°·|Capítulo 61 - Último!
Continuo o encarando esperando uma resposta lógica para isso.
—Vem comigo! Por favor! — seu olhar suplica.
—Não! — me recuso.
—Amor, confia em mim. Por favor! — suas mãos gélidas estão sobre meu rosto.
Eu não queria ir. O fato dele não ter negado a Prim, me faz pensar que qualquer coisa que ele tenha a dizer me machucará de alguma forma. Porém, me deixei ser conduzida por ele a qualquer lugar.
—Pode falar! — ordenei quando entramos em uma das salas enfeitadas pelo feriado de quatro de julho que logo chegará, eles enfeitam mesmo sabendo que os alunos não estarão aqui.
Tento controlar de todas as formas o choro.
—Dana...a Prim não mentiu. Eu vou me mudar para New Haven. — aquilo destroçou meu coração. E quando ele ia me contar isso?
As lágrimas caiam lentamente e de uma forma amarga. Seus olhos brilhantes deixam pequenas gotas cairem e se arrastarem por suas bochechas num tom calmo do vermelho. A chuva está forte e posso, apesar do estado de êxtase, escutar os trovões.
—Ei, fala comigo amor. Por favor! — ele implora com seu rosto próximo ao meu.
—O que você quer que eu fale? — o afasto. Não posso ficar perto dele, não agora.
—Quando vai? — pergunto dando as costas.
—Em duas semanas. — rapidamente o olho incrédula.
—Em duas semanas!? Quando pretendia me contar?! —questiono, mas não espero sua resposta. — Ah, claro! Um lindo dia você me ligaria dizendo que estava se mudando, — ele nega. — Ou então, você apareceria na minha casa dizendo: "Amor, estou indo para New Haven. Me liga quando puder! ". Você fari isso Zac? — cuspo as palavras.
—Não. Eu nunca faria isso.
—ENTÃO POR QUAL RAZÃO NÃO ME CONTOU ANTES? — gritei cada palavra fazendo meu peito doer.
—Não é tão simples assim. Eu queria poder dizer calmamente que estou indo embora. Mas eu não consigo! — me recuso de todas as formas a acreditar nisso. Por isso pego minha bolsa e saio dessa sala o mais rápido que posso.
No meio do corredor em direção a saída , tiro meu salto e corro com ele na mão. Passo pela porta de saída e ignoro a tempestade na qual entrei.
Corro por todo o campo molhado tentando fugir dessa dor , mas parece inevitável.
Acabo caindo de joelho no chão e me sujando toda. A chuva parece ter ficado mais forte.
Sinto os braços dele me rodearem de uma forma protetora.
—O que você quer? — grito em meio as lágrimas.
—Vai ficar doente! Vem, entra comigo. — me recuso.
—Você devia ter me contado! — seus polegares acariciam meu rosto. Sua expressão é de preocupação. — Você vai me abandonar! — coloco para fora o meu real medo.
—Eu nunca vou te deixar! Você é tudo para mim! — talvez meu orgulho tenha ficado irritado comigo, mas eu o abracei com todas as minha forças mesmo ainda de joelho no gramado.
Era como se eu o tivesse perdendo de alguma forma. Meus olhos abriam e fechavam tentando fugir dessa realidade para meu mundo paralelo. Conforme o barulho da chuva aumenta meu choro o acompanha. O inacreditável é que Zac não pronunciou uma única palavra, ele entendia perfeitamente o meu silêncio.
—Quando você recebeu a resposta da Universidade Yale? — pergunto quebrando o silêncio.
—No início do mês. Eu fui aceito em todas as universidades que mandei carta, mas meu alvo era Yale. — sua voz está baixa.
—Por que tão longe? — questiono com a voz embargada.
—Meus pais estudaram lá.
—Por isso você estava tão estranho ultimamente. — concluo refletindo sobre os últimos dias.
—Amor, eu nunca vou te deixar! Mas o nosso relacionamento enfrentará essa fase de distância. — finalmente consigo olhar diretamente nos seus olhos. — Acredite, eu lutei por você e não desistirei assim tão fácil. Mas eu preciso que você me apoie e lute junto comigo. — um sorriso surge no canto de seus lábios. — Estarei aqui todos os fins de semana possíveis. New Haven não é tão longe assim.
—Você irá morar no campus da Universidade?
—Não, meu pai comprou um apartamento enorme e como Josh, John e Billy vão ser meus companheiros de Universidade, resolvi que eles também serão meus companheiros de casa. Em Setembro cada um procurará um emprego ou estágio e em quatro anos estaremos formados.
—Parece ser tão fácil. Perdi três pessoas para New Haven! — volto a encostar minha cabeça em seu peito molhado pela forte chuva que parece não ter fim.
—Você não perdeu ninguém! Pensa nisso como uma fase. Fases sempre acabam para outras terem início. — ele fez uma pausa para poder continuar: —Essa não é diferente.
O silêncio novamente se instalou, não consegui dizer mais nada por um breve tempo. Aquela dor no peito continuou.
Meus olhos permaneciam fechados enquanto sentia as carícias delicadas de Zac. Foi como se um flashback rodasse na mente de uma adolescente totalmente fragilizada pela situação. Os momentos de sorrisos, beijos, brigas entre diversos outros ganham destaque em minha mente maluca.
Flashback: O dia em que descobri a falta de pontualidade do meu namorado.
Olho mais uma vez no meu discreto relógio de pulso e respiro fundo para não surtar.
—Desculpe o atraso. -- diz Zac enquanto se aproxima completamente suado.
—Não suporto atrasos! -- tento parecer a mais calma possível.
Ele arruma seu cabelo para trás, mas parece que seu cabelo tem vida própria que volta para frente. Sua expressão é de que precisa se recordar de algo.
—Qual é seu nome
mesmo? --sua pergunta me irrita, mas apenas o olho de um modo assassino.
—Dana. Meu nome é
Dana.--esbravejo arrumando meus livros que estão sobre a mesa na mochila.
Ele pode ter o sorriso mais lindo do mundo, mas preciso ter pulso diante desse tipo de ação, afinal, não suporto atrasos.
—O quê está fazendo? -- sua pergunta sooa óbvia.
—Você não está vendo?! -- replico irritada. Confesso que fui bastante grosseira.
—Calma! Só cheguei uns dez minutos atrasado. -- explica levantando as mãos demonstrando defesa.
—Para sua informação foram exatos 15 minutos e 13 segundos de atraso. Eu não tolero atrasos. -- ele solta uma risadinha sarcástica diante de minha ênfase.
—Você conta o tempo que as pessoas se atrasam?! -- pergunta com um sorrisinho sarcástico, lindo e maravilhoso.
—Olha garoto... --meu medidor de paciência explode em momentos como esse.
—"Garoto" não! Eu tenho nome. -- me interrompe bruscamente deixando-me ainda mais irritada.
—Zac, que eu lembro o nome, diferente de algumas pessoas que se esquecem facilmente. -- minha vez de ser sarcástica.
Flashback: primeiro beijo.
Me ajusto na cadeira ao lado de Zac na biblioteca. Observo-o resolvendo calmamente o exercício que virei a madrugada para preparar.
—Você pode resolver esse assim... --tento dá uma dica para resolução de uma das quarenta questões.
—Não preciso de ajuda. -- me interrompe bruscamente.
Convencido.
—Ok.--me inclino para trás da cadeira. —Convencido. --murmurro.
—Você me chamou de convencido?! --questiona olhando diretamente nos meus olhos.
Convencido, convencido e infinitos convencidos.
—Sim, chamei. Por quê? --
replico sarcástica.
—Eu convencido?! Você que é uma maluca, garota!--rebate.
—Você é um idiota!
—Você é uma surtada! --replica com um olhar intimidador.
—Você é um... Banana!
Foi sem querer. Tem como voltar da parte que ele me xinga de surtada?
—Banana?! --questiona. — Você quer ver o banana?
—Não! --esbravejo.
—Mas vou te mostrar mesmo assim. --ele se aproxima aceleradamente. Seus lábios tão vermelhos encostam aos meus tão sedentos de um calor assim. Seu beijo é intenso e carinhoso, toco seu rosto para me perguntar se é realmente real. É como se conseguisse escutar todas as batidas do meu coração que bate aceleradamente ao som de James Arthur Naked.
Mas Para infelicidade do meu coração, seu lábios se afastam.
—Por que fez isso?--pergunto totalmente irritada. Ele morde os lábios.
—Só tive vontade de fazer.--se inclina para trás.
—Eu não sou o tipo de garota que você beija a hora que você quer beijar!
Flashback: O dia que aceitei ,sem arrependimento algum, a maior loucura da minha vida.
Ele está ali. Procurando um livro que lhe agrade. Seu cabelo não fica de mal humor nunca. Seu olhar intimidador folheia cautelosamente cada página. Ele fica mais perfeito de jeans.
Me aproximo da mesa de estudos da biblioteca e tomo a coragem que sei que nunca mais terei. Vou em sua direção e o beijo. Ele segura minha cintura, coloco meus braços sobre seu ombro e acaricio sua nuca. Fico na ponta do pé para ficar um pouco mais confortável. Seu beijo é intenso, carinhoso e doce.
Me afasto buscando um pouco de ar.
—Ok. --diz sem entender o quê acabou de acontecer.
—Eu aceito viver essa aventura. --comunico e ele faz cara de: "Do que essa maluca está falando".
—Tipo Péter Pan? Ou Alice no país das maravilhas? --sooa confuso.
—Não, tipo um romance. --explico me aproximando.—Mas... --continuo.
—Sempre tem um Mais. -- questiona me interrompendo.
—Meus irmãos não podem saber. Na verdade, ninguém pode saber!
—Ok. Mas... Você não deve dizer que está apaixonada e nem se apaixonar por mim. -- indaga.
—Sem problemas. --selamos o trato com um aperto de mãos. —Agora precisamos estudar. Você tem uma prova marcada semana que vem. --comunico enquanto ele se assenta na cadeira a minha frete.
—Você que manda!--concorda me fazendo sorrir.
Flashback: ciúmes, paixão e tudo que uma adolescente quase nunca sente.
Me assento em um dos bancos do balcão da sorveteria e deixo que aquele sorriso maravilhoso ganhar meus pensamentos. Sinto o sabor de seus lábios juntos ao meu.
Não posso está apaixonada por você Lanier. Por você não!
Pego meu celular na bolsa, abro no instagram e stalkeio o perfil de Lanier_Zac e seus MILHÕES DE SEGUIDORES.
O cara é famosinho.
Suas fotos são misteriosas, sensuais, fofas e encantadoras. Devo dizer que ele pode investir na carreira de modelo.
A foto que mais me agradou foi a que o Lanier_Zac se encontra apenas de calção na borda da piscina, seus cabelos desgrenhados e molhados com os raios solares refletindo em seu tanquinho exposto. Suas covinhas estão fundas, embelezando ainda mais seu sorriso... Isso me afeta e muito!
Sinto mãos tocarem minha cintura... reconheço esse toque!
-- Stalkear perfis de garotos indefesos deveria ser crime. --sussurra em meu ouvido me fazendo arrepiar. Zac se assenta no banco ao meu lado e me encara.
--Hahaha. -- debocho.
--Vai dizer que não gostou dessa foto que você babou? --pergunta sarcástico.
--Você nem é o Shawn Mendes.
--Ainda bem! Porquê se fosse não poderia beijar você da forma que o Zac Lanier beija. Você prefere o Shawn docinho? --pergunta ainda mais sarcástico. Dou de ombros deixando escapar um sorrisinho bobo.
Claro que não! Prefiro o MEU Zac Lanier.
--Zac! --uma voz feminina surge do nada. Conheço essa voz irritante.
--Oi. --Zac fala a abraçando.
Nina. Nojo!
Nina é o meu terror semanal. Temos praticamente todas as aulas juntas e a garota me detesta. E nem sei o porquê? Minto, sei sim!
Em um dos debates da vida, não aguentei, me intrometi e praticamente coloquei a líder de torcida no chinelo. A menina é gigante de alta, loira oxigenada e burrinha.
--Conhece minha amiga Dana? --pergunta Zac diretamente para garota.
--Infelizmente sim! -- ela continua agarrada ao pescoço do idiota.
--Vocês são da mesma turma? --Zac pergunta olhando para nós duas.
--Sim. --responde o encarando.
--Dana, você pode se sentar no outro banco? Preciso conversar com o gatinho aqui.-- pergunta e eu não hesito, me assento no outro banco sem olhar para ele.
É visível que a garota está dando em cima dele.
Flashback: Namorados com direito ao som de Ed Sheeran.
A música é lenta e uma das minhas favoritas do Ed Sheeran, Perfect. Os passos lentos não me faziam sentir tédio, eles só me faziam sentir vontade de deitar sobre seu peito e sentir sua respiração. E assim fiz. Só que senti mais do que apenas a sua respiração, senti a pulsação de seu coração, o que instantaneamente me fez sorrir.
—Anjo. — escuto seu chamado e olho para cima.—Preciso lhe dizer uma coisa.
—Palavras são desnecessárias em alguns momentos.
—Essas não. — ele atentamente me olha e faz uma breve pausa. — Eu poderia proclamar a quem quisesse ouvir o meu amor por você, mas isso não é necessário. Basta que você saiba disto e aceite. Dana Ashley Moodley, você aceita namorar com o cara mais desejado do secundário e em breve da faculdade?
—Desejado? Por mim não!
—Nenhum pouquinho?
—Nenhum poucão! — brinco percebendo seu biquinho fofo. — Mas, eu aceito ser sua namorada.
Isso nos fez rir por algum tempo. Um beijo e um anel selaram nosso compromisso de namorado e namorada. Pouco à pouco as mesas foram ficando vazias e a pista de dança lotada.
—Zac. — o chamo depois de um tempo em silêncio.
—Oi.
—Eu sou uma moça tradicional. Então para oficializar o nosso compromisso, preciso que peça ao meu pai.
—Nunca fiz isso. — seu tom parece preocupado.
—Relaxa. Amanhã nos voltamos para Manhattan e eu faço o jantar. — ele sorrir.
—Desde quando você cozinha?
—Desde que começou a existir Tutorial no YouTube. —zombo de sua pergunta.
—Certo. Então amanhã voltamos para Manhattan.
Sorrio ao me lembrar de alguns de todos os maravilhosos momentos que vivemos. Nem a distância pode apagar isso.
—Nós falaremos sempre por Skype? — pergunto quebrando a eternidade que o silêncio durou.
—Todos os dias. Não tem como eu conseguir viver longe de você. — pela primeira vez eu consegui sorrir. — A chuva está pior! Vamos acabar ficando doentes. — o tom de sua voz está mais alto pelo barulho da chuva.
—Às vezes a chuva não nos adoece, ela nos cura.
—Te amo! Você colocou o meu mundo de ponta cabeça simplesmente pela sua pontualidade. Você é tudo para mim! — diz segurando minha cintura. Logo nossos lábios estão grudados. Os pingos grossos da chuva caiam cada vez mais, porém não nos importamos com isso. Afinal, ela estava lavando nossas almas.
Meu coração está apertado pelo medo de perdê-lo, mas eu sei que é só uma fase.
Nunca tinha me sentido tão dele quanto ele foi meu. Apesar da chuva, e o fato de estarmos encharcados, foi um dos dias mais loucos da minha vida.
Apesar das pernas bambas, as borboletas no estômago ou o estranho nervosismo sem motivo, As inconveniências do Amor são as sensações mais incríveis e irritantes que já senti.
Obrigada Zac por ter me proporcionado o tão amado e inconveniente...amor!
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