O Boy da Balada
São três da manhã de sábado e estou chegando na minha casa depois de uma da balada com um cara muito gato que nem imagino o nome. Ele me empurra para o sofá e eu o puxo subindo pelas escadas e o meu gato dá um miado altíssimo.
— O que foi isso? — Pergunta ele, alarmado.
— Foi o "Encantado" — respondo o puxando comigo quando ele para de me beijar. — É só o meu gato.
Valeu Encantado, mais uma vez você conseguiu causar.
Amo o meu gatinho angorá branco, mas é a quarta vez que ele me apronta. Sempre na escada. Desço me afastando do boy e vou para a entrada acendendo a luz da minha humilde residência.
Quando olho para ele, algo me assombra. Já fiquei com esse cara. Fala sério!?
— Acho que já te conheço — diz ele franzindo a testa, confuso.
O sujeito é gato, forte, alto, com um sorriso encantador e cabelos curtos castanhos escuros. Tudo de bom!
Fico meio encabulada, uma das minhas regras é que figurinha repetida não completa álbum.
Que chato vou ter que dispensar o carinha, mas regras são regras.
— Acho que você já veio aqui antes. Não é? — Pergunto, meio tímida.
— Não, eu não vim. É que eu trabalho na mesma empresa que você. Que eu me lembre o seu nome é Letícia Serra, não é?
Agora começo a ficar tensa. O cara é um perseguidor. Queria tanto que o Encantado fosse um cachorro feroz para expulsar o carinha daqui.
Ihh. Acho que ele percebe a minha expressão.
— Olha só, não estou perseguindo você. Tá bem? Eu me chamo Cristiano Valle, trabalho no setor de tecnologia de informação da Cosmos. Você trabalha com a Megera Augusta...
— Augusta de Sá — completo com um alívio. Ele realmente sabe para quem trabalho. Paro e o avalio por um segundo. — Tem certeza que não está me perseguindo?
— Não estou, juro de pé junto!
— E como diabos veio parar na minha casa? Eu não me lembro de você na empresa...
— Só aconteceu da gente se encontrar na mesma balada numa noite de sábado. Uma simples coincidência.
Com as mãos no alto, balançando os ombros, ele desce as escadas e o Encantado entra na frente dele como que um quebra-molas fazendo com que quase caia de cara no chão.
— Acho que o seu gato não gosta de mim — reclama ele nervoso.
Olho para ele enquanto presta atenção em Encantado. De alguma forma, não consigo me controlar.
Ah, qual problema dele ser figurinha repetida? Há um deus grego na minha frente. Dane-se essa regra... por enquanto, claro.
— Não liga para ele — digo o seduzindo. — Normalmente os "Encantados" não curtem noitadas. — O beijo sentindo um gosto de Vodca maravilhoso, depois puxo novamente pelas escadas indo para o meu quarto para mais uma noite de aventuras.
***
Acordo as dez da manhã com o boy magia na minha cama, pelado, em cima de mim e roncando como se não tivesse amanhã. A minha cabeça começa a doer e percebo que a ressaca chegou. Ou melhor dizendo a "rê". Sempre nesse ponto que me lembro que não devia ter tomado tantos drinks assim.
Mentalizo: "Tequila não é a sua amiga Lelê". Coloca na regra.
Vou empurrando o carinha tentando sair da cama. Não queria acordar o cara, mas o meu telefone não estava sabendo disso e começa a cantar a minha música tema em alto volume "Sem querer roubei seu coração, desculpa meu amor não tive a intenção. Por favor desgoste de mim, pois eu não mereço ser amada assim. Eu não sou de uma pessoa só..."
Merda.
Pego o meu telefone do lado da cama e vejo a foto da minha amiga Virgínia, o problema é que com o barulho o carinha acorda desnorteado e assustado. Graças a Deus tirando todo o seu peso de cima de mim. Aproveito a situação saindo do quarto, estou preocupada com ela que saiu da night bem mais cedo e com um cara bem gato também.
— Bom dia, Vi. Como cê esta? — Eu digo quando paro no corredor, bocejando.
— Miga? O que aconteceu ontem? — ela é aquele tipo de pessoa alto astral que sempre liga de manhã para te desejar "bom dia". — Cê lembra do mega gato que eu peguei ontem? Ele mora onde Judas perdeu as botas. O lugar é muito estranho. Não digo estranho de feio, ainda mais que a casa fica na beira da praia. Porém é muito deserto. Como eu saio daqui?
— Onde você tá? ― Pergunto preocupada
— Não sei. Meu cérebro ainda não está funcionando. Minha cabeça parece que pesa uma tonelada. Não devia ter bebido tanto ontem à noite. Me ajuda, miga. Como é que eu saio daqui? ― resmunga ela.
A dor de cabeça aperta ainda mais quando tento pensar, além da ressaca, estou preocupada. Ela poderia estar na casa de algum maníaco, doído e louco. Alarmada com essa possibilidade, tento pensar rápido. Mas só depois de uns instantes, meu cérebro resolver dar o ar da graça.
— Vi. Liga seu GPS, descobre onde você está e então me liga.
— Verdade, tinha esquecido disso! ― exclamou ela ― Só você para me salvar. Não desliga o telefone que já te falo. ― ela desliga a ligação.
Coloco a mão na boca, preocupada. Sinto de verdade até o meu coração bater apressado. Vi sempre se mete nas piores enrascada. E sempre me procura para resolver quando não consegue se virar sozinha.
Suspirando, tentando encontrar paz interior, ouço o barulho da descarga do meu quarto, o que me faz saltar as sobrancelhas para cima e quando o vejo.
Nossa. Dessa vez me superei.
Ele parece um daqueles caras que faz uso regular de academia de academia. Não é super musculoso, mas têm todos os gominhos perfeitos na barriga, braço e pernas. Os deuses gregos ficariam com inveja ao vê-lo na luz do dia.
— Bom dia, Letícia — Cumprimenta ele me tirando dos meus devaneios. Sem notar, eu inclino a cabeça percebendo seu abdômen. Só depois percebo que está meio sem graça com a situação. E eu mais ainda que não lembro do nome dele por nada nesse mundo. Acho que se chama Luciano, mas contraio meus lábios, preferindo não arriscar dizer um nome errado.
— Bom dia — respondo tranquilamente, tentando disfarçar o meu lapso. — Tem escova de dente nova na terceira gaveta do banheiro. Vou fazer um café pra gente. Qualquer coisa me procura ali embaixo. — Aviso descendo as escadas.
Chegando na cozinha que é pouco espaçosa, vou ao armário e pego o meu chá contra "rê". Coloco com água no fogo e vou pegar outras coisas para fazer o café da manhã do protótipo de primeira linha de deus grego. Penso nas minhas aventuras e penso que se as paredes falassem, nunca conseguiria dormir de tantas histórias que iriam contar.
Já estou acostumada com a minha louca rotina, todo fim de semana encontro com dois caras diferente. Nos outros dias trabalho na Cosmos Tecnologias. Para mim um ótimo emprego que me faz estar entrando no horário do almoço e me paga o suficiente para que me sustente com tranquilidade. Quem não gostaria de uma vida assim?
Moro sozinha há alguns anos e adoro isso tudo. A minha liberdade de ter somente a responsabilidade de cuidar do meu gato é algo que não abro mão por nada. Cansam de falar que as mulheres querem se casar e ter um milhão de filhos, mas sou exceção a essa regra besta. Curto as night dos sabores, cores, estilos e outras coisas.
De repente, em meio aos meus bocejos, ouço um estrondo na escada e vejo que mais uma vez o Encantado se faz de pedra de tropeço para o bonitão que dessa vez está realmente vestido de camisa e calças.
Que pena. Queria ter visto aqueles músculos novamente. O que é belo deve ser visto. Penso.
— Tenho certeza que o seu gato me odeia — diz ele irritado, passando por mim.
E é verdade, o Encantado não suporta nenhum dos caras que trago para casa. Toda vez ele apronta uma. Já marcou território no sapato, arranhou ou mordeu a canela de um deles e a mais recente dele é fazer com que os meus convidados noturnos quase caiam das escadas.
— Ele está tentando me matar — eu rio do comentário dele. — É sério. Você devia levar esse gato em um exorcista.
Rio mais alto.
— Ele é só um gatinho fofo e ciumento — digo o pegando no colo e ainda debochando dele. — Aqui Encantado! O seu café da manhã.
Desço o felino na frente da tigela dele que fica no canto da cozinha.
— Letícia é que... — começa o homem lindo que ainda não tenho certeza do nome.
— Pode me chamar de Lelê — digo o interrompendo. — Vai ali para a sala que vou levar o café da manhã.
O lindo de bonito abre a boca tentando dizer algo, mas muda de ideia. Sacode a cabeça e sai da cozinha
Por ter essa vida a mais ou menos cinco anos dos meus vinte e cinco atuais. Sempre caprichei no café da manhã. Como não sei o gosto deles. Tenho de tudo o que um homem gostaria. Desde frutas e torradas até bacon e ovos. Acho falta de educação mandar os caras irem embora sem comer nada digerível depois de tanto esforço físico.
Quando levo tudo para a mesa, percebo que ele está espantado com tanta coisa, porém a única coisa que digo é "coma a vontade". Depois disso o ignoro tomando o meu chá e buscando no telefone mensagens da louca da minha amiga. Ela disse que descobriu onde está e que vai vir para cá.
Droga. Vou ter que mandar o carinha embora mais cedo do que o costume. A minha amiga vem na frente de qualquer cara, mesmo sendo tão gato quanto ele é que por nada no mundo lembro o nome.
— Bastante preparada você — diz ele encantado com a mesa digna de hotel.
Como estou no telefone não prestei muita a atenção no que ele dizia. Mas ele pega o meu telefone e segura a minha mão para que eu lhe dê a atenção devida. Ele não imagina o como isso me deixa irritada.
― Você é bastante acolhedora, Lelê ― comenta com um sorriso irônico.
— Faço isso, porque não gosto de deixar ninguém com fome. Luciano — solto a minha mão da dele disfarçando ao pegar uma torrada na mesa
— Que legal — diz ele, lançando um olhar divertido. — Mas só para constar, o meu nome é Cristiano.
Merda. Errei. Penso em desespero, pois não sei onde enfiar a cara.
— Desculpe, Cristiano — digo, me sentindo sem graça.
— Tudo bem, Lelê. Você não lembrar do meu nome. Mas posso criar memórias para você não me esquecer — Comenta ele sorrindo para mim de um jeito meio que querendo repeteco.
Tadinho, não vai rolar.
— Sabia que você é muito bonita na luz do dia? Te admiro há bastante tempo — continua ele. — Você traz uma luz na recepção da Megera Augusta...
Hei!!! Como assim?!
— Peraí, pensei ter ouvido que não é um perseguidor.
— Não sou. Apenas um bom observador.
Olho para ele com desdém.
— Olha só, Cristiano... — começo dando uma bicada no meu chá. – Não vai rolar de novo. Ok? Essa é a última vez que você vai vir na minha casa. Não fico mais do que uma vez com um cara. Entendeu?
— Entendi — responde ele fazendo cara de quem não entendeu nada.
Fico o observando esperando a próxima pergunta. Depois de uns instantes que mais pareceram uma eternidade, ele me questiona:
— Então, você não se interessa por relacionamentos?
— Não mesmo. Curto bastante a minha independência.
— Mas você tem amigos, não é?
— Sim, tenho. Aliás a minha melhor amiga está com problemas vindo para a minha casa. Era isso que estava falando no telefone, Cristiano — respondo, me lembrando da Vi.
— Entendi. Espero que ela esteja bem. E uma coisa. Você pode me chamar de Cris. Está bem? Agora voltando ao nosso assunto. E amigos homens? Você tem? — pergunta ele me olhando esperançoso
Penso um pouco e digo.
— Não muitos. — Na verdade nenhum, mas não iria confessar a um estranho que conheci ontem à noite.
— Posso me candidatar? — Questiona ele, sorrindo
Aquele sorriso lindo com uma covinha nas bochechas encantadoras que faz meu rosto corar... Quero sorrir de volta, mas beberico meu chá com pressa.
— Posso pensar no seu caso — respondo assim que consigo me concentrar — Mas seria somente amizade e nada mais que isso. Não quero você olhando para mim assim. Está bem?
— Ok. Aceito sua oferta — diz ele sorrindo.
De novo não... Não posso olhar, desvio os olhos para outro lugar e vejo uma teia de aranha no teto da sala.
— Nunca mais vou olhar para você assim — ele jura beijando os dedos. Sinto que está ciente de minha reação interna. — Vou ver você como se fosse um amigo homem. Está bem?
— Não é para tanto. — Volto a olhar para ele, rindo
Ele ri comigo e conversamos bastante enquanto terminamos o café da manhã. Um pouco depois dele ir embora, a Vi chega me deixando aliviada por estar bem. O breve tempo que ela estava aqui só pensava no que não devia. O lindo sorriso com covinhas que ele tem.
Não posso ficar pensando nisso. Tenho que me concentrar, pois nessa manhã de sábado, começou a minha AMIZADE com o Cris.
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Olá meus lindos. Já estava com saudades de vocês.
Começamos as postagens dos novos capítulos e têm muita coisa nova pela frente.
Não esqueçam de comentar, curtir e compartilhar.
Mil bjnhos.
Até semana que vem com... A Roda de Samba
Como é gostoso cair no samba, samba. Você também pode ir no samba, no samba...
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