Não sentia nenhum remorso ao me lembrar de Dinah, éramos pecadores, farinha do mesmo saco, não poderia julgá-la, pois eu era tão sujo quanto a tal. Era até bom falar dela, fazia-me relembrar da minha Juventude heróica, quando me iniciei na Liga da Justiça. Tinha ótimas lembranças desses tempos, era livre de certa forma e estava me habituando com uma novidade... Heroínas carentes.

Salvávamos o mundo, carregávamos tudo e todos nas costas para no fim das contas não termos ninguém ao nosso lado, para não termos uma vida de verdade. Para não sermos humanos. Carecíamos disso, quase todos se encaixavam nesse critério, as exceções eram poucas e quase absurdas. Dessa forma, saciávamos essa carência da maneira carnal que encontrávamos, com pessoas aleatórias que nunca mais iríamos ver ou com os próprios membros da liga.

Claro que não eram todos que compactuavam de tal ato, havia heróis sérios, comprometidos com sua causa. Encaixa-me nesse quadro, mas mesmo sendo devoto a minha identidade heróica eu era homem e, como qualquer um, precisava me abster de minhas necessidades carnais.

Já havia possuído Dinah, e depois daquele dia ela nunca mais pulou a cerca comigo. Shayera era fiel a John, apesar de o mesmo ter um relacionamento com Vixen. Diana, a Mulher Maravilha... Bem, ela não era mulher desse tipo, merecia respeito e emitia certo temor aos que a rodeavam. As demais eram crianças, não seria baixo a tal ponto. Mas existia uma, uma que era baixa da mesma forma que eu, uma que também carecia de ter noites de prazer. Zatanna, a feiticeira que não precisava de nenhum feitiço para me ter, a morena que usava um uniforme que parecia vir direto de um sex shop, a moça dos cabelos de seda, sexy e extremamente provocante.

Não tínhamos nada além do que um simples compromisso de sexo casual, e era somente isto que ela exigia de mim. Foi desta forma que tudo aconteceu, ela queria sexo, queria prazer. Não me recordo bem com exatidão da forma que nos aproximamos, às vezes acho que fui até feito vítima de suas magias, mas me recordo bem do nosso primeiro encontro.

A Liga havia ido a uma missão em massa, quase todos tinham ido, restara somente eu, Zatanna e Ciborgue. Não me lembro o motivo aparente por ter me ausentado do campo de batalha, simplesmente não fui, chego a me alegrar por isso quando me recordo de tal evento.

Estava tão entediado na Torre que passei a vagar pelos corredores, pensando coisas aleatórias, até que me deparei com o quarto de Zatanna entreaberto. Curioso me esgueirei pela fresta e estupefato encontrei Diana se despindo, pisquei e pisquei tentando averiguar a cena, achando que minha mente pregava peças, mas não achava escapatória. Na minha frente à Mulher-Maravilha estava nua.

Como se estivesse sob um encanto, de certa forma estava, fui atraído para o quarto, completamente obcecado pelas curvas exuberantes que faziam meu olho saltar de órbita, minhas pupilas dilatarem e minha boca salivar, feito um animal faminto. Eu a desejava intensamente. Era como um sonho, a voz forte de Diana, rouca e sensual, me chamava e impulsivamente fui até ela. Caminhando em direção a um oásis, meu paraíso, minha tentação e condenação.

Num ato imprudente me deitei com ela, deixei que ela me despisse e saciasse meus desejos, que me desse uma noite perfeita, perplexa de prazer e puro êxtase. Exausto adormeci com ela em seu quarto, estupefato com a noite que acabara de ter. Entretanto a surpresa maior foi acordar e não encontrar ao meu lado Diana, mas sim Zatanna.

Não sabia ao certo distinguir o que senti naquele momento, surpresa, desilusão, raiva, felicidade, excitação... Só conseguia pensar na ousadia da morena, o que tinha feito para ter uma noite comigo. Enfeitiçou-me de verdade naquele momento, vi-me completamente encantado por aquela coragem e desejo.

Depois dessa noite tivemos outras, muitas, várias, das mais variadas noites. Todo dia uma fantasia realizada, um feitiço lançado e uma noite mágica. Zatanna era incrível, uma criança ainda, mas excepcional. Não passávamos de parceiros sexuais, sabia que ela tinha outras interesses amorosos, porém se saciava comigo. Era uma relação de mutualidade.

Por um bom tempo ficamos assim, cúmplices dos nossos prazeres, contudo com o passar dos meses foi perdendo a graça, não por conta do outro, mas por discernir nossas ações.

Estavamos cansados de fantasiar os nossos desejos no outro, deitar e nos amar pensando num outro alguém. Isso já sabia desde o início mas não me importava. Entretanto Zatanna estava amadurecendo, criando uma nova mentalidade e entendendo que sexo não é a solução para a infelicidade, que prazer não cura a tristeza e nem preenche o vazio dos nossos corações.

Assim a deixei ir, distanciei dela, observando seu crescimento e o caminho que a esperava. Não era mais a jovem que se passava por outras mulheres pra me satisfazer, que via em mim seus interesses amorosos, que saciava comigo nossos desejos alheios. Zatanna não precisava mais se passar por alguém, por fantasiar outro em mim, ela havia entendido que poderia muito bem conseguir o que quiser e quem quiser sendo ela mesma. Zatanna agora era mulher.