Capítulo seis
- Desliga a porra desse som! – grito, exausta. Eu não tinha ideia de quem dormia no quarto ao lado, mesmo assim, eu não me aguentei. Estava ensurdecida com o som alto de Sex Pistols às duas da manhã!
Abri a porta do meu quarto violentamente. Estava exausta e completamente furiosa. Chuto a porta ao lado várias vezes, até que me surpreendo com quem sai de lá.
- O que você quer, garota? – rosnou Mase. Ele não vestia nenhuma camiseta, deixando a o peitoral, a barriga e suas tatuagens a mostra. O cabelo estava levemente despenteado, caindo sobre os olhos amendoados. Ele estava bonito, mesmo sendo tão bagunçado.
- Eu quero dormir! Desliga essa merda! – vociferei.
Ele olha para dentro do quarto e faz uma expressão tediosa.
- Não – deu de ombros.
- Como assim, não? – coloco as mãos na cintura. Fala sério, cadê a ordem nesse lugar?
- Eu não vou desligar a música, menininha.
- Eu tenho quase dezoito anos.
- E daí?
Respiro fundo. Faça amizade, Brooke. Faça amizade.
- Por favor, Mase. Pode, por favor, desligar a sua música? Já falei ''por favor''?
Ele sorriu e esfregou as grandes mãos uma na outra.
- Não sei – encarou a porta e depois me encarou.
- Eu te odeio! – grito alto.
- Um dia você vai me amar! – ele grita de volta.
Mase sorri e fecha a porta na minha cara. Na minha cara!
- Idiota! – chuto a porta dele mais uma vez e depois corro para o meu quarto.
Assim que me espatifo na cama, o som da música é cessado.
~*~
MASE
Mase desliga a música e fecha as janelas. O vento frio da madrugada estava deixando o quarto gelado. Pego alguma das minhas revistas de carros e me jogo na cama. Não estava com sono e não sabia o porquê.
Ouço um bater na porta. Bem, não é a novata, então... Só podia ser Bronagh.
- Oi... – ela ronrona e parte para do garoto, que fica tenso.
- O que está fazendo? – pergunta, tirando as suas garras de sua pele.
- Estou com saudades – ela cruza os braços e faz biquinho. – Você andou me evitando esses dias! Eu percebi.
- Desculpe – foi sincero. Mase gostava de Bronagh. O problema era que ela era muito mandona e às vezes ele ficava extremamente irritado. Era bom curtir com ela, mas eu já estava ficando cansado.
Deito novamente na cama, sentindo-me, de repente, cansado. Bronagh engatinha até ficar com seu rosto bem colado ao meu. Ela olha intensamente, como se quisesse arrancar cada pedaço.
Ela tenta me beijar nos lábios, mas eu desvio o rosto. Não sei por que, mas ele não estava a fim de fazer algo. Queria dormir. Olho para a parede. De repente, desejei que aquilo não existisse.
- O que foi? – ela me pergunta, seguindo o meu olhar.
- Nada – respondo.
- Você está completamente insuportável hoje. Parece uma mulherzinha – ela revira os olhos e sai de cima de mim.
- Ah, qual é! Eu só estou cansado, droga! – disparou, arrependendo-se logo em seguida. Ele não falava assim com mulheres. Estava extremamente estressado e Bronagh era o motivo disso.
- Cansado... Que desculpa idiota, Mase! Você sempre está a fim! Você é gay agora?
- Por favor, Bro...
- Está bem – ela levantou as mãos, em rendição e arrumou a blusa, onde uma alça do sutiã escapava. – Eu vou embora. Mas eu volto. Não irei desistir tão fácil de você, Mase. Sei que você me quer e que não irá resistir tão fácil.
- Que seja – ele murmurou. Não tinha certeza se ela ouvira. Não ligara.
Ela sai, batendo a porta. Colocoyu as coberta sobre o meu corpo, sentindo-se aliviado por sua saída. Virou-se para o teto e olho para a parede mais uma vez.
~*~
BROOKE
Acordei, sentindo a pocinha de baba cutucar o meu rosto. Minha vista doía, pois eu não consegui dormi, mesmo com o silêncio. Assim que levanto, cambaleio e me seguro firmemente na madeira da cama. Olho para o espelho a minha frente.
Minha pele estava acinzenta e meus olhos estavam vermelhos, como se eu estivesse chapada. De alguma maneira, agradeci por Blake não estar por perto para me ver daquele jeito. Eu havia emagrecido muito, pois minhas costelas estavam aparentes.
Olho para o relógio. Melinda, logo após o jantar, falou-me sobre as aulas de história que eu teria com ela, depois da reunião com os outros Anjos.
Obviamente, eu estava muito interessada para saber melhor sobre o passado dos Anjos – lembrando que eu sou uma.
Além do mais, eu não precisava fazer com que eles acreditassem em mim. Derick viu quando eu tentei salvar – mesmo que inutilmente – Samirah da morte.
Onde ela estava agora? Eu não tinha ideia.
- Você já acordou? – perguntou Bronagh, que entrou no meu quarto sem avisar.
Que graça, não?
- Bem, é o que parece, não? – pergunto irônica. Ela apenas revira os olhos e taca uma roupa em cima da minha cama. Botas com spikes, uma mini blusa preta e uma saia curta de couro.
Tá de sacanagem?
- Isso é sério? – pergunto para ela, arqueando as sobrancelhas.
- Eu estou com cara de quem está brincando? – ela pergunta tediosamente.
Hoje Bronagh estava usando um de seus peculiares modelos da era steampunk. A única coisa que estava diferente do dia anterior era o seu cabelo, que parecia mais comportado.
- Está me encarando por quê?
- Nada – respondo.
- Se vista e desça rápido. Não iremos esperá-la para o café.
- Não pedi para que me esperassem – murmuro, olhando para as roupas ridículas que teria que vestir. Uma grande lástima, cara!
Saudades de Prada, Dona Karan e Miu Miu do meu guarda-roupa. Agora terei que me satisfazer com roupas de uma esposa que pôs chifre em algum motoqueiro falecido.
Obrigada, Bronagh! Dá próxima vez, avise que eu vou nua!
Visto-rapidamente. Tentei tampar o máximo que podia da minha barriga magricela, mas foi meio que impossível. Eu precisava de novas ''amizades'' para compartilharmos roupas. Talvez, Cassandra não fosse tão ruim, ou talvez ela optasse por eu andar nua por aí.
Arrumo o meu cabelo com uma escova e ele fica tão liso e tão fino, que parecia que algo passou a língua ali e foi embora. Coloco-o de lado e fico um pouco satisfeita. Melhor do que nada, não é?
Fecho a porta do meu quarto, tentando não sentir o vento frio que batia na minha barriga e nas minhas pernas. Olho para o lado e vejo a porta do quarto de Mase aberto. Ao contrário de Blake, Mase era completamente desorganizado. Revistas de carros estavam esparramadas pelo chão, junto com bermudas e algumas peças de ferramentas de carro.
Dou de ombros e desço as escadas rapidamente, até chegar à cozinha. Nossa, eu nunca vi aquela casa tão cheia.
Eu andava praticamente, exprimida no meio de tanto Anjos e tantas penas macias batendo na minha cara. Bufo, frustrada e irritada. Não aguentava mais ficar ali. Precisava encontrar Blake. Sua presença era a única coisa que me acalmava.
- Brooke! Aí está você! – Melinda acena, segurando o bebê no colo.
- Oi, Mel! – cumprimento, entusiasmada. Olho para a grande mesa, repleta de gostosuras. Meu Deus, aquilo era perdição!
Pego três macarrones de chocolate e vou até ela.
- Que roupa é essa?
- Bronagh – respondo.
- Ah, sim – ela gargalha.
Sinto minhas bochechas ruborizadas. Muitos Anjos olhavam estranhamente para mim e eu quis me encolher num cantinho com todos aqueles cupcake de red velvet.
- Vou ver se alguma das meninas te empresta alguma roupa – ela falou com solidariedade.
- Muito obrigada.
Pego um copo de café e vou até a saída. Não estava mais aguentando ficar ali, no meio de Anjos que me olhavam como se eu fosse algum tipo de vagaba. Eu queria vomitar também. Não deveria ter comido tantos macarrones.
Eu nunca fui para o lado de fora da mansão e cruzei os dedos para ele ainda estar sob a magia de proteção. Saio pela porta dos fundos e ninguém nota a minha presença.
Era dia e tudo estava incrivelmente quieto. Olho para o horizonte e vejo como o Submundo era bonito. Nossa! Pássaros cantavam e o Sol brilhava para nós. Eu conseguia avistar montanhas e as nuvens.
Começo a andar, abraçando o meu corpo com os meus braços. Visualizo a casa enorme pintada de branco. Paro, até que ouço um barulho de algo caindo no chão. Mantenho-me em alerta, mas ai eu vejo Mase mexendo em um Porshe e eu me tranquilizo.
Espera aí, um Porshe?
Mase parecia concentrado no seu carro. Estava com uma calça que deixava a sua cueca vermelha a mostra. Os músculos estavam rijos, por conta do trabalho pesado e concentrado. Tento volta para trás, mas era tarde demais.
- Bela roupa – ele me analisa e coloca a camiseta nos ombros.
- Digo o mesmo a você – aponto para a sua cueca vermelha da PlayBoy.
- Eu sei que você acha sexy – ele piscou.
Apenas reviro os olhos e me sento no chão, sem me importar com o fato, de que a saia ficaria suja.
- Essa roupa é de Bronagh? – ele pergunta.
- Infelizmente – respondo, olhando para as montanhas. – É tão lindo.
- Isso? – ele sorri, mas percebo que ele seus olhos estavam tristes e solitários. - É fachada.
Olho para ele. Nossos olhares se encontram.
- Como?
- Essa paisagem, é só fachada. Para fazer nos sentir melhores – ele tira o seu olhar do meu. A luz me cegava. - Isso não existe.
Olho novamente para a minha frente. Que boba. Era lógico que nada daquilo existia, pois eu estava presa no Submundo de agora em diante. E tinha que aceitar isso.
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