22: Vagalumes
XXII: Vagalumes
Meses depois...
Fazia dias que o assunto era a notícia mais comentada por todos. Na manhã seguinte, partiria uma caravana rumo ao Oriente, financiada pela Suprema Aliança. Era a primeira vez na História de Saas que algo assim acontecia e as pessoas vinham de todas as regiões para Laghar, assistir a partida dos embaixadores.
–– Eu ainda não acho que isso seja uma boa ideia... – Resmungava TB, que seria um dos piloto da expedição.
–– Eu posso garantir que... – Tenazd começou a dizer, mas foi interrompido pelo pirata:
–– Eu não acredito mais nas suas invenções e descobertas! – O silêncio perturbador durou alguns segundos – Me desculpe, Tenazd, mas, da última vez que você falou isso, nós fomos...
–– Eu posso garantir, sei o que deu errado da outra vez.
Fazia vários meses que os amigos não se viam. Nemat estava com a barriga enorme e um apetite tão grande quanto. Sentada numa cadeira bastante confortável, ela comia pão com favos de mel.
Shari tinha engordado um pouco e continuava linda. O cabelo havia crescido e estava preso num coque delicado, adornado por rubis.
Hadin estava ainda mais bronzeado pelo sol e o cabelo tinha crescido um pouco, de modo que os cachos negros balançavam quando ele corria ou pulava. Leor tinha deixado a barba crescer, o que lhe dava um ar mais maduro.
TB continuava o mesmo, a exceção de alguns fios brancos que lhe escapavam do chapéu. De todos, porém, o que mais tinha mudado era Tenazd. Ele também tinha deixado a barba crescer, o que lhe dava uma expressão séria, parecia uma pessoa extremamente responsável e segura.
Ele encarava TB, tentando demonstrar o que acabara de dizer.
–– Os barcos não deverão ser amarrados um ao outro e devem manter uma distância segura de, no mínimo, seiscentos metros um do outro. Só assim os monstros marinhos não serão capazes de detectar as embarcações na água.
Naquele momento, alguém bateu levemente na porta da tenda e entrou: era Collina. Antes com um ar de garota trapeira, ela agora tinha a postura de uma mulher indomável. Os cabelos negros volumosos caíam em ondas até a cintura, com várias pequenas tranças dando-lhe um ar de guerreira. O corpo adquirira ainda mais volume e a expressão séria deixavam-na parecendo uma pessoa totalmente diferente da que eles conheciam.
–– Desculpem o atraso, houve um imprevisto no caminho...
Tenazd, que perdera a voz e o ar ao vê-la ali, recuperou os sentidos e respondeu, desviando o olhar:
–– Tudo bem, começamos agora...
Durante aqueles meses, Leor e Shari estiveram no Reino Mulber, Hadin e Nemat em Jope, sendo que ela ficara na capital e ele visitando os vários acampamentos de guerra. Tenazd fora para a aldeia chamada Forgum, onde estava instalada a fábrica de canhões, enquanto Collina permanecia nos frentes de batalha. E TB fora promovido a capitão da guarda de Nemat, ficando em Laghar com ela, bebendo e protegendo-a.
Agora que o grupo estava junto de novo, pareciam estranhos se encarando pela primeira vez. A guerra não mudara apenas a geografia de uma região, mas a aparência e o coração dos homens envolvidos nela. Algumas mudanças eram boas e outras, nem tanto...
–– Soube que o Lorde Tubarão Azul foi promovido a Capitão da Marinha da Suprema Aliança, e irá comandar a expedição que levará os nossos embaixadores para o Oriente. – Disse Collina, tomando um lugar na mesa redonda.
–– Quem me deu esse nome espalhafatoso? É ridículo!
Tenazd e Shari disfarçaram a risadinha. Nemat respondeu:
–– Está correto, Collina, estamos discutindo os preparativos da viagem... E acredito que não precisamos ser tão formais, certo?
A reunião durou pouco mais de duas horas e, depois, cada um seguiu um caminho, cuidando dos afazeres. Leor e Tenazd caminhavam na areia da praia, admirando os três barcos sendo preparados por dezenas de homens, enquanto outras dezenas de curiosos apinhavam o porto.
–– Quando você irá falar com ela? – Perguntou o rei, chutando um punhado de areia.
–– Não há nada a falar... – Respondeu o outro, observando o mar de olhos cerrados, por causa do sol.
–– Qual é! Você é louco por ela desde que...
–– Eu prometi a Sical que cuidaria de Collina, mas não consegui cumprir minha promessa. Depois que ele morreu, ela se afastou de mim e, quando pedi que fôssemos para longe do frente de guerra, ela...
–– Ok, já conheço essa história. – Leor tentou mudar o rumo da discussão.
–– Ela disse: "Você é um covarde, Tenazd, e sempre será! Fuja como sempre fez, vá para bem longe de mim, porque eu jamais vou abandonar meu posto, prefiro morrer como uma guerreira a viver ao seu lado como uma desertora"!
Leor suspirou, sentando na areia branca. Tenazd fez o mesmo.
–– Ela foi cruel, mas estava magoada pela morte do irmão! Nem tente dizer que ela realmente quis dizer tudo aquilo! Vocês precisam se acertar.
–– Não falo com ela desde então... Nem sei como começar.
Eles continuaram sentados encarando o mar esverdeado, sem dizer mais nada.
Shari e Nemat retornaram para o castelo da loira, onde foram tomar um banho espumante e relaxante numa banheira tão grande que parecia uma piscina. A grávida reclamava dos pés inchados:
–– Tudo é exaustivo! E é horrível você não conseguir se abaixar...
–– Eu imagino! – Riu a outra – Senti tanto a sua falta!
Nemat passou o braço no ombro dela e sorriu de volta:
–– Eu também... Como está o Marboh?
–– Você não o viu? Ele veio conosco. Quando terminarmos, vou mandar...
–– Não, eu o vi... Só queria saber como é a vida dele lá em Mulber.
–– Ele adora. O clima é mais fresco do que o de Nalahu e ele arranjou uma loba.
–– Eu não acredito!
Elas passaram vários minutos conversando sobre as novas rotinas, a possibilidade do Marboh e da loba terem filhotes e a promessa de que um seria de Hadin e Nemat.
Quando terminaram o banho, vestiram-se e foram almoçar no suntuoso jardim do palácio.
–– Shari! – Falou de repente Nemat.
–– Socorro, está nascendo! – Gritou a outra, levando-se num pulo.
–– Não, sua louca, eu não estou dando à luz! – Nemat riu, e Shari teve que mandar embora as empregadas que correram ao ouvir a gritaria.
–– Quer me matar do coração?! O que foi?
Nemat segurou firmemente sua mão e propôs, com os olhos brilhando de animação:
–– Por que você e o Leor não tentam? Quero dizer, nossos filhos poderiam ser amigos!
–– Ah, Nemat, eu...
–– Por favor! Pelo menos pense no assunto.
–– Estamos em guerra.
–– Você sabe que a guerra não está tão acirrada assim já faz alguns meses.
–– Seria muito arriscado.
–– Não mais do que é para mim. Aliás, pense pelo lado bom: se o Leor morrer, – Nemat e Shari cuspiram, afastando aquela possibilidade – pelo menos deixará um herdeiro.
–– Eu... Não sei... Leor também não quer, sabe? Eu já tentei conversar com ele, tinha pensado justamente em nossos filhos serem amigos, mas...
–– O Leor dizer "não" para você?! Conta outra. – Nemat sorriu insinuante e mordeu uma uva – Eu aposto que você convence ele.
Elas se encararam por alguns segundos, antes de caírem na risada. Estava decidido: Shari também queira ser mãe. Só precisava conversar com o marido.
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A lua cheia e os bilhões de estrelas iluminavam a escuridão da noite, que estava particularmente linda. As árvores altas e majestosas balançavam ao vento na floresta próxima ao castelo, dando um show de sombras e luz. Leor assistia ao espetáculo da janela do quarto.
Estava terminando uma taça de vinho, quando sentiu Shari segurar a mão dele e puxá-lo para o centro do cômodo. Ainda com os pensamentos distantes, ele permitiu ser conduzido por ela até uma cadeira. Sentou distraidamente, porém, no instante em que Shari tirou o copo da mão dele e sentou em seu colo, todos os pensamentos sumiram como fumaça.
–– Eu estive pensando... – Disse ela, numa voz macia.
Leor engoliu em seco, com o coração acelerado. Ela vestia uma espécie de túnica de linho, fina e delicada, mas não transparente. Apenas delineava o corpo, dando liberdade para a imaginação.
–– Em que, meu amor? – Perguntou ele, sorrindo nervoso.
–– Nós estamos em guerra e, por isso, adiamos muitos sonhos, esperando que o futuro traga paz e com ele, nossas expectativas. – Ela puxou o cabelo para o lado, deixando parte do pescoço à mostra. Aproximou o rosto ainda mais do dele, encarando-o com os grandes olhos cheios de desejo – Meu amor, nós não podemos nos iludir dessa maneira... Precisamos acreditar que, se somos os responsáveis pelo nosso futuro, podemos fazer do presente um caminho até ele.
–– O que deseja? – Perguntou Leor, engolindo em seco.
Shari se inclinou e sussurrou no ouvido dele:
–– Um filho seu...
–– Meu amor. – O rei tentava respirar normalmente, enquanto lutava para que seu lado racional prevalecesse – Nós já conversamos sobre isso... Não é seguro.
Ela passou as duas mãos no cabelo dele, tombando levemente a cabeça para trás:
–– O mundo nunca será seguro o suficiente.
Quando a esposa se afastou um pouco, sem desviar os olhos dos dele, Leor sabia que tinha perdido a batalha.
–– É isso que você quer? – Shari não respondeu, apenas sorriu torto.
Então Leor segurou o pescoço dela e, lentamente, o trouxe na direção de seus lábios.
Longe do castelo, já no litoral de Jope, Collina atirava pedrinhas nas ondas do mar. Ao ouvir passos atrás de si, instintivamente segurou a espada, atacando a pessoa no minuto em que estava próxima o suficiente.
Tenazd se defendeu como pôde, caindo no chão com Collina sobre ele.
–– Sou eu! Não me mate!
–– Tenazd! – Ela se levantou, constrangida e assustada. Estendeu o braço para ajudá-lo a se levantar também – Me desculpe, é que você apareceu do nada e...
–– Tudo bem. – Ele sorria, tão sem graça quanto ela – Bom saber que você não quer literalmente me matar.
Collina suspirou ante a afirmação e voltou a sentar, encarando o mar. Tenazd fez o mesmo.
Alguns minutos em silêncio e eles falaram ao mesmo tempo: "me desculpe". O clima tenso era constrangedor. Collina respirou fundo e repetiu:
–– Me desculpe.
–– Eu que deveria dizer isso, não queria te assustar, eu...
–– Não estou falando disso. – Tenazd voltou o olhar para ela, que abaixou a cabeça – Eu não quis dizer tudo aquilo... Estava chateada com a morte do Sical e descontei tudo em você.
–– Tudo bem, eu mereci.
–– Não mereceu, não! – Collina engoliu em seco, tinha uma expressão de tristeza e remorso – Não foi justo com você... E, quando descobri que tinha partido, bem... Não tive coragem de ir atrás de você, foi estúpido... Desculpe.
–– Tudo bem. – Tenazd, meio sem jeito, colocou uma mão no ombro dela – Eu só queria cumprir minha promessa, não era a minha intenção te afastar da sua missão.
Collina voltou o olhar para ele e sorriu tristemente. Tentava enxergar no cientista o homem que ela conhecia, da mesma forma que Tenazd procurava reconhecê-la.
–– Eu sei... – Disse ela, por fim.
Antes que o clima tornasse a ficar constrangedor, Tenazd se pôs de pé num pulo e convidou, com uma voz bem mais animada:
–– Eu quero te mostrar uma coisa.
–– O que é? – Perguntou ela, ainda sentada, receosa de segurar a mão dele.
–– Vamos lá, onde está o seu espírito de aventura?
Com o coração mais acelerado, Collina segurou a mão dele e levantou. Tenazd, então, começou a correr na direção oposta ao do porto.
–– Aonde estamos indo? – Perguntou ela, rindo e tentando acompanhar o ritmo.
–– Prometo que será algo bem mais interessante que vagalumes!
–– Você nunca vai esquecer aquilo, não é? Era uma metáfora! – Gargalhou a guerreira.
Depois de alguns minutos rindo e correndo, Collina parou para respirar.
–– Não, estamos quase lá!
–– Tenazd. Está escuro, não tem ninguém por aqui e estamos em guerra! Isso é loucura! Achei que você quisesse viver até os oitenta!
Ele se aproximou com um sorriso maroto:
–– Primeiro, nós estamos bem longe do frente de batalha. Segundo, não está tão escuro com essa lua. E terceiro, do que adianta chegar aos oitenta sem viver boas histórias para contar?
Collina não podia acreditar no que via. Não era só a aparência de Tenazd que tinha mudado, ele estava diferente. Uma mudança que a instigava e agradava.
Pouco tempo depois, foi a vez de Tenazd parar, segurando o braço dela:
–– Ali!
A alguns metros, as ondas do mar estavam acesas. Elas brilhavam com o movimento das águas, em tons de azul celeste. Era como se alguém tivesse jogado um punhado de estrelas na água, algo incrível e diferente de tudo o que ela já vira!
–– Impossível! – Exclamou, boquiaberta.
–– Também não acreditei quando me contaram. – Sorriu Tenazd, feliz por ter conseguido impressioná-la. – Vem!
Eles correram até lá e ficaram apenas sorrindo e admirando a água, que quanto mais se agitava, mais brilhava.
De repente, Tenazd tirou a camisa e continuou se despindo:
–– O que está fazendo?! – Perguntou Collina, chocada.
–– Vou nadar. – O cientista tinha um sorriso trapeiro.
–– Nu?! – Ela continuava impressionada. Não sabia se o encarava atônita ou se desviava o olhar. Preferiu a segunda opção.
–– Não vai me dizer que agora é tímida. – Ela voltou a olhar para ele em repreensão. Queria dizer que timidez não tinha nada a ver com aquilo, porém Tenazd simplesmente piscou para ela e correu para a água.
–– Você enlouqueceu! – Gritava ela, da praia, vendo o cientista nadar na água brilhante, gargalhando – E se isso for perigoso? E se tiver alguma besta-fera marinha por aí?!
–– Então é melhor você vir aqui me defender! – Collina abriu a boca, mas não pôde responder. Ao invés disso, simplesmente riu – Vem logo! Não quer que o mundo perca o seu mais brilhante cientista, não é?
Collina mordeu os lábios, aceitando o desafio. Tirou a roupa e correu para a água, que estava quentinha àquela hora da noite.
–– Temo que o mundo já o tenha perdido... – Respondeu ela, agitando a água e fazendo-a brilhar.
Bem próximos um do outro, Tenazd e Collina se encararam por alguns segundos. Por fim, o cientista perguntou, pesaroso:
–– Em que nos tornamos?
Collina abaixou o olhar para água, triste. Sabia que as marcas daquela guerra eram como cicatrizes: irrecuperáveis. Ela voltou a encarar o cientista, com o coração apertado e sobrancelhas franzidas:
–– Eu não sei... Tudo o que sei é que desde que você partiu, não passa um dia sem que eu pense em você... E, de todas as coisas que eu me arrependo, não estar com você é a pior delas.
Tenazd a puxou pela cintura e, finalmente, beijou-a com intensidade e desejo. Ele queria aquilo, mas, acima de tudo, ele precisava. Precisava desesperadamente estar com ela, assim como um marujo precisa das estrelas para não se perder na noite.
♜ ♜ ♜
O céu ainda estava escuro. De dentro da água, ao longe, surgia a gigantesca bola de fogo. O nascer do sol sempre fora seu espetáculo da natureza favorito. Ao seu lado, Collina ainda dormia.
Ele passou quase duas horas acordado, apenas admirando o céu e o mar, as ondas e as gaivotas. Não se lembrava da última vez que se sentira tão feliz! Até que, finalmente, Collina despertou, abrindo os olhos aos poucos.
–– O quê? – Sorriu ela, ao reparar na maneira como Tenazd a fitava.
–– Você é o maior mistério que eu alguma vez encontrei... – Passou levemente os dedos no cabelo dela – Eu tentei entender o que você tinha de especial, por que me fazia sentir tão tolo e ao mesmo tempo tão vivo.
–– E? – Collina mordeu os lábios, disfarçando o sorriso curioso.
–– Descobri que eu teria de passar uma vida inteira ao seu lado e ainda assim não deixaria de me surpreender. – Ela sorriu apaixonada – Você é a mulher que eu não quero dividir com ninguém.
–– Você... Está me propondo?!
–– Só estou dizendo... – Ele sorriu, sem conseguir tirar os olhos dela – Que... Eu... Hã... – Lá estava o cientista atrapalhado de novo.
–– Tenazd... – Collina se aconchegou em seu peito, beijando seus lábios e passando a mão no cabelo dele – Eu te amo.
De repente, eles ouviram o toque do sino, indicando que a partida da caravana seria dali a alguns minutos.
–– Droga, o TB nunca vai nos perdoar se perdermos a despedida dele! – Gritou Tenazd, levantando num salto.
Eles se vestiram em um minuto, talvez até menos, e correram para o porto, rindo como duas crianças travessas. Chegaram lá e se misturaram na multidão, procurando os amigos.
–– Tenazd! Aqui, cabeção! – Era TB, vestido com um esplêndido uniforme de marinheiro – Eu achava que estava ridículo, mas você me superou!
–– Você não está mal! – O cientista tinha um sorriso largo – Acho que está quase bonito pela primeira vez na vida.
–– Veja como fala de mim na frente das moças, o que elas vão pensar?! – Repreendeu o pirata, olhando para os lados – Falo sério, você foi atropelado por uma manada de búfalos ou o quê?
–– Oi, Tubarão, boa viagem. – Collina apareceu, com um sorriso amarelo.
–– Oooooh, já entendi! – Os olhos do pirata se iluminaram e ele não perdeu a chance de zombar do amigo – Finalmente, hein?! Achei que não viveria para ver este dia! Seu sortudo desgraçado!
–– Veja como fala de mim na frente das moças, o que elas vão pensar?! – Devolveu Tenazd, feliz demais para se importar com as brincadeiras de TB.
Os nobres e lordes de todos os Reinos que faziam parte da Suprema Aliança se despediam dos conhecidos e acenavam para a multidão eufórica. Tubarão Azul, os demais pilotos e marujos também se despediam dos conhecidos, enquanto a tripulação subia pouco a pouco nos três barcos.
Quando estavam todos a bordo, Nemat soltou um pássaro verde-azulado, dizendo as tradicionais palavras:
–– Que a vida esteja ao vosso lado!
O pássaro, chamado de Bico de Esperança, sobrevoou os barcos, antes de voar para longe da praia. Ele era bastante usado em despedidas, quando os transeuntes queriam boa sorte na viagem.
Os barcos sumiam aos poucos no horizonte, porém as pessoas permaneciam no porto, encarando as sombras na água desaparecerem no horizonte.
–– É o início de uma nova era... – Murmurou Hadin, abraçado à Nemat.
Ao seu lado, estavam Shari, Leor, Collina e Tenazd. Os seis de pé, admirando o mar, pareciam até com os heróis que imaginamos. Uma turma diferente, hilária e, acima de tudo, unida.
–– Estamos mudando o futuro. – Sorriu Shari, imaginando o importante passo que davam. Aquela era a primeira viagem diplomática entre os continentes.
–– Viu? Somos como vagalumes. – Sussurrou Collina para Tenazd – Pontinhos brilhantes na noite escura, tentando fazer o que é certo.
–– Talvez esse seja o nosso símbolo. – Sussurrou ele de volta, apontando para Shari e Leor – Embora dragões sejam bem mais legais.
–– Não seja bobo, vagalumes são fodas. – Ela empinou o nariz e completou – Dragões não brilham no escuro.
E eles não puderam evitar a risada.
Aquela expedição era uma tentativa da Suprema Aliança de estabelecer relações amigáveis com o Oriente. Eles não tencionavam receber ajuda bélica ou algum tipo de financiamento para a guerra que enfrentavam, tudo o que queriam era dar o primeiro passo rumo à união global, por uma Saas mais forte. Porque depois de enfrentar os horrores de uma guerra é que lembramos o valor da paz.
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Um capítulo levezinho e fofo pra respirar é bom de vez em quando né :')
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As lendas de Saas
Escrito e publicado por: Becca Mackenzie
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