Capítulo 17: Quem Matou Audrey?
Saint Luna, 11 de Fevereiro de 1991
Segunda-feira - 07:02 A.M
Essa semana foi mais agitada do que o normal. Várias coisas aconteciam simultaneamente e eu só pensava que depois de todo esse sacrifício, eu merecia um dia de beleza com comidas. Jesse e Alice ficavam apenas focadas em achar uma forma de vencer Stephen, e eu acho que ficariam loucas de tanto pensarem nisso.
Como não encontrei com nenhuma delas, apenas segui para a sala de aula sozinha. Me sentei no mesmo lugar de sempre e esperei a professora entrar na sala, mas ela estava demorando, então os alunos estavam muito eufóricos. Tanto essa quanto a outra aula foram rápidas. O tempo estava voando e eu ainda não tinha encontrado Jesse ou Alice. Quando o sinal tocou para o intervalo, uma das alunas fechou a porta e subiu na mesa, anunciando:
— Domingo será o meu aniversário e eu darei uma grande festa. Quero que todos do terceiro ano da Everest High School estejam presentes! — Anunciou rápido e logo desceu da mesa quase caindo.
Se eu não me engano, o nome dela era Sharon e fazia todas as aulas de segunda-feira comigo. Sharon era o tipo de popular não estúpida. Era amiga de Nora mas não fazia o que ela fazia, então não era um problema para mim.
Arrumei minhas coisas e saí para o intervalo. Reparei uma movimentação em direção do campo de lacrosse, enquanto algumas pessoas começavam a gritar desesperadas.
— O que aconteceu? Por que estão todos correndo? — Perguntei para uma garota que eu não conhecia que estava correndo na direção e expressava pânico no olhar.
— Mataram... alguém matou... — Disse sem conseguir respirar.
— Quem matou quem? — Perguntei agoniada.
— Audrey está morta! — A garota saiu correndo e começou a chorar.
Mas afinal, quem é Audrey?
Segui aquelas pessoas e notei policiais passando por nós, correndo na direção que todos iam. Observei um rosto familiar falando com o detetive por alguns segundos e se afastando dele logo depois, indo para o sentido oposto do restante.
— Alexander? — Chamei e ele olhou com a sobrancelha erguida, caminhando até mim.
— Eu acho que sim. — Suspirou tomando cuidado para não esbarrar nas pessoas que passavam por nós apressadamente.
— Você sabe o que aconteceu? — Perguntei.
— Audrey era a conselheira estudantil do segundo ano. Encontraram o corpo dela no vestiário masculino com a garganta cortada e os olhos abertos, mas ainda não sabem quem a matou. Um dos funcionários da escola a achou enquanto varria o lugar e então chamou Mariyah que chamou a polícia.
Olhei horrorizada para ele. Não sabia se perguntava primeiro como ele sabia de tudo, ou se pensava em quem seria capaz de matar uma garota de dezesseis anos?
— Então quer dizer que há um assassino entre nós? — Duvidei comigo mesma.
— Ou uma assassina. — Respondeu Alexander me fazendo ficar ainda mais duvidosa. Eu até era uma assassina, mas não daqui.
"— Devido ao acontecimento ocorrido com Audrey Carter, as aulas estão canceladas até a segunda ordem. Todos só poderão sair da escola com o acompanhamento dos responsáveis e serão chamados individualmente para um interrogatório com o detetive Marcus Butler quando necessário."
Anunciou a voz de Mariyah pelo auto-falante. Olhei para Alexander que tentava não olhar diretamente para mim, pois eu havia percebido que seu sobrenome era o mesmo do detetive.
— Você é filho do detetive! — Afirmei e ele revirou os olhos.
— Eu devo ser, mas não comente isso com ninguém. Às vezes eu me interesso pelos casos e acabo mergulhando de cabeça, sem ofensa. — Dou de ombros e ele continua. — Houve um sequestro na semana passada no qual ele disse que o caso foi encerrado, mas eu duvido muito. Achei umas coisas suspeitas que eu quero investigar, mas agora tem o caso Audrey e não sei se terei tempo de sobra.
Eu não ouvi nada depois do "semana passada" porque fiquei em choque. Ele e nem ninguém poderia descobrir sobre o que aconteceu, se não entraríamos em problemas gravíssimos.
— Você tem razão! — Afirmei num falso humor e ele me olhou desconfiado. — Então, você vai na festa da Sharon?
Era um péssimo momento para aquela pergunta. Estávamos parados no meio da multidão de pessoas correndo e gritando em câmera lenta enquanto bombeiros e policiais passavam por elas. Alexander parecia estar me achando louca (melhor louca do que suspeita) mas não disse nada quanto a isso.
— Eu não sei, mas se você for eu vou. — Deu um sorriso brincalhão, e com certeza eu iria. — Acho melhor você chamar alguém para vir te buscar, ou prefere passar o resto do dia aqui?
Era fácil eu responder "não se preocupe, minha mãe é a diretora", mas eu preferi não comentar.
— Daqui a pouco, tenho que achar as minhas amigas primeiro.
Notei alguns pais chegando para buscar seus filhos. Nem se eu ligasse para Eva e Julian eles me buscariam, ao contrário, mandariam Charlie. Não que eu não gostava dele, ele era como um senhor para mim, mas ainda sim eu sentia falta do afeto materno e paterno. Eu sabia que não eram meus pais, mas o que eu poderia fazer? Pegar minhas coisas e dizer para Mariyah "oi, mamãe, vim morar com você"?
— Eu tenho que ir, Seline. Meu pai vai começar a fazer perguntas e hoje eu não estou muito a fim. Até mais! — Se despediu e aos poucos mudou de direção, me deixando sozinha.
— Até. — Sussurrei e comecei a procurar as meninas no meio de toda aquela multidão.
— Jesse? — Chamei vendo a garota na porta da sala de Mariyah, acompanhada de uma menina que parecia ter entre quatorze e quinze anos.
— Finalmente, eu estava procurando você! — Ela andou até mim acompanhada da garota. — Onde Alice está?
— Eu não sei, não a vi hoje. Talvez ela tenha faltado, não se preocupe. — Olhei a garota ao seu lado. — Olá. Qual o seu nome?
— Meu nome é Lucy, eu sou irmã da Jesse. — Ela sorriu mostrando os dentes e eu olhei confusa para Jesse, que mexeu a boca sem emitir som, dizendo "explico depois".
— Enfim, galera. Vamos saber o que está acontecendo na escola.
— Um assassinato. Uma garota do segundo ano foi encontrada no vestiário masculino com a garganta cortada, mas ainda não sabem quem fez isso. — Respondi batendo na porta da diretoria. — Cancelaram as aulas por tempo indeterminado para abrirem a investigação. — Jesse abriu a porta e entrou na sala de Mariyah, enquanto eu e Lucy seguíamos seus passos. Quem era aquela garota? Por que a vida sempre nos dá um problema atrás do outro? As perguntas nunca acabavam e o mistério continuava. Afinal, quem matou Audrey?
— Meninas, seus pais ainda não vieram buscar vocês? — Perguntou Mariyah com sua pose séria enquanto nos observava.
— Pelo o que eu saiba, minha mãe está bem na minha frente. — Respondi enquanto puxava a cadeira da frente para sentar.
Mariyah arregalou os olhos com o meu comentário e Jesse ficou desconfortável. Lucy, sua suposta irmã, olhava para Mariyah e para mim ao mesmo tempo com um olhar confuso, talvez tentando assimilar o que eu havia dito.
— Isso não é um assunto no qual devemos discutir agora, Seline. — Ela colocou as mãos na mesa e entrelaçou seus dedos enquanto me encarava séria. Arqueio a sobrancelha e cruzo os braços.
— Está bem, a discussão de família já acabou. Seline, peça o Charlie para vir nos buscar já que minha tia está de plantão hoje, por favor. — Jesse se aproximou de mim e me encarou também.
— Querida diretora, posso usar o telefone? — Mariyah afirmou com a cabeça e eu peguei o telefone em cima da mesa. Disquei o número de casa e uma das empregadas atendeu. Pedi para ela mandar Charlie me buscar na escola e ela logo avisou ao motorista. — Ele chega daqui a pouco. Vamos esperá-lo lá fora.
Jesse olhou preocupada para Mariyah e andou até a porta. Me levantei e a segui junto com Lucy.
— Você é rica? — Perguntou Lucy enquanto seguia eu e Jesse.
— Sim. — Respondi.
— Você é amiga da Jesse? — Afirmei com a cabeça. — O que vocês acharam desse assassinato?
— Isso não é coisa de criança. — Interrompeu Jesse, a santa.
— Relaxa, Jesse. Ela só está curiosa como qualquer outra pessoa. — Disse parando na entrada da escola e olhando a rua. — Eu acho suspeito. Pode ser tanto um aluno quanto um funcionário ou professor.
— Pode ser quem vocês menos esperam. — Jesse e eu olhamos a garota ao mesmo tempo. — Não disse que fui eu, aliás eu estava no refeitório da Jessica quando aconteceu.
— É verdade. — Concordou Jesse encostando na parede.
— Seus responsáveis não virão te buscar? — Perguntei e Lucy deu de ombros.
— Meu pai adotivo trabalha aqui, então tenho que esperar. O nome dele é Abraham, vocês conhecem?
— Conhecemos, ele nos dá aula de ocultismo. — Jesse respondeu batendo os dedos na parede que estava encostada.
— Eu amo o ocultismo. É incrível as diversas religiões e culturas que o ser humano criou ao longo do tempo. As minhas favoritas são a mitologia grega, a bruxaria e o wicca, vocês já ouviram falar? Eu sempre tive vontade de ver uma bruxa ou um deus de verdade. Como eles devem ser? Será que as bruxas são feias? Eu amo sereias, mas às vezes... — A garota tagarela sem parar e eu me seguro para não rir.
No momento, Lucy não parecia ser muito suspeita exceto pelo fato da garota estudar aqui e de uma hora para a outra dizer que a Jesse era irmã dela. Eu ainda não sabia de tudo, mas esperava cada detalhe com uma bacia de pipoca. A única coisa que sei de Jesse é que ela tinha nove irmãs e os pais desorientados e viciados, o que levou eles a deixá-las em orfanatos separados. O resto envolve a família Whitmore, o surto do irmão adotivo, o assassinato, a mudança para Califórnia e et cetera.
— O carro chegou. — Avisei depois que a garota parou para respirar e apontei na direção. — Vamos Jesse? Tchau, fofinha. — Abri um sorriso fraco para a garota e ela acenou enquanto Jesse e eu entrávamos no carro. — Que loucura!
— Nem me diga. — Comentou Jesse se sentando ao meu lado. — Pode ser verdade, mas pode não ser. Não sei no que acreditar.
— Quer me contar o que ela disse?
— Ela apenas chegou e falou que era minha irmã. Disse que entrou no orfanato mais nova que eu e ficou lá até os nove anos, depois Abraham e a esposa a adotou e desde então ela procura indícios das irmãs. — Terminou com um suspiro.
— Senhora, o que aconteceu na escola? — Perguntou Charlie parando o carro toda hora devido ao trânsito, que seguia em direção ao colégio.
— Um assassinato, Charlie. Mataram uma garota no vestiário masculino e agora as aulas foram canceladas para as investigações. — Respondi olhando pela janela. — Jesse, o que acha de darmos uma passada na casa de Alice para ver se ela está bem?
— Ótima ideia! Conhecendo Alice, ela nunca falta uma aula por nada.
Pedi para Charlie nos deixar na casa de Alice por uns instantes. Quando chegamos, descemos do carro e fomos até a porta e tocamos a campainha. Uns segundos depois, Ellie nos atendeu e mandou-nos entrar.
— Alice não está muito bem, meninas. A mãe dela está com a saúde pior a cada dia e Alice não sabe bem o que fazer. Jenna terá que ser levada ao hospital e até mesmo ficar em observação. — Comentou Ellie enquanto entrávamos na sala.
Alice descia a escada enquanto nos encarava. Não era a melhor hora para falar sobre o assassinato de Audrey. Ellie nos deixa sozinha na sala se afastando, e Alice se aproxima de nós com os olhos cansados e com olheiras.
— Olá, meninas! Por que vocês não estão na escola? — Questionou bocejando.
— Ficaremos uns dias sem aula devido a uns incidentes que aconteceram hoje. Assassinaram uma garota do segundo ano e agora a polícia vai abrir investigações para saber se foi alguém da escola que é o assassino. — Respondi e ela me olhou pensativa.
— Podemos praticar nossa intuição de bruxas para investigar esse caso por fora. Hoje à noite, topam? — Jesse concordou na mesma hora animada, e eu suspirei com receio.
— Vai dar uma de Alexander. — Sussurrei sozinha.
— Quem é esse? — Questionou Jesse e Alice olhando para mim e esperando uma resposta.
— Ninguém, não é importante. — Mudei de assunto. — Então, hoje à noite?
Elas concordam animadas e eu me imagino se estou num filme clássico de mistério. Minha vida era um mistério, mas o mistério de Audrey seria investigado daqui a umas horas. Espero que não me arrependa de ter concordado.
Espero que tenham gostado. Vote no capítulo se você gostou e comente suas opiniões sobre o livro! Sz
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