espera!! ㅡ Gritei o fazendo parar de correr, quando já estava com os pés na água. ㅡ Calma aí... ㅡ Tentei descer de seu colo fingindo uma careta de dor. Ele me deixou descer e me olhou preocupado. ㅡ Acho que eu... ㅡ Me abaixei para olhar meu próprio joelho.
Gabriel também se abaixou para olhar, e foi aí que o empurrei, o fazendo cair com tudo na água gelada.
Minha garganta foi abafada pela onda que se quebrou. Quando ele saiu com a cabeça para fora da água, percebi que iria se vingar, então comecei a correr. Ou tentar. Correr na água é uma merda.
Gabriel me alcançou tão facilmente que pareceu que eu não dei um passo sequer para longe dele.
ㅡ Não!! ㅡ Gritei sentindo ele me abraçar. Completamente molhado e gelado.
Gabriel se jogou na água comigo em seus braços, realizando sua vingança. Saí com a cabeça para fora da água sentindo todo meu corpo congelar.
Por um momento senti pena por tê-lo empurrado naquele gelo. Mas passou rápido porque o empurrei de novo.
E assim ficamos, como duas crianças, até a água já não parecer mais um gelo e nossos corpos acostumarem com a temperatura.
ㅡ Quando cheguei na sua sala e vi a Thalia lá... ㅡ Parei em sua frente. ㅡ Pensei que você fosse beija-la.
ㅡ Pensou? ㅡ Gabriel franziu a testa como se eu tivesse dito a coisa mais absurda do mundo.
ㅡ Sim. Você estava solteiro e... ㅡ Ele se aproximou. Senti suas mãos em minhas coxas quando ele me ergueu com facilidade e rodeou minhas pernas ao redor de sua cintura. Prendi meus braços ao redor de seu pescoço e admirei seu rosto que tinham gotículas de água por toda parte.
ㅡ Eu jamais ficaria com a Thalia. Ela é uma pessoa ruim. ㅡ Uma de suas mãos veio até meu rosto e afastou meu cabelo molhado. ㅡ E mesmo que não fosse ela, mesmo que fosse qualquer outra garota, eu não conseguiria. Eu tinha esperanças que você voltasse pra mim. Na verdade, eu só conseguia pensar em tentar arrumar um jeito de você voltar pra mim. Não conseguia pensar em nada que não fosse você.
ㅡ Gabriel...
ㅡ Eu te amo, Marina. Com toda a sinceridade que posso... Eu te amo. ㅡ Aquele momento nunca sairia da minha cabeça. Tive certeza disso.
[...]
Me encarei no espelho da penteadeira. Meu cabelo estava grande. Minha pele bronzeada e aquele vestido me caía muito bem. Gabriel disse que iríamos jantar e que ele mesmo faria a comida. Eu estava com medo? Sim, mas confiei nele.
Depois de pronta, saí do quarto. Fiquei admirada com o cheiro bom de comida que senti.
ㅡ Marina, você... ㅡ Gabriel apareceu na sala já arrumado, mas parou de falar quando me viu. E ele estava tão bonito e cheiroso... Seu perfume chegou rápido até mim, mesmo ele estando do outro lado da sala. ㅡ Você está linda.
ㅡ Obrigada.
ㅡ Eu gosto desse vestido.
ㅡ Você quem me deu. ㅡ Dei uma volta, girando a saia do vestido.
ㅡ Eu sei... ㅡ Ele disse aquilo mais para ele do que para mim.
ㅡ Então? E a comida? ㅡ Cruzei os braços.
ㅡ Ah, é. Claro. A comida. ㅡ Ele deu espaço para que eu passasse.
Fui até a cozinha, mas não encontrei nada. Vi umas luzes na área de trás e segui até lá, encontrando uma mesa pequena com duas cadeiras, velas, pratos e uma lasanha no meio. Geralmente meu foco iria para a comida, ver se estava do jeito certo, se era caseira ou pronta, mas o gesto dele, o cuidado, as velas e até uma tulipa...
ㅡ Eu tentei... ㅡ Ele apareceu ao meu lado, mas o impedi de continuar falando porque o beijei.
Gabriel foi pego de surpresa, mas não se demorou a retribuir o beijo.
Se ele soubesse o quão fico fraca toda vez que ele pega na minha cintura...
ㅡ Obrigada. ㅡ Sorri para e fui até a mesa. Ele correu para puxar a cadeira para mim. ㅡ Você quem fez?
ㅡ É uma das poucas coisas que sei fazer. ㅡ Ele foi até a outra cadeira e se sentou. ㅡ Não vai estar tão bom quanto se fosse feito por você, mas você também merece que cozinhem pra você. ㅡ Suas palavras arrancaram um sorriso de mim. ㅡ Aliás... O bolo que fez pra mim... ㅡ Voltei meus olhos para ele. ㅡ Obrigado.
ㅡ Não me agradeça, eu... Eu não ia te entregar porque... Sei lá. Era uma situação estranha.
ㅡ Mas, fez. Foi horrível passar meu aniversário sem você, mas quando sua tia chegou com o bolo... Percebi que você se importava. Pelo menos um pouco.
ㅡ Eu me importava muito. E chorei porque não pude estar com você. ㅡ Observei a chama que saía da vela. ㅡ Me desculpa.
ㅡ Não me peça desculpas. Você não fez nada errado. ㅡ Sua mão se esticou sobre a mesa até a minha. ㅡ E não vamos mais falar sobre isso. Quero que só tenha lembranças boas de hoje.
Meus lábios se abriram num sorriso sincero.
Nós dois jantamos e entramos logo depois.
ㅡ Até que você cozinha bem. ㅡ Me sentei na cama enquanto ele ligava a televisão do quarto. Ele tinha acabado de sair do banho e cheirava a shampoo.
ㅡ É, mas se me pedir pra fazer outra coisa, vai ficar igual a pizza do almoço. ㅡ Ri tirando a sandália dos pés. ㅡ Qual filme vamos ver primeiro?
ㅡ O seu. Fiquei curiosa sobre o político que não pode mentir. ㅡ Me levantei.
ㅡ Aonde vai?
ㅡ Trocar esse vestido.
ㅡ Precisa mesmo?
ㅡ Eu não posso dormir com um vestido longo. ㅡ Afastei as sandálias do caminho. ㅡ Aliás... ㅡ Voltei até ele e me virei de costas. ㅡ Desamarra aqui pra mim. ㅡ Puxei meu cabelo para a frente e esperei ele se aproximar.
ㅡ Não é uma boa ideia. ㅡ Ele confessou, já perto de mim o suficiente para sentir seu hálito no meu ombro.
ㅡ Por que não? ㅡ Continuei de costas.
ㅡ Porque já tive uns sonhos que envolviam você usando esse vestido e eu tirando ele. ㅡ Meu coração deu um salto no peito e agradeci por estar de costas, porque devia estar mais vermelha que um tomate. ㅡ E estou tentando me manter comportado.
Não tive coragem de olhar para ele de novo antes de entrar no banheiro. Quase quebrei o braço para desamarrar o vestido sozinha e tomei outro banho antes de colocar o pijama que Cecília mandou.
Saí do banheiro apagando a luz, encontrando o quarto já escuro e com a televisão ligada, pausada no início do filme.
Gabriel estava deitado sob o edredom. Me deitei do outro lado da cama e me infiltrei embaixo do edredom, ainda sem olhar para ele.
ㅡ Ta tudo bem? ㅡ Senti seu olhar em mim.
ㅡ Aham. ㅡ Trouxe o edredom para perto do rosto, cobrindo até o pescoço.
ㅡ Ei... ㅡ Gabriel se aproximou, me puxando para seus braços e me fazendo olhar em seus olhos. Olhos que eram aconchego para mim. ㅡ Eu amo você. Demais. E me desculpa se disse algo que te deixou desconfortável.
ㅡ Não deixou. ㅡ Ignorei a timidez. ㅡ Posso me acostumar com isso. ㅡ Sorri para ele, que sorriu ao entender.
ㅡ Que bom, porque gosto de ser sincero com você. E quero ser sincero em tudo. Quando digo que te amo, que amo estar com você, que adoro seu jeito tímido, sua personalidade leitora entusiasmada, sua voz quando canta, sua comida, o jeito que me apoia, seus beijos e o jeito que você me excita. ㅡ O momento fofo foi cortado pelo meu sorriso nervoso.
ㅡ Gabriel! ㅡ Comecei a rir com a cara queimando novamente.
ㅡ Que foi? Eu to sendo sincero. ㅡ Ele riu me puxando para ele de novo. ㅡ Gosto mesmo de você. ㅡ Acariciou o meu rosto. ㅡ E não tem outro lugar no mundo que eu queira mais do que estar com você.
ㅡ Eu também te amo. ㅡ Tentei, novamente, ignorar a vergonha. ㅡ E te agradeço por me permitir viver tudo o que eu sempre quis.
Gabriel me beijou. Beijo que terminou antes de começarmos a ver nossos filmes favoritos. E que terminaram antes de eu ter a noite mais perfeita da minha vida.
•••
Continua...
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