Capítulo dois
DYLAN
Dylan estava encostado na cadeira, inalando a fumaça do cigarro. O cabelo despenteado e o olhar frenético marcavam seu rosto. Emily estava sentada em seu colo, com uma mecha do cabelo atrás da orelha.
- O que foi, minha menina? Nosso cobaia vai chegar mais cedo ou mais tarde.
- Vai confiar nele? – ela se aproximou, tocando em seu peitoral. Ele se aproximou dela, e inalaram a fumaça juntos. Os dois riram.
- Alguém me chamou? – disse uma voz. Um loiro de cabelo espetado e prateado estava na frente dos dois.
- Daniel! Tem o que lhe pedi?
Dan riu, balançando os ombros quadrados e impecáveis.
- Eu sempre cumpro a promessa.
- Se fosse assim, não se seria um Anjo Caído – alfinetou Dylan, sorrindo com escarnio.
- Algumas coisas viram exceções.
- Desobedeceu ao Celestial, não? Que peninha. Qual é a magia dessa vez?
Dan pegou o frasco que continha um liquido preto em mãos.
- Lorde Morte desenvolveu. A mesma que ele fez para que os Anjos da Morte ficassem mais forte durante a batalha contra os Anjos da Vida.
Dylan olhou para o frasco, encantado.
- E você roubou dele, correto?
Dan sorriu perversamente.
- Mas é claro – ele falou, mas completou - Porém, isso nunca foi testado.
Dylan largou o cigarro de lado e pegou o frasco abruptamente.
- Não tenho medo do que isso vai me causar. Estou morto.
- Isso foi feito para ter efeito sobre os Mortos e Anjos.
- O que pode me causar?
- Você pode perder a sanidade, entre outras coisas.
- Que seja. Vou conseguir absorver os poderes, certo?
- Se funcionar, sim. Irá.
- Ótimo! Não preciso dar ouvidos a uma bula.
- Eu não faria isso se fosse você... – disse Dan, mas era tarde demais. Dylan havia bebido tudo do frasco. Ele arregalou os olhos. – Você não devia ter feito isso, seu maluco! Ele pode ter fazer invencível, mas também lhe transformará em um mostro!
- Sou vermelho de dentes e garras! Eu já sou um mostro – Dylan disse com repulsa, largando o vidro no chão.
Quando olhou para trás, ouviu um pigarrei. O que diabos Cameron estava fazendo, parado ali? Ele devia estar vigiando Brooke! Imbecil!
- O que você está fazendo aqui? – trovejou Dylan. Emily se afastou assustada.
- Brooke sumiu!
Aquilo foi o ápice. Sua doce garota prisioneira havia fugido. Como assim? A raiva fervilhou até os ossos. Sua cabeça girava e ele lutava para se controlar. A estaca estava bem presa à jaqueta de couro velha.
Talvez agora ela fosse útil.
- Você a deixou escapar... – ele olhou para o rosto visivelmente pálido de Cameron. Ele engoliu em seco? Há-há. Os Anjos cantam querido. Os anjos cantam.
- Diga olá ao seu novo mundo... – Dylan avançou.
Cameron sabia lutar, mas não era páreo para a força sobrenatural de Dylan. Ele era rápido como um raivo e estrondoso como um trovão. Dan já havia ido embora, enquanto Emily gritava para que parassem.
Cameron o traiu.
Traição leva a morte.
- Não terei piedade... – Dylan pegou a estaca de prata que fervia em suas mãos. – Os Anjos cantam, Cameron! Os Anjos cantam!
E fincou com toda a força no lugar onde era o seu coração. Descanse em paz.
Dylan se ajoelhou, com lágrimas nos olhos. Tirou a estaca e sorriu, sentindo as lágrimas escorrem pelo rosto macio. Tocou as mãos de Cameron, sentindo o poder vindo até ele, como uma fonte de energia. Um gemido escapou de seus lábios sangrentos.
- Você era o meu único amigo... – ele sorriu, olhando para a face morta de Cameron, que começa a desaparecer.
As mãos de Dylan tremiam.
- Você não devia ter tomado aquilo! – Emily gritou – Você ouviu o que Dan disse! Vai enlouquecer.
- A loucura já meu dominou, doçura – ele disse, olhando para ela. Como seria ter os poderes de Emily?
Isso, se sequer ela tivesse algum.
BROOKE
Abro os olhos.
Sinto a minha pele tocar algo macio como algodão. Minha visão clareia e vejo que estou em um quarto desconhecido. Trago os lençóis para mais perto do meu corpo. Onde eu estava? Não conseguia me lembrar de muita coisa. Apenas de Derick e depois, de uma escuridão que me consumiu.
O lugar era iluminado por uma luz fraca. O papel de parede continha arabescos esverdeados em um tom antigo e os móveis de madeira estavam limpos e brilhavam.
- A bela adormecida acordou – disse uma voz feminina.
Olho assustada para o lado e vejo uma garota alta com um cabelo em corte Chanel. As pontas estavam repicadas de um lado para o outro, como se ela tivesse usado o secador plantando bananeira – ou eletrocutada pelo secador - e usando roupas da era steampunk. Suas asas eram perfeitas. Lindas, enormes e com aquela áurea angelical.
- Brooke Casthaway, certo? – ela pergunta, jogando uma pequena pilha de roupas em cima da cama.
- Isso mesmo – respondo fraca. – Quem é você?
- Bronagh – franzo o cenho e ela dá de ombros. - É diferente.
Bronagh é muito bonita. Seus olhos eram misteriosos, deixando seu rosto a par de toda aquela maquiagem pesada.
- Vamos, se vista. Você precisa comer.
- Por quanto tempo eu dormi?
- Dois dias.
- Dois dias? Meu Deus! Eu preciso salvar o Blake! – digo exasperada, levantando-me imediatamente da cama.
Assim que meus pés tocam o chão, meu corpo fica mole e eu caio de joelhos ao chão. Tudo parecia girar.
- Precisa comer. Você está fraca.
- Percebi...
- Não seja sarcástica comigo, garotinha. Posso ser um Anjo da Vida, mas não tenho piedade.
Engulo em seco e vejo-a sair do quarto, batendo a porta.
Bufo, frustrada e olho para as roupas. Pretas, coladas e um tanto exageradas. Isso era um circo, afinal?
Visto um vestido e a jaqueta de Bronagh. Suas roupas ficavam largas em mim e eu me senti uma idiota tentando ser outra pessoa.
Visto uma sapatilha preta – a única coisa básica naquilo tudo - e saio do quarto, prendendo a respiração.
Assim que chego à sala, vejo uma roda de Anjos discutindo. Todos eram tão diferentes em vários aspectos. Bronagh não parecia um Anjo da vida, estava mais para o da Morte. Derick , sem comentários. Ele vestia uma camiseta preta, deixando seus poucos músculos a mostra. Tinham mais quatro pessoas em volta deles. Uma loira alta e um pouco desengonçada; um moreno musculoso; uma ruiva com os cabelos mais volumosos que já vi e um menino que devia ter dez anos de idade.
Todos os olhares pararam em mim.
- Essa é a Brooke. O Anjo curandeiro, que lhes falei.
O menino foi o único que sorriu para mim. A garota ruiva deu um aceno simpático e eu acenei de volta. Sentia-me tão deslocada ali, que me parecia que eu estava pequenininha.
- Meu nome é Sam – disse o menino.
- Olá, Sam.
Derick saiu do meio daqueles Anjos e foi até mim, todo simpático.
- Fico feliz que esteja melhor. Já se alimentou? – sua voz era suave.
- Ainda não. Estou fazendo um tour pelo lugar.
Derick gargalhou.
- A cozinha no primeiro andar à direita.
- Ah! Estamos no segundo? – pergunto surpresa.
- É, estamos. Temos panquecas e ovos.
Parecia que ele queria me despachar o mais rápido possível. Credo.
- Obrigada.
Desço as escadas rapidamente. Meu coração pulsava tão forte que achei que fosse estourar. Não sei por que estava tão nervosa, eu simplesmente estava.
Avisto a cozinha e vejo que tinha mais alguém lá dentro.
- Com licença – digo para o homem. Suas costas largas eram repletas de tatuagens que iam até o pescoço. Ele devia ter quase um metro e noventa de altura.
O desconhecido vira o rosto para mim. Seus cabelos eram lisos e a pele era morena. Seu olhar era sonolento, como quem acabara de acordar.
- Olá – digo.
Ele vira o rosto e continua tomando seu café.
- Oi – responde mau humorado. Sua voz era tão grossa que eu estremeci. O que um cara da gangue estava fazendo aqui?
Resolvo não fazer mais perguntas. O cara não parecia interessado em me conhecer e a minha mente só estava em Blake. O rosto perfeito ensanguentado e cheio de hematomas. O grito de dor que ele dera em meu sonho na noite passada. Aquele grito não saia da minha mente.
A caixa de leite que estava na minha mão, despenca ao chão.
- Desculpe – murmuro para o homem, caso eu tenha atrapalhado a sua meditação matinal.
- Está tudo bem – ele diz em voz baixa.
- O quê?
- Eu disse que está tudo bem – ele falou em um tom mais alto.
- Ah, sim. Desculpe. Desculpe por me desculpar tanto – digo completamente atrapalhada.
Ele dá um lampejo de sorriso e eu retribuo.
- Meu nome é Mase.
- Brooke.
Ele se levanta e se espreguiça. Fico admirada pela quantidade de tatuagens perfeitas que ele possuía. Nenhuma dela possuía cor. Tudo era tão preto e branco. Ele foi embora sem se despedir.
~*~
Depois que comi três ovos poché e suco de laranja, fui até a sala. Eu não queria interrompê-los, mas o que eu tinha a dizer, também era muito importante. Tratava-se da vida de Blake.
- Brooke? Oi!
- Eu queria falar com você por uns minutinhos... – digo, sentindo a voz sumir.
- Claro! Já estou indo aí...
Derick saltitou até a minha presença e eu o chamo para um canto mais vazio.
- Eu preciso de sua ajuda. Eu não tenho as minhas asas, então preciso de você.
- Sobre o quê? Blake?
- É. Sobre o Blake.
Derick passa as mãos pelo cabelo. Ele parecia nervoso.
- Eu não sei se isso vai ser uma boa ideia, Brooke.
Franzo o cenho.
- Como assim? – elevo o tom da minha voz. – É de Blake que estou falando!
- Acalme-se, está bem? Temos coisas mais importantes para nos preocuparmos. Além do mais, Blake é um Anjo da Morte agora. Não há nada que possamos fazer para virar o caso.
Pela expressão do meu rosto, ele viu a dor que eu senti no momento que ele falou aqui. Nada importava mais do Blake. Nada.
- Que se dane você e sua missão! Eu quero salvá-lo. Preciso que me ajude. Por favor, Derick.
Ele não responde. E de algum jeito, eu sabia a resposta.
As lágrimas já ardiam em meus olhos. Eu não conseguia pensar. A única coisa mais lógica que eu fiz, foi correr de volta ao meu quarto.
Esbarro em um corpo grande. Meus olhos perfuram o de Mase. Ele franziu o cenho.
- Por que está chorando?
Eu só balanço a cabeça em negação e corro em direção ao meu quarto, sem saber o que fazer.
~*~
Oi, gente! Eu agradeço a todos que estão acompanhando o segundo livro da trilogia. É muito gratificante ver as mesmas pessoas do livro um aqui. Muito obrigada por me darem mais uma oportunidade. Deixem seus comentários e votos, que é muito importante. O grupos do wahts continua aberto. Beijos!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro