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18: Dias sombrios - Parte I

XVIII: Dias sombrios - Parte I


Quase quinze mil mortos em um único dia. O número que depois viria a ser contabilizado da batalha que ficou conhecida como Sangue de Dragão. Quinze mil, somando os mortos dos acampamentos de Avite e Jope.

O céu estava manchado de vermelho pela cor do crepúsculo, assim como o chão estava manchado de sangue. No meio do amontoado de madeira e corpos, tudo destruído e queimado, estavam Hadin e Leor, encarando a situação do acampamento assolado pelas duas feras que agora jaziam mortas.

Os dois homens estavam suados, sujos de terra, sangue e cinzas. Tinham os olhos opacos, cansados de verem desgraça.

No outro lado da fronteira, dos dois dragões, apenas uma ainda não tinha sido morta pelos humanos, apesar das feridas. Ela estava urrando pelo companheiro e, quando percebeu que ele estava morto, acabou se jogando sobre os seus espinhos, morrendo aos poucos. Um parceiro por toda a vida, juntos na vida e na morte. Não era à toa que o brasão do Reino de Avite era um dragão negro, com um bracelete de ouro. Eles eram o símbolo máximo de força e união.

O acampamento dos avites estava um caos, tudo completamente destruído. O duque tinha morrido e o general estava mutilado, com a perna esquerda precisando ser amputada. Mas ele não era o único que necessitava de cuidados médicos. Todos os sobreviventes tinham feridas horríveis, uns piores do que outros.

–– Atenção! – Gritou Hadin, chamando a atenção do povo assustado. Collina e Tenazd estavam juntos, ela com expressão de medo e ele, de culpa – Quem estiver em condições de ajudar as enfermeiras, faça isso. Os que precisam de cuidados médicos aguardem pacientemente. Agora precisamos, mais do que nunca, sermos fortes!

Leor deixou a coroa de lado e colocou um jaleco, assumindo a liderança da equipe médica. Ele estava organizando os feridos quando Hadin se aproximou:

–– Para onde Raden levou as rainhas?

–– Para Sazar. Eles voltarão amanhã de manhã.


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Já era madrugada e ninguém no acampamento tinha descansado ainda. Todos lutavam para salvar o máximo de feridos possível. Leor tinha acabado de fazer uma amputação e estava tomando um gole d'água, se esforçando por permanecer acordado, quando ouviu um grito no acampamento:

–– Rei Leor! Rei Leor! É o seu lobo!

Imediatamente ele largou o copo e saiu correndo. Tochas iluminavam o acampamento. Sob a luz bruxuleante e o brilho da lua crescente, o médico viu o lobo latindo desesperado, mordendo qualquer um que se aproximasse.

–– Marboh!

Ele olhou para o dono e latiu, voando ao seu encontro. Ao pousar perto dele foi que Leor percebeu a pata ferida: estava inchada, com a flecha quebrada enfiada profundamente na carne. O lobo tinha provavelmente tentado arrancá-la.

–– Marboh, filhote, o que aconteceu?! – Leor tentou tocar nele, mas o lobo quase o mordeu – Está doendo, eu sei, deixa eu te ajudar... – Entretanto ele não permitia que ninguém o tocasse, nem mesmo o dono. Estava assustado demais.

Com o coração apertado e segurando as lágrimas, Leor ordenou:

–– Segurem ele! Com cuidado. Isso. Prendam bem essas asas! – Enquanto os homens prendiam o lobo que se debatia desesperado, Leor se ajoelhou e colocou um lenço no focinho dele – Respira, amigão. Isso... Vamos apagar você.

–– Leor! – Hadin apareceu correndo – O que aconteceu?!

O amigo agora carregava o lobo desacordado nos braços. As lágrimas desciam dos olhos sem que ele conseguisse contê-las. Com uma expressão dura, Leor cuspiu as palavras:

–– Marboh estava com Nemat. E ele jamais teria abandonado ela. Alguma coisa aconteceu.

Aquilo fez o coração de Hadin disparar. Chamou o mensageiro mais próximo e ordenou:

–– Vá a Sazar. Quero notícias do General Raden. – Quando o mensageiro estava quase saindo, Hadin o puxou pela gola da camisa e completou – Pergunte a ele o que aconteceu com a minha mulher.

–– Sim, majestade! – O mensageiro nunca tinha visto o rei tão irado!

Na cabana médica, Leor se preparava para tentar salvar o companheirinho.


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Belkiron só foi parar a carruagem por volta das duas da manhã.

–– Desça!

Ele nem esperou Nemat descer direito e já estava a empurrando de encontro a uma árvore. Jogou a rainha no chão e avisou:

–– Eu vou tirar sua mordaça apenas para você comer e beber um pouco, afinal não quero que morra antes da hora. Nem tente gritar, não preciso dizer que ninguém vai te ouvir, não é?

Nemat já tinha tentado entender o que estava acontecendo, mas nada no mundo fazia sentido: por que um general que jurara lealdade ao Reino, que prometera manter a segurança da família real, estava, agora, a entregando de graça ao inimigo? Ele não tinha tentado matá-la, nem a machucara, dissera apenas que estava levando-a para Ortis. Por quê?!

Quando Belkiron tirou a mordaça, o primeiro impulso de Nemat foi cuspir nele. E depois gritar o mais alto que podia, mandar Belkiron à merda e enforcá-lo ali mesmo. Ao invés disso, ela apenas virou o rosto para não ter que olhar para ele e pediu:

–– Quero ir ao banheiro.

–– Levante. – Com certa dificuldade, a rainha finalmente conseguiu se por de pé – Dê sete passos para frente e dois para a esquerda. Aí está bom. Fique à vontade.

–– Mas... Pelo menos fique de costas!

–– Sem chance. – Belkiron cruzou os braços e manteve o olhar, impassível – Você não vai me escapar, não vou cometer o mesmo erro duas vezes. Vamos logo, se perdeu a vontade volte para a árvore.

Ela se sentia humilhada... Mesmo assim, conseguiu se abaixar de forma que a saia do vestido cobrisse tudo o que a escuridão da noite não ocultava.

Nemat voltou para o canto e ele a amarrou na árvore: prendeu as mãos para frente e a cintura ao tronco. Entregou, então, uma maçã e um copo d'água. Apesar de estar faminta e querer muito mais, ela não reclamou. O objetivo era criar um laço com o sequestrador. Precisava entender as motivações dele se quisesse escapar daquela com vida.

–– Então... – Comentou, quando terminou a maçã. A voz dela era doce e calma – Você é de Palassos?

Ele não tinha feito uma fogueira, de modo que estava muito difícil enxergar. Tudo o que Nemat conseguia distinguir era a silhueta dele, sentado a alguns metros diante dela, encostado a uma árvore. Seu coração batia depressa, as pernas davam espasmos de puro medo e a adrenalina impedia que o cansaço a atingisse. Fique calma, apenas tente conversar com ele. Mostre que você não está brava, que o compreende. Ele precisa confiar em você.

–– Sou.

Estúpida, como não percebeu o sotaque? Você escolheu um palassiano por general! Em voz alta, ela disse:

–– Deve sentir saudades do seu Reino... Como foi parar em Jope?

–– Fui promovido à Líder dos Fiscais daquela região. – Como se soubesse o que ela estava pensando, Belkiron completou – Meu cargo era secreto, apenas o duque conhecia minha posição. Foi por isso que escapei daquela noite no castelo.

–– Ah...

–– Irônico, não?

–– Como?

–– Sua mãe escapou na noite em que Ortis matou toda sua família. E eu escapei na noite em que você matou todas as autoridades de Palassos que moravam em Jope.

–– É por isso que você quer me entregar ao imperador? – Nemat tentava transmitir paz, talvez até frieza, mas naquele momento a voz dela tremeu – Por que eu estou destruindo o Império dele?

Ela viu a silhueta de Belkiron se levantar e caminhar até ela. Engoliu em seco sem saber o que esperar. Ele se ajoelhou bem próximo a ela, de modo que Nemat podia enxergar bem seu rosto: olhos claros e frios, algumas pequenas cicatrizes e uma marca de expressão na testa.

–– Não... – A voz era grave e o bafo quente na pele gélida dela causava arrepios de temor – Não, eu quero te entregar a Ortis porque essa é a minha única chance de não ser morto como um traidor.

–– O que você fez? – Perguntou ela, com seu autocontrole no limite. Os olhos, fixos em Belkiron, estavam cheios de lágrima e o coração disparado.

–– Eu deixei sua mãe escapar. – Respondeu ele, tranquilamente.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Nemat. Trêmula, ela perguntou sem compreender:

–– Você a ajudou?!

Aquilo fez Belkiron rir, o que serviu apenas para aumentar o pânico de Nemat. Ela não sabia quem ele era, porém tinha a sensação de que aquele homem sabia muito sobre ela.

–– Oh, não, querida, eu tentei capturá-la. Mas o seu pai... – A menção de Dafar fez Nemat piscar, confusa – O príncipe ficou no cais, lutando comigo. Quando eu o matei, sua mãe já estava fora de alcance.

Ao ouvir aquilo, Nemat perdeu o ar. Subitamente, o mundo ao seu redor desapareceu e o horror impedia que ela conseguisse formar uma linha de raciocino. Parecia estar sonhando, não podia acreditar no que acabara de ouvir! Belkiron alisou o cabelo macio dela e sussurrou:

–– Quando te vi, parecia que estava encarando um fantasma...

Nemat gritou. As amarras impediam que ela pudesse fazer qualquer coisa contra o general, mas, ainda assim, ela tentava, gritava, vermelha de ódio, enquanto o coração parecia se estilhaçar em mil pedaços. Belkiron afastou-se levemente, com o semblante apático:

–– Eu vou matar você! Eu te odeio! Eu vou MATAR VOCÊ! – Era tudo o que Nemat conseguia dizer, repetidas vezes. De repente, sentia o corpo em chamas e a garganta ardia, como se aquelas palavras estivessem envenenadas.

Belkiron novamente amordaçou a rainha, abafando os gritos de angústia e raiva. Suas lágrimas pingavam no pano e ela encarava Belkiron como uma criança encara um monstro. Tinha expressão de dor, indignação e revolta. E tudo o que o coração dela bombeava para o corpo era ódio. Muito ódio.

–– Durma, princesa. Vamos partir amanhã ao raiar do dia e você precisa descansar. Salve sua raiva para Ortis. Ele vai amar te matar.

Ela chorou por muitas horas. Belkiron era o monstro debaixo da cama do qual sempre tivera medo. Era um fantasma que agora ressurgia para destruí-la. Quando cochilava, pesadelos a acordavam. E, quando abria os olhos, via-se presa num pesadelo tão real quanto os sonhos...


♜ ♜ ♜


Às quatro e meia da manhã, na ala médica, um lobo acabava de ter a patinha esquerda amputada. O médico que fizera a operação agora estava sentado ao lado dele, chorando amargamente. Passava a mão lentamente por aquele pelo macio acinzentado, desde a cabeça e descendo até onde costumava ficar um membro do corpo dele.

–– Me desculpa, filhote... Eu tentei... Foi o único jeito de te salvar...

Marboh abriu os olhos devagar. Ainda estava sob os efeitos do sonífero. Olhou para o dono e grunhiu baixinho.

–– Oi, estou aqui...

Olhou para baixo e viu a parte que faltava de si. Suspirou, com os olhos sem brilho e as orelhas baixas... Leor encostou a testa na dele e soluçou:

–– Eu vou achar quem foi o desgraçado que fez isso com você... E ele vai se arrepender do dia que nasceu. – Leor beijou a cabecinha do lobo e se afastou – Vai ficar tudo bem, eu prometo.

–– LEOR! – A urgência na voz de Hadin fez o rei deixar o lobo na maca e sair correndo para fora da barraca. Um mensageiro tinha acabado de chegar e, pela expressão, não trazia boas notícias – É a Nemat.

–– O que tem ela? – Rangeu entre os dentes,sentindo as mãos tremerem de raiva.     


  ♜ ♜ ♜ 

 

Lá fora, os raios de sol tinham apenas começado a colorir o céu, porém, dentro da cabana, a Hierarquia de Jope e parte da de Mulber estavam numa discussão acalorada que já durava quase uma hora:

–– NÓS TEMOS QUE ENCONTRÁ-LA! – Gritou Hadin, quebrando o copo que estava em sua mão.

–– Tudo o que estamos dizendo, majestade, é que não podemos partir numa missão sem direção certa a seguir! – Resmungou Bhazun.

–– Nós também queremos encontrá-la, mas, primeiro, precisamos nos organizar e... – Leor estava tentando manter a cabeça no lugar, porque desespero não ajudaria em nada.

–– Eu sou a droga do rei e digo que vamos encontrá-la, CUSTE O QUE CUSTAR!

–– Eu também sou uma droga de rei e digo que nós vamos encontrá-la! Mas primeiro precisamos de um plano, e pegar os melhores guerreiros e sair vagueando por aí não é um plano! – Respondeu Leor, no mesmo tom de voz.

–– Não temos tempo a perder! – Insistiu Hadin. O outro não aguentou e gritou:

–– Ela não estaria em perigo se você não tivesse elegido aquele general para começo de conversa!

Hadin perdeu o pouco da razão que lhe restava e acertou Leor no rosto. O impacto foi tão forte e repentino que o rei caiu para trás, sobre a mesa, com o nariz sangrando e bagunçando todo o mapa. Ele levantou no mesmo instante e partiu para cima do amigo, com o punho esquerdo preparado para quebrar o nariz de Hadin.

Quando o nômade bloqueou o golpe, Leor o atingiu no estômago com a mão direita, encaixando uma joelhada na costela logo em seguida. Foi neste momento que Shari entrou pela porta:

–– Que palhaçada é essa que está acontecendo aqui?! – Foi a passos firmes até os dois e completou gritando, vermelha de raiva e medo – Minha amiga está lá fora, sabe-se lá onde, e vocês dois ficam aqui brigando como dois meninos?!

–– Eu... Preciso... Dela. – Ainda tentando recuperar o ar e a voz abalada, Hadin sentia-se horrível. Tudo o que conseguia pensar é que ele tinha escolhido Belkiron por general e agora a esposa estava em perigo. Leor tinha razão, a culpa era dele.

–– Então vamos achá-la. E vamos fazer isso do mesmo jeito que vencemos todas as batalhas até agora: pensando!

Eles reorganizaram o mapa e começaram a analisar as rotas que Belkiron poderia ter seguido. Nenhuma parecia boa o suficiente. Ele, com certeza, estava tentando entregar a rainha de Jope ao Imperador Ortis, mas não havia rota de escape para ele!

Às oito da manhã, todos da Hierarquia estavam uma pilha de nervos. Não comiam nem dormiam direito e talvez aquele fosse o motivo que os impediam de ter boas ideias.

–– Vamos descansar um pouco e depois nos reunimos novamente. – Sugeriu Tenazd.

–– Isso é pura perda de tempo! – Resmungou Hadin, impaciente, saindo da tenda.

Quando Leor foi atrás dele, querendo pedir perdão por ter dito aquilo, viu Marboh tentando fugir do acampamento. Alguns soldados lutavam para acalmar a bola de pelos, enquanto o lobo latia desesperado em direção à fronteira de Avite.

–– Ele estava com ela... – Sussurrou o médico, com uma ideia repentina.

–– O que disse? – Hadin virou as costas, mas Leor já tinha entrado novamente na barraca.

–– Ele estava com ela! – Gritou, impedindo que uma Hierarquia exausta deixasse o local – Podemos usar o Marboh para achar a Nemat!

O plano demorou apenas alguns minutos para ser elaborado: uma equipe, liderada por Leor e Liriann, iria usar o lobo para encontrar Nemat. Hadin e Shari não iriam por razões óbvias: Jope e Mulber precisavam de pelo menos um membro da realeza com eles. Liriann conhecia Avite e Leor era o dono do farejador.

–– Traga ela para mim. – Pediu Hadin, antes que a patrulha deixasse o acampamento. Partia o coração dele ter de ficar, mas sabia que, como rei, precisava abrir mão dos próprios desejos pelo bem do povo.

Leor segurou o ombro dele, numa resposta silenciosa, e depois partiu.

Assim, cinquenta soldados, a General Liriann e o Rei Leor partiram numa missão, seguindo Marboh, que voava rápido demais. Enquanto os soldados corriam tentando acompanhar o lobo, Leor o observava com o coração apertado. Ele está tão desesperado para encontrá-la que nem tem tempo para estranhar a ausência de uma pata...


♜ ♜ ♜


Horas depois, Marboh finalmente pousou. E ao fazer isso, perdeu o equilíbrio, quase caindo. Só então ele reparou melhor no curativo que estava no lugar onde costumava ficar sua pata esquerda.

–– Está tudo bem, filhote... – Leor se aproximou e passou a mão na cabeça dele, com a voz tranquilizadora – Você vai precisar se acostumar com isso, ok? Não, pare de tentar arrancar o curativo, é para seu próprio bem.

–– Ouviram isso? – Liriann aprumou a postura, jurava que tinha escutado um gemido.

Marboh latiu e correu de um jeito desengonçado. Cansados, os soldados seguiram o lobo, até encontrarem Cinty caída no chão.

–– A senhora está bem? – Leor ajoelhou perto dela e começou a examinar sua ferida.

Havia uma mancha de sangue no meio do peitoral da mulher, que escorria pelas costelas e formava uma poça no chão. Ela sabiamente mantinha uma mão pressionando o ferimento. Leor segurou a outra mão dela e sentiu o pulso: fraco, mas ainda existente. Sabia que a senhora não tinha muitas chances de sobreviver, mesmo assim precisava ajudá-la.

–– Façam uma maca! Ela ainda está viva! – Imediatamente, os soldados começaram a procurar pedaços de madeira.

Leor estava ajoelhado ao lado dela, pressionando o ferimento, quando ouviu a mulher sussurrar:

–– Grávida...

–– Como? – Ele aproximou ainda mais da mulher, tentando entender as palavras estranguladas:

–– A rainha... Está grávida...

Leor fechou os olhos, apavorado. Aquilo deveria ser uma ótima notícia...


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Segurem seus corações amigos.
Faltam menos de 10 capítulos para o fim.


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As lendas de Saas
Escrito e publicado por: Becca Mackenzie
Wattpad.com | 2014
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