Capítulo vinte e sete
BROOKE
Quando eu era criança, eu mijava nas calças.
Sério, eu fazia isso mesmo e me orgulho por que é parte da nossa natureza. Ou minha antiga natureza. Ver Cash, como sua mão novamente e um machado quase me fez voltar a essa natureza, que agora eu considerava muito nojenta. O negócio era ser boa gente.
− Cash, está tarde. Você quer tomar um leite comigo e com Mase?
− Você vai morrer...
− Caso você não saiba, eu já estou mortinha – dei de ombros. Eu já chorei muito por aquilo, não merecia chorar mais. Ia borrar a maquiagem.
Ele fez uma cara de confusão e ergueu ainda mais o machado. Mase, pelo jeito lembrou-se do que estava acontecendo ali e Bronagh saiu lá do quarto com uma foice. Sério, uma foice? Só faltava pintar de rosa pra chamar mais atenção. Revirei os olhos e quase vomitei quando ela arrancou a cabeça de Cash.
E isso em menos de dez segundos.
− Eu devia ter feito faculdade... – eu disse sem pensar. A bile estava subindo.
− De nada – Bronagh falou e voltou para o quarto, batendo a porta. Mase me encarou, piscando.
− Essa foice estava no seu quarto?
Ele parecia envergonhado.
− É um presente do meu pai.
− E você não jogou fora?
− Aquilo me segue como se fosse minha sombra. Talvez meu pai queira que eu carregue isso com ele, sei lá.
− Mase, me explica uma coisa. Chega de segredos por aqui e sei que me guardam muito. Quero saber qual é realmente o plano de Morte e por que não há mais velhos aqui?
− Eu ia pedir pra você entrar, mas Bronagh deve estar dormindo. – ele respirou fundo. – Vamos até o seu quarto?
− Estão juntos agora? – perguntei. Isso mesmo, Brooke. Na lata.
− Nem eu sei. Mas isso não importa agora, Bro.
Quando chegamos ao meu quarto, eu estava pronta para apagar da memória tudo o que eu sabia até então. Finalmente Mase iria me dizer a verdade. Bem que aquelas desculpas sobre Morte querer dominar o mundo era coisa de Thanos. Ridículo, aquilo não era uma revista em quadrinhos ou um filme.
− Morte quer dominar o mundo dos vivos. Ele quer fazer com que as pessoas vivas sirvam a ele ou vão matá-las. Quando a esse lugar não ter pessoas mais velhas, é por conta da faixa etária. Apenas os mais novos ficam aqui, no Submundo. Coisa do Celestial dizer que nós, jovens, somos mais fortes.
Tá de sacanagem? Realmente eu vivia em um RPG ou coisa parecida.
− Diga-me sobre seu pai.
− Se tem alguém aqui para falar sobre ele, esse alguém sou eu – disse uma voz. Erfieu.
Quase capoto.
− Cacete! Você sempre me mata de susto!
− Você já está morta, Brooke. – ele não estava brincalhão hoje. Engoli em seco.
− Fala logo, esqueleto.
− Morte e eu éramos amigos quando vivos. Ele era um feiticeiro e eu também. Isso era por volta de duzentos anos atrás. Eu queria ajudar, mas ele queria ser reconhecido pelos seus feitos, então começou a praticar a magia negra. Eu falei que aquilo era errado e que não deveria mexer com aquilo, pois teria conseqüências, mas ele não me ouviu.
Remexi-me inquieta. Erfieu continou:
"Ele começou a mudar com o passar do tempo. Ele foi ganhando reconhecimento, dinheiro... tudo o que ele queria. Eu ficava atrás, observando o amigo que eu tinha indo embora. Um dia, eu tentei roubar dele seu livro. O livro onde continha toda a magia que ele aprendia e anotava."
Livro? Lembrei de Daniel, de repente.
"Então ele me transformou nisso – ele apontou para si mesmo. A forma verdadeira de todos. – Eu morri na hora."
Então eu vi. Era como se a alma de Erfiu estivesse ali, sobre ele, mostrando seu antigo rosto humano. O nariz empinado, os cabelos loiros e os olhos castanhos. Ele morreu tão jovem e parecia terrivelmente solitário. Eu queria abraçá-lo.
− Eu vi para cá e recebi outra chance. De ajudar os alunos da Academia, mas então... Ele fez um acordo com Morte, antes de se transformar em um. Ele estava fascinado pela magia sobrenatural e queria tomar conta disso aqui. E ele conseguiu. É dono do submundo, porém, ele não é realmente Morte.
− Quê?
Erfiu respirou fundo.
− Ele não controla as mortes. Ele acha que controla, mas nunca controlou.
− Como não? Ele é o cara que anda de preto e com foices por aí. Sem querer ofender, Mase.
− Não, tudo bem.
Erfieu continou:
− Existe uma Lei e apenas o Celestial controla algumas mortes, como as por causas naturais e doenças. Acidentes, entre outros, é de Morte.
− E ele quer tudo, então?
− Para que assim ele tenha o controle total da humanidade. Mortes de todos os tipos, sempre que ele quisesse.
− E o que o impede?
− Sangue puro para quebrar o tratado. Você é arma que ele precisa para abrir a passagem pelos dois mundos.
Mase me encarou e Erfieu e seu fantasma também.
− Eu preciso falar com Blake. Chega. Ele está aqui? Precisamos detê-lo antes que ele pegue meu sangue.
Nem hospital obrigava a gente desse jeito.
− Blake não está em condições. Ele está piorando cada vez mais.
−Problema é dele – respondi.
− Ele não pode voltar, Brooke.
Virei-me para Mase.
− Ele não vai virar um Anjo da Morte.
− Não sabemos como reverter, a não ser que o Celestial queira.
− Tem um jeito dele voltar sim – disse Erfieu.
− Você sabe de tudo, hein.
− Eu era um feiticeiro. Tenho anos.
− Diga-me. Precisamos nos reunir.
Olhei para o corpo de Cash no chão. Lembrei de minha antiga amiga morta, Samirah. Como estava Derick? Eu não sabia. Eu estava cansada de mais mortes. Aqueles que nunca seriam lembrados.
Eu faria com que as pessoas se lembrassem. Fechei os punhos.
− Como faço para ter Blake de volta? – Senti minha voz se quebrar.
− Mate o que está dentro dele.
-*-
Gente ,desculpa a demora de um ano.
Tá bom, não me desculpem, sou um ser cruel.
TENHO NOVAS, MEU NOVO LIVRO IMPÉRIO ESTÁ AI NO MEU WATTPAD, QUENTINHO PARA VOCÊS ACOMPANHAREM. BJOS E ATÉ SEMANA QUE VEM <3
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