Na matemática da vida a regra que deve aplicar mais vezes é a multiplicação dos seus sonhos.

Junho.

Faltam apenas dois dias  para o início do verão e com ele...Às férias!

Abril  chegou e passou   com ele Mel e Mily ficaram mais velhinhas em um rodízio de pizza. Foi divertido!
Abril também trouxe suas tristezas, afinal dia quatorze foi aniversário de morte da  mãe de Zac. Precisei apoiá-lo com todas as minhas forças, fui seu ombro amigo e a pessoa para quem ele recorria quando se sentia sufocado.

Maio foi normal.

Me jogo na cama macia de Zac não tendo mais ideias do que colocar no possível discurso de formatura, que ocorrerá amanhã pela manhã e a noite teremos o baile de fim de Primavera para os formandos e o colégio inteiro

Seu quarto não é mais estranho. Conheço cada centímetro desse local. As cortinas brancas permanecem abertas até as seis da noite, mas exclusivamente hoje, elas ainda estão abertas mesmo sendo sete. Seu quarto é gigantesco, do sentido real da palavra. Tudo aqui é da maneira mais Zac de ser. Inclusive os painéis de porcelanato que exibem nossas fotos, as fotos da família, amigos, premiações e viagens. As dele sozinho são exibidas em porta-retratos espalhados pelo quarto.

Ele se deita ao meu lado e me acompanha em encarar o teto.

—Está nervoso? — pergunto após um breve tempo em silêncio. Estou sentindo ele estranho há algum tempo.

—Sim. — sei que não é só pela formatura, tem algo o incomodando.

Levo uma das minhas mãos até seus cabelos macios e acaricio levemente. Sinto seus olhos junto aos meus. Aqueles olhos que fazem meu coração disparar.

—Te amo. — sussurra com aquele sorriso único.

—Também te amo!

Às vezes nossa maior necessidade é de apenas nos olharmos sem palavras literalmente ditas.
Não sei ao certo quanto tempo passamos apenas nos olhando, mas soube que eu precisava ir.

—Tenho que ir!

—Não. — resmunga fechando seus olhos.

—Prometi ao papai que voltaria mais cedo que ontem. — esclareço pegando minha mochila.

—Eu te levo! —se prontifica, mas recuso.

—Você precisa descansar e se concentrar no dia de amanhã. É importante. — digo lhe dando um beijo na testa, pois ele ainda está esticado na cama. — Até amanhã! — fecho a porta do quarto e desço as escadas.

—Tchau Olly, Jack e Thom.— me despeço dos meninos que jogam vídeo game. Escuto um tchau coletivo  enquanto sigo meu caminho.

°°°°°°°

Assim que entro em casa vejo Théo muito bem arrumado descer as escadas.

—Para onde vai? — pergunto curiosa jogando a mochila no sofá.

—Sair com a Mel. — arqueio uma sobrancelha.— Decidimos que precisamos nos conhecer para ver se dará certo. — esclarece alisando o paletó.

—Hum... cadê o papai? — pergunto não vendo rastro dele.

—Saiu com a Lara.

—Com a Lara? — ele assente e eu fico sem entender.

—Não me faça mais perguntas de adolescente, não saberei responder! — Théo deposita um beijo em minha testa e pega suas chaves. — Tem comida na geladeira, e só esquentar. Tchau volto tarde!

—Juízo! — digo enquanto ele sai.

Caminho em direção a cozinha para esquentar meu jantar.

O macarrão com queijo apesar de gelado possui um aroma inigualável.
Esquentei no micro-ondas e assim que tirei fechei os olhos para saborear melhor.
As garfadas eram cheias de água na boca. Meu pai é um máximo!

O prato está quase no fim quando escuto um barulho e risadinhas vindos da sala de estar. Sigo o barulho assustada e arregalo meus olhos com a cena:
Meu pai + Lara, aos beijos no sofá da sala. Meu pai sai de cima da mãe da minha amiga assim que me vê.

—Dana!

—Pai?! — digo isso e em seguida corro para o meu quarto tranco a porta e sigo para o banheiro. Escuto as batidas desesperadas de meu pai e Lara na porta.

Pego meu celular, procuro nos contatos  o número de Zac e ligo para ele assim que encontro.
Depois de dois toques ele atende:

—Oi Amor. — sua voz me acalma por partes.

—Zac... eu não sei o que fazer!

—O que houve? Estou preocupado!

—O meu pai... ele e a Lara estavam... você sabe! — digo nervosa. Ele suspira e dá uma risadinha. — Por que está rindo?

—Vida, quem é a pessoa que você mais quer ver feliz? — pergunta me fazendo refletir.

—Meu pai. Ele é a pessoa no mundo que mais merece ser feliz.

—Então, não o deixe pensar que você desaprova qualquer relação que ele tiver.

—Obrigada! Te amo.

—Também. — desligo após um demorado "tchau", abro a porta do banheiro, sigo e destranco a do quarto. Lara e meu pai parecem surpresos.

—Pai,  quero que o senhor seja feliz! Acredite, isso me fará feliz. — desvio meu olhar para Lara. —Lara, faça meu paizinho feliz. Divirtam-se! Eu vou dormir. — dou um beijinho em cada um que ainda estão surpresos e volto ao meu quarto.

Dia seguinte.

Music: Out of Love- Alessia Cara.

O sol resolveu ser bondoso e iluminar os formandos do dia. A beca preta com alguns detalhes dourados vestia bem alguns deles.

Meu pai está todo orgulhoso ao meu lado, afinal não era todo dia que ele via seus filhos se formando no secundário.

Os diversos alunos que ocupam as fileiras de cadeiras do lado direito, foram aos poucos sendo chamados por ordem alfabética de seus sobrenomes, ao palco  montado no campus do colégio.

—John e Josh Moodley! — o diretor anuncia o nome dos meus irmãos e meu pai os aplaude de pé.
Eles caminham sorrindo em direção aos diplomas. — Obrigado por contribuírem com nossa instituição! — o diretor rapidamente entrega o diploma e eles fazem pose para foto.

O diretor continuou entregando os diplomas falando suas frases de efeito.
Meus olhos apenas encaravam o garoto ansioso que será o último a ser chamado, por ser o orador da turma. Suas mãos estão inquietas e isso me faz rir.

—Do que está rindo? — pergunta meu pai confuso.

—Não é nada.

—Bom, nosso último aluno, Zac Lanier, fará um maravilhoso discurso como orador da turma. — apresenta o diretor enquanto Zac sobe ao palco. O olhar de meu namorado é sobe seu pai e seu irmão em seguida à mim, com seu sorriso torto que logo é retribuído.

—Ele sorriu para você! — exclama Kate ao meu lado.
Assenti e voltei a encarar meu namorado que transmite confiança.

—Talvez vocês realmente nos conheçam de algum lugar por aí, seja por nosso modo maluco de tentar aproveitar a vida. Saiba que são apenas tentativas fracassadas, pois não encontramos o real motivo pelo qual devemos aproveitar. Somos jovens malucos e eufóricos para curtir a qualquer custo. Estamos loucos para sermos donos de nós mesmos. — o silêncio se alastrou e agora só consigo ouvir ele. — Mas quebramos a cara e retornamos aos nossos abrigos quando pensamos dessa forma. Hoje mais uma etapa das nossas vidas vai embora e outra se inicia. E como sentirei falta daqui. Os sorrisos amigos e a simpatia da tia da cantina. Mas me sinto orgulhoso de tudo que vivenciei, de tudo que conquistei, — seu olhar está sobe mim. — Mas principalmente de tudo que levarei para a minha jornada. Parabéns a todos e muito sucesso!

Aplausos ecoam por cada canto, fiquei orgulhosa. Ele conseguiu!

Os flashs começaram a turma toda está amontoada para serem registrados. As caretas, os sorrisos e as poses nada discretas com certeza ficaram gravadas.

Pretendia esperar meu pai no carro já que tirei foto com os gêmeos antes de vir. Mas fui barrada.

—E aí namorada? Como eu fui? — meu namorado pergunta colocando suas mãos em minha cintura. Finjo pensar.

—Incrível! — elogio encostando nossos lábios. Repouso minhas mãos sobre seus ombros. — Tenho que ir! Estou entediada.

—Vamos tirar ao menos uma foto. — diz tirando seu celular do bolso da calça por baixo de todo aquele pano preto. Ele faz sinal para Billy que logo entende.
Uma de suas mãos repousa sobre minha cintura enquanto as minhas grudam em seu peito. Sorrisos e um click.
Dou um tchau de despedida e sigo para o carro.

Logo recebo a notificação do Instagram com a nossa foto de segundos atrás e  a frase : " Você é a melhor parte dessa vida tão confusa.". Curto e comento a marcação do meu amorzinho.

°°°°°°

Me autoavalio se o vestido tomara-que-caia azul Royal acinturado rodado, com algumas fendas e pequenas pedras brilhantes no bordado , tendo como alça o tule nude praticamente imperceptível, está realmente bom para o baile.
Dizem que quem dá vida ao vestido é a modelo, então eu acho que está perfeito!
Os ondulados do meu cabelo parecem tão naturais. Mensalmente faço o retoque das partes douradas que ficam cada vez mais cheias de vida.

Resolvida comigo mesma pego uma bolsa pequena de mão só para meu celular e sigo para descer as escadas.
Me sinto poderosa descendo as escadas, paro em um degrau aleatório e faço caras e bocas em cima do meu salto nude.

—Querida... você está linda! — elogia meu pai deixando-me sem graça.

—Obrigada pai! — agradeço me recompondo e descendo o resto dos degraus.

Kate, Mily e Bih estão sentadas no sofá deslumbrantes.

—Cadê a Mel? — pergunto notando a ausência da minha amiga.

—Está lá em casa com o Théo. Ela não irá para o baile. — responde Mily dando uma espiadinha no celular. —Brandon chegou! — avisa se colocando de pé.
Brandon fez a gentileza de nos dá uma carona, já que nenhum dos nossos acompanhantes poderia vir por causa de alguma coisa que teria especificamente para a turma deles.

Nos despedimos do meu pai e de Lara que acenam e tiram fotos nossas.

Enquanto caminho olho para o céu e o vejo nublado, apenas com uma estrela.

—Irá chover! — comenta Kate se abraçando com os próprios braços.

—É. — concordo entrando no carro. Logo Brandon dá partida.

°°°°°°

Somos responsáveis por aquilo que fazemos,
o que não fazemos e
o que impedimos de fazer.
- Albert Camus

O lugar está lindíssimo! Os lustres coloridos espalhados por todo salão do colégio, as cadeiras brancas postas delicadamente as mesas.
A música alta permite alguns casais dançarem sem pensar no amanhã. Só preciso achar Zac.

Já faz algum tempo que estou aqui e ainda não encontrei meu namorado. Finalmente o avisto e agradeço internamente por isso. Sigo em sua direção, mas sou barrada por Prim.

—Pode deixar eu passar? Por favor! — peço educadamente. Ela nega.

—Não querida. — o garota escrota. Zac parece perceber o clima tenso e se aproxima.

—O que está acontecendo aqui? — pergunta dividindo seu olhar entre a fulana e eu.

—Nada. — falsa. —Eu só queria parabenizar a Dana por ter lidado tão bem com a sua partida. — suas palavras me surpreenderam, eu não sabia do que ela estava falando. Franzo a testa.

—Do que está falando? — questiono confusa.

—Ela não sabe? — a garota retruca encarando Zac. Ele parece implorar para ela parar.

—Do que você está falando? — insisto.

—Zac irá morar em New Haven, ele se mudará de Manhattan por conta da Universidade.

—Prim! — ele a repreende.

O barulho não me importava mais. A dor no peito que se aproximava de uma facada lenta e dolorosa só crescia.

Isso não é verdade! Não pode ser!
Só quero afogar essa garota no ponche que é servido.

—É verdade Zac? — o encaro. — Você realmente vai embora?

Autora:

Beijocas e usem lenços.

Até o último capítulo!