32_ Estupidamente apaixonado
( Narrado por Gabriel )
O beijo durou bem menos do que eu queria, pois estávamos em público, mas a verdade era que eu queria continuar beijando-a por horas e horas. Foram tantos dias querendo isso e sem coragem alguma de tentar que, quando finalmente criei vergonha na cara, não tive vontade de me separar dela.
A bochecha dela estava vermelha quando nos separamos. Eu abri um sorriso tão automático que só percebi quando ela sorriu também. O sorriso dela me tirou o fôlego e eu preciso me afastar um pouco.
Peguei o meu copo de sorvete e vazio e conferi o dela, que também estava. Peguei o dela também e resolvi usar isso de desculpa para me distanciar, antes que pulasse em cima dela ali mesmo.
ㅡ Você quer pipoca? ㅡ Perguntei quando avistei a barraquinha.
ㅡ Quero. ㅡ Ela respondeu e eu fui até a lixeira.
Joguei os copos fora e depois me aproximei da barraca de pipocas. Olhei os dois sabores e percebi que nem tinha perguntado qual ela queria.
ㅡ Me vê uma doce e uma salgada, por favor. ㅡ Pedi ao senhor que prontamente começou a preparar.
ㅡ Gabriel? ㅡ A garota que estava parada na frente da barraca se virou para mim. Ela era loira e tinha olhos claros. Me olhava como se já me conhecesse, mas eu não a reconheci. ㅡ Não lembra de mim? ㅡ Ela soltou uma risada curta enquanto passava o cabelo por de trás da orelha. ㅡ Sou a Thalia.
ㅡ Thalia? ㅡ Continuei com a minha expressão de confusão. Ela também estava comendo um saquinho de pipocas.
ㅡ É. ㅡ Ela sorriu, esperando que eu a reconhecesse, mas nem o nome me era familiar.
ㅡ Me desculpa, eu não me lembro de você. ㅡ O senhor me estendeu um saquinho de pipoca com as pipocas salgadas e eu segurei.
ㅡ Você não é amigo da Perola? Vocês todos andam sempre juntos. ㅡ Franzi o cenho. Até o momento pensei que ela pudesse estar me confundindo com alguém, mas era de mim mesmo que ela estava falando. ㅡ Aposto que eles estão por aqui, né? ㅡ Ela riu de novo, olhando em volta.
ㅡ Eu realmente não me lembro de você. Da onde nos conhecemos?
ㅡ Nos conhecemos na festa junina da casa do Yago. Eu... Namorava o Paulo. Irmão da Perola. ㅡ Só aí juntei as peças. Thalia, ex do Paulo, festa junina. Lembro de não ter conhecido ela até aquela festa, mas todos a odiavam, especialmente a Perola.
ㅡ A amante do pai da Perola? ㅡ O sorriso nos lábios da Thalia se desmanchou e ela balançou a cabeça.
ㅡ Isso é passado. Eu errei, mas me arrependi e hoje nem penso mais nisso. ㅡ Ela abanou uma das mãos.
ㅡ Hm... ㅡ Peguei a pipoca doce e paguei ao senhor. ㅡ Obrigado. ㅡ Sorri para ele e me afastei da barraca.
ㅡ Espera... ㅡ Thalia me seguiu enquanto eu andava pela praça. ㅡ Você ta aqui sozinho?
ㅡ Não. ㅡ Continuei andando.
ㅡ Imaginei. Está com todo o seu grupo, né? ㅡ Parei de andar e olhei para ela. Dali já dava para ver a Marina sentada no banco.
ㅡ É, eles vieram comigo, mas não sei onde estão, não. Eu estou com a minha namorada. ㅡ Indiquei Marina com o olhar.
Ta, eu não devia ter dito que Marina era minha namorada, muito menos sem ela sequer saber, mas não vou mentir dizendo que não gostei da sensação.
ㅡ Não sabia que você estava namorando. Pelo que me lembrava, você era o único solteiro desse bonde. ㅡ Ela cruzou os braços.
ㅡ E mesmo assim você foi no único casado, né? ㅡ Balancei a cabeça e me afastei dela.
Me aproximei de Marina novamente e me sentei ao seu lado. Lhe entreguei as duas pipocas e ela me olhou sem entender.
ㅡ As duas são pra mim?
ㅡ Eu não sabia qual você gostava.
ㅡ Você é atencioso até demais as vezes. ㅡ Ela riu pegando uma pipoca salgada.
ㅡ Lembra da Thalia? Do livro? ㅡ Apoiei os braços nas pernas e olhei para ela.
ㅡ A que traiu o Paulo? Lembro. ㅡ Marina revirou os olhos. ㅡ Ei fiquei numa raiva quando li aquela cena da ligação...
ㅡ Ela está por aqui. ㅡ Olhei na direção da barraquinha. ㅡ E eu meio que menti pra ela.
ㅡ Mentiu? Mentiu o que?
ㅡ Eu meio que disse que você era minha namorada.
De repente, Marina começou a engasgar com a pipoca. Ela tossiu umas cinco vezes antes de conseguir olhar para mim com lágrimas nos olhos.
ㅡ Por que você fez isso? ㅡ Perguntou com a mão sobre o peito.
ㅡ Sei lá, acho que ela estava dando em cima de mim e eu... Falei. ㅡ Dei com os ombros. ㅡ E talvez eu quisesse me gabar de você.
ㅡ Ah, vocês estão aí. ㅡ Perola apareceu junto dos outros, se fingindo de sonsos. ㅡ Nós procuramos vocês por toda parte, por que sumiram assim?
ㅡ Ah, procuraram? ㅡ Marina riu, já os conhecendo o suficiente para saber que eram todos falsos.
Era janeiro, mas a praça ainda tinha alguns enfeites de natal de dezembro. Isso também contava com o palco que a prefeitura montava para os estúdios de dança da cidade se apresentarem na semana do natal bonito.
De repente, as caixas de som começaram a tocar um sertanejo. Num ato automático, todos olhamos para Maicão.
ㅡ É o que que foi? Eu sou prefeito agora? Não tenho acesso a essas caixas, não. Qualquer música que toca no mundo vocês já acham que sou eu. ㅡ Maicon resmungou ao mesmo tempo que já dançava a música.
ㅡ Eu não duvido nada de você. ㅡ Dafine cruzou os braços.
ㅡ Tome um banho de flores
Passe o seu perfume
Coloque aquela roupa que me trás ciúmes
Que eu estou chegando pra te amar... ㅡ Maicon começou a cantar junto da música, fingindo um microfone com a mão fechada na frente da boca.
ㅡ Ai, vocês não sabem quem eu vi... ㅡ Perola fingiu vômito. ㅡ A Thalia.
Eles continuaram a conversar. Marina até mencionou que eu também a tinha visto, mas eu não participei da conversa. Enquanto a música tocava, eu só conseguia olhar pra ela. Devia estar com um sorriso estupidamente apaixonado nos lábios, pois era assim que eu estava me sentindo. Estupidamente apaixonado.
Tanto que nem liguei de que provavelmente Saulo, Pedro e Maicão fossem me zoar depois. Eu só não conseguia tirar os olhos dela. A música tocava alto e tudo o que eu conseguia fazer é pensar em beija-la de novo.
Quando ela ria, eu sorria. Quando ela falava, eu sorria. Quando ela fazia qualquer coisa, eu sorria.
Era errado eu desejar que todos os meus amigos fossem pastar só para eu ficar sozinho com ela de novo?
Marina me olhou em meio a conversa. Não fiz questão de disfarçar. Queria que ela soubesse. Que soubesse que eu a achava totalmente perfeita e por isso não conseguia olhar para qualquer outra coisa ali naquela praça.
ㅡ Aquela nojenta. Por que você não falou pra ela que a Marina é sua namorada pra ela te deixar em paz? ㅡ Perola chamou minha atenção, empurrando meu ombro.
ㅡ Eu falei.
Todos eles se entre olharam com aquele sorriso que eu conhecia muito bem.
ㅡ Okay, acho que estamos de vela. ㅡ Perola pegou no braço de Saulo.
ㅡ Olha! Vamos andar de carreta furacão! ㅡ Priscila apontou para o ônibus piscando que estava passando pela praça.
ㅡ Vamos. ㅡ Dafine concordou e assim nós dois ficamos sozinhos mais uma vez.
ㅡ Você quer ir? ㅡ Torci para que não.
ㅡ Não, só de olhar todas essas luzes e música alta, minha cabeça já dói. ㅡ Ela riu. ㅡ Por que? Você que... ㅡ Eu a interrompi.
Interrompi porque a beijei de novo.
•••
Continua...
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