18_ Ciúmes
ㅡ O nosso lema é ousadia e alegria
A nossa cara é pagode todo dia... ㅡ Maicão nem parecia que tinha passado a noite inteira acordado.
Eram meio dia, mais ou menos, ele estava no quintal cantando junto de uma música de um bloquinho que estava passando em frente a casa. Pedro, Pérola, Gabriel e Marina já estavam na calçada. A maioria fantasiado, prontos para curtir o dia. Priscila estava na sala, se recusando a sair para suar no sol - palavras dela - e Dafine e Saulo ainda não tinham aparecido.
Na real, eu ainda estava decorando o nome de alguns deles, mas acho que era isso.
ㅡ Cadê a Dafine? Bora, garota!! ㅡ Pérola gritou da calçada.
ㅡ Calma! ㅡ Dafine gritou de dentro da casa, mas tenho certeza que eles não ouviram. Não sei nem como eu ouvi, com a bagunça que estava na rua.
Eu estava sentado na varanda tomando coragem para ir também. E, claro, Jurema também estava entre eles. Ela não estava fantasiada, mas estava bonita de qualquer forma e parecia bem mais descansada agora.
Eu não sabia se estava pronto para ir. Nem sabia se queria ir. O que se faz quando se sente ciúmes de alguém que você não tem nada? Caramba, eu nem a conheço a tanto tempo assim e só de pensar que ela estava saindo para o carnaval, eu sentia algo horrível no peito.
Ela estava linda, o que não faltariam eram caras tentando algo com ela. Não sei se estava pronto pra ver ela ficando com alguém na minha frente.
Tá, eu já estou parecendo um idiota. Sofrendo antecipadamente por alguém que nem a minha e que eu mal conheço. Quando fiquei tão carente?
Nunca me achei um cara romântico. Nunca acreditei nessas coisas de amor à primeira vista e nem sei se agora acredito. Só que eu preciso admitir que algo aconteceu comigo quando vi ela pela primeira vez na casa do Maicão. E sei disso porque, desde então, não consigo parar de pensar nela.
Isso tudo era muito confuso pra mim e eu já estava me arrependendo de ter vindo. Real, por que eu vim? Ela nem quer nada comigo.
Alguém balançou uma garrafa de cerveja do meu lado. Olhei para cima e encontrei Saulo.
ㅡ Eu conheço bem essa cara. ㅡ Ele falou me entregando a cerveja e dando um gole na garrafa que estava em sua mão.
ㅡ Do que tá falando?
ㅡ Dela estar indo para o carnaval e você estar aí morrendo de ciúmes. ㅡ Ele deu mais um gole. ㅡ Sei bem o que é isso. Não necessariamente com carnaval, mas... Foram três anos vendo a Pérola olhar para qualquer outro, menos pra mim.
ㅡ E o que você fez? ㅡ Dei um gole na bebida.
ㅡ Esperei. Mas, não devia. Ou devia, não sei. ㅡ Ele se sentou do meu lado. ㅡ Eu tinha medo de estragar a nossa amizade. ㅡ Ele olhou na direção dela. ㅡ Mas, não acho que você tem muito o que estragar com a Ju, por que não arrisca?
ㅡ Eu já chamei ela pra sair. Mais de uma vez. Na verdade, acho que até fui rápido em arriscar. ㅡ Passei a mão na cabeça. ㅡ Ela não quer nada comigo.
ㅡ Não? ㅡ Franziu a testa. ㅡ Mas, ela conversa com você.
ㅡ E o que tem?
ㅡ Eu já vi caras dando em cima dela e ela não voltava a falar com eles depois.
ㅡ Mas, estamos na mesma casa. É difícil não falar.
ㅡ Conhecendo bem, ela te evitaria. ㅡ Saulo disse com tanta certeza que eu voltei a encara-la.
Ela estava rindo, mexendo no cabelo e falando algo com a prima. O sol fazia o cabelo dela brilhar um pouco mais. A risada dela era tão bonita que eu queria ter um repertório de piadas em mãos.
ㅡ Da um tempo pra ela. ㅡ Saulo se levantou. ㅡ Se não acontecer naturalmente, vai acontecer por pressão dos amigos. ㅡ Ele disse com sarcasmo enquanto ia na direção deles.
Dafine finalmente apareceu e eu me obriguei a me juntar a eles e sair pelas ruas.
Muita música, muita gente, calor, bebidas, dança, comida, fantasias, brigas e amizade com pessoas aleatórias. Depois de Maicon se perder, ser achado em cima do trio elétrico e voltar para perto de nós, paramos em frente a um bar que tinha sombra.
Comparado a Maicon, acho que eu nem gostava muito dessas coisas. Provavelmente ninguém gosta tanto de dançar e cantar em público como ele.
ㅡ Você é do tipo que fica com várias nessas ocasiões? ㅡ Eu estava encostado na parede do bar, ainda na calçada, quando Jurema se aproximou de mim pela primeira vez desde que saímos da casa.
ㅡ Que? ㅡ Eu tinha entendido sua pergunta, só não entendi o motivo.
ㅡ Quero saber se pretende ficar com alguém hoje. ㅡ Continuei sem entender o motivo da pergunta ou aonde ela queria chegar com isso.
ㅡ Por que?
ㅡ Porque eu gostaria muito de um namorado falso agora. ㅡ Só aí entendi. Desde que saímos, ela já tinha recusado tantos caras que certamente estava cansada disso. ㅡ Se não for atrapalhar você de ficar com outras pessoas, pode me fazer esse favor? Sei que eu que te devo favores, mas eu...
ㅡ Tá bom. ㅡ Estendi o braço para ela.
Jurema não parou do meu lado, ela parou na minha frente. Se apoiou em mim e puxou meu braço para que eu a abraçasse. Definitivamente ela não queria mais ninguém chegando nela.
E eu não posso dizer que fiquei triste com isso.
Ela relaxou. Ficou cantando as músicas que tocava, balançando o corpo devagar de um lado para o outro, até deixou a cabeça tomar para trás e apoiou no meu ombro.
De repente eu senti que gostava mais do carnaval do que eu pensei. Eu já nem estava mais reclamando do calor ou do tanto de gente que pisou no meu pé.
Maicão apareceu novamente, eu nem tinha percebido que ele tinha sumido, e claro que abriu o maior sorrisão quando viu Jurema nos meus braços.
ㅡ Aonde você estava? ㅡ Dafine, com as mãos na cintura, questionou o namorado.
ㅡ Vi uns conhecidos meus. ㅡ Ele apontou para o meio da multidão, em vão, porque seria impossível indentificar qualquer pessoa ali.
ㅡ Se você sumir de novo, eu vou chamar a polícia. ㅡ Ela resmungou. ㅡ Como eu vou saber que não te enfiaram num carro e te levaram?
ㅡ Maicão, do jeito que é, não precisa nem enfiar no carro. Ele mesmo entra. ㅡ Pedro disse rindo.
ㅡ Já comprei até buquê de flores
E uma roupa nova pra te ver... ㅡ Maicon voltou a sambar como se o assunto nem fosse com ele.
ㅡ Então o Vinícius tá trabalhando de motoboy? ㅡ Pérola perguntou para Jurema. Elas já estavam conversando a um tempo, mas eu não estava prestando atenção. ㅡ Impressionante. Igual barata. Tá em todo lugar.
ㅡ E ele emagreceu pra caramba.
ㅡ Aposto que tá usando droga. Sempre teve cara de noiado.
ㅡ A gente tinha uns gostos, né? ㅡ Jurema riu.
ㅡ Né? ㅡ Pérola gargalhou. ㅡ Ainda bem que melhoramos. Né, Marcos?
ㅡ Cala essa boca. ㅡ Jurema riu de novo apertando minha mão. Pérola riu voltando até Saulo. ㅡ Não fique se achando.
ㅡ Eu não me acho. ㅡ Dei um gole na cerveja.
ㅡ Ah, não? ㅡ Ela se virou para mim. Seu movimento me pegou de surpresa, porque ela não se afastou ou tirou meus braços, só se virou de frente para mim, ainda com o corpo colado ao meu. ㅡ Senhor jogador que marca quatro gols.
ㅡ Aí eu não me acho, né? Eu sou um jogador muito bom. ㅡ Meu comentário a fez me dar um tapa no peito.
ㅡ O goleiro não era tão bom, por isso você marcou tantos gols.
ㅡ O goleiro era o Pedro.
ㅡ Exatamente. ㅡ Ela riu.
Ela riu e eu sorri vendo aquela risada tão de perto.
ㅡ E agora vai ficar se achando com o que a Pérola disse. ㅡ Ela revirou os olhos ainda sorrindo. ㅡ Só que não é difícil ser mais bonito que o Vinícius.
ㅡ Acha que eu sou bonito? ㅡ Arqueei uma sobrancelha com um sorriso convencido.
ㅡ Eu não falei isso. ㅡ Ela voltou a rir. Acho que ela estava meio bêbada, mesmo não tendo bebido quase nada. Provavelmente não costuma beber.
ㅡ Eu acho você bonita. ㅡ Sua risada diminuiu e ela me olhou nos olhos. Não gosto do modo como ela me olha, como se não ouvisse isso com frequência. Como alguém como ela não ouve isso com frequência? ㅡ E acho muito difícil alguém ser mais bonita que você.
•••
Continua...
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