Muriel era uma das cidades mais antigas do gigante Gae, tradicional em suas leis, permanecia com seus hábitos e crenças  culturais dos tempos antigos. As estações de ouro, diziam as línguas andarilhas.

Dizia -se que aquele capaz de amar o mais escrúpulo dos corações, traria a luz a Gae novamente e desse ser, a vida lhe traria fortuna em abundância.

Uma profecia antiga que para muitos era bobagem, mas não a Muriel. Todos os recém nascidos eram uma centelha de esperança para aquele mundo caótico.

E foi no ano 2035 após o crepúsculo dos deuses nasceu um bebê capaz de mudar tudo que conheciam até ali.

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Aurora, mãe solteira de dois filhos bastardos carregava o proximo em seu ventre. Os via como farde, uma maldicao, o ato de prover filhos, algo que lhe tirou sua familia e sua honra.

Mulher da vida se sustentava com seu corpo e de serviços braçais que Irion e Ônix faziam numa pequena taberna próxima a entrada de Muriel.

As nove luas ja haviam se passado quando a primeira fincada fora percebida por aurora. Lavava seu corpo do último homem que estivera ali. A princípio pensara que era apenas a consequência do ato violento de minutos atrás mas quando se repetiu, não teve dúvidas que era chegada a hora.

Aos prantos entrou pelo fundos da taberna e se deparou com Malena, amiga de vida e parteira das meninas que caiam nessa vida em sua maioria.

Malena pressentia sua chegada a qualquer momento dada ao tempo da gestação.
_ deite na cama que pagarei a água e panos limpos.
_ malena eu não estou aguentando mais , por favor se apresse.

Aurora sentia que algo não estava certo, ela sentia algo que nunca sentiu em seus partos e assim ela sentiu medo. Pela primeira vez ela temia por sua vida e no fundo de seu interior pela vida que estava carregando em seu ventre.

Malena voltara com tudo que havia dito e olhava preocupada para sua amiga.

_Aurora! Não se preocupe, só tenha força amiga, eu farei de tudo para que ocorra tudo bem.

Tentara tranquilizar sua amiga.

_ não acho que vou conseguir desta vez. Cuide deles por mim amiga, apesar de tudo eles não tem culpa de serem quem são.

_ não pense besteira sua tola, quem irá cuidar dessas criaturas é você, pois sempre foi uma guerreira e estarei aqui ao seu lado.
 
Malena começara o ritual do parto mas percebera que não havia dilatacao para que o bebê saísse. Isso era realmente preocupante, não era uma curandeira formada e seus feitiços de cura eram bastante limitados. Mesmo assim começou sua prece aos antigos deuses do crepúsculo e logo sentira que estava sendo ouvida. Lhe dando coragem para continuar.

_ mantenha se forte minha amiga. Estamos quase la.

Aurora gruniu de dor no primeiro corte pouco abaixo de sua barriga. Tudo que tentava pensar era na vida que estava em seu ventre. Cesárea era quase uma sentença de morte para pessoas como ela e assim suas lágrimas se tornaram uma prece para que o bebê não nascesse morto, para que sua vida miserável não tivesse sido em vão.

Após várias camadas do ventre de aurora, seus gemidos não era tão presente e a cor carmesim se misturava no branco encardido da cama velha em que estava. Foi nesse momento em que um novo som se propagou no pequeno quarto, um apelo à vida, um choro forte e saudável de um bebê grande um pouco roxo esbranquiçado nas mãos da parteira.

_ cuide bem dele.Foram suas últimas palavras.

Malena ainda com o recém nascido,  lamentava o destino de sua amiga em silêncio,  a vida precária das mulheres da noite era fria e cruel, infelizmente essa não seria a última a morrer se uma gravidez indesejada e mal cuidada.

Estava prestes a sentir odio por aquele ser que estava em seus braços por tirar a vida de uma mulher incrível quando ela reparou o ambar em seus olhos. O poder vindo daquele menino a fez acreditar nos seus ancestrais, nas línguas antigas que recitavam as velhas profecias.

_ não pode ser. Disse malena incrédula, seria ele um elo perdido?