Olha o Gigante!!!
Já estamos conversando na mesa há algum tempo e descobri coisas interessantes sobre o partidão da Vi.
Ele trabalha no ramo de ações empresariais. O que quer dizer que têm muitos investimentos em empresas de diversos ramos. Descobri que até da Cosmos ele têm ações.
— Então você é um acionista de profissão? — pergunta o Cris com curiosidade.
— Mais ou menos isso — diz Lucas.
— Você consegue viver somente disso? — Pergunto, me lembrando dos valores que são pagos aos milhares de acionistas da Cosmos. Mesmo sendo um valor alto são tantas pessoas que fica pouco para cada.
— Sim, dá para sobreviver. Mas a minha família me passou algumas ações. Meu pai também é investidor acionista — explica o Lucas. — Temos muito investido, por isso dá para ganhar dinheiro.
— Queria umas dicas depois — pede Cris.
— Com certeza — responde ele.
Começa a tocar uma música mais de casalzinho e a Vi chama o Lucas para descer com ele. Ficamos então, eu e o Cris na mesa.
— E aí, curtindo a noite? — Que pergunta idiota, Lelê? Você já sabe que ele não gosta de sertanejo, penso deixando um sorriso duro de pedra na boca.
— É — diz ele, meio sem graça, bebendo cerveja.
— Desculpe por não te falar que era sertanejo — digo sincera para ele.
— Como não te perdoar? — ele sorri, fazendo o efeito normal de me fazer sorrir junto.
— Então me diga — preciso me concentrar longe desse sorriso. — Já viu alguma moça interessante?
Sinto que ele sabe de meu desconforto. Seu sorriso no canto de sua boca debocha de mim.
— Ah, sim — ele diz me olhando e fazendo com que borboletas façam morada no meu estômago. — Aquela moça da recepção da área VIP.
— A Flávia? — Questiono com uma estranha sensação de como se ele tivesse virado um balde de água fria e com gelo em mim. — Conheço ela direitinho. Está no papo. Posso até te ajudar a chega nela.
Chego mais perto dele para contar o segredo. Me aproximo mais um pouco e falo ao pé de seu ouvido como que ele vai fazer.
— Cris. O que vou te dizer é o que todas nós guardamos a sete chaves.
— Juro que não digo para ninguém. ― Comenta ele.
— Está bem — Só de estar tão perto sentindo o cheiro de seu perfume amadeirado, sei que preciso me concentrar. Mas começo a respirar pela boca para começar — Você vai se aproximar dela e contar uma das suas melhores piadas ao pé do ouvido. Certamente ela vai sorrir contigo. Depois você chama para dançar. É difícil uma mulher não gostar de dança. Em seguida, elogia alguma qualidade que acha interessante. Como a cor dos olhos por exemplo. Ela vai ficar encantada com o seus olhos e seu sorriso de covinhas. Depois é só você caprichar com um beijo que ela vai a qualquer lugar que queira.
Ele me olha de um jeito intenso. Como se eu tivesse lhe contado a localização do Santo Graal ou a fórmula que vai erradicar o câncer no mundo. Me dá um beijo no rosto e sai animado da mesa em direção a saída da área VIP.
Cris se aproxima da Flávia e faz tudo o que disse. Quando estão na pista de dança, ele a beija. Tento não ficar irritada com a mão boba dela até quando ela tem a audácia de apertar a bunda dele. O coitado leva um susto na hora, mas depois relaxa e continua como um desentupidor de pia. Que raiva. Ela é uma aproveitadora sem escrúpulos que perdeu a minha amizade definitivamente.
Não aguentando mais ver a cena, peço mais uma bebida. Quando sou surpreendida por um cara.
— Oi, linda — diz o homem grande e muito musculoso tomando posse no lugar do Cris na minha mesa. — Queria entender o porquê uma moça tão bonita está sofrendo pelo namorado que te trocou pela moça da portaria.
— Você não entendeu nada — comento, sorrindo para ele. — Ele não é o meu namorado. É só o meu amigo.
— Bom saber que a moça não tem namorado. Mas tenho outra pergunta. A moça sabe dançar um bom sertanejo?
— Sim! — respondo segurando a sua enorme mão.
Em todos os aspectos ele me supera. Na altura, no tamanho, no físico. Ele é tão grande que me lembra um armário três por três.
Esperamos a música começar e sou surpreendida em como ele dança. Parece um professor que me conduz lindamente. O que me traz à mente dias de uma vida que não existe mais.
— Você é dançarina? — Pergunta ele curioso no meu ouvido. Com toda certeza foi surpreendido também. Mas indico por sinais a perguntar depois. Não quero conversar gritando na pista de dança.
Na verdade, durante um tempo na minha vida fui muito mais que uma simples dançarina. Fui uma dama do tango. Que deixava toda uma plateia impressionada dançando com o cavalheiro. As minhas pernas ágeis enfeitiçavam a plateia e no fim era aplaudida e homenageada por todos ao redor.
Mas aquela Letícia foi embora junto com as lembranças de um dia que nunca deveria ter existido. Deixando no lugar uma pessoa muito mais forte e aprendeu da pior maneira a lidar com a vida de um jeito muito mais fácil.
Depois da quinta música, peço um tempo para o gigante e volto para a VIP. Peço mais uma bebida que chega com um bilhete escrito em um guardanapo dizendo:
"Achei que você estivesse namorando com aquele cara. Ainda bem que percebi que você ainda está disponível. Você é a mulher mais incrível de todas. Ass. Admirador secreto"
Depois de ler o papel, respiro fundo algumas vezes e levanto da mesa já chateada em direção ao bar. O meu querido fornecedor de bebidas grátis, Felix, me cumprimenta mais uma vez perguntando o que quero.
— Nada de beber, Felix. Só quero saber quem deixou isso para mim.
Entrego o papel para ele que é um daqueles barman que fazem serviços de gogo boy nas horas vagas. Musculoso, bronzeado, alto, forte e com gingado. Uma vez ele me contou que usa o nome de Jason nos trabalhos. E não. Ele nunca foi a minha casa.
— De novo, Lelê? — Questiona ele, decepcionado. Confirmo com a cabeça. — Mas a culpa é sua.
— Minha culpa, por quê? — reclamo, indignada.
— Quem mandou ser gostosa? — responde rindo. Ele sempre me dá umas cantadas. Mas tenho uma ligeira desconfiança de que não se interessa por mulheres. — Você deveria ser menos bonita e também arranjar um cara legal tipo aquele que chegou contigo.
— Aquele cara está atracado com a Flavinha — Pergunto irritada.
— Só porque você dispensou ele.
— Eu não dispensei ninguém. Ele é só o meu amigo
Ele começa a ri.
— Lelê baladeira com um amigo, homem e hétero? Vai chover uma semana.
— Tão difícil acreditar assim? — reclamo indignada
— O problema é você tentar me enganar que não sente nada por ele. Vi você sorrindo com ele e nas noites que passa aqui nunca te vi desse jeito. Ele seria um cara certo para te fazer feliz.
Esse papo está de relacionamento a longo prazo está me irritando. Então pego uma garrafa de Tequila do bar e viro num copo.
— Ainda não bebi o suficiente para um sermão sobre responsabilidade, Felix — falo virando o copo de uma vez só.
— Tô sabendo, Lelê.
— Passa o aviso para mim.
— Vou falar com o seu "ADMIRADOR SECRETO" — diz ele, decepcionado
Agradeço e volto para a mesa tentando esquecer o papo sobre o meu acompanhante da noite que deve estar transando com a Flavinha em algum canto escuro da boate.
Quando a minha mente começa a relaxar, me lembro das últimas vezes que recebi esses decepcionantes bilhetes. Só fofos e românticos. Mas será que um dia eles vão entender que nem todas as mulheres são adeptas isso? Acho que isso nunca vai acontecer, pois sempre nas boates aparecia um que dizia que gostava de mim como se tivesse conhecido a mulher da sua vida ou algo próximo disso. Tinha vezes que eles mandavam uma amiga para intermediar. Mas a resposta era sempre a mesma. Fazer o que se o meu coração está com status "indisponível" indeterminadamente.
— Oi de novo, linda? — retorna o armário três por três, me tirando dos meus pensamentos. — Já recuperou o fôlego?
— Quase, lindo. Só mais uns pouco — respondo, sorrindo um pouco mais, certamente por causa da dose pesada de tequila.
Sendo sincera. O folego já recuperei. Só estou pensando se coloco essa figurona no meu álbum.
Antes que eu tome a decisão, Vi e o Lucas se aproximam dizendo que vão embora. Meu sexto sentido diz que a história dos dois vai dar muito match. Olho em volta tentando ver mais uma vez se encontro o Cris. Mas antes de o encontrar o grandão vira o meu rosto para ele.
Não posso me prender a ninguém, então por que não colocar mais uma figurinha no meu álbum? O chamo para dançar novamente que ele aceita sem pestanejar. No meio da música começa os amassos e o clima começa a esquentar me fazendo esquecer o que quer que tivesse na minha mente. Ele tem uma pegada que deixa qualquer uma louca arrancando suspiros na pressão daqueles músculos poderosos.
O DJ avisa que está nas últimas faixas e aproveito para o convidar à minha humilde residência. Mas uma vez ele aceita e saímos para pegar um taxi. Sempre deixo o carro em casa nessas saídas, mesmo se o grandão tivesse de carro não iria. Ninguém tá prestando para dirigir.
Entramos no táxi e os amassos recomeçam. No meio disso tudo só tenho uma única pergunta na minha mente: será que isso tudo cabe na minha cama?
***
Abri a porta com ele quase a derrubando a força bruta. Estou tão curiosa do que vou encontrar, como uma estudante querendo comprovar o estudo do tamanho da mão ser proporcional aos documentos. Que tomei um susto com o barulho de um bicho raivoso dentro de casa.
— Gata. O que é esse barulho? — O gigante me pergunta.
Ao primeiro ponto me assustei depois de uns instantes a minha mente lembrou do meu gatinho, Encantado. Só deve ser ele.
— É o meu inquilino, o Encantado — ele me olha estranhando. — É só o meu gato.
Mais uma vez o Encantado consegue quebrar o clima e olha que dessa vez falei com ele.
Acendo a luz da sala irritada e vejo o bichano todo armado com os pelos brancos para cima, querendo briga olhando em direção ao meu convidado.
— O que aconteceu, Encantado? — Pergunto tentando chegar perto do felino, mas ele tenta me arranhar.
— Ele é assim mesmo? ― Questiona o gigante
— Não, nunca foi desse jeito — respondo assustada com ele. Meu gato nunca me atacou. — Está acontecendo alguma coisa com ele.
— Quer que eu o coloque numa caixa? — Pergunta ele caminhando para dentro de casa e fazendo o gato ficar ainda mais arisco
— PARA! — grito para o cara.
O Grandão me olha estranho.
— Olha só. É melhor você sair. Ele não gosta de gente de fora. Pode ser só isso.
— Fala sério, gata. O gato está te atacando e quer que te deixe sozinha com ele? — discorda ele, aborrecido.
— É o melhor. Cuido dele desde filhote. Sempre foi bastante ciumento comigo. Deve ser só isso — falo o colocando para fora de casa. O gigante reclama um pouco, mas sai.
Assim que fecho a porta, Encantado vem para o meu pé pedir carinho como se nada tivesse acontecido.
— Como assim, Encantado? — questiono frustrada.
Perdi a minha noitada de hoje. Aí alguém bate na porta, me dando um susto de novo. Olho para o gato que começa a ficar estranho de novo.
— Gata. Tá tudo bem? Vai me deixar entrar? — Encantado começa a rosnar de novo e a atacar a porta.
— Para a sua segurança, cara. Acho melhor não. Desculpe.
É uma das poucas noites de fim de semana que durmo sozinha.
— Amanhã você vai ver Encantado. Esquece a sua ração cremosa — Sentencio, subindo para o meu quarto irritada.
***
No dia seguinte, tomo o meu café da manhã sozinha e falo como os meus dois amigos por conferência.
— Vocês sabem onde encontro um exorcista de felinos na cidade? — Pergunto para eles.
— O que o Encantado aprontou dessa vez? — retruca Vi, surpresa.
— Ainda bem que você me ouviu. Ele matou alguém na escada? — comenta o Cris.
— Ainda não, mas ficou doido ontem à noite. — Conto para eles tudo o que o gato fez.
— Falam que bicho tem sexto sentido. Quem sabe o cara era um assassino ou algo assim e ele te defendeu — desconfia, Cris.
— Fala sério que o Encantado expulsou o gigante? — Pergunta Vi, rindo que não se aguenta.
— Não acredito que ele fez isso, Vi. Estava tão perto de comprovar aquela teoria do tamanho da mão...
— Meninas estou aqui na linha também. Se quiser, eu desligo — reclamou, Cris.
— Está bem. Não vou falar disso — digo, rindo — Mas estava tão perto.
Ouço a Vi rindo no fundo da ligação.
— Vi, para de rir. — Reclamo
— Desculpa amiga. É muito hilário o que o Encantado tem te causado nesses últimos anos — diz ela, rindo.
— Estou na maior deprê por causa dele e você tá rindo — choramingo, olhando para o causador de dor de cabeça que está tomando banho tranquilamente na minha frente.
— Desculpa, amiga — pede ela, ainda com a voz risonha.
— Voltando ao assunto inicial — diz o Cris. — Se eu souber de algum exorcista de felinos te aviso. Quem sabe esse comportamento tem a ver com algum conhecido antigo seu ou um ex-namorado?
Só o comentário dele me dá calafrios.
— Sinistro, será que o A...
— Acho que não tem nada a ver com isso — respondo interrompendo a Vi de propósito. — E como já sabe, não tenho namorados.
— Foi mal, miga. Não tá mais aqui quem falou — confessa ela, se desculpando
— O que aconteceu que não entendi nada? — pergunta Cris curioso.
— Nada — falamos juntas
Ninguém fala nada por um instante. Mas logo depois Cris quebra o silêncio.
— Já que vocês não querem falar sobre o tal do "A". O que vão fazer no fim do ano? Minha mãe e meu irmão estão vindo passar o Natal comigo e gostaria que vocês participassem. O que acham?
— Gostei, Cris. Meus pais sempre viajam nessa época do ano. Normalmente passamos somente eu e a Lelê. Agora com o Lucas vamos nós três. Acho que seria uma boa passar com mais gente. O que acha Lelê?
— Vou pensar e respondo. Está bem, Cris? — Questiono.
— Ok. Te aguardo.
Depois de um tempo encerramos a ligação.
O fim do ano chegou e nem percebi. Saudades é o que mais dói em meu peito. Mas parece que agora é bem menos. O que será que mudou?
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Oi gente. Chegamos na sexta e tem capítulo novo.
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Amo os comentários de vocês.
Seguindo para os 2K.
Mil bjnhos.
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