17: Uma sombra no céu
XVII: Uma sombra no céu
No silêncio das montanhas ouvia-se apenas o tilintar metálico de armaduras. Quatro dias havia se passado desde que acontecera a reunião em Laila e agora era a hora de colocar o plano em ação.
–– Estamos quase chegando... – Sussurrou Liriann, analisando as rochas partidas, sinal de dragões.
A Serra do Dragão era um conjunto de várias montanhas, umas mais altas e outras mais baixas, que ficava no Reino de Avite, perto da fronteira com Jope. Era cercada por uma densa floresta, daí a preferência dos bichos pelo local alto, seguro e com comida fácil.
Liriann estava comandando a expedição. Eles tinham cruzado a fronteira furtivamente na madrugada anterior, aproveitando o primeiro dia de lua minguante. O plano era provocar os dragões e sair correndo, simples assim. A única coisa que precisavam fazer era garantir que os dragões estavam seguindo-os até o acampamento dos avites.
–– Ok, vamos parar um minuto. – O grupo dos nove soldados e Tenazd parou, escondendo-se atrás das rochas. Liriann tomou um gole d'água e foi imitada pelos homens. – É o seguinte: os bichos estão dentro dessa montanha, escondidos em cavernas que ninguém saberia encontrar. Eles estão se divertindo e nós vamos estragar essa festinha, então se preparem para correr como nunca em suas vidas.
–– Uma pergunta. – Tenazd levantou a mão.
–– Pra quê você levantou essa mão? – Perguntou um soldado.
–– Ora, estou pedindo a vez para falar. Por que sempre me perguntam isso?
–– Ainda não entendi pra quê levantar a mão. – Resmungou outro soldado.
–– Ah, esquece! – Grunhiu o cientista, sem paciência – Só me diga uma coisa: se por acaso eu não conseguir correr, o que devo fazer? Pra despistar o monstro, quero dizer.
–– Se você não conseguir correr rápido o suficiente... – Liriann começou a dizer. Todos a fitavam com os olhos arregalados, tinham a mesma dúvida – pense em algo bom e morra em paz. Mais alguma pergunta?
Tenazd novamente levantou a mão.
–– Mas... De acordo com os livros que li, dragões são herbívoros!
–– Eu nunca disse que eles iam te comer, eu disse que eles vão matar você.
–– Oh, desgraçados... – Murmurou um soldado, enxugando o suor da testa.
–– Vamos lá, homens, não ajam como frangos! – A maneira como Liriann disse aquilo e o fato dela ser mulher, fez os soldados estufarem os peitos – Bravura, isso! Vocês são os mais corajosos guerreiros de Mulber e Jope... – A general olhou para Tenazd e corrigiu – Bem, a maioria... Então vamos levar nossos amiguinhos para destruir o exército de Ortis.
Depois de subirem mais um pouco a montanha, ao sinal de Liriann, pegaram as cordas e madeiras que estavam carregando e começaram a preparar uma pequena catapulta. Quando o objeto estava pronto, puseram um pedaço de rocha e miraram numa parte mais alta da montanha.
–– Disparar!
A rocha foi lançada e se espatifou na montanha, causando um pequeno deslizamento. Todos estavam prontos para sair correndo feito coelhos com o rabo em chamas, porém nada aconteceu.
–– Outra vez! – Ordenou Liriann. Colocaram outra pedra e miraram no mesmo local – Disparar!
O impacto foi maior e o deslizamento também, mas, por alguns segundos, nada aconteceu.
–– ONDE ESTÃO VOCÊS, CRIATURAS DAS TREVAS? – Berrou a general.
–– Acho que eles não estão... – Antes que Tenazd pudesse terminar de falar, o chão tremeu, derrubando a pequena caravana.
–– Corram! – Gritou Liriann, levantando-se e desatando a correr montanha abaixo.
Não foi preciso mandar duas vezes, os homens começaram a correr, tropeçando, caindo, levantando-se novamente... O chão tremeu outra vez, antes que um terrível e estrondoso urro fosse ouvido.
–– Pela barba do Tubarão Azul... – Disse Tenazd, parando de correr e olhando para trás, onde dois dragões saíam de debaixo do chão.
Era um macho e uma fêmea. Ele era preto como a noite, tinha um nariz comprido, casca grossa, dois chifres enormes que se retorciam para trás da cabeça, olhos grandes e vermelhos, duas asas gigantescas, uma fileira de espinhos nas costas e um grande rabo em formato de gancho, que ele batia no chão preparando-se para a batalha.
Ela era cinza claro, menor do que ele e abanava as asas demonstrando irritação. Os grandes olhos tinham uma cor azul violeta, dois pequenos chifres sobre eles e a casca grossa era lisa, sem nenhum espinho. O nariz também era comprido e ela abria a boca, preparando-se para cuspir o perigoso ácido.
No instante em que viu as criaturas, Tenazd lembrou-se do monstro marinho. Aquele que tinha uma pele azul, olhos púrpura, nariz comprido, quatro chifres e um rabo em formato de gancho.
–– O monstro marinho é uma espécie de dragão! – Gritou eufórico pela descoberta – Eles são dragões aquáticos!
A alegria não demorou muito. Os dragões pararam de urrar e focalizaram seus grandes olhos no cientista.
–– Tenazd! – Berrou Liriann, já distante.
–– Oh, merda...!
Tenazd deu as costas para os bichos e tornou a correr. Corria feito uma cabra montanhesa: saltando as rochas e escorregando quando podia para ganhar mais distância. Num minuto e ele havia alcançado os colegas.
–– Salve-se quem puder! – Berrou ao passar correndo por eles. Quando o assunto era correr para salvar a pele, Tenazd era um perito!
–– O que acha que estamos tentando fazer, imbecil?! – Berrou de volta um soldado.
Outros dois dragões surgiram de debaixo da terra: uma branca e um marrom. Um tão perto de Tenazd que o movimento de rochas e areia fizeram-no rolar por alguns metros.
–– Maldição! Acho que torci o braço!
A fêmea que tinha saído primeiro passou voando por eles e cuspiu ácido, queimando vivo um dos nove soldados. Não era uma queimação como a do fogo, embora a dor fosse semelhante. O ácido derretia tudo: a armadura, as roupas, a pele e, por fim, os ossos, não sobrando nada da vítima.
O macho parou de correr, usando o rabo para derrubar outro soldado. O homem caiu berrando desesperado, enquanto que a fêmea o matava a dentadas.
–– Não desistam, corram! – Incentivava Liriann – Estamos quase na floresta!
Mais alguns metros e os sete soldados, Liriann e Tenazd adentraram a floresta, sem parar de correr por um minuto sequer, rumando na direção do acampamento de Avite.
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Os avites descansavam nas sombras, fugindo do calor. O verão daquele ano estava mais forte.
–– Hoje à noite? – Perguntava o duque responsável por aquela região – Tem certeza?
–– Absoluta. Os jopes não estarão preparados. Eles têm resistido muito bem aos nossos ataques, mas é porque as batalhas são sempre travadas no lado de lá da fronteira, onde eles têm vantagem por conhecerem o território. – Falava o general, andando de um lado para o outro, torcendo um fiapo solto do cinto. Aquilo tinha virado uma mania – Vamos fazer o seguinte: atacamos, fingimos estar perdendo, recuamos e quando eles nos perseguirem, vão acabar cruzando a nossa fronteira, onde teremos vantagem. É neste momento que os emboscaremos.
–– Eu gostei... – Respondeu o idoso, com um sorrisinho maléfico.
–– Socorro! – Um capitão entrou correndo na cabana onde os homens planejavam os ataques.
–– Parado aí! – Ordenou o general com a voz grave, carregada de indignação – Onde estão seus modos?! Entra correndo aqui, gritando feito uma dama, o que os seus subordinados vão pensar?
–– Tem um dragão voando pelo acampamento! – Gritou o homem, ignorando as palavras do superior. Ele estava branco como um morto.
–– O quê?! – O duque virou-se para o general com os olhos arregalados.
–– Não é possível. – Riu o comandante do batalhão. – Sabemos que estamos perto da Serra do Dragão e foi por esse motivo que tomamos todo o cuidado para...
Antes que o homem pudesse terminar de falar, tanto o capitão como o duque deixaram a tenda. Ele os seguiu e quando chegou do lado de fora, viu um céu limpo e azul, manchado de nuvens brancas.
–– Como eu dizia...
–– Ali! – Apontou o capitão.
E eles viram. Na nuvem, uma sombra negra gigantesca.
–– DRAGÃO! – Berrou o general – PREPAREM AS CATAPULTAS!
No minuto seguinte, duas bestas irritadíssimas pousavam no meio do acampamento. A fêmea cuspia ácido, enquanto o parceiro destruía tudo com seu pesadíssimo rabo. Porque um casal de dragões é inseparável, na vida, na luta e até na morte.
–– Só tem dois ali... – Dizia Liriann, escondida na floresta junto com os demais. Todos estavam ofegantes – Onde estão os outros dois?
–– Oh, céus, será que estão atrás de nós ainda? – Lamentou um dos soldados, olhando para os lados.
–– Não, não... Eles nos perderam. – Lembrava Liriann, tentando pensar no que tinha acontecido – Eles vieram atrás de nós, mas como são míopes...
–– Espera! Dragão é míope? – Perguntou Tenazd.
–– Sim, mas isso não vem ao caso! O fato é que eles nos perderam na floresta. Vimos quando levantaram vôo, tentando nos encontrar, eram quatro... – Liriann batia o punho fechado na própria testa, esforçando-se por pensar em algo. Até que uma ideia se acendeu – Oh, não! Eles devem ter visto o acampamento de Jope!
–– Maldição!
A primeira coisa que Tenazd pensou foi em Collina, que estava no acampamento do outro lado da fronteira.
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Nemat observava o próprio reflexo no enorme espelho. Grande como era, dava para ver da cabeça até os pés. Estava de lado, tentando ver se a barriga já aparecia.
–– Paciência, majestade... – A voz de Cinty fez a rainha estremecer de susto – Perdoe-me!
–– Tudo bem, pensei que fosse o Hadin...
–– A barriga vai crescer quando a senhora menos esperar. Mas esses meses iniciais parecem demorar séculos... É só a ansiedade. – Sorriu a senhora – O espartilho não está muito apertado, não é?
–– Não, está ótimo, obrigada. É o suficiente para enganar as pessoas.
–– Pobre bebê, espero que decida contar logo, assim ele não precisará ficar escondido por muito tempo. Um homem merece saber quando vai ser pai.
Cinty organizava as coisas na tenda do casal real e nem percebeu o tanto que suas palavras comoveram Nemat. Quando virou-se para a rainha, viu que ela estava sentada na cama, com as mãos em volta da barriga, cabisbaixa.
–– Majestade?
–– Minha mãe nunca teve tempo de contar para o meu pai que ele... – Nemat suspirou – Que ele...
–– Oh, majestade, me perdoe! Eu e minha boca grande! – Num impulso, Cinty a abraçou.
–– Tudo bem, você não sabia...
–– Vai ficar tudo bem... – A doce mulher tentava consolá-la.
–– Obrigada, Cinty. Eu vou contar para o Hadin, ok? Assim que terminar essa batalha.
Antes que a serva pudesse responder, ouviram um grito pelo acampamento:
–– DRAGÃO!
Leor e Hadin, que estavam numa torre de sentinela, quase não puderam acreditar quando viram não um, mas dois monstros sobrevoando o acampamento.
Eles desceram e começaram a gritar ordens, tentando preparar o exército para o ataque, enquanto as sombras gigantescas passavam como um borrão no chão. Os dragões estavam voando cada vez mais baixo...
Do outro lado da fronteira, a situação era pior: as bestas destruíam as catapultas com os rabos, cuspiam ácido, pisoteavam, mordiam, assolavam o exército de Avite.
–– General Raden! – Gritou Leor – Tire as rainhas daqui!
–– Sim, senhor!
Belkiron ouviu a ordem do rei e, no mesmo instante, o coração disparou. Aquela era a sua chance e ele não a deixaria escapar.
–– Majestade, vou preparar a equipe de arqueiros, o ponto fraco dos dragões é o fogo! Devemos lançar flechas incineradas neles!
–– Vá! – Respondeu Leor, já gritando ordens para um tenente.
Belkiron passou por Hadin, que estava muito ocupado organizando a formação das catapultas. Avistou Collina com as arqueiras e comentou:
–– Coloque fogo nas flechas!
–– Façam o que ele disse!
A alguns metros estava Raden com Shari, ele a levava para uma carruagem:
–– Tire a Rainha Shari daqui, eu levarei a Rainha Nemat. Não devemos levar as duas juntas, é muito perigoso. – Disse, enquanto Shari entrava no veículo, acompanhada pela ama.
–– Mas o Rei Leor...
–– Eu já falei com ele. – Raden fitou Belkiron atentamente. O general segurou firme o ombro dele e o encorajou – Vá. Rápido.
–– Tudo bem. Nos encontramos em Sazar.
Enquanto a carruagem saía a toda velocidade do acampamento, Belkiron correu para a tenta de Nemat.
–– Oh, General Belkiron! – Gritou Cinty, com a voz abalada, no instante em que o homem abriu a porta – O que está acontecendo?
–– Preciso levar você daqui, imediatamente. O plano não deu certo, estamos sendo atacados por dragões.
Ele falava rápido e tinha os olhos fixos em Nemat. Quando chegou perto, agarrou o braço dela com força, fazendo o coração da rainha se apertar de medo.
–– Espere, eu...
–– Ordens do seu irmão, majestade. Venha, agora.
Ele praticamente a arrastou para os fundos da tenda e, puxando uma faca do cinto, rasgou o tecido, saindo por ali.
–– Eu posso andar sozinha, general! – Nemat não estava incomodada pelo fato do general estar tirando-a do acampamento. Não, aquilo era compreensível. Ela queria sair dali, afinal era perigoso demais para uma grávida. O que assustava era a força e urgência com que Belkiron a arrastava dali.
Nesse instante, as duas feras pousaram, fazendo o chão tremer. Nemat teria caído, se não fosse pelo apoio de Belkiron.
–– Vamos. – O general não perdeu tempo se desculpando ou explicando.
Sem soltar Nemat, Belkiron correu para a primeira carruagem que encontrou e abriu a porta, quase enfiando a rainha dentro dela. Antes que ele pudesse fechar a porta, Cinty apressou-se em entrar.
–– O que pensa que está fazendo?! – Resmungou ele, tentando impedir a senhora.
–– Eu sou a ama da Rainha Nemat. – Devolveu ela, encarando-o num desafio – Aonde ela for, eu vou.
–– Marboh! – Gritou Nemat de dentro da carroça.
No mesmo instante o lobo alado rosnou para Belkiron. O general se afastou um pouco e ele entrou na carruagem.
–– Esplêndido, estamos na droga de um passeio em família! – Murmurou ele. Antes de fechar a porta, ordenou para as pessoas lá dentro – Fechem as cortinas. Não queremos que os inimigos saibam que a Rainha de Jope está aqui.
Cinty obedeceu, Belkiron fechou a porta e foi para a parte dianteira da carruagem. Chicoteou os cavalos e saiu em disparada. Porém o caminho que tomou era o oposto daquele tomado por Raden que levava à vila de Sazar.
Belkiron cavalgou em direção à praia e em seguida rumou ao norte, adentrando o Reino de Avite. O plano era ir costeando o Reino, aproveitando enquanto ele ainda pertencia à Palassos. Iria até o máximo possível ao norte e em seguida pegaria um barco para Mirlence, o antigo Reino de Raboon. Embora fosse muito arriscado ele ser pego pelos soldados de Jope, aquela era a melhor rota. Talvez a única.
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As mulheres e o lobo eram chacoalhados dentro da carruagem. A pressa com que Belkiron conduzia o veículo era irresponsável e, por isso, horas depois de uma viagem tortuosa, Cinty resolveu reclamar. Abriu a janela e gritou:
–– General Belkiron! Reduza essa velocidade! Tem uma rainha aqui dentro! – E grávida, pensou a mulher.
Para a surpresa delas, Belkiron parou o veículo. Nemat se abanava com um leque, tentando conter o enjôo. Marboh estava no chão da carroça, gemendo pelos solavancos.
De repente a porta se abriu e o general apontou para Cinty:
–– Você, desça.
–– Mas o quê...
–– Agora!
–– General, não fale assim com a minha... – Antes que Nemat pudesse terminar de repreendê-lo, Belkiron sacou a espada.
–– Eu só vou avisar mais uma vez: desça da carruagem agora!
–– Oh, minha nossa, por favor, estou descendo, mas por que...
A mulher ainda terminava de descer os degraus quando Belkiron a puxou para fora, fazendo a pobre senhora cair no chão.
–– Não! – Gritou Nemat, descendo também.
–– Fique quietinha aí. – Com a espada na garganta de Nemat, ele ordenou – Entre na carruagem.
–– General, eu não sei o que deu em você, mas... – As palavras dela foram interrompidas pelo soco.
–– Não, por favor, deixe-a em paz! – Gritou a ama, chorando caída na terra.
Quando Belkiron foi tentar enfiar Nemat dentro na carruagem, Marboh o atacou, fazendo o homem recuar e jogar a rainha no chão. O lobo rosnava com os pelos eriçados, encarando o inimigo com um ódio mortal.
–– Quer me morder? – Provocou o general – Vem!
No instante em que o lobo pulou para morder o pescoço dele, Belkiron o golpeou com o suporte da espada, fazendo o animal cair machucado.
–– Deixe o lobo em paz! – Gritou Nemat, desesperada.
Ao passo que ela corria para ajudar Marboh, que gemia enquanto tentava ficar de pé, o general foi até Cinty e a golpeou na barriga.
–– Nããão!
Nemat não compreendia o que estava acontecendo. Tudo o que conseguia fazer era permanecer sentada no chão, com os olhos arregalados de horror, observando o sangue de Cinty sujar o vestido. Era como se, de repente, estivesse vivendo um pesadelo.
Belkiron voltou na direção dela e sacou a flecha. Por um minuto, pensou que ele a mataria. Só então percebeu que o general mirava em Marboh.
–– Vai embora, Marboh! – Gritou ela, empurrando o lobo com o pânico crescendo.
A flecha foi disparada e acertou uma pata dele. Marboh latiu de dor, mas se recusava a sair do lado de Nemat. Ele latia ferozmente para Belkiron, que mirou novamente.
–– Eu odeio você, lobo feio! Vai embora agora! – Nemat acertou o focinho de Marboh, fazendo o bichinho se afastar, assustado. Por causa do movimento dele, a flecha de Belkiron errou o alvo – Vai embora! – Nemat continuou gritando, com as lágrimas descendo pela face. Ela jamais se perdoaria se algo acontecesse com o lobinho favorito dela.
Marboh olhou para ela uma última vez. E foi como se Nemat pudesse ver o tanto que ele se sentia traído. Em seguida, voou para longe.
–– Merda! – Belkiron tentou acertá-lo mais uma vez, mas ele já estava longe.
Quando os olhos do general e os da rainha se cruzaram, os dela brilhavam puro terror e os dele, pura raiva. Com o rosto banhado em lágrimas, ela soluçou:
–– Por quê?!
Belkiron tirou um pedaço de corda e amarrou as mãos dela para trás. Com um pano, amordaçou a boca e sussurrou-lhe ao ouvido:
–– Eu vou levar você para Ortis. E então, ele poderá finalmente matá-la. Como matou toda sua família.
Belkiron a empurrou para dentro da carruagem e seguiu viagem, rumo ao norte, costeando Avite.
Sozinha na escuridão do veículo, sentada no chãoe chorando assustada, tudo o que Nemat conseguia pensar era em como salvaria seu bebê.
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As lendas de Saas
Escrito e publicado por: Becca Mackenzie
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