Capítulo 26: encantado por teus olhos
XXVI: encantado por teus olhos
A terra ainda estava distante, era apenas um pontinho no horizonte, por isso só TB conseguira ver a princípio, era preciso ter os olhos experientes de um marujo para enxergar terras ao longe. O Sobrevivente contava com apenas um bote salva-vidas e o Tubarão preparava-o para descerem quando se aproximassem da praia. Todos estavam excitados com a possibilidade de terem chegado ao Ocidente, Tenazd, porém, achava estranho o fato de terem chegado em apenas três dias! Leor tinha assumido o timão do barco e o cientista aproximou-se dele, comentando:
–– Três dias é muito pouco. Não é possível que Saas seja tão pequena!
–– Também acho estranho, mas vamos ter que ir lá conferir, seja o Ocidente ou não...
O sol estava se preparando para dar o costumeiro show de fim de dia, quando a caravana ancorou perto da terra. Desceram o bote salva-vidas e navegaram até a praia, com Marboh voando de felicidade logo acima deles: ele estava exultante por terem saído dos balanços do barco. O litoral parecia deserto, tinha muitas rochas e não havia plantas por ali: uma espécie de paredão isolava a praia do resto da terra... Talvez haveria alguma floresta se eles conseguissem subir o penhasco, mas não fariam isso com a noite chegando, precisariam de tempo para explorar o lugar.
–– Vamos acampar aqui, fazemos uma fogueira e amanhã de manhã exploramos a terra. – Ordenou TB.
Hadin não estava gostando nadinha do jeito mandão de Tubarão, ele dava ordens como se fosse o líder deles. Nemat precisaria ficar esperta, eles eram um grupo de amigos e, por isso, ela nunca tinha se imposto, tomavam decisões com base na opinião da maioria e nunca tiveram problemas com isso. Porém, com TB no grupo, ela precisaria se estabelecer como a líder que seria, até por questão de treinamento, afinal ao que tudo indicava, ela seria rainha.
–– Todo mundo de acordo? – Perguntou Tenazd. Ele também já tinha percebido o que estava acontecendo.
–– É uma questão de lógica, sair em exploração a essa hora, só se for para virar o jantar de algum bicho. – Disse Tubarão, escolhendo um local para a fogueira.
–– Vou pegar a lenha. – Prontificou-se Nemat.
–– Então eu faço o jantar. Tenazd, você ainda vai precisar daqueles peixes? – Perguntou Shari, doida para cozinhar os objetos de estudo do cientista.
–– Não, tudo bem... Se eu continuar a pesquisa, quero que seja com eles assados no meu prato!
Hadin tinha ido atrás de Nemat, não para pegar lenha, mas para alertá-la.
–– Você precisa mostrar pro TB que é você quem está no comando. – Comentou ele, enquanto procuravam gravetos pela praia. Mas estava difícil, a única coisa que encontravam ali eram areia e algas.
–– Não me sinto "no comando"... Sempre decidimos as coisas com base nas melhores ideias e na opinião da maioria...
–– Isso funciona quando se está entre amigos. Mas, se você quiser ser rainha, precisa começar a treinar sua liderança, sua astúcia, estratégia... Porque se não ficar de olho nos seus potenciais inimigos, vai acabar perdendo o trono. Não que TB seja seu inimigo, neste momento ele está mais como concorrente.
–– Está bem, Hadin, vou pensar em algo.
Acharam alguns tipos de algas que estavam secas e talvez rendessem uma fogueira. Nemat entregou a estranha lenha para Hadin e disse que queria caminhar sozinha por um tempo.
–– Tem certeza? Nemat, é perigoso, não conhecemos essa terra...
–– Tudo bem, vou chamar o Marboh. Eu preciso de um tempo...
Ele voltou para o grupo, enquanto Marboh voava na direção da princesa, ao ouvir o chamado dela. A fogueira que fizeram não iria durar, então Shari tratou se assar logo os peixes, enquanto TB contava a história de quando ele fora quase completamente devorado por um monstro enorme.
–– Ele era azul, um azul brilhante maravilhoso! Tinha dois chifres na cabeça, quatro olhos e um nariz meio comprido. Tinha também um rabo em forma de gancho que o desgraçado usou para destruir metade do barco! Ele também tinha uma espécie de pequenos espinhos nas costas... – Nemat ainda não tinha voltado e Shari ainda terminava a janta. Todos olhavam boquiabertos para TB, prestando atenção em sua história monstruosa – Começamos a lançar flechas e lanças, até a comida do convés! Qualquer coisa para espantar o miserável, mas foi aí que ficou pior...! Parece que irritamos o bicho, sabe, porque, de repente, ele foi ficando vermelho e vermelho e, então, "BAM"! O filho da mãe cuspiu fogo! Acreditem se quiser, queimou nosso barco. Pulamos na água e ele começou nos comer, um a um, como se fôssemos as batatas de sua sopa... Acho que ele já estava meio cheio quando me viu, então só usou minha mão e metade da perna para palitar os dentes... Me agarrei num resto do navio e a corrente me levou de volta para Nalahu.
Nemat já estava caminhando há uns vinte minutos e nem sinal do paredão ficar menor ou menos inclinado. Por sorte, era noite de lua cheia, então ela não sentia a falta de uma lamparina ou tocha. Marboh era um companheirinho fiel e ela o amava, estava conversando com ele:
–– Não, você não entende. Eu odeio amar ele! Marboh, o Hadin é o tipo de homem que basta entrar num lugar e todas as mulheres parecem ser atraídas por ele, numa espécie de física do sexo. Eu não sei por que, mas homens como ele não precisam fazer um mínimo esforço para que todas estejam aos seus pés! – Marboh grunhiu – Ora, o que isso tem a ver? Quem me garante que enquanto ele fazia fortuna com apostas, ele não ficou com mil garotas? – Marboh olhou para ela e Nemat riu – Você é um lobo, nunca vai me entender. – Ele mordeu a perna dela e Nemat empurrou o animal – Está bem, babão, vou tentar explicar. Eu sei que todo mundo tem casos de uma ou algumas noites e a maioria vive trocando de parceiros como quem troca de roupa, mas eu faço parte da minoria que quer ter um parceiro só para a vida toda... E quando eu vi o Hadin, e o amor fiel que ele tinha pela Junny... Eu achei que tinha encontrado o homem da minha vida, sabe...?
Marboh voou e Nemat suspirou.
–– Droga, eu tenho que parar de fazer isso, se alguém me ver conversando com um lobo, vai pensar que sou louca... – Ela tinha se distraído por segundos, e de repente não havia mais sinal de Marboh – Marboh! Cadê você, lobo?! Marboh!
Nuvens cobriram a lua e Nemat sentiu o desespero crescer. Ficou paralisada com a respiração entrecortada e o coração a mil, até que a lua voltou a brilhar, junto com os bilhões de estrelas. Marboh pareceu sair de dentro do paredão e voou até perto dela novamente.
–– Lobo feio! Quer me matar de susto?! – Mas quando ela foi passar a mão nele, Marboh voou novamente até o paredão. Ele queria que ela o seguisse – Nem pense nisso! Marboh, volte aqui!
Mas ele não estava nem aí pra ela, ficou parado, esperando.
–– O que foi que você viu? – Nemat foi até o lobo e percebeu a entrada de uma caverna – Oh não, não, não! Eu não vou entrar aí!
Mas Marboh entrou e Nemat respirou fundo. Ele era um lobo, se houvesse perigo ali, ele teria fugido do local e não adentrado. A caverna estava muito escura, fria e ela ouvia o barulho de água pingando. Nem morta Nemat iria para o fundo daquele buraco sinistro.
–– Vamos, Marboh! – Ela sentiu uma brisa vindo do interior da caverna. Talvez aquela fosse a solução do problema: se houvesse uma passagem para o outro lado do penhasco, numa espécie de túnel, eles não precisariam escalar o paredão. De repente, um morcego saiu voando e Nemat soltou um grito, enquanto corria para fora da caverna.
–– Pelos dentes de dragão! Nunca mais entro aí sozinha, ouviu Marboh?! Vem, vamos voltar! – O lobo saiu da caverna como risse da reação de Nemat – Não vejo graça.
No acampamento, a fogueira havia se apagado e eles estavam comendo. Leor tinha perguntado por Nemat e Hadin contara o que ela estava fazendo. O barman ficou irado com o nômade por ter deixado a princesa caminhando sozinha numa terra estranha, mas Hadin dissera que ela já era adulta e se quisesse fazer uma coisa, o que ele podia fazer para impedi-la?
–– Puxa, TB, – Falava Shari – essa é com certeza uma história extraordinária.
–– Me diga uma coisa... – Perguntou Tenazd – Como você sobreviveu com dois membros amputados? Sangrando, boiando com apenas um pedaço de madeira e longe de casa?
–– Eu tinha me segurado num pedaço do barco que estava com parte em chamas, então enfiei o tinha sobrado da minha perna e do meu braço no fogo.
–– Cauterizando a ferida, bem pensado. – Analisou Leor.
–– Além do mais, – Continuou TB – eu não estava tão longe assim da terra, apenas a um dia e meio de viagem...
Nemat chegou, sentou e pegou o último peixe, como se nada tivesse acontecido. Leor a repreendeu:
–– Onde estava?!
–– Caminhando...
–– Nemat... – Ele lutava para se controlar, estava irado com a amiga. – Nunca mais faça isso! Você não está em Nalahu!
–– Foi só uma caminhada, Leor, além disso, Marboh estava comigo.
–– Ótimo, porque assim morriam os dois de uma vez! – Eles estavam brigando baixinho e o resto do grupo conversava sobre o bicho que TB tinha descrito – Prometa que nunca mais fará outra estupidez dessas!
–– Não foi estupidez, eu tinha um plano.
–– Foi mais que estupidez, foi quase uma tentativa de suicídio! Promete!
–– Prometo... Que meleca, nem virei rainha ainda e já tenho que estar sempre acompanhada...
–– E se continuar fazendo burradas, vai morrer antes de ver Jope. Nemat, uma coisa é caminhar nas praias de Nalahu, outra coisa é caminhar numa terra completamente desconhecida!
–– Está bem, está bem, já entendi! Que coisa... – Nemat comia seu peixe, com saudade dos velhos tempos, quando eram só ela e Leor. Olhou para Hadin e para a terra onde estavam... Será que era possível desejar ter duas vidas diferentes ao mesmo tempo?
Prepararam-se para dormir, mas, antes, TB organizou os turnos da vigília. Leor ficou com o primeiro turno, TB com o segundo, Hadin depois dele e Tenazd por último.
Quando os primeiros raios de sol começaram a surgir, Tenazd os acordou, imitando o jeito do Tubarão falar:
–– Levantem-se, aprendizes de marujos, a aventura não espera dorminhocos!
Eles se levantaram ainda tontos de sono. TB ria dizendo que Tenazd aprendia rápido e que, se ele tivesse uma versão feminina, ela com certeza seria o cientista...
–– Pelo menos a sua versão feminina teria higiene e seria um gênio.
Comeram frutas e cereais, então começaram a recolher as camas para partirem em exploração. TB começou a dizer como poderiam escalar a montanha e Nemat o chamou, disse que queria conversar com ele em particular.
–– Tudo bem, bonita, como quiser.
–– Olha, TB, eu não quero ser rude, mas você é o nosso convidado e se quiser dar opinião, tudo bem, mas não pode ser como se estivesse mandando na gente. – Ela dizia as palavras com brandura e aquilo pegou o marinheiro de surpresa – Quero também pedir desculpas por ter te tratado mal, como se fosse um inconveniente... Você é importante pra gente, se chegamos vivos até aqui, foi graças a você, obrigada.
–– Eu, bem... Hã, de nada?
–– Eu também quero te contar o motivo de nossa viagem. – E Nemat resumiu sua história. TB estava surpreso – Acho que não imaginava que estava embarcando com uma princesa, não é? – Eles riram – Eu estou treinando para ser rainha, então agradeço se facilitar as coisas...
–– Princesa... – TB estufou o peito e, por um momento, Nemat achou que ele ia zombar dela – Pode contar comigo! – O Tubarão não tinha ideia de que tipo de aventura tinha se metido, mas para sua felicidade, tinha entrado na melhor possível! Ele achava que estava fazendo um favor para eles ao assumir a liderança e só agora percebia por que ficavam tão incomodados quando ele começava a dar ordens – Olha, jovem, eu vou tentar não mandar em ninguém, mas lembre-se que eu sou um capitão e é difícil perder velhos hábitos.
–– Tudo bem, – Ela ria, finalmente estavam se entendendo – quando você começar a dar ordens, vou te dar uma encarada para se lembrar.
Eles voltaram para onde o grupo estava reunido, esperando. Nemat contou da caverna que ela tinha encontrado e disse que podiam tentar atravessar para o outro lado do penhasco através dela.
Então todos foram para lá, parecia ser o jeito mais fácil de chegar ao outro lado do paredão. Quando chegaram na caverna, Tenazd foi logo avisando:
–– Eu vou por último, seria uma terrível perda para a humanidade se eu morresse antes dos oitenta...
–– Sai da frente, mosca de omelete, homem passando! Eu vou primeiro! – Esbravejou TB.
Marboh ia ao lado do marinheiro, Leor e Hadin vinham logo atrás, seguidos das mulheres e Tenazd. TB carregava uma tocha, mas ela logo se apagou com o vento que vinha do interior da caverna. Pouco tempo depois, o grupo caminhava só com a tocha de Tenazd acesa, já que ele estava por último.
Caminharam cuidadosamente por alguns minutos, escorregando algumas vezes nas rochas molhadas. De repente TB avisou.
–– Estou vendo uma luz!
O grupo vibrou e Marboh voou caverna afora. Com os corações acelerados, eles saíram da caverna e se depararam com o lugar mais maravilhoso que já tinham visto, parecia o jardim de um rei: havia uma linda lagoa azul no centro, cercada por grama verde e árvores frutíferas, flores e pássaros coloridos. Um gostoso cheiro exalava do lugar, resultado das frutas e flores.
–– Pelas ciências espaciais, encontramos o lugar para onde vamos depois de mortos! – Vibrou Tenazd.
De repente, algumas dezenas de mulheres começaram a surgir timidamente de dentro da lagoa.
–– Se for, eu quero morrer agora! Pelas virgens de Nalahu, daqui eu não saio mais! – Comemorou TB.
Porém, Shari sentia o perigo no ar. E Nemat também.
–– Gente, tem algo errado... – Disse a artista.
Mais mulheres surgiram e quando perceberam que estavam nuas, isso só serviu para deixar os homens ainda mais contentes.
–– Não tem nada de errado, Shari! – Admirou Leor.
–– Eu acho que são... Sereias! – O coração de Nemat disparou. Eles estariam perdidos se não saíssem dali imediatamente! – Não olhem para os olhos delas!
Leor e Hadin ficaram de costas, muito contrariados.
–– Porcaria, tudo que é bom dura pouco! – Murmurou o nômade.
Eles estavam longe das sereias e por isso não tinham ficado encantados, porém o Tubarão Azul tinha se aproximado demais e ele começava a caminhar de forma estranha, como se dormisse em pé.
–– TB! – Gritou Shari desesperada. – Alguém o ajude!
Leor e Hadin viraram-se novamente para as perigosas criaturas e tentaram ir atrás de TB sem olhar para os olhos das serias. Tenazd tinha se aproximado de TB e parecia encantado também...
–– Oh, não... – Disse Nemat aflita. – Não olhe para elas, Tenazd!
–– Eu não estou olhando para as serias, estou olhando para o Tubarão!
–– Ok, ficou mais estranho agora...
–– Não dessa maneira! – Disse Tenazd ofendido – Estou observando o comportamento dele!
–– Ao invés de usá-lo como cobaia, podia nos ajudar! – Gritou Leor, que segurava TB pela camisa, tentando impedi-lo de continuar caminhando rumo às sereias e à morte.
Uma sereia se aproximou deles e mordeu o pé de Hadin, que chutou a criatura, ferindo-a em seguida com uma flecha, enquanto tentava não olhar pros olhos dela.
–– Vamos logo, se todas elas resolverem nos atacar, estamos perdidos! – Avisou Leor.
–– Eu tenho um plano! Olhem para os seios delas, caso estejam em dúvida de como atacá-las sem olhar para os olhos... – Gritou de volta Tenazd.
–– Eu odeio sereias... – Bufou Shari, ao ouvir o conselho de Tenazd.
–– Nem me diga... – Concordou Nemat. Ambas estavam de costas para as criaturas e perto da caverna.
Shari e Nemat ainda seguravam Marboh, pois aquela era uma luta perigosa demais para ele, as sereias podiam facilmente derrubá-lo e comerem seu cérebro e coração.
Leor puxava TB, enquanto Hadin focava nos seios das serias e as atingia com flechas. Tenazd ficou na frente de TB, entre ele e os olhos que o encantavam. O marujo pareceu querer voltar a si, mas ainda estava encantado, então o cientista deu-lhe um murro.
–– Hã? Onde estou?
–– Se esse fosse o lugar para onde viríamos depois de mortos, iríamos morrer de novo...! – Disse Tenazd. – Vamos, são sereias!
–– Droga! Por que essas répteis simplesmente não nos beijam e...?
–– Está bem, marujo, fantasie depois! – Avisou Leor, enquanto corriam para fora do paraíso mortal.
Chegaram novamente na praia, ofegantes da corrida e com os corações a mil, pelo quase encontro com a morte.
–– Aqui não é Jope, não tem sereias nas praias do Ocidente... – Observou Nemat.
–– Vamos embora, chega de peixe por hoje... – Implorou Shari.
Todos concordaram e voltaram para o bote salva-vidas, navegando novamente para a segurança do navio. No caminho, Tenazd comentou, empolgado:
–– Descobri o segredo do encanto das sereias.
–– A beleza escultural? – Perguntou TB, pesaroso.
–– Não, elas hipnotizam a vítimas. – O cientista estava orgulhoso da descoberta – Viu? A ciência tem respostas para tudo.
–– Tudo bem, mas a beleza ajuda, quem iria querer fitar os olhos de um monstro? – Riu Leor, porém quando viu os olhos de águia de Shari, logo fingiu não ter dito nada e continuou remando.
–– Cuidado com o que diz amigo, quer dormir sozinho hoje? – Brincou Hadin.
E então eles voltaram para o barco.
Demorara três dias,mas agora eles já podiam dizer que tinham encarado a morte pela primeira vez.Todos torciam para não terem de enfrentar outras lendas, caso contrário ainda viriam zories, monstros marinhos e, se dessem muito azar, as bestas feras do litoral... Eram lendas demais para uma aventura só!
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Parabéns pra quem não acreditou que era Jope, vocês estão espertinhos! rsrs
PRÓXIMA APOSTA: qual vocês acham que será a próxima lenda que eles enfrentarão?
** Não vale pra quem já leu o livro! :P **
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As lendas de Saas
Escrito e publicado por: Becca Mackenzie
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