Diana Prince- part 1
A partir de Zatanna passei a folhear o álbum com um certo desinteresse. As outras que estava ali eram importantes sim, mas não passavam de tentativas fracassadas ao tentar estabelecer um relacionamento sólido. Outras não passaram de aventuras noturnas. As fotografias passavam por minha visão e só conseguia recordar-me das faces angelicais e sedutoras, dos lábios, do sabor e do prazer singular que cada uma me proporcionou. Mas não sentia pesares. A verdade é que não fora verdadeiro, com nenhuma delas, não tinha empenho e nem conseguia lembrar-me nada, não existia nada para recordar.
Distraído nem percebi que havia chegado ao fim do álbum, só reparei que estava finalizando aquele martírio quando enxerguei a última fotografia. A última mulher. A última da minha vida. Meu último amor, o maior de todos, as vezes até penso que foi o único. Excepcional, extraordinário, inusitado e singular.
Só conseguia olhar a sua fotografia, admirando sua beleza celestial, ímpar e suntuosa. A sua postura imponente, o seu semblante majestoso, os seus olhos serenos e ao mesmo tempo intensos, belos como diamante e cortante como tal. Ela era sem palavras, de formosura indescritível e de caráter inigualável.
Meus pensamentos estavam inteiramente voltados para ela. Era a única que fazia-me esquecer de tudo. Absorto em devaneios nem reparei quando Alfred adentrou no compartimento.
— O Senhor já devia estar na cama, patrão Bruce.
— Eu quero é mais um pouco de álcool isso sim.
— O patrão não acha que já bebeu o suficiente para ser considero um belo de um otário? Chorando por mulheres que nem sequer lembram de você, quando na verdade devia mesmo é estar indo atrás da única que realmente te amou— Os olhos do mordomo pairavam sobre o álbum, Alfred havia proferido aquelas palavras propositalmente, ele queria tocar na minha ferida e conseguiu tal proeza— Além disso você tem uma reunião amanhã com o conselho da Wayne, não vai querer estar sofrendo de ressaca durante a longa discussão.
— Eu já estou acabando Alfred. Não sou uma criança.
— Então não aja como uma. Não adianta nada ficar se lamentando toda vez que a ver, não adianta se lembrar de outros relacionamentos para tentar esquecê-la. Não adianta mentir para si mesmo, eu sei que você a ama, até as crianças sabem disso. Permita-se sentir Bruce, permita-se viver e supere.
Depois de me nocautear com palavras Alfred se retirou, deixando meu coração ainda mais fracassado. Não tinha aberto o álbum por diversão esta noite, precisava fazer isso para tentar abater a minha aflição, era uma forma que encontrei para minimizar todo sofrimento que experimentava quando a via, mesmo que em batalha. As missões da liga passaram a ser suicidas para mim, só porque eu não conseguia parar de ama-la, não conseguia superar.
Ela foi a única que conseguiu fazer isso comigo. Fez-me a amar como Batman e como Bruce. Escravizou meu coração e aprisionou minha mente na minha própria paixão. Mulher nenhuma se equiparava-se a ela. Nenhuma significaria o mesmo para mim. Ela faz jus ao nome que porta, ao seu título e a toda sua honra. Ela é realmente é uma Mulher Maravilha.
Não sei declarar exatamente como tudo começou. Foi com ligeiras trocas de olhares, vontades —até então inexistentes— de se aproximar mais do outro, toques ambíguos, palavras que revelavam um desejo oculto que nutríamos, reciprocamente. Tudo foi se intensificando e aquela pequena vontade de ser "mais amigo" um do outro só crescia e ascendia uma flama em ambos corações.
Preocupava-me com ela, queria ser sempre seu companheiro de missões, sentia necessidade de protegê-la mesmo sabendo que ela não precisava de assistência alguma. Mas eu queria, eu almejava cuidar dela, eu carecia dela. Não sabia ao certo se ela ansiava o mesmo, porém sentia que era mútuo, como uma intuição.
Era como um romance Gregoriano, tudo muito cortês e abstruso. Tudo muito vivo e ingênuo. Verdadeiro, mas não legítimo.
Embora houvesse toda essa vastidão de comiserações, tudo não deixava de ser subentendido. Eu tinha os meus demônios internos e ela sua glória em total esplendor, reluzindo em todos seus feitos e ações.
Eu era as trevas e ela era luz.
Eu era um problema e ela... Ela era uma maravilha.
Tudo não se passava de um amor platônico, tanto que tive várias outras mulheres enquanto nutria isso por ela. Afinal desde o dia em que a vi pela primeira vez a desejei. Achei que essa paixão ficaria no anonimato para toda a eternidade, contudo a vida sempre nos surpreende.
Foi quando ganhei uma nova chance, em batalha, que percebi que não poderia deixar mais nada oculto, precisava viver.
A liga estava passando por um perigo eminente e cósmico. Umas das mais difíceis missões que enfrentamos. As sete Tropas dos Lanternas, que representam os espectros emocionais, digladiaram até a morte resultando no surgimento da Tropa Negra, a Tropa da Morte e ressuscitando mortos.
Os espectros persuadiram cada herói da Liga segundo suas emoções, caráter e sentimentos, os anéis foram enviados a cada um, as vontades traçadas para individualmente conforme Nekron.
Diana havia recebido o anel negro, o anel da destruição.
Tudo estava um caos, não havia respostas nem confianças, a Liga estava corrompida e dividida. Cada membro sendo guiado pelo seu espectro emocional. Não havia ciência sobre nada e ninguém, estávamos em uma pista nebulosa, correndo perigo e não enxergando de onde ele vinha. E foi em meio às trevas que eu a encontrei e a salvei.
Nunca havia visto Diana guerreando como naquele dia. Ela estava possessa. Lutava incansavelmente com Mera, com puro ódio, cólera e sede de sangue. Aquela não era a Mulher Maravilha, não era a mulher que tanto contemplava.
Começando por sua aparência, sua pele marmorizada, seus cabelos negros como um abismo abissal, seus olhos negros como hulha e toda vivacidade de seu corpo convertido em frialdade.
Nada fazia ela parar, nem mesmo quando Mera a atravessou com o tridente, ela estava decomposta. Mas pude ter certeza que não era ela quando a vi fugir, ela estava lutando com aquele anel, ela queria tomar o seu controle e estava conseguindo. Feliz fui atrás dela, estupefato por saber que ela era forte o suficiente para se livrar da morte, se livrar daquele funesto anel.
Maldita seja minha felicidade. Assim que a alcancei vislumbrei de longe Cassie estirada ao chão, Donna ensanguentada e Diana lutando com Hipólita, a rainha das Amazonas e sua mãe. Não conseguia acreditar no que via, ela nunca faria aquilo, ela que sempre colocou sua lealdade a suas irmãs amazonas acima de tudo.
Tomado por incredulidade fui até ela. Só queria a Mulher Maravilha de volta. Entretanto, todos meus esforços eram em vão, ela estava perdendo aquela guerra interior e só dela.
Mas o que veio a seguir foi totalmente alucinante e desconcertante. Ela olhou em meus olhos e eu pude distinguir os seus diamantes e não toda aquele negrume. Ela estava lutando, ela iria vencer. E foi quando eu a beijei, pela primeira vez, toquei seus lábios macios, carnudos e tão provocantes. Na escuridão o amor prevalece.
Foi como uma supernova, todo meu orgulho e temores se esvaiu, eu só sentia amor. Eu só sentia ela. Toda escuridão se revestiu em luz. Ela se libertou. De morte ela passou para amor, ela virou a personificação da ternura e paixão. Então assim eu pude compreender.
Eu era as trevas e ela era luz.
Eu era um problema e ela... Ela era a solução.
Meu coração batia em completo frenesi, até hoje sinto o mesmo que senti naquele dia. Amor, puro e verdadeiro. Sentimento que só conseguir sentir com ela, que só conheci genuinamente com ela. Só com ela.
Senti meu rosto úmido, era impossível estar suando, o clima estava agradável, ventava forte. Mas foi só levando a mão ao rosto que pude compreender. Droga! Eu estava chorando.
— Diana, Diana...O que você foi fazer comigo...
— Ela te mostrou a verdade Patrão.
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