Capítulo um
- Como assim? Você é meu irmão? - pergunto. Eu podia confiar nele?
E que papo era esse de "somos iguais"? Não que eu esperasse que o irmão fosse o Chris Evans, mas ele também servia. Eu acho.
Porém, não conseguia imaginar o meu pai com outra mulher que não fosse a minha mãe. O pensamento por si só, me causava arrepios. Cruz credo.
- Não. Sou um dos Anjos da vida que sobraram – Derick diz.
Arregalo os olhos. Tá de sacanagem!
- Existem mais? Por favor...
- Sim, existem. Os Blackwood, Casthaway, Jeville... Somos poucos, mas ainda estamos vivos.
- Uau. Pensava que era a única.
- Claro, por que você é diferente – ele falou. Não notei sarcasmo em sua voz.
- Sério? – pergunto, soando igual a uma tola.
Derick ergue os olhos.
- Sério.
Derick recita algumas palavras em latim e a grade se abre. Assim que dou um passo em sua direção, minhas pernas desabam. Meu Deus, como eu iria sair dali, se nem pra engatinhar eu prestava?
Ele me segurou pelos braços com facilidade. Suas asas saíram do efeito de transparência e eu olho para elas, admirada. Eram brancas como o gelo, tão belas e macias que eu podia dormir ali em cima e esquecer-se da vida.
- Pare de encarar minhas asas - Derick falou. Sua voz fez cócegas no meu ouvido. – Elas são tímidas – brincou.
- Desculpe. Parecem penas de travesseiro.
Ele enrijeceu.
- Estou brincando – sorrio sem forças.
Derick me pega no colo, por eu estar fraca demais. Meus pensamentos só paravam em Blake. Como ele estava?
- Você sabe do Blake? – pergunto fraca.
Derick maneou a cabeça em negação.
Droga!
- Ele deve estar morto a essa altura – cochichou.
- Não fale isso! – bato no seu peito com força e ele arqueja.
- Desculpe – sorriu.
- Idiota. Apenas me tire daqui antes que alguém apareça.
- Claro.
- Como entrou aqui, aliás?
- Eles saíram para resolver umas coisas com outro Anjo. Um loiro. Ou eu ouvia a conversa, ou salvava você. Ah, antes que pergunte, você está debaixo da terra, em um buraco. Eu os segui, desde o dia em que você desmaiou no pátio pela morte de Samirah... – ele tinha dificuldade de falar o nome dela. – Eles podem voltar a qualquer segundo. Precisamos ser rápidos. Cameron sumiu e Emily está nos braços de Dylan.
- Onde eles estão?
- Ainda estão aqui, mas em outra ala. .
Eu não tinha fazia ideia do lugar em que estava.
- Obrigada, Derick.
E com isso, ele abre a suas asas e me tira daquele buraco feito de aço.
~*~
Voar seria algo muito legal se eu não estivesse prestes a vomitar e com um vento com cheiro de gente morta invadindo o meu pobre nariz. Um súbito enjoou passou por mim, desde que sai do porão abandonado. Derick disse que seria melhor não passar pela Academia. Havia semimortos mortos por todos os lados e soube que alguns fantasmas decidiram seguir Dylan para essa loucura suicida.
Derick avisou-me sobre um lugar onde os Anjos ''refugiados'' ficam. Contou-me também sobre sua entrada na Academia, que era justamente para me tirar de lá, mas tudo acabou ficando perigoso demais, até pra ele.
- Acha que chegaremos lá a tempo? Preciso me recompor para salvar Blake – falo rapidamente. Eu precisava tirar Blake de onde quer que ele esteja.
- Vá com calma, Brooke. – alerta Derick. Seus braços longos enlaçavam a minha cintura para que eu não me esborrifasse no chão.
Olho para as árvores mortas. Finalmente estou descobrindo o que há fora do Instituto, apesar de nada me surpreender.
Nada, até que eu erga a cabeça.
Montanhas e mais montanhas nos cercavam. Tudo aquilo parecia não ter fim e eu fiquei abismada por não ter quase ninguém naquele lugar.
- A maioria dos fantasmas exilados vão para o Purgatório e o resto vai para a Academia. O que você encontrará aqui serão Anjos e outras coisas...
- Legal – minto. Não era nada legal. – O que aconteceu com a Academia?
- Ainda está de pé. Os fantasmas estão escondidos no porão. Apavorados.
Meu coração se aperta quando penso em Erfieu.
- Então, você vai ser acolhida pela minha família – ele completa.
- Você ainda tem família?
- Não – ele responde – Minha família morreu há muitos anos, Brooke.
- A minha também – solto sem querer.
- Sinto muito.
Não respondo. Ninguém precisava sentir muito.
Eu sentia por mim. Por ser a única a ser salva. Eu queria ter queimado. Queria não estar me sentindo tão sozinha quanto estava naquele momento. Ah, alguém, por favor, poderia dar um tapa na minha cara?
- Você está bem?
- Nunca estive melhor – fui sarcástica.
Derick esboçou um sorriso triste.
- Você gostava de Samirah? – pergunto de repente.
- Sim, eu gostava – ele suspira pesadamente. A morte de Samirah também havia o afetado.
Ficamos em um silêncio incomodo. Era estranho ficar com Derick – ainda mais quando nossos corpos estão colados de uma maneira estranha – pois eu não tinha nenhuma intimidade com ele. Conhecíamo-nos há cinco minutos e eu sentia que nossa relação não seria tão boa com o decorrer do tempo, não sei por quê.
O vento frio batia impiedosamente sobre os meus cabelos bagunçados. Os braços de Derick ficam mais enrijecidos pelo vento.
- Não iremos chegar hoje com essa ventania – ele diz. – Está nos puxando para trás.
- O que iremos fazer?
- Teremos que caminhar.
Assinto. Não queria caminhar, mas já que não tinha opção...
Sinto os meus pés tocarem naquele solo. O Submundo era horrível e tudo ao meu redor cheirava carniça.
- Tem certeza? – pergunto. – Parece que a qualquer momento, serei assassinada.
- Então eu estarei aqui para te proteger – Derick diz, dando de ombros.
Olho para ele. Derick parecia extremamente esgotado. Seus olhos verdes estavam sem vida e a pele, que antes era bronzeada, estava pálida. Parecia que ele não dormia há dias.
- Pare de me encarar, Williams.
Eu abro um sorriso fraco e nós começamos a caminhar.
~*~
Meus pés doíam. Eu não fazia ideia de quanto tempo estávamos caminhando pela estrada rochosa. Eu só podia ouvir os corvos famintos fazendo barulho.
- Precisamos saber do plano de Dylan – ele diz. – Quando chegarmos preciso que me conte tudo o que ele quer fazer.
- Conto, mas saiba que é ridículo. Ele quer... Desligar a humanidade. Algo do tipo.
Derick enrijece.
- Olha! Uma caverna!
- Tem ursos lá dentro?
Derick solta uma gargalhada.
- Não, não tem.
Entramos na caverna escura. Meus ouvidos pareciam atentos a qualquer barulho.
- Se quiser... Pode dormir junto comigo. Aqui é muito frio e pode enfraquecê-la ainda mais.
Olho para ele, visualizando a penumbra que se formava em seu rosto.
- Como amigos – ele complementa rapidamente.
- Tudo bem – dou de ombros.
Derick abre as asas e deita. Eram tão grandes e tão acolhedoras.
As verdadeiras asas de um Anjo.
- Obrigada.
As asas brancas de Derick me envolvem como um abraço e, eu me sinto mais aconchegante e menos friorenta.
- Boa noite – ele sussurra, fechando os olhos.
- Boa noite – respondo, mesmo sabendo que não teria uma noite boa.
Assim que fecho os olhos, o rosto de machucado de Blake invade a minha mente. Ele implorava por ajuda. Viro de lado, não consigo dormir sem gritar.
~*~
Oi, gente! Sim , a previsão do livro era para o dia 15, mas eu sou uma pessoa ansiosa e tals e resolvi adiantar. Espero que tenham gostado! Não estou em bons dias para escrever, mas prometo dar o meu melhor. No próximo capítulo, teremos narração de vários personagens! TEM MUITA NOVIDADE PELA FRENTE, GENTE!
Bejos calientes da tia Isa :*
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